Nós, Jesus, os pecadores e as prostitutas




Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por suas ações.” (Mt 11.19)

Atualmente, muitos têm distorcido a interpretação do versículo acima dizendo que Jesus Cristo não era só amigo das “prostitutas e demais pecadores”. Tenho ouvido isso de muitos pregadores e alguns que tentam, à sua maneira, propagar o Evangelho da Salvação. E não devem faltar línguas que dizem que Ele foi tão perverso quanto o povo de sua época.

Logicamente que os pregadores, evangelistas e missionários não dizem o que afirmei no primeiro parágrafo, mas muitos por aí afora falam, e cheios de orgulho, fazendo de Nosso Salvador um deusinho qualquer.

Digamos em tese que o Mestre foi e, depois de sua morte e ressurreição, ainda é amigo dos tais. Mas com uma característica sutil: ele não compactuava com o erro ou com o defeito do ser humano nessas condições e tampouco o faz nos dias de hoje.

Podemos, com toda a certeza, dizer que Cristo usou a tática que o rei Davi utilizou séculos antes: fazer-se de bobo (ou insensato) para ganhar o povo com quem convivia. Mas como Ele não é insensato, Ele próprio se justifica, como se vê em Mateus 11.19.

Embora frequentasse a casa de festeiros, cobradores de impostos (os ladrões da época) e, vez por outra, encontrasse prostitutas, adúlteros e outros pecadores mais pelo caminho, Jesus Cristo, com toda a sabedoria, não se deixou levar pelo mesmo espírito que ronda a Terra, pois veio do Pai celeste, que é Santo e Nele não há pecado.

Raciocinando logicamente, o Filho de Deus também não é pecador. O mesmo Deus certamente Lhe dava sabedoria para sair pela tangente nos momentos mais difíceis, como as investidas das mulheres perversas ou a glutonaria presente nas mesas. Além disso, ainda deixava alguma mensagem de conforto ou repreensão, caso fosse necessário, para que os errantes viessem a enxergar o que cometiam e se convertessem de seu mau caminho, motivo pelo qual, ao ser julgado perante Herodes, antes de sua crucifixão, não foram encontradas evidências que O condenassem.

Hoje, pensar que “aceitar” a Cristo e continuar a praticar o mal que efetuávamos antes, pensando que não seremos repreendidos, é o mesmo que plantar uma árvore em um terreno pavimentado ou cheio de pedras, como foi pregado certa vez. Nossa fé — e consequente salvação — morrerá do mesmo modo que a árvore plantada em tal terreno.

Portanto, se reconhecemos ou viemos a reconhecer que Jesus Cristo é seu único Senhor e Salvador, não há problema algum em “sermos amigos” de glutões e demais pecadores, “frequentar” suas casas, “participar’ de suas festas e cumprimentá-los à vista de nossos irmãos na fé. O que não devemos fazer é seguir o mesmo caminho que eles, pois somos todos pecadores e fomos resgatados da perdição eterna através de muito sofrimento e sangue de nosso Mestre.

Sejamos tolerantes com os pecadores, mas não com o pecado. Parafraseando o apóstolo João: “Não digo isto como novo mandamento”, pois não tenho autoridade para tanto. Basta usar o bom senso. Se você tiver oportunidade de convencer racional e biblicamente o erro que seu semelhante pratica, não perca tempo. Com sabedoria, respeito e carinho, ensine-o através da exortação bíblica.

A pessoa certamente entenderá, poderá abandonar seus vícios, desfazer-se da prática de seus males e assim, como disse o apóstolo Paulo, aos romanos: “Fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça.” – Rm 12.20.


A-BD