Rebeldes invadem fortaleza de Muammar Kadhafi na capital da Líbia



Tropas da oposição procuram o ditador, que continua desaparecido

Rebeldes invadem fortaleza de Muammar Kadhafi na capital da Líbia
Rebeldes anti-Kadhafi invadiram na tarde desta terça-feira (23) complexo Bab al-Aziziya, fortaleza do ditador Muammar Kadhafi em Trípoli, segundo jornalistas da agência Reuters que acompanhavam o cerco.

Combatentes rebeldes, já dentro da fortaleza, atiravam para o ar celebrando a invasão, e as forças de Kadhafi não ofereciam mais resistência, segundo o relato.

De acordo com a TV Al Jazeera, os rebeldes estão dentro da casa de Kadhafi. A Reuters relatou que centenas de combatentes rebeldes estavam saqueando armas do bunker do ditador líbio.

O diplomata Ibrahim Dabbashi, enviado líbio à ONU que havia desertado do regime, confirmou a invasão e disse que a Líbia deve ser "libertada" em 72 horas. Ele confirmou que os rebeldes querem enviar Kadhafi, seu filho Seif al Islam e seu chefe de inteligência a julgamento no Tribunal Penal Internacional da ONU em Haia, na Holanda.

Mais cedo, aviões da Otan haviam bombardeado o complexo, também segundo a TV Al Jazeera.

Violentos combates com artilharia pesada e foguetes aconteciam também em outros pontos da cidade. Os rebeldes relataram a Catherine Ashton, principal diplomata da União Europeia, que controlam 80% da cidade, mas ainda enfrentam resistência.

Apesar disso, o Pentágono afirmou que as forças militares de Kadhafi ainda são perigosas, e que os EUA estão monitorando os depósitos de armas químicas do regime líbio.

A fortaleza de Kadhafi já havia sido bombardeada por aviões da Otan durante a madrugada, segundo fontes dos rebeldes antigoverno que caçam o ditador, cujo paradeiro segue desconhecido dos rebeldes e de seus aliados ocidentais.

Mas a Otan disse que seus aviões sobrevoaram a capital, mas não confirmou que houve ataques ao composto.

Fontes do conselho rebelde também disseram que as tropas oposicionistas tomaram o controle do porto petroleiro de Ras Lanuf, no leste do país. O porto fica no caminho para Sirte, cidade natal de Kadhafi. 

O quartel-general do ditador fica perto do hotel Rixos, onde estão hospedados cerca de 30 jornalistas estrangeiros.

O edifício do hotel estremeceu às 11h locais (6h de Brasília) após uma forte explosão nas proximidades, o que criou uma onda de pânico entre os repórteres, que se refugiaram no subsolo. Soldados do regime protegiam o hotel.

O Rixos permanecia sem água ou energia elétrica, que são restabelecidas apenas por uma hora durante a noite.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), o argentino Luis Moreno Ocampo, havia confirmado horas antes que recebera informações confidenciais segundo as quais Seif al Islam, objeto de uma ordem de prisão da corte por crimes contra a humanidade cometidos na Líbia, havia sido detido pelos rebeldes.

Mas, nesta terça-feira, o porta-voz do TPI afirmou que o tribunal nunca recebeu uma confirmação sobre a detenção.

O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafah Abdel Jalil, também havia afirmado na segunda-feira ter recebido informações seguras sobre a prisão.

Mohamed Kadhafi, outro filho do ditador que também teve a prisão anunciada no domingo pelos rebeldes, conseguiu escapar, de acordo com fontes rebeldes em Benghazi. Ele teria tido ajuda de homens leais a Kadhafi.

Nesta terça-feira, as forças do regime de Kadhafi dispararam três mísseis Scud dos arredores de Sirte, reduto do regime, contra Misrata, cidade controlada pelos rebeldes, informou a Otan, que classificou o ato como "irresponsável".


Fonte: G1 via CPAD NEWS