LIÇÃO 11 – A INFLUÊNCIA CULTURAL DA IGREJA


3º Trim. 2011 - Lição 11: A Influência Cultural da Igreja I

                  Como agência do Reino de Deus, a Igreja tem de influenciar as culturas da humanidade.                    
INTRODUÇÃO
- Já vimos que uma das consequências do reino de Deus é a restauração da comissão cultural (Gn.1:28) que Deus deu ao homem e que foi prejudicada pelo pecado.
- Sendo assim, a Igreja, como agência do reino de Deus na Terra, tem a missão de influenciar as culturas da humanidade, removendo o caráter pecaminoso que elas possuem para o bem-estar da humanidade.
I – CULTURA: CONCEITO E SEU DESENVOLVIMENTO ATÉ O SURGIMENTO DA IGREJA
Cultura,  como ensinam os antropólogos (a Antropologia é a ciência que estuda o homem na sua totalidade, ou seja, o homem e a suas obras, tendo como conceito fundamental o de “cultura”), é, segundo a classifica definição de Edward B. Taylor,  “…aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade…” (apud MARCONI, Marina de A. e  PRESOTTO, Zélia M.A.. Antropologia: uma introdução, p.42). Assim, a cultura é um conjunto de ideias, abstrações e comportamento que os homens têm numa determinada sociedade.
- Como podemos verificar, portanto, a cultura é resultado de uma convivência do homem em grupos sociais, pois o homem é um ser gregário, isto é, que vive em sociedade, pois “não é bom que o homem esteja só” (Gn.2:18). Nesta convivência, os homens acabam criando hábitos, costumes, crenças e uma forma de ver e se relacionar com o mundo que o cerca, inclusive com o sobrenatural, com o que está além da matéria. Temos, portanto, que a cultura é, essencialmente, uma criação humana, pois o homem tem este poder criativo, como Deus nos mostra na Sua Palavra em Gn.2:19,20.
- Sendo, porém, uma criação humana, tem-se que a cultura jamais pode afrontar os princípios estabelecidos por Deus ao homem. O poder criativo do homem está sujeito à observância dos princípios éticos estabelecidos pelo Senhor, tanto que Deus apenas determinou que o homem desse nomes aos seres criados depois que lhe ordenou o que era o certo e o que era o errado.
- Evidentemente que, ao pecar, o homem perdeu a comunhão com o Senhor e, por causa disso, passou a estar sob o domínio do pecado, pecado este que determina a própria formação da cultura por parte do homem, como vemos já na civilização caimita (Gn.4:17-24), cultura, aliás, que preponderou sobre a cultura da descendência de Sete (Gn.6:1,2), gerando um modo de vida que fez com que o Senhor destruísse a raça humana no dilúvio (Gn.6:5-7).
Com a dispersão da comunidade única pós-diluviana após o juízo de Babel (Gn.11:9), naturalmente que os povos ali nascidos passaram a construir diferentes culturas, até porque a língua é um fator fundamental na formação de uma cultura e Deus confundiu as línguas, impondo, pois, uma diversidade cultural para o mundo.
-  As nações ali formadas, inicialmente isoladas, passaram, pouco a pouco, a manter um contacto que hoje é muito intenso e praticamente diário. Esta diversidade gera nos seres humanos a sensação de que não existe um único modo de vida, uma única forma de se viver sobre a face da Terra, a mesma impressão que toda criança sente ao ir para a escola e perceber que nem todas as famílias têm o mesmo sistema de criação e educação que ela tem em casa.
- Esta sensação, porém, não pode, em absoluto, levar-nos à conclusão de que não existem valores morais absolutos. A comunidade única pós-diluviana, de onde provêm todas as nações, tinha como fundamento moral a principiologia divina, a conduta estabelecida por Deus ao homem, desde o Éden, e que foi renovada a Noé (Gn.9:1-17), princípios que são denominados pelos estudiosos da Bíblia de “pacto noaico” e, particularmente, pelos rabinos judeus de “os sete preceitos dos descendentes de Noé” (Shéva Mitsvót Benê Nôach), a saber: praticar a equidade, não blasfemar o nome de Deus, não praticar idolatria, imoralidades, assassinatos e roubos e não tirar e comer o membro de um animal estando ele vivo.
- Esta principiologia básica, logicamente, em virtude do pecado, acabou sendo distorcida, como já havia sido antes do dilúvio. A determinação divina de construir uma nova nação, dentre as nações existentes, para que esta principiologia voltasse a ser observada e, uma vez mais, a humanidade pudesse ser abençoada por Deus e retornasse à observância da “comissão cultural” estabelecida quando da criação (Gn.1:28) está na base da chamada feita a Abrão (Gn.12:1-3), a partir de quem se construiu o povo de Israel, esta “propriedade peculiar de Deus dentre os povos” (Ex.19:5).
- Daí porque ter o Senhor expressamente determinado a Israel que não se misturasse com os povos existentes na terra de Canaã, inclusive determinando que fossem eles totalmente destruídos (Dt.7:1-6), uma vez que sua injustiça havia chegado ao limite da paciência de Deus (Gn.15:16).
- Antes mesmo de Israel entrar na Terra Prometida, porém, esta separação determinada por Deus não foi observada pelos israelitas. Com efeito, quando saíram do Egito, registram as Escrituras que, juntamente com o povo, saiu uma “muita mistura de gente” (Ex.12:38), ou seja, gente que não pertencia a Israel, que aproveitou a ocasião da libertação do povo para também sair de um Egito que, a esta altura dos acontecimentos, estava totalmente arruinado em virtude das pragas lançadas por Deus contra os egípcios.
- Esta “muita mistura de gente” e mais o tempo em que os israelitas haviam passado no Egito, naturalmente absorvendo a cultura egípcia, uma das mais avançadas da época, fez com que Israel tivesse imensas dificuldades para ser esta “propriedade peculiar dentre os povos”.
- Quarenta dias depois de terem recebido a base da lei, os “dez mandamentos”, vemos como Israel se volta para a cultura egípcia no triste e lamentável episódio do bezerro de ouro, em que percebemos como a “cultura egípcia” estava ainda impregnada no “modus vivendi” dos israelitas (Ex.32:1-6, 21-24). Aliás, antes deste episódio, na própria passagem do Mar Vermelho, vemos como a comemoração comandada por Miriã era fruto da influência cultural egípcia (Ex.15:20,21).
- Esta “muita mistura de gente”, também, foi a responsável pelas murmurações que surgiram no meio do povo de Israel em sua jornada pelo deserto e, mais precisamente, pelo “desejo” que levou muitos à morte pouco antes da rejeição daquela geração por Deus após o episódio dos doze espias (Nm.11:4-10, 31-35).
- Por causa desta “mistura de gente”, houve uma praga muito grande sobre o povo, uma grande mortandade, a ponto de o lugar ter sido chamado de “Quibrote-Hataavá”, que significa “sepulcros do desejo”. Mas o mal não esteve somente nesta mortandade, mas se teve, pela vez primeira, saudosismo do Egito, que persistiu até o episódio dos doze espias e que selou o destino de perdição da geração do êxodo. Vemos, desde logo, que esta mistura produz a morte.
- No entanto, apesar desta dura lição aprendida ainda no deserto, a geração da conquista, ao entrar na Terra Prometida, Israel não cumpriu a determinação divina e, a começar dos gibeonitas (Js.9), não destruiu totalmente os povos que habitavam na terra de Canaã (Jz.1:21-36). O resultado disto foi que o próprio Deus, diante desta desobediência, resolveu manter estes gentios entre os israelitas para que servissem de espinho e laço para o povo de Deus (Jz.2:1-5, 20-23).
- Esta convivência entre os gentios que não foram desalojados de Canaã e Israel trouxe grandes e graves prejuízos aos israelitas. Como não houve, por parte da geração da conquista da terra, a preocupação de se ensinar a Palavra de Deus a seus descendentes, rapidamente a cultura gentílica, a exemplo do que já ocorrera nos primórdios da civilização humana entre caimitas e setitas, preponderou sobre a cultura que havia sido construída pelo Senhor e dada a Moisés. Cedo os israelitas transgrediram os mandamentos do Senhor e adotaram a cultura gentílica, inclusive a idolatria (Jz.2:10-15).
- A tal ponto ocorreu esta mistura que Israel chegou mesmo a desejar ser igual às demais nações, tendo um rei (I Sm.8:5), numa verdadeira rejeição ao Senhor, que, até então, reinava sobre eles (I Sm.8:7).
- Esta situação denomina-se “sincretismo”. “…Sincretismo (do grego συγκρητισμός, originalmente ‘coalizão dos cretenses’, composto de σύν ‘com, junto’ e Κρήτη ‘Creta’) é uma fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas. A origem se deve provavelmente a Plutarco no capítulo ‘amor fraternal’ no seu ‘Moralidades’, onde comenta que os cretenses esqueciam as diferenças internas a fim por exemplo de se unir a combater um mal maior. Então sincretismo é agir como os cretenses agiam, unir coisas dispares apesar das diferenças a favor do que é semelhante (cretenses eram antes das diferenças cretenses). Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes ou a influência exercida por uma religião nas práticas de uma outra.…” (Sincretismo. Inm: WIKIPÉDIA. Disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Sincretismo Acesso em 18 jul. 2011).
- A própria instituição da monarquia, portanto, estava impregnada de sincretismo e, por isso, nenhum dos reis conseguiu demover esta situação do meio do povo de Israel. Apesar dos esforços de Davi que, ao contrário de Saul, não negligenciou nos esforços de organizar o culto a Deus, o fato é que esta mistura jamais se apartou de Israel, tendo, mesmo, se intensificado no reinado de Salomão, o que levou, inclusive, o Senhor a dividir Israel em dois reinos, Judá (o reino do sul) e Israel (o reino do norte), os quais sucumbiram precisamente por causa da idolatria reinante, resultado direto do sincretismo adotado pelo povo de Deus.
- Este sincretismo, que levou à rejeição do “reino de Deus” pelos israelitas, embora tenha minorado após o cativeiro da Babilônia, não foi de todo extirpado mesmo com o cativeiro, que, ademais, levou os israelitas a assumirem dados culturais de Babilônia e da Pérsia, sem falar na própria filosofia grega, após o domínio de Alexandre sobre a Palestina. As seitas judaicas existentes no tempo de Jesus refletiam este embate cultural existente entre os judeus: de um lado, os saduceus, que haviam adotado muito dos conceitos culturais gregos e, de outro, os fariseus e os essênios, que lutavam para criar uma identidade cultural própria, buscando apartar-se de todo dado cultural advindo dos gentios.
- Enquanto os saduceus acolhiam conceitos materialistas da filosofia grega, negando que houvesse ressurreição, anjo ou espírito (At.23:8), alinhando-se a amplos setores da cultura gentílica da época, os fariseus, por seu turno, buscavam um “purismo” meramente cultural, o que os levou a ser considerados pelo Senhor Jesus como “sepulcros caiados” (Mt.23:27), uma vez que reduziam a qualidade do povo judeu a uma mera cultura, concepção, aliás, prevalecente entre os judeus até os dias de hoje. Esta afirmação cultural, sem qualquer aspecto espiritual, apresenta-se inócua e só poderia levar à rejeição do Messias.
- Com relação aos essênios, então, sua afirmação cultural própria foi confundida com uma radical separação da sociedade, houve confusão entre pureza e isolamento, com a negação total do princípio divino que havia sido estabelecido para que Israel abençoasse todas as nações da Terra. Isto gerou uma tal irrelevância que os essênios nem sequer são mencionados nas Escrituras, tendo sido totalmente destruídos sem que pudessem ter tido qualquer utilidade na realização do plano divino para Israel.
- Tem-se assim que tanto o sincretismo saduceu quanto o “purismo” farisaico ou essênico não evitaram que os judeus rejeitassem o Messias, como já temos estudado ao longo deste trimestre, com a transferência do “reino” para outra nação, a Igreja (Mt.21:43).
II – A CULTURA E A TAREFA EVANGELIZADORA DA IGREJA
À Igreja, a exemplo do que já ocorrera com Israel, é também exigida a separação do pecado, ou seja, a santidade. Assim como Deus exigiu de Israel a santidade (Lv.19:2), o mesmo fez em relação à Igreja (I Pe.1:15,16; 2:9).
- É tarefa da Igreja pregar o Evangelho, pregar a salvação em Cristo Jesus e, com a salvação, com o novo nascimento, nasce uma nova ética, a ética cristã, a ética estabelecida pelo Senhor, fundamentalmente, no Sermão do Monte, e complementada pelo Novo Testamento, que, com o Antigo, forma um conjunto único e completo da revelação divina à humanidade.
Deve, portanto, a Igreja se inserir na cultura de um povo, não atacá-la nem tentar modificá-la de fora para dentro, mas, sim, inserir-se dentro da cultura de uma determinada sociedade e, ali, mediante a pregação eficaz e poderosa da Palavra de Deus, ser o instrumento para o novo nascimento das pessoas. Este novo nascimento fará com que as pessoas mudem de conduta e esta modificação trará, inevitavelmente, novos hábitos, novos costumes e a cultura será transformada, retornando-se à principiologia divina distorcida ao longo da vida pecaminosa da sociedade.
- Este processo é o que se tem denominado pelos teólogos de “inculturação”, ou seja, a Igreja, a exemplo do seu Senhor, deve, em primeiro lugar, “encarnar-se” na sociedade que está sendo evangelizada (assim como Jesus Se fez carne e habitou entre nós-Jo.1:14), “encarnação” que não tem, entretanto, qualquer sentido de conivência e prática do pecado com os integrantes da sociedade em pecado (Jesus em tudo foi tentado, mas jamais pecou!- Hb.4:15).
OBS:Por isso, temos muitas restrições a métodos de evangelização que têm surgido na atualidade. Se é necessário termos trabalhos específicos e construídos dentro da  cultura de “grupos alternativos” na sociedade, não é menos verdadeiro que não podem os crentes, sob este pretexto, praticarem as mesmas condutas pecaminosas e malignas das pessoas que devem ser atingidas pela mensagem do Evangelho.
- Este é sentido da expressão que o Senhor Jesus disse aos discípulos quando afirmou que “assim como o Pai Me enviou, Eu vos envio a vós” (Jo.20:21), expressão dita pelo Senhor no domingo de Sua ressurreição, quando já vitorioso sobre o pecado e a morte.

- Como o Pai enviou a Jesus? Como um “nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl.4:4). Jesus veio ao mundo como um ser humano e, como tal, como alguém que nasceu debaixo de uma cultura, a cultura judaica. Jesus foi criado e ensinado na cultura hebreia, tendo sido um exemplar cumpridor da lei (Mt.5:17), como também um observador das tradições judaicas (Lc.4:16).
- É interessante observarmos que, por vezes, os fariseus não questionavam Jesus sobre a observância das tradições judaicas, mas, sim, os discípulos do Senhor. Assim, chegaram a reclamar de Jesus porque Seus discípulos não jejuavam (Mt.9:14; Mc.2:18), não lavavam as mãos (Mt.15:2), como também colhiam espigas em dia de sábado (Lc.6:1,2), numa prova de que o Senhor mesmo não infringia tais costumes, pois, se também as tivesse infringido, os fariseus não gastariam seu tempo atacando os discípulos, fazendo a acusação direta contra o Senhor.
- “Assim como o Pai Me enviou, Eu vos envio a vós”. Com estas palavras, o Senhor Jesus fez questão de dizer aos Seus discípulos que eles deveriam proceder da mesma forma que Ele havia procedido, ou seja, respeitando a cultura onde estavam inseridos, de forma a que “encarnassem” nos lugares para onde fossem levados a pregar o Evangelho.
Jesus não veio trazer escândalo para ninguém. Era um observador da cultura judaica, a fim de não ser “pedra de tropeço” na tarefa da evangelização. Seu cuidado em dizer, em pleno sermão do monte, de que não viera abrogar a lei mas cumpri-la estava precisamente neste intuito de não causar obstáculo para a compreensão da mensagem do Evangelho, ainda que, no próprio sermão, mostrasse o verdadeiro alcance da lei e o seu correto sentido, que ia muito além da justiça dos escribas e dos fariseus (Mt.5:20).
Na tarefa da evangelização, não podemos ceder à tentação da “imposição cultural”, ou seja, da tentativa de sobrepormos a nossa “cultura” à “cultura dos evangelizados”. Jesus não veio impondo um novo modo de viver aos judeus, mas, assumindo a sua maneira de viver, procurou, nesta maneira de viver, levar a mensagem do Evangelho a Israel.
- Naturalmente que, como se exige santidade da Igreja, esta assunção da “maneira de viver da cultura do evangelizado” não significa, em absoluto, a participação naquela parcela cultural que está comprometida com o pecado. Jesus, nas vezes em que foi questionado sobre as “irregularidades culturais” de Seus discípulos, foi incisivo em mostrar aos fariseus que a tradição jamais poderia sufocar a Palavra de Deus (Mt.15:3-6), como também que a cultura se encontra limitada pelo pecado, não podendo demovê-lo, o que só a graça e a misericórdia divinas podem realizar (Mt.9:15; Lc.6:3-5).
A “encarnação” deve ser feita, pois, como Jesus Se encarnou. Embora tenha Se feito homem, Jesus não deixou de ser o Santo (Lc.1:35), de forma que, quando “encarnamos” em alguma cultura, não podemos deixar a nossa santidade, a nossa separação do pecado, o que significa jamais participar daquilo que, existente na cultura, é pecaminoso.
- De igual forma, a “encarnação”, de modo algum, significa a crença de que a cultura é capaz de modelar o homem segundo a vontade de Deus. Embora não possamos escandalizar os evangelizados ou tentar lhes trazer uma “imposição cultural”, também, não podemos crer que a cultura, ainda que purificada pelo Evangelho, tenha o condão de salvar o homem, pois isto somente o Senhor Jesus poderá fazer. A “encarnação”, portanto, ainda que necessária é insuficiente para a instalação do “reino de Deus” em uma determinada sociedade, advindo daí a necessidade da continuidade do processo da “encarnação”.
Depois da “encarnação”, a Igreja deve promover a “transformação”, ou seja, assim como seu Mestre fez-Se carne e habitou entre nós e, depois, começou a pregar o Evangelho e a conclamar o povo ao arrependimento dos pecados, os cristãos, como corpo de Cristo, devem fazer o mesmo, mostrando, através da pregação, dos sinais que se seguem e de uma vida frutífera (Mc.16:15,20; Jo.15:16), que, em Cristo, se é uma nova criatura (II Co.5:17; Gl.6:15).
- Devidamente inserido no meio cultural judaico, Jesus, aos trinta anos de idade, começou a pregar “o Evangelho do reino de Deus”, dizendo ao povo de Israel que se arrependesse de seus pecados e cressem no Evangelho (Mc.1:15).
A “transformação” somente virá mediante o arrependimento dos pecados e a fé em Cristo Jesus.AIgreja deve, a partir dos parâmetros da cultura onde está inserida, mostrar que Jesus é o Salvador do mundo, que é necessário crer n’Ele para se ter a vida eterna.
A “transformação” importa na denúncia dos elementos culturais que são contrários à vontade de Deus e na pregação de uma mensagem de “inconformismo com o mundo” e de “transformação pela renovação do entendimento”.
- Temos no apóstolo Paulo um exemplo de como proceder com esta mensagem de “transformação”. O apóstolo, que tinha o conhecimento das três principais culturas da época (judaica, grega e romana), sabia, como ninguém, devidamente dirigido pelo Espírito Santo, estabelecer esta ponte entre a “encarnação” e a “transformação”, como vemos, por exemplo, em sua pregação em Atenas (At.17:16-34), onde, através de um dado cultural dos atenienses, relacionado ao “Deus Desconhecido”, bem como a concepções de alguns filósofos gregos, pôde, no Areópago, pregar a Cristo Jesus.
- Quando estamos na fase da “transformação”, da pregação da salvação em Cristo Jesus, à evidência que estaremos a levar uma mensagem nova para uma determinada cultura. Em Atenas, a mensagem de Paulo foi considerada uma “novidade” (At.17:19-21), pois, realmente, o Evangelho é uma “novidade” para o mundo que não tem Deus nem a salvação.
- No entanto, esta “novidade” precisa ser apresentada em termos em que possa ser compreendida. Assim como o Senhor Jesus falava das coisas espirituais usando de elementos naturais e acessíveis à sua plateia, do mesmo modo a Igreja deve apresentar a mensagem da salvação dentro dos parâmetros culturais de seus ouvintes, para que seja corretamente entendida a mensagem do Evangelho. É preciso identificar, em cada cultura, o chamado “fator Melquisedeque”, como bem denominou o teólogo canadense Don Richardson (1935- ) em livro com este nome, onde bem demonstrou que, em todas as culturas, existe uma consciência universal de um Deus único.
Esta “transformação” é uma operação do Espírito Santo que, através da salvação dos indivíduos, traz modificações e alterações na cultura dos evangelizados, visto que modifica seu “modus vivendi”, com o abandono das práticas culturais que são pecaminosas.
- Com efeito, toda cultura tem um conteúdo supracultural, ou seja, elementos que são inseridos na forma de vida das pessoas por força da “carne”, ou seja, da natureza pecaminosa que domina os homens que não têm Deus nem salvação. Não nos esqueçamos de que o Senhor já avisara Caim de que o pecado estava à sua espreita e que ele deveria dominá-lo e não ser dominado por ele (Gn.4:7).
- Todavia, assim como aconteceu com Caim, todos os homens pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm.3:23), sendo dominados pelo pecado (Jo.8:34) e, por conseguinte, a cultura, que o historiador brasileiro Nelson Werneck Sodré (1911-1999) define como sendo “a modificação do meio pelo ser humano”, está sempre dominada pelo pecado que, em sua opressão, impõe a toda e qualquer cultura elementos supraculturais, elementos malignos que escravizam e trazem injustiça à cultura.
Esta transformação fará, necessariamente, que haja modificação cultural naquilo que não é compatível com a Palavra de Deus. Por isso, não se trata de “adaptar” o Evangelho a realidades culturais, nem tampouco de “sufocar” as realidades culturais por causa do Evangelho, mas de mudar as realidades culturais existentes para que elas sejam conformes ao Evangelho.
OBS:Oportunas as palavras do teólogo católico romano Antonio Marcos Aquino:“…É sempre um desafio falar da inculturação e adaptação às realidades e novidades seculares no que se refere à Igreja. “A Igreja não se adapta, mas se incultura”. O que isso significa? Que ela leva uma mensagem perene, na sua centralidade, que é o Evangelho, por isso não pode mudar a mensagem para corresponder ao que é “atual”, digo, modismo, ideologia ou pressão de uma maioria. Ela trairia a sua identidade profético-escatológica e perderia o alvo do seu mandato missionário. Inculturar-se é sair de si, aproximar-se do diferente e do novo, acolher e dialogar, sem sermos configurados ao que o outro pensa, vindo a perder a identidade de cada um. A diversidade não é ruim, mas um sinal de riqueza cultural, embora não signifique que tudo esteja nivelado no campo do valor fundamental.…” (AQUINO, Antonio Marcos. Igreja, adaptação e inculturação. Disponível em:  http://antoniomarcosaquino.blogspot.com/2010/06/igreja-adaptacao-e-inculturacao.html Acesso em 18 jul. 2011).
- Desta maneira, não há como retirar da cultura dados que não colidem com a Palavra de Deus, que foi precisamente o que o Espírito Santo dirigiu os apóstolos, anciãos e demais crentes no chamado “Concílio de Jerusalém”, quando ficou claro que a lei de Moisés não deveria ser adotada pelos salvos gentios, que deveriam tão somente observar os preceitos já estatuídos no “pacto noaico” (At.15).
- Assim, ocorreu, com o Evangelho, uma mudança cultural tanto para os judeus quanto para os gentios, na medida em que os judeus entenderam que o Evangelho havia retirado todas as exigências culturais criadas ao longo dos séculos em Israel e que nada tinham que ver com a Palavra de Deus (a “tradição dos anciãos” invalidadora dos mandamentos divinos), da mesma maneira que os gentios compreenderam que, no seu novo “modus vivendi”, não poderiam simplesmente manter as suas práticas antigas (como o comer as coisas sacrificadas aos ídolos, v.g.), podendo, entretanto, manter as suas práticas culturais dissonantes com a maneira de viver de Israel.
- A “transformação”, portanto, como diz o jesuíta espanhol Pedro Arrupe, que chegou a ser superior geral da Companhia de Jesus, equipara-se ao “mistério pascal”, ou seja, assim como Jesus, a nossa páscoa, tomou sobre si, na cruz do Calvário, o nosso pecado e nos trouxe a salvação, vertendo Seu sangue, de igual maneira, em Cristo, os elementos pecaminosos da cultura são extirpados pela pregação do Evangelho e a cultura, purificada pela ação da salvação em Cristo Jesus.
OBS:Oportuna aqui as palavras do ex-chefe da Igreja Romana, João Paulo II, que, por sua biblicidade, são transcritas: “…’Já tive ocasião de comentar, mesmo recentemente, que , ‘não se trata de modificar o depósito da fé, de mudar o significado dos dogmas, de banir deles palavras essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje já não se compreendem. A unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao conteúdo integral da fé revelada’ (UUS,18). Falando aos representantes do mundo da cultura em Salvador, Bahia, eu lembrava que ‘a inculturação do Evangelho não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remi-la ‘(Discurso, 20.X.1991,4).’ (apud AQUINO, Felipe. Ecumenismo e inculturação. Disponível em: http://novageracaocatolica.webnode.pt/news/ecumenismo%20e%20incultura%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em 18 jul. 2011).
Com a “transformação”, a Igreja, então, faz com que haja uma “recriação” da vida social, com a conformação não mais com o pecado e o mundo, mas com a vontade de Deus, o que, aliás, é historicamente comprovado, pois mesmo os maiores inimigos do Evangelho reconhecem, como é o caso de Karl Marx, que a doutrina cristã efetuou grandes transformações sociais. Este terceiro momento é o que Pedro Arrupe denominou de o “momento pentecostal” da inculturação, em que o Espírito Santo é “derramado” sobre a cultura original, gerando uma nova cultura.
- Neste sentido, aliás, não só Karl Marx, mas até mesmo o movimento anticristão que hoje predomina no Ocidente é um fator que reconhece este poder da inculturação do Evangelho, na medida em que insiste em dizer que vive hoje tanto a Europa quanto os Estados Unidos um momento “pós-cristão”. Com esta afirmação, eles admitem, apesar de seu ódio ao Cristianismo, que a Igreja, por força do Evangelho, promoveu uma profunda alteração na Europa de forma que, antes da evangelização, estávamos diante de uma cultura “pré-cristã”, que era o paganismo greco-romano e, com a Igreja, passamos a viver uma nova cultura, a “cultura cristã”, que agora estaria sendo substituída por um neopaganismo, que é precisamente o que se diz “cultura pós-cristã”.
III – A INFLUÊNCIA CULTURAL DA IGREJA
- Diante do que já se viu a respeito do papel da evangelização na cultura, temos claro já que não se pode falar em uma Igreja que aceite moldar o Evangelho a exigências culturais.
- Utilizando de uma expressão do atual chefe da Igreja Romana, Bento XVI, “…a inculturação não deve ser confundida com processos de adaptação superficial, nem mesmo com a amálgama sincretista que dilui a originalidade do Evangelho para o tornar mais facilmente aceitável…” (Exortação apostólica Verbum Domini, n. 114. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini_po.html Acesso em 18 jul. 2011), ou seja, como afirma o professor católico Felipe Aquino, “…pegar o Cristianismo e misturar com tudo o que é religião” (
Escola da Fé. 17 fev. 2011. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ljUsXq_9cMU Acesso em 18 jul. 2011). Ainda nas palavras do chefe católico romano: “…’A “aculturação” ou ‘inculturação’ será realmente um reflexo da encarnação do Verbo, quando uma cultura, transformada e regenerada pelo Evangelho produzir na sua própria tradição expressões originais de vida, de celebração, de pensamento cristão’[João Paulo II, Discurso aos Bispos do Quênia em 7 de Maio de 1980], ‘levedando como o fermento dentro da cultura local, valorizando as semina Verbi e tudo o que de positivo haja nela, abrindo-a aos valores evangélicos’[Instrumentum laboris da XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, n.56]…” (Verbum Domini, n.114, end. cit.).
- Vemos, portanto, que a Igreja, ao lidar com as culturas humanas, deve influenciá-las, ou seja, através da evangelização, levar as culturas a se modificarem, a se purificarem, fazendo mais conformes à vontade de Deus, mais conformes ao Evangelho. Por isso, Jesus disse que a Igreja é “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt.5:13,14), visto que leva as culturas das nações a receberem o “sabor” e a “conservação” do Evangelho, como também a ser menos tenebrosas, criando condições para que, ainda que tateando, possam os homens ter mais oportunidades de ver a luz do Evangelho de Cristo (At.17:27; II Co.4:4).
- Há, porém, um grande risco para a Igreja, o de incorrer nos mesmos erros seja da comunidade setita no mundo antediluviano, seja de Israel, que é, precisamente, o de ao invés de influenciar as culturas das nações, deixar-se influenciar por estas culturas, através do “sincretismo”.
A mistura com as culturas mundanas nada mais é que a submissão aos elementos supraculturais malignos que oprimem os homens que não têm Deus nem salvação, é a adoção de práticas pecaminosas, ainda que “travestidas” de cristãs. Trata-se de própria negação da Igreja que, ao se misturar com as culturas mundanas, inclusive naquilo que têm de pecaminoso, deixa de ser a Igreja, visto que a Igreja é, antes de mais nada, “a nação santa” (I Pe.2:9), a noiva de Cristo que é mantida santificada e purificada pelo seu Senhor, sem mancha ou coisa semelhante (Ef.5:27).
- Se o sal deixar de salgar, tornar-se insípido e, diz o Senhor Jesus, para nada mais presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens (Mt.5:13). A “Igreja” que se deixa influenciar pelas culturas mundanas, que deixa de influenciar para ser influenciada, acaba sendo destruída enquanto “corpo de Cristo”, passando a ser irrelevante não só do ponto-de-vista espiritual como também material.
- Neste ponto, é importante observar que a cultura, diante até da globalização que tornou todo o mundo numa “aldeia”, onde os contatos com todas as culturas são frequentes e intensos, não se pode mais ter a noção de cultura como indicativo apenas de um povo, de uma nação. Como afirma o sociólogo brasileiro Reginaldo Prandi: “…Uma nação uma cultura, uma cultura uma nação – é coisa do passado, anterior à queda do colonialismo. Hoje, quando se fala em cultura, logo surge a idéia da existência de uma cultura global, sem fronteiras – a globalização cultural do planeta (MAZZOLENI, Gilberto. O planeta cultural. São Paulo: Edusp, 1992). Essa cultura abrangente é marcada pela coexistência da diversidade pós-colonial, com a atuação de relações sociais das mais diversas ordens e origens. Na cultura global podemos imaginar muitos recortes, se levarmos em conta a presença ativa de indivíduos que, de acordo com este ou aquele critério, pensam e agem diversamente, construindo e manipulando de forma desigual símbolos da mesma matriz. É comum considerar que existe uma cultura da juventude, uma cultura dos homens de negócio, a cultura negra, a cultura do migrante, a cultura da pobreza, cultura gay, cultura das mulheres, cultura da terceira idade, e assim por diante.…” (Converter indivíduos, mudar culturas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ts/v20n2/08.pdf Acesso em 18 jul. 2011).
- Desta forma, a Igreja não pode se deixar influenciar por quaisquer destas “culturas” que estão a ser disseminadas pelo mundo globalizado, devendo, porém, influenciá-las, de forma que sejam mais conformes à Palavra de Deus, ao Evangelho.
- O que se tem verificado, infelizmente, é que, dentro do quadro da apostasia que caracteriza estes dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, muitos dos que cristãos se dizem ser se encontram totalmente influenciados pelas culturas humanas, buscando até fazer o “amálgama sincretista” de que falou Bento XVI no texto supracitado.
- Temos visto, por primeiro, o que o teólogo equatoriano René Padilla denominou de “cristianismo-cultura”, que é, nas palavras do próprio teólogo, um dos pais da chamada “teologia da missão integral”, uma redução da mensagem cristã, da mensagem do Evangelho ao mínimo, onde o Evangelho “…se converte numa mercadoria cuja aquisição garante ao consumidor a posse dos valores mais altos: o êxito na vida e a felicidade pessoal agora e para sempre. O ato de ‘aceitar a Cristo’ é o meio para alcançar o ideal de ‘boa vida’ sem custo algum. A cruz perde o seu escândalo, uma vez que aponta para o sacrifício de Jesus Cristo por nós, mas não é um chamado para o discipulado: é cruz de Cristo, não do discípulo.O Deus deste cristianismo é o Deus da ‘graça barata’, o Deus que sempre dá, mas nunca exige nada, o Deus feito expressamente para o homem-massa que se rege pela lei do menor esforço e busca as soluções fáceis, o Deus que se concentra naqueles que não tem de negarem-se a ele, porque o necessitam como analgésico…” (O evangelho e a evangelização. In: O que é missão integral, pp.28-9. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/19662961/Missao-Integral-Rene-Padilla Acesso em 18 jul. 2011).
OBS:Em seu documento para diretrizes de evangelização, a Igreja Romana brasileira faz um diagnóstico que bem representa esta realidade do “cristianismo-cultura”, “in verbis”: “22.O discípulo missionário observa, com preocupação, o surgimento de certas práticas e vivências religiosas, predominantemente ligadas ao emocionalismo e ao sentimentalismo. O fenômeno do individualismo penetra até mesmo certos ambientes religiosos, na busca da própria satisfação, prescinde-se do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes. Oportunistas manipulam a mensagem do Evangelho em causa própria, incutindo a mentalidade de barganha por milagres e prodígios, voltados para benefícios particulares, em geral vinculados aos bens materiais. Exclui-se a salvação em Cristo, que passa a ser apresentada como sinônimo de prosperidade material, saúde física e realização afetiva. Reduzem-se, deste modo, o sentido de pertença e o compromisso comunitário-institucional. Surge uma experiência religiosa de momentos, rotatividade, individualização e comercialização. Já não é mais a pessoa que se coloca na presença de Deus, como servo atento (cf. 1Sm 3,9-10), mas é a ilusão de que Deus pode estar a serviço das pessoas.” (Documentos da CNBB-94: Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, pp.33-4. Disponível em: http://www.cnbb.org.br/diretrizes/ Acesso em 20 jul. 2011).
Muitos têm sucumbido a este “cristianismo-cultura”, à adoção do “American way of life” (o modo de vida dos Estados Unidos), a esta cultura dita pós-cristã, mas que é anticristã, que subordina tudo à superestimação do homem, à colocação do homem como “centro” de todas coisas, ao êxito nesta vida e, quase sempre, considerado em termos econômico-financeiros.
- Quando a Igreja se deixa influenciar por estes valores, descaracteriza-se como Igreja e abre mão do Evangelho, passando a ser irrelevante, pronta a ser pisada pelos homens. Vários acontecimentos de nossos dias presenciam esta triste e lamentável situação de muitos que, por causa disto, apostataram da fé.
- Os referenciais em muitas igrejas locais, atualmente, estão fora do Evangelho e, sim, nas culturas humanas. Quem dita as regras de comportamento, em muitos lugares, não é mais a Palavra de Deus, mas, sim, a mídia. Basta ver, para ficarmos apenas num exemplo, os repertórios musicais nos cultos, todos eles ditados pela indústria fonográfica e não mais pelo patrimônio cultural cristão construído ao longo dos séculos.
- Por perderem a capacidade de influenciar o mundo e passar a ser influenciados por ele, muitos destes grupos que se dizem cristãos perderam a tal ponto a relevância na sociedade que hoje, além de ser totalmente ignorados, acabam por “rastejar” ante o mundo, buscando de toda forma adaptar-se aos valores mundanos para que possam voltar a ter algum papel na sociedade pós-cristã, o que é nada mais é que cumprimento da Palavra do Senhor, que dizia que os tais seriam “pisados pelos homens”. Nesta tentativa de “intensificação do mundanismo”, não só se afastam ainda mais de Deus, como não conseguirão ser senão elementos malignos para levar confusão aos que ainda se mantêm fiéis.
OBS:É o que ocorre com os movimentos em várias igrejas tanto da Europa como dos Estados Unidos que, inclusive, têm aceitado o homossexualismo como prática normal tão somente para conseguirem se inserir nestas sociedades pós-modernas, curvando-se aos poderosos lobbies gayzistas ali existentes.
- Devemos, porém, fugir desta cilada, deste ardil do inimigo de nossas almas, mantendo-nos em santidade, separados do pecado e continuando a pregar o Evangelho, que não muda, mas permanece para sempre (I Pe.1:25). O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, tanto do judeu, quanto do gentio (Rm.1:16) e, por isso, continuará a transformar as culturas humanas, mesmo num tempo de globalização, mesmo diante dos recortes hoje verificáveis e que têm alcance mundial.
- Como já tivemos ocasião de dizer mais de uma vez no presente trimestre letivo, os “movimentos de transformação” que têm sido noticiados nos últimos anos são prova do que estamos a falar. Aldeias, vilas, cidades, regiões e nações continuam sendo transformadas pelo poder do Evangelho, sem que seja necessária qualquer destruição cultural, sem que seja necessária qualquer imposição. O Evangelho que transformou a cultura greco-romana, também tem poder para transformar as culturas humanas hodiernas. Cabe à Igreja tão somente pregar o Evangelho, respeitando a diversidade cultural, que fruto de uma obra divina e, dentro da cultura, sem causar escândalo, levar a mensagem transformadora do Evangelho, que dará nascedouro a novas culturas, conformes à Verdade, para glória de Deus.
- Façamos, pois, a nossa parte, pregando a Cristo, e Este crucificado, com respeito às culturas humanas, tendo o discernimento do Espírito Santo para sabermos distinguir o que é pecaminoso do que não o é e, deste modo, assim como o Senhor, sermos instrumento do amor de Deus aos homens.
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Dr. Caramuru Afonso Francisco