O CRISTÃO E AS NECESSIDADES DO MUNDO



Vivemos num mundo de necessidades. Há regiões de miséria extrema, onde a fome é uma triste realidade. Não precisamos ir longe. No Brasil mesmo, no Nordeste, e no interior de quase todos os Estados, mas principalmente no Nordeste, o que se vê são caricaturas humanas de faces encovadas, olhos sofredores, roupa andrajosa, e pés descalços. Falta-lhes comida. Falta-lhes roupa. Falta-lhes serviço. Falta-lhes remédio. Falta-lhes escola. Falta-lhes tudo. Só não lhes falta o fumo, a cachaça, o jogo, a faca, o trabuco e sanfona. E pelo mundo inteiro multiplicam-se essas regiões de miséria que deveriam envergonhar a humanidade. Que fazer o cristão diante das necessidades do mundo? Silenciar-se egoisticamente? Não. Tornar-se revolucionário e formar-se com pessoas violentas, para reformas? Também não. O cristão precisa ajudar; simpatizar; pregar; fazer raiar a luz do Evangelho no coração do povo, inclusive no dos homens de governo, para que os princípios de justiça ensinados no Evangelho sejam entendidos, compreendidos e aplicados.

- O dever de ajudar: Tiago 2
14 Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,
16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?
17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.

O cristão tem o dever de ajudar para minorar as necessidades do mundo. Esse dever é decorrente de sua própria natureza regenerada. É uma consequência natural de sua fé. O cristianismo não é um sistema de idealismo abstrato. O cristianismo é acima de tudo, vida prática. Os ensinos de Jesus não visam meramente a serem apreciados, mas a serem encarnados na vida e praticados. Para Tiago esse fato é tão evidente que ele considera morta a fé sem as obras. Há fé que se limita à crença intelectual, sem contudo modificar a pessoa. É a fé morta. Mas há fé que além de crença é submissão, e que transforma a pessoa. É a fé evangélica viva. A confusão que muitos fazem está em colocar as obras como causa da salvação, em substituição à fé, quando elas não são causa, mas consequência. Nossa fé deve ser evidenciada pelo que praticamos. De que vale, encontrando-se alguém com fome ou com frio, dizer-lhe: 'Vai em paz' - numa demosntração hipócrita de simpatia - se não se ajuda o faminto e o nu? O amor de Cristo nos comunica levar-nos a ajudarmos os nossos semelhantes.

- A imposição do amor: I João 3
11 Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros;
12 não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.
13 Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia.
14 Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.
15 Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si.
16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.
17 Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?
18   Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.

Entre a caridade das pessoas não  regeneradas e as boas obras genuínas do Evangelho está uma notável diferença. Enquanto que na caridade segundo o mundo, quase sempre, há exibicionismo, ou interesses particulares, ou a superstição de que é fazendo caridade que se agrada a Deus, nas boas obras do Evangelho é o amor que impulsiona os cristãos para as realizações. Pela conversão adquirimos uma tal natureza de amor, que as necessidades de nossos semelhantes nos levam a senti-las como se fossem nossas. O cristão que, por exemplo, vendo uma criancinha pobre e tiritar de frio, não sente em seu próprio corpo a tormenta desse desamparo, ainda não entendeu o que seja o amor cristão. Nisso o nosso amor tem-se mostrado ainda muito frio.

- Prestação de contas: Mateus 25
31 Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória;
32 e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas;
33 e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda;
34 então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
35 Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes;
36 estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.
37 Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?
38 E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar?
40   O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
41 Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.
44 E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos?
45 Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.
46 E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.

O ensino de Jesus, registrado nesse texto, faz parte do grande sermão escatológico, pronunciado na última semana do seu ministério, já à sombra da cruz. Em resumo, aprendemos do texto:
1) Que todos hão de comparecer perante Jesus como juiz.
2) Que as pessoas serão separadas em dois grupos.
3) Que cada grupo terá um destino eterno, de salvação ou de perdição.
4) Que o critério para a escolha será o das legítimas obras. Isso quer dizer que a salvação será pelas obras? Não. As obras como critério de julgamento são a evidência da fé salvadora. Notemos que alguns vão mostrar-se decepcionados, julgando ter feito, quando não fizeram, enquanto que os cristãos, modestamente, tendo feito por amor, sem egoísmo, sem interesse, sem exibicionismo, nem saberão reconhecer o que fizeram.
5) A recompensa será dada aos que tiverem tido relação pessoal com o próprio Jesus, manifesta sempre, na maneira de tratar o próximo.

Finalização:

-Não são as obras que salvam, mas a ausência delas é a demonstração de um falso cristianismo. Proclamar-se cristão e não amar; dizer alguém que ama e não ajudar o próximo - é demonstrar falsa fé, que é morta, que não vivifica, que não salva. A prova, pois, do genuíno cristão, é o amor demonstrado nas obras.

-É sério! Precisamos incrementar a beneficência. Jesus quer que amparemos os órfãos e as viúvas. Graças a Deus pelos orfanatos e pelos abrigos de anciãos, e pelas instituições de amparo às crianças e aos adolescentes. Que hino a Deus, essas obras! Que significado agradável a Deus! Roguemos a Deus que nos desperte para fazermos mais, muito mais. O que estamos fazendo? Estamos fazendo o máximo e o melhor que podemos? Podemos enganar as pessoas, mas a Deus não enganamos. Deus conhece  as nossas possibilidades. Deus nos capacita a fazermos mais, muito mais. Portanto, em Nome de Jesus, façamos, façamos o máximo e o melhor que podemos.   

-A arma do cristão não é a política. Nem a revolução. Deus não aprova a violência. Deus não usa o mal, propositadamente, justificando-o como meio de alcançar o bem. Isso é processo satânico. Deus quer que alcancemos o bem pelo método do bem. Assim, para ajudarmos o mundo, em suas necessidades, devemos marchar sob a bandeira de Cristo: educando; pregando; abrindo instituições de beneficência.

-Os cristãos que já alcançaram ou que virão alcançar posições de relevo na administração municipal, ou estadual, ou federal, considerem-se mordomos de Cristo, para ajudar os que sofrem. Trabalhem por leis justas.

-Oremos pelo governo. Por todas as nossas autoridades, para que tenham coração compassivo, e atentem para a causa dos pobres.

-A suprema necessidade do mundo é a da salvação. Por isso, a maior ajuda que lhe podemos prestar é a manutenção e a expansão da obra missionária. Foi essa a tarefa que Jesus deu à sua Igreja.

'Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? (I Jo 3:17)'.
O amor manifesta-se em dar, ainda que até ao sacrifício, como Deus fêz por nós, dando Jesus (João 3:16). O que se regenera adquire qualidades de seu Pai, e entre elas está o amor. E a manifestação dessa qualidade está na prática da beneficência e da justiça social, e não em meras e simples palavras.

Que Deus continue nos ajudando e nos abençoando!

Gratidão, Honra, Glória, Louvor e Adoração. somente ao Nosso Único, Verdadeiro e Eterno Deus, pelos séculos dos séculos, sem fim! Aleluia!

Que a Graça e a Paz do Senhor e Salvador Jesus Cristo; que o Grande, Eterno, Infinito e Sublime Amor de Deus; e que as Consolações, o Conforto, a Comunhão e o Poder do Espírito Santo, sejam com todo o povo de Deus, hoje, sempre, eternamente! Amém!

Pastor Elcy França
'Graça, Paz, Misericórdia e o Amor de Deus'