DEPRESSÃO: o grito de uma alma sufocada


Odegine Graça
Psicóloga CRP 08/07936
Deprimir, Reprimir, Suprimir. Eis aí três palavrinhas que caminham juntas no mundo da depressão. O histórico é quase sempre o mesmo, a pessoa reprime aquilo que a machuca, suprimindo a dor junto com a suposta eliminação das lembranças. Assim os dias vão se passando e a vida andando. A pessoa esquecida de si vai apertando o passo, calando a alma a toda e qualquer percepção além do absolutamente necessário para continuar vivo. É preciso ser práticos pensam os ingressantes do caminho da dor, ninguém tem tempo de estar no escuro ou de sofrer por muito tempo nesse mundo de instantâneos. E a cabeça fica povoada de imagens sem reconhecimento e nossa vida cheia de ressentimentos. Gritar de nada adianta os ouvidos estão fechados, é preciso resistir, ser forte e continuar mesmo com a alma despedaçada.

O fato ainda não reconhecido é o de que a depressão e as doenças normalmente a elas associadas rompem a barreira da negação tamanha é a dor, e faz a alma vazar todo o suprimido. A doença rompe a barreira do esforço consciente e inconsciente do esquecimento e lança seu próprio grito o qual ecoa por entre os picos das montanhas geladas provocando uma grande avalanche de dor, mágoa, raiva e destruição.
A depressão é o buraco negro que explode em toda a sua furiosa energia de contenção para formar novos mundos, outros universos. É preciso estar aos pedaços para poder estar inteiro novamente.
O que grita primeiro quando se está deprimido é a ansiedade, ela aumenta de volume e de intensidade, cortando a respiração, aumentando o nível de cortizol (hormônio do stress) e este por sua vez aumenta a adrenalina que acelera os batimentos cardíacos, interfere na quebra dos açúcares e por aí vai destruindo o equilíbrio das células.
A ansiedade generalizada também faz no início o mesmo caminho. Para se saber o quadro de ansiedade generalizada é preciso preencher três das seis características abaixo:
  1. Sensação de falta de descanso;
  2. Brancos na mente;
  3. Irritabilidade, “estoura à toa”;
  4. Dores musculares;
  5. Transtornos de sono (insônia ou sono demasiado);
  6. Transtornos alimentares (aumento ou decréscimo de apetite).
O TAG, Transtorno de Ansiedade Generalizada, é como o próprio nome diz, um transtorno de ansiedade mais específico que atinge de 2% a 5% da população, mais comum nas mulheres, inicia-se a partir da segunda década de vida. Esta ansiedade é vista, hoje em dia, como algo de origem genética. Você herda as bases neurobiológicas da suscetibilidade à ansiedade.
Essa ansiedade pode evoluir até o pânico. O transtorno de pânico é um ataque de ansiedade agudo e grave que começa a aparecer de forma referente e sem aviso prévio, que não está preso a nenhuma situação específica como as fobias. Esses ataques duram em média 15 minutos. Os sintomas depressivos, costumam estar associados em 80% dos casos. O ataque de pânico se caracteriza por um período discreto de medo e desconforto intenso, no qual quatro ou mais dos seguintes sintomas se desenvolvem abruptamente e alcançam um pico dentro de dez minutos.
  1. Palpitações, coração pulsando em ritmo acelerado;
  2. Sudoreses;
  3. Tremores;
  4. Sensação de respiração curta;
  5. Sensação de desmaio ou choque;
  6. Dor no peito ou desconforto.
  7. Náusea ou mal intestinal ou dificuldade de engolir;
  8. Sensação de tonteira, irritabilidade, desmaio.
  9. Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (ficar desligado, desconectado de si mesmo);
  10. Medo de perder o controle e ficar louco;
  11. Medo de morrer;
  12. Parestesias (Alteração da sensibilidade (sensação de formigueiro, picadelas, queimadura, etc.);
  13. Resfriamento ou rubores.
Pessoas que sofrem de pânico normalmente têm um caráter controlador e perfeccionista, ao mesmo tempo estão em volta com um sentimento de desproteção, não sou bom o bastante para me proteger. O pânico pode vir associado a outras psicopatologias como a depressão reativa. A área do cérebro que sofre alterações no transtorno do pânico são os gânglios basais, que ficam mais irrigados. Esta região cerebral é responsável pela ansiedade e pelo medo. No caso da depressão, a área de aumento da atividade sanguínea é o sistema límbico, responsável pelas emoções.
A depressão é um transtorno de humor e são vários os tipos de depressão.
  1. Distimia (depressão leve);
  2. Depressão moderada;
  3. Depressão profunda;
  4. Depressão moderada ou profunda recorrentes;
  5. Transtornos de humor bipolar (THB) co episódios depressivos;
  6. Transtorno do humor bipolar misto;
  7. Ciclotimia.
Os itens básicos da depressão são:
  1. Falta de ânimo;
  2. Falta de desejo;
  3. Humor deprimido;
  4. Falta de esperança no futuro.
Deve ser levado em conta como diagnóstico diferenciado:
  1. Anemias;
  2. Hipotireoidismo;
  3. Regimes alimentares hipo-proteicos;
  4. Dependência de substâncias psicoativas;
  5. Alcoolismo;
  6. Luto prolongado ou patológico;
  7. Pseudodemência;
  8. Transtorno somatofórmicos;
  9. Câncer.
É muito importante salientar que qualquer uma das patologias aqui citadas afeta o físico e o psíquico. Hoje já existe consenso entre os profissionais da saúde (pelo menos os mais atualizados) sobre esse fato. Nada é só corpo ou só mente. A abordagem cartesiana da separação entre físico e psíquico é hoje bem ultrapassada. Outro adendo bem importante é que essas doenças devem ser tratadas com psicoterapia e medicação apropriada.
O uso clínico dos psicofármacos como a paroxetina tem sido altamente recomendado para pânico, outras drogas como clonazepan, alprozolan, por vezes são somadas,dependendo do caso.
Fato é que ansiedade, pânico, fobias e depressão estão altamente presentes em nossa sociedade atual. A grande maioria das pessoas, por ignorância e preconceito, resiste a forma de tratamento indicada pelo profissional se Põem em risco ou põem um dos seus em risco. As patologias acima citadas matam com eficácia maior que o câncer ou HIV ou outra doença mortal se forem ignoradas ou tratadas de maneira incorreta.
Tudo que nos acontece, acontece para o nosso bem, desde que procuremos nosso bem.