Protestantismo = Desenvolvimento


O Dr. Augustus Nicodemus corretamente definiu a Reforma Protestante como o maior movimento revolucionário da história depois da vinda de Jesus Cristo:

“A Reforma Protestante libertou a verdade científica do dogma religioso da época. Vários dos grandes cientistas, como Boyle, Lineu e Newton, eram protestantes. Eu li recentemente um livro que mostrava os 53 cientistas que nos deram a ciência moderna, e 51 eram protestantes. Apenas dois eram agnósticos, e mesmo assim um deles havia dúvida. As maiores universidades do mundo, como Harvard, Oxford, Yale e Princeton, foram fundadas por protestantes. Calvino, em Genebra, abriu a primeira escola primária da Europa. O Convento de Santa Clara, que era católico, eles transformaram no primeiro hospital público da Europa, em Genebra. A Reforma Protestante foi o maior movimento revolucionário da história depois da vinda de Jesus Cristo”[1]

As razões para isso são muitas. Os protestantes fundaram a maior universidade do mundo, a famosa Universidade de Harvard, fundada em 1636 pelos reformados. O próprio John Harvard era um pastor congregacional. Harvard tirou dinheiro do próprio bolso para fundar a universidade “para a glória de Deus”, que leva seu nome até hoje. A declaração de missão da universidade era:

“Cada estudante deve ser simplesmente instruído e intensamente impelido a considerar corretamente que o propósito principal de sua vida e de seus estudos é conhecer a Deus e a Jesus Cristo, que é a vida eterna (João 17:3). Consequentemente, colocar a Cristo na base é o único alicerce do conhecimento sadio e do aprendizado”.

A Universidade de Princeton, igualmente considerada uma das melhores do mundo, também foi fundada por evangélicos, em 1746. O governador Jonathan Belcher fundou a universidade originalmente como uma instituição presbiteriana. O historiador Marco Antonio Villa compara o Cristianismo ao islamismo e acentua o papel importante da Reforma Protestante no avanço do Cristianismo, dizendo:

“O Cristianismo teve um papel muito importante da Reforma Protestante. O século XVI muda a história do Cristianismo, e aquilo tem um reflexo direto na vida política. Nós não teríamos os Estados Unidos, da forma que se formaram, se não tivesse a Reforma Protestante do século XVI. Mas o Islamismo nunca teve uma espécie de Reforma Protestante”[3]

Olavo de Carvalho, embora seja abertamente católico, admitiu que o modelo de governo das igrejas protestantes criou a sociedade que gerou os avanços na liberdade e lançou as bases para o desenvolvimento econômico das nações:

"Desprovidos de uma autoridade central como a do papado, os grupos religiosos independentes encontraram na convivência igualitária, no livre comércio e na fidelidade aos mandamentos evangélicos, interpretados segundo a consciência de cada qual, os princípios de uma nova ordem social e econômica que floresceu no capitalismo moderno. Nos países católicos, inversa e complementarmente, a causa da paralisia econômica não foi a moral da Igreja, mas a centralização burocrática (...) Três elementos foram decisivos para o bom resultado econômico do capitalismo: (a) a liberdade de auto-organização; (b) a homogeneidade moral, resultado da fidelidade geral ao Evangelho (tanto mais estrita porque, não havendo autoridade formal superior, a Bíblia se tornava, diretamente, o critério comum para a arbitragem de todas as disputas); (c) o ambiente de confiança, honradez e seriedade criado pelos dois fatores anteriores. Em contrapartida, o autoritarismo papal e monárquico criou sociedades anêmicas, desfibradas, intimidadas e corrompidas pela subserviência à burocracia onipotente”[4]

Há uma inegável correlação entre o protestantismo e o capitalismo, pois aquele serviu de impulso para este, e foi essencial no desenvolvimento do comércio e da indústria. Ninguém escreveu melhor sobre isso do que o alemão Max Weber (1864-1920), em sua clássica obra A ética protestante e o "espírito" do capitalismo. O trabalho de Weber foi tão extraordinário que até um historiador ateu e esquerdista admitiu que “as análises de Weber sobre o tema continuam não apenas atuais e insuperadas, como também não houve críticas capazes de mostrar qualquer falsidade nelas”[5]. Weber demonstrou que o protestantismo contribuiu fortemente para formar o moderno “homem de negócios”, tendo suas raízes na moral religiosa puritana.

Você pode pesquisar em qualquer lugar que seja, e descobrirá que um misto de boa religião com boa política é o que levou todo país desenvolvido a este nível de desenvolvimento. Qual é a nação de tradição mais evangélica do mundo? Estados Unidos. A maioria dos pais fundadores eram crentes, mais da metade da população norte-americana é evangélica, os Estados Unidos é o país mais protestante do mundo e um enorme celeiro de missionários a toda a terra. E, apenas por curiosidade, qual é o país mais poderoso do mundo? Você já sabe a resposta.

Podemos fazer uma pesquisa sobre os países que aderiram à Reforma Protestante e comparar com o IDH dos mesmos. Os principais países que aderiram à Reforma foram:

• Alemanha
• Suíça
• Noruega
• Dinamarca
• Suécia
• Reino Unido
• Finlândia

Quase todos estes países citados permanecem com o protestantismo sendo maioria em comparação com as demais religiões e com o ateísmo. Na Alemanha são 34%[6] (ainda assim maioria), na Suíça são 40%[7], na Noruega são 87%[8], na Dinamarca são 87%[9], na Suécia são 86%[10], no Reino Unido são 59%[11], na Finlândia são 85%[12]. Estes são os países que aderiram à Reforma Protestante e que foram moldados há séculos pelo protestantismo histórico, de tal forma que já podemos observar os resultados. E os resultados são esses:

• Alemanha: 6º Lugar no IDH.
• Suíça: 3º Lugar no IDH.
• Noruega: 1º Lugar no IDH.
• Dinamarca: 10º Lugar no IDH.
• Suécia: 12º Lugar no IDH.
• Reino Unido: 14º Lugar no IDH.
• Finlândia: 24º Lugar no IDH.

Todos os países de tradição protestante estão posicionados naquilo que é considerado “IDH Muito Alto”. O protestantismo está muito longe de ser a maior vertente religiosa do mundo. Dentre os 2,6 bilhões de cristãos no mundo, apenas 970 milhões são protestantes. Menos de 1 bilhão em um mundo com mais de 7 bilhões de pessoas. Mesmo assim, é impressionante notar que dos sete países com melhor IDH do planeta, cinco são de maioria protestante:

1º Noruega (87% protestante)[13].
2º Austrália (51% protestante)[14].
3º Suíça (46% católico)[15].
4º Holanda (33% católico)[16].
5º Estados Unidos (51% protestante)[17].
6º Alemanha (34% protestante)[18].
7º Nova Zelândia (41% protestante)[19].

Observe também que mesmo nas duas únicas exceções dentre os sete países mais desenvolvidos do mundo, a porcentagem de protestantes, embora não seja a maioria, é bem grande. Na Suíça é de 40%[20] (dados de 2002, é provável que tenha crescido desde então) e na Holanda é de 21%[21]. E nestes dois países houve forte influência da Reforma Protestante, que os moldou por séculos e que os levou à condição que estão hoje, mesmo que o protestantismo não seja mais a maioria nestes países.

O caso mais marcante é, provavelmente, o da Alemanha, pois foi o berço da Reforma Protestante. Martinho Lutero é até hoje considerado pelos alemães um dos fundadores do Estado Alemão Moderno. A Alemanha foi o primeiro país do mundo a assimilar bem a cultura cristã-protestante. Ela sofreu terrivelmente nas mãos de ditadores facínoras como Hitler, no passado, manchando o nome de todo o povo alemão, sendo que a maioria sequer sabia que judeus estavam morrendo em campos de concentração. Ela foi arrasada na Primeira Guerra Mundial, e depois mais arrasada ainda na Segunda Guerra Mundial.

Pense no que é perder uma guerra. Além das pessoas que morrem (o que por si só já é horrível), ainda há o enorme gasto com armas e recursos de guerra (que é descontado do pão da população), a destruição de boa parte das cidades que são bombardeadas pelo inimigo, a enorme dívida que fica como parte do tratado de paz que vem depois, a possível perda de territórios para o adversário, o desgaste da imagem da nação como um todo diante dos outros países, a desconfiança contínua das outras potências, a moral do próprio povo que vai lá para baixo pela vergonha de perder uma guerra, isso sem falar das consequencias emocionais decorrentes da perda de um familiar ou amigo querido.

Tudo isso, no fim, resulta sempre em fome, em dívida externa, em atraso econômico, em um enorme tempo perdido e na necessidade de recuperar tudo o que se perdeu, para tentar voltar ao patamar que estava antes e só depois pensar em dar passos maiores. Pois bem. A Alemanha não perdeu uma guerra qualquer, ela perdeu uma Guerra Mundial, com implicações muito maiores do que uma guerra comum. Todas estas consequencias negativas foram levadas a extremos. E ela não perdeu somente uma Guerra Mundial, mas duas. A Alemanha foi o único país do mundo a perder duas Guerras Mundiais e a sofrer tudo isso intensamente por duas vezes. Depois de perder a Segunda, ela estava arrasada. Todos os fatores socioeconômicos indicavam que ela se resumiria a ser um ponto negro em meio a uma Europa desenvolvida.

Mas o que aconteceu dali em diante foi surpreendente, de estremecer até os mais otimistas analistas. A Alemanha não apenas conseguiu se recuperar rapidamente de todos os efeitos colaterais causados pela perda da Segunda Guerra, mas também conseguiu voltar a ser uma grande potência europeia e mundial, estando hoje à frente dos países europeus que ganharam a Segunda Guerra! A Alemanha é hoje nada a menos que o 6º país com maior IDH do mundo[22] e é o 5º colocado no PIB mundial[23]. O que pode explicar tão espantosa reviravolta no quadro?

A resposta obviamente não é que a raça alemã seja uma “raça superior”, como se houvesse algo inato no gene do alemão (se houvesse, provavelmente teriam ganhado as guerras!). A resposta não está na questão de raça, mas na questão de cultura. A Alemanha tem uma cultura que propicia e favorece um desenvolvimento alto. Muitos outros países não têm. Simples assim. Na lógica alemã, “se alguém pode fazer isso, eu também posso”. Na lógica (ou “jeitinho”) brasileira, “se alguém pode fazer isso, por que tem que ser eu?”. Na lógica alemã, “se ninguém consegue fazer isso, eu posso ser o primeiro!”. Na lógica brasileira, “se ninguém consegue fazer isso, eu muito menos!”. Isso pode parecer irrelevante, mas é totalmente determinante quando colocado em prática por uma nação inteira. Os resultados são evidentes.

Se isso fosse uma corrida, não importa o quanto você desse de vantagem ao piloto brasileiro (que aqui chamaremos apenas alegoricamente de Rubinho), no final sempre o piloto alemão (que aqui chamaremos apenas alegoricamente de Schumacher) sempre terminaria na frente. Sempre. A não ser que eles mudem a cultura deles para pior, o que é muito difícil, pois não se muda uma cultura do dia pra noite. A cultura alemã foi moldada por séculos e mais séculos de protestantismo histórico. Foi o berço da Reforma Protestante. Foi onde Martinho Lutero nasceu, viveu e pregou. Essa cultura, transmitida adiante geração após geração (mesmo para os não-protestantes), foi lhes rendendo uma mentalidade de crescimento e desenvolvimento, bem acima dos outros países em geral.

Alguns neo-ateus tentam contestar estes fatos, que por si mesmo são incontestáveis, com refutações meia-boca, sendo a mais famosa delas uma que cita certos países da África (pobres, por sinal) que tem maioria evangélica. Seria essa a “prova” de que nem sempre o protestantismo é sinônimo de desenvolvimento? Não. Pelo contrário. Os países que citamos se tornaram protestantes há pelo menos cem anos (vários deles há muito mais tempo), enquanto os países africanos citados por eles tornaram-se protestantes há menos de um século, ou há algumas décadas. É óbvio que nenhum país se torna desenvolvido do dia pra noite, e também é óbvio que nenhuma cultura é totalmente transformada do dia pra noite. Este é um processo que leva tempo. Todas que tiveram tempo mostraram resultados extremamente positivos.

Curiosamente, a acusação dos neo-ateus volta-se contra eles mesmos quando observamos que estes países africanos que se tornaram protestantes nas últimas décadas também vêm tendo um crescimento econômico muito maior que a média dos outros países africanos. Os países mais protestantes da África são a África do Sul (66%) e a Nigéria (47%). Caso você queira saber, as duas maiores economias da África são... África do Sul e Nigéria[24]. Claro, tudo é “só por acaso”. O acaso é o deus dos ateus.

Outro país com muitos evangélicos é o Quênia, que desde 1961 até a década de 80 teve crescimento anual com média de 6,8%, muito acima da média do continente africano[25]. Na década de 90 sofreu inúmeros problemas, como as secas, o que reduziu este crescimento consideravelmente. A principal fonte de recursos do Quênia é a agricultura, mas só 4% da terra é arável[26], o que impede um crescimento maior. Mesmo assim, considerando todo o período que vai desde a década de 60 até hoje (2014), o Quênia mantém uma média de crescimento de 4,6%[27], maior que a média continental. Por comparação, o Brasil da Dona Dilma ano passado teve 0,2%... negativos[28].

Se a moral protestante não influencia positivamente (ou se influencia negativamente), por que então houve grande avanço nas áreas que aderiram ao protestantismo? Por que este avanço não ocorreu simultaneamente em todas as partes do mundo, incluindo as não-cristãs? Por que, ainda hoje, todosos sete países mais desenvolvidos do mundo são países que aderiram à Reforma Protestante? Essas são perguntas que devem ser respondidas antes de acusarem Lutero de ser um “bêbado rebelado e satânico que só trouxe divisão à Igreja de Cristo”[29].
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2015/06/protestantismo-desenvolvimento.html
Paz a todos vocês que estão em Cristo.