O Juízo Final - Lição 11

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 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.(Ap 20.11).


Em todos os tempos, os ímpios sempre fizeram suas maldades, seus crimes, e praticaram corrupção e ignomínia. E há até quem pense que Deus não está vendo, ou que não queira fazer nada, diante de tantos pecados e injustiças, violência, crueldade e todos os tipos de crimes. O salmista, refletindo sobre a situação dos ímpios, ficou bastante perturbado, a ponto de quase perder a visão da realidade espiritual, chegando perto de desviar-se de Deus (SI 73.3,13). Mas a Palavra de Deus assegura que Deus não é injusto para deixar impune os que praticam a iniqüidade; “o culpado não tem por inocente” (Nm 14.18). A aparente demora de Deus em castigar os ímpios não é sua leniência ou condescendência com os maus. É sua longanimidade, esperando que os homens reconheçam sua soberania e se arrependam de seus pecados. “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade” (SI 103.8). Quando o homem não entende isso, enfrenta conflitos espirituais de grande perturbação, ou murmuram contra Deus, aumentando sua culpa diante do Todo-Poderoso. O destino dos ímpios, que não se arrependerem, já está definido: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (SI 9.17). Seu fim é a condenação eterna.

Além de se tornarem prósperos materialmente, e distanciarem-se de Deus, confiados em suas riquezas (SI 49.6-9), os ímpios se voltam contra Deus de modo arrogante. Afrontam a Deus e expressam completa rebelião contra o Juiz do universo. “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus (SI
10.4). Cientistas, intelectuais, estudiosos, pesquisadores, professores, catedráticos, e também alunos e aprendizes, dominados pelo materialismos, não percebem que a própria ciência revela um planejamento acurado em toda a Criação, e que esse planejamento exige a existência indispensável de um Planejador Sobrenatural. Eles vão prosperando em seu caminho de incredulidade. “Disseram os néscios no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem” (SI 14.1). Além de incrédulos, os ímpios se corrompem e se tornam “abomináveis em suas obras”. Aborto, crime hediondo, homossexualismo, “abominação ao Senhor” (Lv 18.22; 20.13), “paixões infames”, “torpeza”, ato “contrário à natureza”, “imundície” (Rm 1.24-27), toda essa iniqüidade terá a sentença última e definitiva no Juízo Final.

I - Eventos que Antecedem ao Juízo Final

1. A Última Revolta de Satanás

Certamente, parece estranho o fato de Satanás ter sido preso, no final da Grande Tribulação, e a Bíblia afirmar que o mesmo será solto, no final do Milênio. Diz o texto sagrado: “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou” (Ap 20.7-9). Mas Deus não faz nada sem propósito. A soltura de Satanás tem motivos a serem alcançados.
a) Solto por um pouco de tempo. Para Satanás, não há mais jeito. Os universalistas acreditam que, no final de tudo, “todos serão salvos , inclusive Satanás e seus demônios! Mas essa falsa “doutrina” não tem o menor fundamento bíblico. Após mil anos, Deus vai soltar o Diabo. Para quê? Certamente, para provar os que nascerão no Milênio, e não terão tido oportunidade de ter sua fé provada diante das tentações malignas. E Deus quer que só estejam em sua presença os vencedores, os que passam pelas tribulações e confiam nEle de todo o coração. Os crentes passam por provações nesta vida “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.7).
b) Para enganar as nações - Gogue e Magogue. Esses nomes são simbólicos; representam o ajuntamento de todas as nações do mundo, enganadas por Satanás, para se rebelarem contra Cristo, após terem experimentado uma “ordem mundial” de prosperidade jamais vista na história da Terra. Um mundo sem doenças, desfrutando plena paz, sem guerras, conflitos ou violência. Mas, mesmo assim, os pecadores que nascerem durante o Milênio darão lugar ao engano do Diabo, numa prova de que o pecado passou a todos os homens (Rm 5.12). Será um levante mundial contra Cristo, pelo poder persuasivo do Maligno. Isso mostra que o homem, em sua natureza carnal, não muda sem que se torne nova criatura (2 Co 5.17). Mesmo diante do Reino Milenial de Cristo, pleno de prosperidade e paz, ao serem confrontados com as tentações, desprezarão Jesus e aceitarão Satanás. O mesmo que fez a multidão que escolheu Barrabás e condenou Jesus (Mt 27.17-21).
c) Satanás ajuntará as nações. Para combater a Cristo e os povos que entrarão no Milênio, e cercarão Jerusalém (cidade eterna), para a última tentativa de destruir Israel. Serão inumeráveis as hostes, representadas por “Gogue e Magogue”, em número “como a areia do mar”. As nações serão enganadas e se voltarão contra Israel e contra Deus, sob a liderança satânica. Mas seu fim já está decretado em última instância, no Tribunal de Deus. Será preso para sempre, no Inferno.

2. A Prisão Eterna de Satanás

Pela segunda vez, Deus vai mandar seus mensageiros poderosos para prender “o Dragão”, “a antiga serpente” (Ap 20.2), que estava no “abismo” (Ap 20.3), lançando-o na prisão eterna para todo o sempre. “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10). Só depois da última rebelião do Maligno e de sua prisão para sempre, é que será estabelecido o Juízo Final.

II - O Juízo Final e suas Características

1. Quem Será o Juiz?

1) Jesus, o Supremo Juiz. Paulo afirma que Deus “há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos,ressuscitando-o dos mortos” (At 17.31 - grifo nosso; Hb 12.23). Ou seja: por meio de Jesus será exercido o julgamento, pois ele será o su- premo Juiz, assentado no Trono Branco, no Juízo Final (Jo 5.22,27).
E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11). A cor do trono indica que será um julgamento santo e puro, sem parcialidade. Jesus “há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino (2 Tm 4.1b; SI 9.8). Nos julgamentos da terra, há sempre o magistrado, que julga as causas levadas ao Tribunal, advogados de acusação, ou promotores, bem como advogados de defesa dos réus. No entanto, no Juízo Final, perante o “grande trono branco’ (Ap 20.11), não haverá advogado de defesa. Se alguém quer ser defendido da condenação eterna, tem que ser aqui, na terra, nos dias em que vivemos. Depois será impossível. Tarde demais.
2) Hoje, Advogado. No Juízo Final, o Promotor. No tempo presente, na dispensação da graça, o pecador tem em Cristo o Advogado santo, onipotente, que nunca perdeu uma questão, e está à disposição dos crentes e também de todas as pessoas que a Ele recorrerem. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1 Jo 2.1,2). Hoje, Jesus é Advogado de defesa. No Juízo Final, será Promotor e Juiz implacável, na última e absoluta instância da justiça divina, sem a menor possibilidade de revisão da pena dos condenados.
3) Todo joelho se dobrará diante de Jesus. Diante do Supremo Juiz do universo, os ressuscitados para o Julgamento Final estarão de pé, diante do trono (Ap 20.12). Mas todos se ajoelharão perante Jesus Cristo, queiram ou não. Ditadores, governantes, juízes, juristas, políticos, cientistas, militares de todas as patentes, milionários em sua soberba, arrogância e prepotência; também os pobres, analfabetos e miseráveis, se não tiverem aceitado a Cristo como Salvador, estarão no Juízo Final, e terão que dobrar seus joelhos perante o Trono Branco. Diz a Bíblia: “Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.11,12 - grifo nosso). Onde se instalará o Trono Branco? Segundo Bergstén,1 “o trono não poderá ser construído na terra (Ap 20.11)”, e que será provavelmente instalado “nalgum lugar do espaço celestial [...] Que seriedade: O Supremo Juiz, assentado sobre o trono, a sua Igreja glorificada e vestida de branco, pronta para atender às suas ordens; e, perante o trono, bilhões e bilhões de homens e de anjos, para serem julgados!”. Mesmo que não haja certeza sobre a localização do Trono, deverá ser num lugar que permita que todos os julgados tenham acesso, inclusive os que estiverem vivos por ocasião do Juízo Final.

2. Quando Será o Juízo Final?

De acordo com a Bíblia, o Juízo Final (do trono branco) ocorrerá logo após a segunda prisão de Satanás, nos eventos finais após o Milênio (Ap 20.7,10), depois que enganar mais uma vez as nações. Será, sem dúvida, um espetáculo de dimensões cósmicas. Todo o universo, terra e céu, presenciará o juízo divino sobre todos os ímpios, desde que existe o ser humano sobre a terra. Será a resposta de Deus a todas as graves questões que tanto atormentam os povos: Até quando o mal prevalece? Até quando os ímpios têm permissão para agir, muitas vezes impunemente? Por que Deus, que é onipotente, permite tantas misérias? Onde estava Deus, que não evitou isso ou aquilo? “Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se esforçam em poder? (Jó 21.7). No juízo do Trono Branco, serão dadas as respostas finais, cabais, convincentes e definitivas pelo Supremo Juiz do universo.
Lockyer, descrevendo o Trono Branco, diz: “Neste trono, a posição do dia de Pilatos será invertida; então o Criador foi julgado pela criatura, mas agora a criatura aparece perante o Criador a fim de receber a sentença. Na sala de Pilatos, Deus ficou mudo perante um homem, mas aqui o homem está mudo na presença de Deus. O que foi condenado perante o tribunal terreno, agora decidirá os destinos da raça humana e revelará os princípios do governo divino”.2

3. Quem Comparecerá Diante do Juízo Final?

1) Os que participarem da segunda ressurreição. De acordo com a Palavra de Deus, comparecerão ao Juízo Final todos os que não participarem da primeira ressurreição”. “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Ap 20.5,6). Os ímpios serão ressuscitados para prestarem contas de suas obras, cometidas em suas vidas, em desobediência a Deus, por sua incredulidade e desprezo ao Senhor. Se não se arrependerem, já estão condenados, como disse Jesus (Jo 3.18). Mas morrem sem terem conhecimento da terrível condição que escolherem para suas vidas, longe de Deus. Enganados por Satanás, através das seitas e falsas religiões, iludidos pelos professores a serviço do Diabo, nas escolas, nas faculdades e universidades, portadores dos ensinos materialistas, no Juízo Final, ao lado dos enganadores, tomarão conhecimento da sentença de Deus sobre seus pecados, e serão enviados para o inferno (SI 9.17).
Daniel viu as duas ressurreições. A primeira, para os salvos, que terão a vida eterna, em Cristo Jesus. A segunda, para a condenação eterna, prevista para os ímpios que não querem saber de Deus. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna [primeira ressurreição], e outros para vergonha e desprezo eterno [segunda ressurreição] (Dn 12.2). Jesus Cristo demonstrou as duas ressurreições, dizendo: Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29 - grifo nosso).
2) Os ímpios de todos os tempos. Responde a Bíblia: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono [...]” (Ap 20.11,12a - grifo nosso). Não importa o status social daqueles mortos que haverão de ressuscitar para o julgamento final; “grandes” (ricos, magnatas, poderosos, mestres, doutores) ou pequenos” (pobres, analfabetos, miseráveis, desvalidos), todos os que não houverem tomado parte na primeira ressurreição (Ap 20.4), por não terem crido em Deus, ou dado as costas para Ele, terão que ressuscitar (na segunda ressurreição) para comparecerem diante do trono branco, para serem julgados. Eles ressuscitarão para a condenação: E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.13-15).
A palavra “morte” refere-se a toda a forma pelas quais os ímpios morreram, de doença, de velhice, de acidente, queimados, afogados, comidos pelos peixes, etc. Terão que ressuscitar, em corpo real, visível, em “espírito, alma e corpo” (1 Ts 5.23), para receberem a sentença final, plenamente conscientes de sua realidade última e eterna. O termo “inferno” se refere ao “hades”, ou lugar intermediário, onde estão todos os ímpios, de todos os tempos, aguardando o Juízo Final, para serem lançados no inferno final, o destino que escolheram, quando em vida desprezaram a Deus (SI 9.17).
Todos os ímpios, de todos os tempos, ressuscitarão para comparecer perante o Trono Branco. Será a resposta de Deus a todas as maldades, impiedades e iniquidades, cometidas pelos ímpios, ao longo dos séculos. Eles morreram, sem arrepender-se, mas Deus registrou todas as suas corrupções, atitudes, atos e até pensamentos, que elaboraram e praticaram contra sua Lei. Os que estiverem vivos, após o Milênio, e se aliarão a Satanás, terão que comparecer para o juízo. Certamente, ressuscitarão num “corpo imperecível, mas carregado de pecado”.3 “Ali, estarão Caim, Judas Iscariotes, Pôncio Pilatos, Herodes, e todos os pecadores que morreram sem salvação desde o princípio do mundo. [Também estarão] aqueles que durante a Grande Tribulação tomaram sobre si o sinal da Besta, e ainda os que acompanharam Satanás na última revolta, no fim do Milênio; todos esses ressuscitarão e comparecerão diante do Tribunal”.4
Os ímpios, que serão julgados no Juízo Final, não entrarão no céu, na habitação eterna dos justos, onde Jesus está, “à destra de Deus” (Cl 3.1). Não terão permissão para entrar na nova Jerusalém, a cidade santa, preparada por Deus para a habitação dos salvos: “Bem -aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” (Ap 22.14,15). As palavras “cães” e “tímidos”, no texto, são as únicas que requerem explicação. A primeira refere-se, segundo estudiosos dos termos originais, a maus obreiros (Fp 3.2), e também aos que vivem na prática de imoralidades morais e sexuais.
No Antigo Testamento, o termo alude aos homossexuais, ao lado do termo rameira, que se refere a prostitutas, sendo ambos considerados abomináveis diante de Deus. A segunda, “tímidos”, refere-se aos covardes, aos apóstatas, que abandonam a fé. Não se refere a pessoas de temperamento introvertido, acanhadas. No mesmo livro, outro versículo mostra a situação calamitosa dos ímpios, diante do Juízo de Deus: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap 21.8).
3) Os ímpios que estiverem vivos no Milênio. As nações que estiverem vivas, que escaparem da Grande Tribulação e entrarem no Milênio, terão que encarar o Juízo do Trono Branco (Mt 25.31-46). Os pecadores que morrerem no Milênio, sem conversão a Cristo, estarão ali. E os atuais ateus, materialistas e rebelados contra Deus, se não acordarem de sua arrogância, se não se arrependerem de suas investidas contra o Senhor, Criador dos céus e da Terra, se estiverem vivos, irão direto para o juízo do Trono Branco. Se estiverem mortos, terão que ressuscitar para serem julgados e receberem da boca de Jesus, o Juiz divino, a sentença definitiva contra sua rebelião contra Deus. Diante do Trono Branco, estarão presidentes de nações do primeiro mundo e também governantes de países pobres, magistrados, juizes e políticos dos parlamentos que desprezaram a Palavra de Deus, aprovando leis contra os princípios divinos. Vivos ou mortos, não escaparão do tribunal divino. Não haverá contemplação (SI 9.17).
4) Os anjos caídos. Esses também serão julgados no Juízo Final. Segundo Bergstén, “Os anjos caídos serão convocados para receber o seu julgamento. Uns estiveram presos (Jd 6; 2 Pe 2.4), outros soltos, servindo ao Diabo, mas todos serão julgados”.5 O apóstolo Pedro diz que os anjos rebeldes foram lançados no inferno, “a fim de serem reservados para o juízo” (2 Pedro 2.4), e Judas diz que os anjos rebeldes foram guardados por Deus sob trevas “para o juízo do grande Dia” (Jd 6). Isso significa que ao menos os anjos rebeldes ou demônios também estarão sujeitos ao juízo no último dia. A Escritura Sagrada não indica claramente se os anjos santos também estarão sob uma espécie de avaliação por seus serviços, mas é possível que estejam incluídos na afirmação de Paulo: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1 Co 6.3). É provável que isso inclua anjos santos, porque não há nenhuma indicação no contexto de que Paulo esteja falando de demônios ou anjos caídos, e a palavra anjos sem qualquer qualificação adicional no Novo Testamento deve ser normalmente entendida como referência aos anjos santos. Mas o texto não é explícito o suficiente para que tenhamos certeza do que afirmamos.
Horton ressalta que os salvos durante o Milênio não deverão passar pelo Juízo Final. Ele entende que “parece provável que eles receberão a plenitude da salvação, incluindo novos corpos, e se ajuntarão ao restante dos santos glorificados assim que forem salvos e se comprometerem com Jesus”.6 Nem tudo está claro na escatologia. Mas o que Deus, em sua bondade para conosco, quis revelar-nos, abrindo o “véu da eternidade”, é suficiente para nos alertar para a realidade dos acontecimentos que marcarão o fim da História, e da trajetória de pecado do homem ao longo de sua existência, desde o Éden até o “perfeito estado eterno”.

III - As Bases do Juízo Final

1. A Palavra de Deus

Jesus declarou: “Quem me rejeitar a mim e não receber as minhas palavras já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último Dia” Jo 12.48). O Promotor, que será Jesus, usará a Palavra de Deus como base para embasar a condenação dos ímpios.

2. Os Livros Divinos

“E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida, e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras (Ap 20.12,13 - grifo nosso). Nos céus, existem os registros divinos, chamados de “os livros”. Podem ser chamados de “livros dos registros dos atos dos ímpios , em que estão anotados e devidamente registrados todas as obras e até pensamentos deliberados dos ímpios contra Deus e sua Palavra. As palavras são expressões do pensamento (Mt 15.19; Lc 6.45). Todas as atitudes e ações dos homens começam no seu interior. Na lei de Cristo, até em pensamento o homem pode adulterar (Mt 5.28). “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).

3. Cada um Será Julgado por suas Obras

Todas as obras dos homens, bons ou maus, estão sendo registradas nos “livros”, ou seja, nos registros divinos. A expressão “livros” é metafórica. Deus não precisa de elementos materiais para se lembrar dos atos dos seres humanos. Por ocasião do julgamento, sem dúvida, cada pessoa comparecerá diante de Jesus (o Juiz) e tomará conhecimento de sua sentença, e será notificado dos motivos pelos quais estará sendo condenada.
No Juízo Final, além da abertura dos “livros”, será também aberto o “Livro da Vida”. Neste livro, estão inscritos apenas os nomes dos salvos. Nos “livros” das obras, estão inscritos todos os ímpios. O Livro da Vida será aberto, segundo se pode entender, apenas para que o condenado saiba que seu nome não está ali. No último Juízo, não será definido se o destino será o céu ou o inferno. Não será um julgamento semelhante ao que ocorre nos tribunais terrenos. Neste, há o promotor, que acusa o réu, há o advogado de defesa, os jurados e o Juiz, que dá a sentença. No Juízo Final, não há advogado de defesa; a acusação já terá sido realizada na terra (ver Jo 12.48). Somente o Juiz: Jesus! O problema é que já houve um julgamento, e a condenação já estava definida na terra.
Diz a Bíblia: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3.18,19 - grifo nosso). Esse texto nos mostra que os homens são condenados não só pelo fato de cometerem suas más obras, mas por não crerem em Jesus. Podemos dizer que, no Juízo Final, serão julgados os ímpios, e suas más obras de perdidos, de pessoas que, além de pecarem, rejeitam a graça de Deus; e será confirmada a sentença já dada na terra. A condenação atual, de ímpios, pode ser anulada? A resposta é “sim”, desde que os pecadores se arrependam e creiam no evangelho. Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). Sim, é possível passar “da morte” espiritual para “a vida” eterna com Cristo.
Poderá Deus condenar alguém sem lhe dar direito a defesa? Certamente, não. O Advogado de defesa está à disposição de todos os que nEle creem: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2.1 - grifo nosso). Assim, a acusação é aqui na terra; a defesa, também. Aqui, Jesus é o Advogado. Lá no céu, será apenas o Juiz! Diante de Deus, o homem é quem escolhe o julgamento e a sentença; é quem escolhe o seu destino eterno. “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15).
Após o Juízo Final, “a morte e o inferno” serão “lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte” (Ap 20.14). Segundo René Pache, a morte física e o “lugar dos mortos” (sheol ou hades) são provisórios. Após o Juízo Final, não serão mais necessários.7
É por isso que o crente em Jesus deve fazer tudo para permanecer fiel ao Senhor. Jesus disse: “[...] alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus” (Lc 10.20). O crente em Jesus tem sua salvação garantida, e jamais passará pelo Juízo Final: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.1). Vale a pena fazer parte da “igreja que vai subir”.

Bibliografia


1 BERGSTÉN, Eurico. Teologia sistemática — doutrina das últimas coisas, p. 121.

2 LOCKYER, Herbert, Sr. Apocalipse - O drama dos séculos, p. 201.

3 BERGSTEN, Eurico. Teologia sistemática - doutrina das últimas coisas, p. 119.

4 Ibid., p. 120.

5 Ibid., p. 120.

6 HORTON, Stanley M. Nosso destino, p. 204.


7 PACHE, René. L 'au dela, p. 217.


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