Lição 3, Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo 2º trimestre de 2016 - Maravilhosa Graça - O Evangelho de JESUS CRISTO Revelado Na Carta Aos Romanos


Comentarista da CPAD: Pr. José Gonçalves
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
Estudo sobre nossos assunto de 2006 - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao4-salvacao-ajustificacaopelafeemcristo.htm
AQUI VOCÊ VÊ PONTOS DIFÍCEIS DA LIÇÃO - POLÊMICOS
  
 
TEXTO ÁUREO
 “E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus” (Rm 4.20).
 
 
VERDADE PRÁTICA 
A justificação dos pecados diante de Deus ocorre somente pela fé.
 
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 4.2 Abraão foi justificado pela fé e não pelas obras da carne
 Terça — Rm 4.3 Abraão creu em Deus e por isso Ele o aceitou e justificou 
Quarta — Rm 4.6 Feliz é o homem a quem Deus imputa a sua justiça 
Quinta — Rm 4.7 Felizes são aqueles a quem o Senhor perdoa as iniquidades 
Sexta — Rm 4.9 A Palavra de Deus afirma que a fé foi imputada como justiça a Abraão 
Sábado — Rm 4.16 Salvação somente pela fé, mediante a graça divina
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 4.17-22. 
17 — (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí), perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem.18 — O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.19 — E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.20 — E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus;21 — e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.22 — Pelo que isso lhe foi também imputado como justiça.
 
OBJETIVO GERAL 
Explicar que somos justificados diante de Deus somente pela fé e não pelas obras da carne.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
 
I. Abalizar que a justificação manifestada em Jesus Cristo veio para salvar judeus e gentios;
II. Mostrar que Paulo procurou responder, de forma bíblica, as contestações que seus interlocutores faziam quanto à justificação;
III. Explicar como Paulo utilizou o exemplo de Abraão para tratar a respeito da justificação pela fé.
 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
 Professor, a lição de hoje trata a respeito de uma das doutrinas mais importantes apresentadas por Paulo na Epístola de Romanos — a justificação pela fé. Ressalte, no decorrer de toda a lição, que ninguém pode ser justificado diante de Deus pela Lei ou pelas obras da carne. O caminho da justificação é somente pela fé na obra expiatória de Jesus Cristo. Paulo mostra que Cristo é o único caminho para que judeus e gentios sejam absolvidos da penalidade do pecado. O apóstolo, de maneira sábia, utiliza o exemplo do patriarca Abraão para desfazer a ideia errada que os judeus tinham de que a aceitação de Deus era obtida mediante as obras da Lei.
Glória a Deus, pois na Nova Aliança, tudo que recebemos da parte do Senhor, inclusive a salvação, é decorrente única e exclusivamente da graça de Deus.
 
PONTO CENTRAL 
A justificação diante de Deus é somente pela fé.
 
Resumo da Lição 3, Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo
I. A JUSTIFICAÇÃO MANIFESTADA (Rm 3.21-26) 
1. Um culpado que é inocentado. 
2. Um prisioneiro que é libertado. 
3. Um inocente que é culpado.  
II. A JUSTIFICAÇÃO CONTESTADA (Rm 3.27-31)
1. A justificação se opõe à salvação meritória. 
2. A justificação se opõe ao orgulho nacionalista. 
3. A justificação se opõe ao antinomismo.
III. A JUSTIFICAÇÃO EXEMPLIFICADA (Rm 4.1-25)
1. Abraão, circuncisão e justificação (Rm 4.1-8). 
2. Abraão, promessa e justificação (Rm 4.9-17). 
3. Abraão, ressurreição e justificação (Rm 4.18-25). 
 
PARA REFLETIR 
A respeito da Carta aos Romanos, responda: 
Segundo a lição, por que os gentios estavam debaixo da ira de Deus?
Os gentios estavam debaixo da ira de Deus, porque falharam em conhecê-lo. 
Na pessoa de quem Deus tornou conhecido o seu grande amor para com os pecadores?
Na pessoa de Jesus Cristo. 
Existem méritos humanos quando a graça de Deus se manifesta?
A doutrina da justificação pela fé diz que não há mérito humano quando a graça de Deus se manifesta. 
A justificação pela fé torna a lei desprezível?
A resposta de Paulo é não! Porém, judeu nem tampouco gentio algum foi capaz de cumprir a Lei. 
Qual era a função da lei?
A Lei tinha a função de servir de condutora até Cristo.
 
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
 Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo 
Para explicar a doutrina da Justificação pela Fé, o apóstolo Paulo usa dois tipos de linguagem na carta: a do judiciário e a do sistema de sacrifício levítico. Como o apóstolo pretende convencer o seu público leitor, os judeus, bem como os gentios, de que mais do que observar o sistema de Lei como requisito para a salvação, Deus havia manifestado a sua graça justificadora lá no tempo da Antiga Aliança por intermédio do pai da fé, Abraão, o apóstolo afirma com todas as letras: “Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós. [...] Pelo que isso lhe foi também imputado como justiça” (Rm 4.16,22). Dessa forma, o apóstolo argumentava ao judeu de que, mesmo o gentio não tendo a Lei, a condição do gentio em relação a Deus em nada é inferior ao do judeu. Em Jesus, pela fé mediante a Graça de Deus, o gentio é filho de Abraão por intermédio da fé, que é pai tanto do judeu quanto do gentio achado por Deus (Rm 4.9-13).
A linguagem judiciária da Justificação
Ser justificado por Deus é ser inocentado por Ele mesmo da condição de culpado pelos atos. Ou seja, o indivíduo não tem quaisquer condições de se auto- declarar inocente ou de aliviar a sua consciência, pois sabe que nada poderá apagar a sua culpa. Por isso, Deus, em Cristo, na cruz do Calvário, nos reconciliou para sempre (2Co 5.19). De modo que o apóstolo Paulo ratifica esse milagre: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A linguagem sacrifical da Justificação
Trocar o culpado pelo inocente. O sangue de Jesus Cristo foi derramado no lugar do sangue da humanidade. Foi a substituição vicária de Cristo Jesus por nós. Éramos culpados, mas Cristo se tornou culpado por nós; éramos malditos, Cristo se tornou maldito por nós; éramos dignos de morte, Cristo morreu em nosso lugar e por nós (Rm 3.25).
A linguagem judiciária e sacrifical da justificação nos mostra um Deus amoroso e misericordioso, que não faz acepção de pessoas e que deixa clara a real condição do ser humano, seja ele judeu ou gentio: somos todos carentes da graça e da misericórdia do Pai.
Caro professor, esse trecho bíblico [3.1 — 4.25] é importante para o desenvolvimento do argumento do apóstolo em sua epístola. Estude-o com rigor.
2º Trimestre de 1998
 
 
Comentários de vários autores com alguma modificações do EV. Luiz Henrique
Pontos difíceis e polêmicos
 
Justificação é ser olhado por DEUS via JESUS CRISTO e seu sacrifício. Se tirar JESUS aparece a ira e a condenação de DEUS.
"A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." Romanos 10:9
Assim que funciona. Se eu quero DEUS, ele já providenciou minha salvação, ELE então me fornece a fé para ser salvo. SIMPLES ASSIM.
Arrependimento, Fé e Salvação, mas se retirar a graça de DEUS tudo isso não vale nada.
Não podemos dizer que somos salvos pela fé - está errado - Efésios: 2. 8. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; 9. não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.
 
Justificação
"[Do heb. tsadik; do gr. diakaios; do lat. justificationem]. Ato de declarar justo. Processo judicial que se dá junto ao Tribunal de Deus, através do qual o pecador que aceita a Cristo é declarado justo (Rm 5.1). Ou seja: passa a ser visto por Deus como se jamais tivera pecado em toda a sua vida (Rm 5.1).
A justificação é mais que um mero perdão. O criminoso perdoado, ou anistiado, continuará criminoso. Mas se Deus o justificar, torna-se ele justo (Rm 8.1). A justificação é obtida única e exclusivamente pela fé em Cristo Jesus."
Para conhecer mais leia Dicionário Teológico, CPAD, p. 198.
 
A justificação pela fé ( http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/a_justificacao.htm )
1- Pedro em Antioquia:
1.1- Surge a igreja em Antioquia
Barnabé foi a tarso em busca de Paulo, para ajudá-lo – a igreja cresceu muito – os apóstolos sabendo desse tão grande crescimento, principalmente entre os gentios, enviou Pedro.
1.2- O escrúpulo judaico
Levítico 11 fala das leis dietéticas dos judeus – os judeus não entram na casa de gentios e não comem com gentios (Pedro já sabia que isso era antes da vinda de cristo, agora todos eram iguais perante DEUS – visão em casa de Simão em Jope)
2- O pecado de hipocrisia:
2.1- A festa ágape (correto agápe)
Refeição entre os irmãos era feita ceia com alimentos normais havendo o partir do pão e o beber vinho (suco de uva) - Pedro participava normalmente quando chegou irmãos enviados da parte de Tiago (adeptos da salvação com a justificação pela lei), de Jerusalém; então Pedro foi se retirando do meio dos gentios, devagarinho e Barnabé imitou-o; Paulo se levantou admirado e repreendeu a Pedro no meio de todos.
2.2- Provavelmente Pedro agiu assim por pressão dos judaizantes, querendo agradá-los, mas Paulo querendo que a verdade do evangelho da justificação pela fé fosse colocada em evidência repreendeu a Pedro na presença dos judaizantes para que os mesmos aprendessem a verdade e a considerá-lo como apóstolo. Pedro acatou a repreensão de Paulo e se retratou.
3- O homem é justificado pela fé
3.1 - O mistério é revelado e 3.2- A questão teológica
Paulo recebeu a revelação de DEUS pelo ESPÍRITO SANTO que tanto os judeus como os gentios são pecadores iguais perante DEUS que quer usar de misericórdia para com todos; dando a lei escrita aos judeus para mostra-lhes o pecado; e a lei da consciência aos gentios para mostrar-lhes o pecado; mas a todos que pela fé aceitam a JESUS como Salvador e Senhor são perdoados de seus pecados, sabendo nós que os costumes judaicos são bons, mas não salvam.
4- Entrega total e não meramente uma fé intelectual
4.1- O legalismo das seitas atuais:
As seitas sempre acrescentam alguma coisa à fé para alguém ser salvo e tropeçam no legalismo da justificação pelas obras e não pela fé; perdendo assim o sentido do verdadeiro evangelho.
4.2- A natureza da justificação pela fé
Depois de ser justificado pela fé o ser humano não pode continuar pecando, pois é uma nova criatura e as coisas velhas já passaram.
4.3- Não é uma fé artificial e intelectual
É um milagre de DEUS e é de uma simplicidade que espanta até os crentes.
 
Revista CPAD - 1998 - Título: Romanos — O Evangelho da justiça de Deus - Comentarista: Esequias Soares da Silva
 Lição 4: A experiência de Abraão, nosso pai na fé - Data: 26 de Abril de 1998
 
“E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça” (Gn 15.6).
 A justificação pela fé não é um mero perdão: é o processo pelo qual Deus declara o homem justo, como se este jamais tivesse cometido qualquer pecado.
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 4.1-16.  
1 — Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?2 — Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.
3 — Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.4 — Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.5 — Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.6 — Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:7 — Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
8 — Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.9 — Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.10 — Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão.11 — E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem (estando eles também na incircuncisão, a fim de que também a justiça lhes seja imputada),12 — e fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai, que tivera na incircuncisão.13 — Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.14 — Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada.15 — Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também não há transgressão.16 — Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós.
 
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
 Para estudarmos esta lição de maneira interativa e dinâmica poderemos lançar mão da técnica de pequenos grupos de estudo, caso sua classe disponha de sala ou tenha espaço para movimentação de alunos.
Divida a classe em vários grupos, propondo os seguintes temas para serem discutidos, em 5 minutos.
1. O que é justificação?
2. Por que Abraão é o nosso pai na fé?
3. Qual o significado da circuncisão?
4. Explique o versículo 4.
Após o tempo dado para reflexão os grupos deverão apresentar, sucintamente, a sua conclusão.
O professor poderá pedir a apresentação dos grupos no início da aula ou durante o desenvolvimento da lição, de acordo com a necessidade, fazendo a complementação do assunto, pessoalmente, ou usando a técnica de perguntas e respostas, buscando a participação de todos para a conclusão de cada tema.
 
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO 
O tema da Epístola aos Romanos: “O justo viverá da fé” (Rm 1.17) é demonstrado no capítulo 4 dessa epístola. Hoje, vamos estudar os elementos usados pelo apóstolo Paulo como sustentação dessa doutrina. 
I. A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ 
1. Definição. A justificação é um ato divino, de cunho jurídico, e implica em declarar justo o indivíduo. Diz Daniel B. Pecota, na obra Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal (CPAD): “O termo ‘justificação’ refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo, na cruz, Deus declara os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas consequências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos”.
Myer Pearlman definiu assim a justificação: “É um ato da livre graça de Deus pelo qual ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos somente por ser imputada a justiça de Cristo, que se recebe pela fé”.
2. Justificação significa perdão dos pecados (vv.7,8). O sentido do verbo “justificar”, (que aparece 39 vezes no Novo Testamento, 27 das quais nos escritos paulinos), vai muito além de um mero conceito jurídico humano e diminuto, e de um estéril pronunciamento forense. Através da justificação, sublime doutrina fundamental, o pecador arrependido passa a ser visto por Deus como um justo.
3. O que isso representa? Representa vida (Rm 5.17-19), perdão de pecados (vv.7,8), cujo resultado é a santificação. Romanos 4.25 diz que a ressurreição de Jesus originou a nossa justificação. Se Jesus não tivesse ressuscitado não haveria justificação, nem salvação. 
II. O PATRIARCA ABRAÃO 
1. A fé de Abraão (v.1). Ele estava com 75 anos quando partiu de Harã. Deus prometera-lhe multiplicar a sua descendência, e dar-lhe a terra de suas peregrinações. Promessa esta ratificada quando Abraão era já velho, o qual não duvidou do poder de Deus nem de sua promessa. Abraão não levou em conta a sua idade nem a de Sara, cujo período de maternidade já havia passado. Além disso, ela era estéril.
Essa fé em Deus foi-lhe imputada como justiça. Todo o capítulo 4 de Romanos gira em torno de Gênesis 15.6: “E creu ele no SENHOR, e foi-lhe imputado isto por justiça”. O apóstolo está mostrando que Abraão foi justificado diante de Deus pela fé e não pelas obras.
2. Uma doutrina coerente (vv.2-5). Essa passagem citada por Paulo não foi uma escolha aleatória. As boas obras de Abraão eram frutos de sua fé em Deus. Vejamos o desdobramento dos versículos acima. Você já viu alguém agradecer a seu patrão por haver recebido seu salário? Claro que não! Por que? Porque o patrão cumpriu com o seu dever, retribuindo-lhe um serviço prestado: “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida” (v.4). 
III. O REI DAVI 
1. A bem-aventurança do perdão (vv.6,7). O apóstolo aproveitou a oportunidade para citar o Salmo 32, que corresponde ao mesmo contexto. O verbo “imputar” no Salmo 32 é o mesmo de Gn 15.6. “Imputar” é creditar ou lançar na conta de uma pessoa. Deus credita a justiça na conta do pecador. Isto é: Deus “conta” os homens como justos por causa do que creem e não por causa de suas obras. Assim, diante de Deus o cristão, embora pecador na condição humana seja posto na posição (imputado) de justo. O salmista diz que é bem-aventurado o homem que obtém o perdão de Deus. O perdão é gratuito, depende de o pecador buscar e crer na bondade de Deus.
2. Pecados cobertos. Esta expressão dizia respeito às transgressões e pecados “cobertos” com o sangue expiador do sacrifício de animais no tempo do Antigo Testamento (Lv 4.1-5.13; 6.4-30; 8.14-17; 16.3-22). Mas, agora, o perdão dos pecados é alcançado pelos homens através da fé no sacrifício único e perfeito de Cristo pelos pecados (Hb 10.1-12). Essa fé é contada como justiça diante de Deus.
Cabe aqui uma observação: Não confundir “pecados cobertos” com “pecados encobertos”. Esta última expressão diz respeito a pecados escondidos, que, na dispensação da graça, no caso dos fiéis, é necessário confessá-los para se obter vitória (Pv 28.13). 
IV. A CIRCUNCISÃO 
1. Definição. Circuncisão é uma espécie de cirurgia de remoção do prepúcio. Essa prática, em Israel, foi instituída por Deus como sinal da aliança feita com Abraão (Gn 17.11), e depois com toda a nação israelita (Dt 10.16; 30.6).
2. Novo Testamento. Os cristãos, tanto gentios como judeus, estão desobrigados dessa prática (At 15.3-21; Gl 2.3; 5.6). O apóstolo já havia advertido os gálatas: o cristão que observa tal prática, como condição para a salvação, ainda reconhece a sua dívida com a lei, e, por isso, está obrigado a cumpri-la na sua totalidade (Gl 5.1-4). Em outras palavras, ele volta ao seu estado original de pecador, carente de salvação.
3. Significado da circuncisão de Abraão (vv.9,10). Se Abraão é o pai dos judeus, segundo a carne (v.1), isso significa que a justificação pela fé é só para os judeus? O apóstolo lembra que Abraão foi justificado pela fé quando ainda era incircunciso. Pois de Gênesis 15.6, (justificação de Abraão pela fé) a Gênesis 17.11, época em que ele foi circuncidado, há um período de 14 anos. Assim, Abraão é o pai de todos os que creem — tanto judeus como gentios. Daí, a Igreja Cristã ser reconhecida como o verdadeiro Israel. O fator raça já não tem qualquer importância na dispensação da graça.
4. Abraão é nosso pai (vv.11,16). Esta doutrina era uma afronta para os judeus. Para nós que nascemos numa cultura diferente da que viveu Paulo, e por estarmos habituados aos conceitos cristãos, nada disso soa estranho. Naquela época, porém, afirmar que os verdadeiros filhos de Abraão eram os cristãos, independentemente de serem ou não judeus, caía como uma bomba no meio judaico. Nesse sentido, Paulo era visto como progressista e inovador.
Os judeus daqueles dias achavam que Paulo estava destruindo os costumes de seus antepassados, e não se contentaram com isso. Eles também achavam que o apóstolo estava-lhes roubando Abraão como o patriarca da nação israelita. Até mesmo no seio da Igreja, Paulo enfrentava perseguição dos judeus e oposição dos judeus cristãos (2Co 11.24-26). A fúria dos judeus chegava a ponto de perseguirem a Paulo de cidade em cidade, até o prenderem (At 21.20-22,28).
5. Selo da justiça da fé (v.11). O selo não é a essência de algo que foi selado, mas a sua confirmação ou aprovação oficial do que se acha escrito. Uma pessoa pode ser um exímio motorista, um ás no volante, mas precisa submeter-se a um exame a fim de receber a carteira, que é o certificado que atesta a sua habilitação: No caso de Abraão, a circuncisão atestava a sua justificação; isto é: ele já estava justificado quando foi circuncidado.
O mesmo se pode dizer com respeito ao batismo. O cristão é batizado porque já é salvo, e não para ser salvo. O batismo serve como selo daquilo que já possuímos — a salvação pela fé em Jesus. Se acrescentarmos qualquer coisa à fé, como condição para se obter a salvação, voltaremos ao legalismo. Por isso pregamos que o batismo não é salvação. 
CONCLUSÃO 
Se o homem é salvo pelas obras, como ensinam o Judaísmo, o Catolicismo e as seitas, ele não tem de agradecer a Deus. O homem estaria recebendo o salário condizente aos seus feitos. A salvação, portanto, é um ato soberano da graça de Deus (Ef 2.8,9; Tt 2.11; 3.5), e não dos méritos humanos (Is 64.6).
 
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
 Subsídio Teológico 
“Paulo já tinha dito que esta ‘justiça de Deus à parte da lei’ é credenciada pela lei e os profetas — pelo Velho Testamento.
É preciso demonstrá-lo agora, e Paulo se dispõe a fazê-lo baseando-se principalmente na história de Abraão, com uma olhada de relance na experiência de Davi.
De todos os justos de que fala o Velho Testamento, ninguém pôde sobrepujar Abraão — ‘Abraão, meu amigo’, como lhe chama Deus em Isaías 41.8. O testemunho de Deus em favor de Abraão está registrado em Gênesis 26.5: ‘Abraão obedeceu à minha palavra, e guardou os meus mandamentos, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis’. Então, que dizer de Abraão? Se são as obras praticadas pelo homem que o justificam diante de Deus, Abraão teria melhor possibilidade do que a maioria — e poderia candidatar-se a obter algum crédito por isso. Mas não é esse o meio divino. O meio divino está claramente indicado no registro de Gênesis 15.6 quando a promessa divina alcançou Abraão, a despeito da extrema impossibilidade do seu cumprimento por todas as considerações naturais, ‘ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça’. Paulo já tinha usado esta afirmação como base de um argumento ad hominem às igrejas da Galácia, quando se dispunham a abandonar o princípio da fé pelo das obras da lei. Agora ele a emprega como texto de uma exposição mais sistemática do princípio da fé.
O fato de Deus aceitar a Abraão evidentemente não se baseava em suas obras, por boas que fossem. O argumento de Paulo não é apenas textual e verbal, dependendo de uma escolha de Gênesis 15.6 em preferência a outros textos daqueles de Gênesis que podiam ter apontado por outra direção. Pois as boas obras praticadas por Abraão, suas obediências aos mandamentos divinos eram fruto de sua incontestável fé em Deus. Se não tivesse crido primeiro nas promessas de Deus, nunca teria conduzido sua vida daí em diante à luz daquilo que sabia da vontade de Deus. Não. Quando Deus fez uma promessa a Abraão (cujo cumprimento, casualmente, enfeixava o Evangelho todo), ele simplesmente tomou Deus ao pé da letra, e agiu de acordo.
Agora, note a diferença, prossegue Paulo. Quando alguém trabalha por alguma recompensa, essa recompensa lhe cabe. Quando simplesmente põe sua confiança em Deus, é por pura graça que sua fé lhe é imputada para justiça” (Romanos, Introdução e Comentário. F. F. Bruce).
 Subsídio Doutrinário 
“A expiação de Cristo sobre a cruz importou em satisfação, pois atendeu as reivindicações da lei e da justiça de Deus. Ela proveu-nos um ponto de apoio para que Deus nos olhasse como fôramos justos, e de fato agora o somos: ‘A justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem: porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, [a seu Filho como um sacrifício expiatório. No grego, hilasterion, ‘expiatório’, significa ‘cobriam o propiciatório’. Hb 9.5. Deus o fez] para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus’ (Rm 3.22-25). Ele não leva em conta o tempo da ignorância. Torna-se Ele, assim, justificador daqueles que têm fé em Jesus. Noutras palavras: os sacrifícios do Antigo Testamento demonstravam a profunda paciência de Deus, mas não lhe satisfaziam plenamente a justiça, pois a morte de um animal não pode substituir adequadamente o ser humano. Foi mister o sangue de Jesus para que fosse provido um sacrifício suficiente tanto para os santos do Antigo Testamento quanto para os que, agora, confiam em Jesus, mostrando que Deus é verdadeiramente justo” (Doutrinas Bíblicas. CPAD).
 
Romanos - Serie Cultura Biblica - ROMANOS - INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO - F. F. Bruce. M.A., D.D. - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, Caixa Postal 21486, São Paulo-SP 04602-970
Um precedente do Velho Testamento (4:1-25).
Paulo já tinha dito que esta "justiça de Deus à parte da lei" é credenciada pela Lei e os Profetas — i. e., pelo Velho Testamento. É preciso demonstrá-lo agora, e Paulo se dispõe a fazê-lo baseando-se principalmente na história de Abraão, com uma olhada de relance na experiência de Davi.
De todos os justos de que fala o Velho Testamento, ninguém pôde sobrepujar Abraão — "Abraão, meu amigo", como lhe chama Deus em Isaías 41:8. O testemunho de Deus em favor de Abraão está registrado em Gênesis 26:5: "Abraão obedeceu à minha palavra, e guardou os meus mandamentos, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis". Então, que dizer de Abraão? Se são as obras praticadas pelo homem que o justificam diante de Deus, Abraão teria melhor possibilidade do que a maioria — e poderia candidatar-se a obter algum crédito por isso. Mas não é esse o meio divino. O meio divino está claramente indicado no registro de Gênesis 15:6: quando a promessa divina alcançou Abraão, a despeito da extrema impossibilidade do seu cumprimento por todas as considerações naturais, "ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça". Paulo já tinha usado esta afirmação como base de um argumento ad hominem às igrejas da Galácia, quando se dispunham a abandonar o princípio da fé pelo das obras da lei. Agora ele a emprega como texto de uma exposição mais sistemática do princípio da fé.
O fato de Deus aceitar a Abraão evidentemente não se baseava em suas obras, por boas que fossem. O argumento de Paulo não é apenas textual e verbal, dependendo de uma escolha de Gênesis 15:6 em preferência a outros textos daqueles capítulos de Gênesis que podiam ter apontado para outra direção. Pois as boas obras praticadas por Abraão, sua obediência aos mandamentos divinos, eram fruto de sua incontestável fé em Deus. Se não tivesse crido primeiro nas promessas de Deus, nunca teria conduzido sua vida daí em diante à luz daquilo que sabia da vontade de Deus. Não. Quando Deus fez uma promessa a Abraão (cujo cumprimento, casualmente, enfeixava o Evangelho todo), ele simplesmente tomou Deus ao pé da letra, e agiu de acordo.
Agora, note a diferença, prossegue Paulo. Quando alguém trabalha por alguma recompensa, essa recompensa lhe cabe. Quando simplesmente põe sua confiança em Deus, é por pura graça que sua fé lhe é im-putada para justiça.
Tampouco Abraão é um exemplo isolado do princípio da justificação pela fé. Outro caso do Velho Testamento está bem ao alcance, na experiência de Davi. Paulo agora cita as palavras iniciais do Salmo 32 em que o salmista, com jubiloso alívio pela certeza do perdão divino, exclama: "Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade."
Claramente, se vê aqui outra pessoa, de cujo pecado não se poderia duvidar, que, todavia, recebeu o perdão gratuito de Deus e que é declarada "sem culpa" diante do tribunal do Céu. E se examinarmos o restante do salmo para descobrir a base em que foi absolvido esse homem, veremos que ele simplesmente reconheceu sua culpa e recorreu com fé à misericórdia de Deus.
Retornando a Abraão, surge outra questão crucial. Que relação há — se é que há alguma — entre Abraão ser justificado pela fé e o rito da circuncisão? Para um judeu, este era um ponto de grande importância: a circuncisão era o sinal externo e visível da aliança de Deus com Abraão. Nenhum incircunciso podia pretender participar daquela aliança, de modo nenhum. Sustentava-se que a circuncisão dava aos judeus e aos gentios prosélitos'" direito a todos os privilégios da aliança, menos aos que, por voluntário repúdio aos mandamentos divinos, eram eliminados do povo da aliança. Portanto, pode-se imaginar um judeu replicando ao argumento de Paulo nesta passagem: "Admitindo-se que a fé que Abraão teve em Deus foi-lhe imputada para justiça, este princípio só se aplica a Abraão e aos seus descendentes circuncidados". Mas Paulo tem resposta pronta para isto. Qual era a condição de Abraão quando foi justificado pela fé? Era circunciso ou incircunciso? Só podia haver uma resposta: era incircunciso. A aliança da circuncisão não foi introduzida senão numa fase posterior da vida de Abraão (Gn 17:10ss.) — ao menos 14 anos mais tarde, segundo a cronologia de Gênesis." Quando afinal Abraão foi circuncidado, sua circuncisão foi apenas o selo externo daquele estado de justo que Deus lhe tinha conferido muito tempo antes, em virtude de sua fé. Fica mais que evidente que foi a fé, não a circuncisão, que Deus exigiu dele. Eis aí, pois, a esperança dos gentios: o caso de Abraão mostra que a questão de incircuncisão ou circuncisão é irrelevante para o estado do homem perante Deus.
Por conseguinte, Abraão é o verdadeiro pai de todos os que, como ele, crêem em Deus e levam a sério Sua palavra. É o pai dos crentes incircuncisos, pois ele próprio era incircunciso quando sua fé lhe foi imputada para justiça. É também o pai dos crentes circuncisos, não tanto com base na circuncisão deles, quanto com base em sua fé.
Se a circuncisão não tinha nada a ver com a justificação de Abraão por parte de Deus, com todas as bênçãos prometidas que a acompanharam, a lei tinha menos ainda a ver com isso. Pois, como Paulo indicara aos gálatas, a lei foi dada 430 anos depois da promessa feita por Deus a Abraão, e não podia invalidá-la, nem restringir seu escopo (Gl 3:17). Se, muito depois de ter sido feita, a promessa se tornasse condicionada à obediência a uma lei não mencionada nos seus termos originais, toda a base da promessa seria anulada. A promessa foi promessa de bênção, e se cumpre no Evangelho. A lei mosaica de fato profere uma bênção sobre os que a cumprem, mas ao mesmo tempo invoca maldição sobre aqueles que a quebram. E em vista do fracasso universal quanto a guardar a lei, a maldição é mais proeminente e mais relevante do que a bênção: a lei suscita a ira (versículo 15). Uma tendência pecaminosa na verdade pode estar presente na ausência de qualquer lei. Requer-se, porém, uma promulgação legal para cristalizar aquela tendência numa transgressão ou quebra positiva da lei. E para cada transgressão a lei fixa uma pena adequada. Isso é inerente ao princípio de retribuição inseparável da idéia de lei. A lei não necessita fixar prêmios para os que a guardam, mas necessariamente impõe penalidades para os que a quebrantam. Uma promessa graciosa como a que Deus fez a Abraão pertence a uma esfera totalmente diversa da esfera da lei
Não. A justificação de Abraão e as bênçãos subordinadas fundavam-se em sua fé em Deus. Não foram ganhas por mérito ou esforço da parte dele (como seria se estivessem condicionadas à guarda da lei) mas, sim, dadas a ele pela graça de Deus. E o princípio sobre o qual Deus tratou assim de Abraão estende-se aos seus descendentes — não aos seus descendentes naturais como tais, pois estes se fizeram sujeitos às obrigações da lei, mas aos seus descendentes espirituais, que seguem o exemplo da fé própria de Abraão. Isto, diz Paulo, é o que Deus quis dizer quando lhe deu o nome de Abraão em lugar de Abrão, como se chamava antes, e disse: "por pai de numerosas nações te constituí". Estas abrangem todos — judeus e gentios igualmente — os que crêem em Deus. Abraão é o pai de todos os crentes.
Considere-se, também, a qualidade da fé que Abraão teve. Era fé no Deus que dá vida aos mortos, que chama as coisas não existentes como se existissem de fato — e ao agir assim, dá-lhes existência real. Quando Deus disse a Abraão que seus descendentes seriam numerosos como as estrelas, ele ainda não tinha filhos. Não só isso, mas tinha ultrapassado a idade em que razoavelmente um homem pode esperar vir a ser pai, e Sara, sua mulher, estava ainda mais seguramente além da fase da maternidade. Abraão não fechou os olhos para estas circunstâncias desfavoráveis. Levou-as todas em cuidadosa consideração. Mas quando pôs contra elas a promessa de Deus, viu que a certeza da capacidade e da vontade de Deus de cumprir Sua promessa sobrepujava todas elas. Não tendo nada em que apoiar-se senão a pura e simples palavra de Deus, ele confiou nela, face a todas as indicações adversas que o pressionavam de todos os lados. Na verdade, sua fé foi fortalecida pela própria força do obstáculo que jaziam em seu caminho. E sua fé ganhou-lhe o favor de Deus.
Agora, acrescenta Paulo, a afirmação de que a fé que Abraão teve lhe foi imputada para justiça não se aplica somente a Abraão. O princípio que encerra vale para todos os crentes em Deus, e especialmente para os crentes em Deus como revelado no Evangelho — o Deus que ressuscitou a Jesus dos mortos. Jesus fora entregue à morte por causa dos pecados do Seu povo; mas Deus O ressuscitou para que lhe proporcionasse sua justificação.
1. Que, pois, diremos ter alcançado Abraão ...?
A resposta, como Paulo continua a mostrar, é: "justificação mediante a fé, pela graça de Deus."
Abraão, nosso pai ("antepassado", RV, RSV) segundo a carne. Em vista do qualificativo (ver 1:3, 9:3, 5), "nosso" eqüivale a "de nós, judeus". Noutro sentido (4:lls., 16s.), Abraão é o pai de todos os crentes, quer judeus quer gentios de nascimento.
3. Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
Quanto a uma citação e adaptação anterior de Gênesis 15:6, ver Gálatas 3:6.
5. Mas ao que (...) crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.
Abraão não era ímpio; era um homem de notável piedade e justiça. Mas o princípio pelo qual Abraão foi justificado, sendo tal que exclui a idéia de acumular méritos por obras de piedade e justiça, é um princípio igualmente válido para os ímpios, que não têm obras dessa natureza em que confiar. Assim o coletor de impostos da parábola voltou para casa "justificado", e não o fariseu^ não porque seu mérito fosse maior (era incomparavelmente menor) mas porque, percebendo a futilidade da confiança em si mesmo, confiou-se inteiramente à graça de Deus (Lc 18:9ss.)- A descrição de Deus como Aquele "que justifica ao ímpio" é tão paradoxal como espantosa — para não dizer chocante. No Velho Testamento, a absolvição do culpado e a condenação do inocente são igual e repetidamente denunciadas como atos de juizes injustos. Na verdade, para a melhor orientação dos juizes na administração da justiça, o Deus de Israel se lhes oferece como exemplo. "Não justificarei o ímpio," diz Ele em Êxodo 23:7. Na versão da LXX, as palavras gregas usadas para comunicar o que Deus proíbe na lei são as mesmas que Paulo usa aqui para declarar o que Deus de fato faz no Evangelho. Não admira que tenha achado necessário sustentar acima que Deus, ao justificar pecadores, contudo preserva imaculado o Seu caráter. Uma vez justificados, na verdade os ímpios deixam de ser ímpios, mas não são justificados com base em qualquer forma de correção dos seus caminhos que se pudesse prever. Se deixamos de avaliar o problema de cunho moral envolvido na graça perdoadora de Deus, talvez seja porque "ainda não consideramos quão grave é o pecado". A solução do paradoxo é dada em 5:6.
6. Também (...) Davi.
O Salmo 32 é atribuído a Davi nos títulos do TM e da LXX. Há um elo formal que liga 32:1, 2, passagem citada nos versículos 7,8, e Gênesis 15:6, citado no versículo 3, no sentido de que o verbo "imputar" é comum a ambas as passagens. Na exegese rabínica, esse elo serviu para incentivar a interpretação de uma passagem pela outra, segundo o princípio chamado gezerah shawah ("categoria igual"). Paulo aqui emprega este princípio, mas o elo não é simplesmente formal: a não imputação de pecado, com que o salmista se regozija, importa em positiva imputação da justiça ou pronunciamento da absolvição, pois é impossível haver veredito de "sem provas" no tribunal de Deus.
11. O sinal da circuncisão.
Quer dizer, o sinal que consistia da circuncisão. A expressão "da circuncisão" representa no grego o "genitivo de definição". Em Gênesis 17:11 Deus diz a Abraão que a circuncisão é para marca ou "sinal de aliança entre mim e ti". A exegese de Paulo identifica esta aliança com a de Gênesis 15:18, na qual (pelo menos catorze anos antes de Abraão ter sido circuncidado) Deus mostrou a Abraão efetivamente como lhe imputou sua fé para justiça. Assim, a circuncisão é tratada como selo subseqüente e externo àquele estado de justo que Abraão já possuía como dom de Deus. Não produziu aquele estado de justo, nem lhe acrescentou nada.
13. Que a Abraão (...) coube a promessa de ser herdeiro do mundo.
Isto não é citação de alguma promessa a Abraão registrada, mas uma interpretação daquelas promessas que fazem referência a "todas as famílias da terra" (Gn 12:3) e a "todas as nações da terra" (Gn 18:18, 22:18). Ao se delimitar a herança de Abraão em termos geográficos, situa-se entre o Egito e o Eufrates (Gn 15:18; ver também 13:14s.), mas no sentido espiritual e permanente em que as promessas a ele feitas são interpretadas no Novo Testamento, sua herança não pode confinar-se a tais fronteiras terrenas (ver Hb 11:10, RV: "ele procurava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor").
Ou a sua descendência. A promessa a Abraão em Gênesis 12:3, "em ti serão benditas todas as famílias da terra" repete-se em Gênesis 22:18 nesta forma: "nela" (em tua descendência) "serão benditas todas as nações da terra." Em Gálatas 3 Paulo junta as duas formas da promessa e mostra como a palavra "descendência" (ou "semente") na segunda forma, sendo um coletivo singular, pode referir-se primariamente a Cristo (versículo 16) e, por conseqüência, também ao povo de Cristo (versículo 29). O ponto de que trata aqui, qualquer que seja a forma da promessa que considerarmos, é no sentido de que sua validade não tem relação alguma com a lei (que veio séculos mais tarde, como consta em Gl 3:17), nem com a justiça que depende da guarda da lei.
14. Se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé.
Porque a herança prometida a Abraão passaria a depender então de um novo princípio, dependente das obras e não da fé.
E cancela-se a promessa. Porque se o seu cumprimento depende da guarda da lei, o fato de os homens serem incapazes de guardar a lei assegurará que a promessa de fato jamais será cumprida.
15. Porque a lei suscita a ira.
Isto é, a lei inevitavelmente impõe penas pelo fracasso em guardá-la.
Mas onde não há lei, também não há transgressão. Aqui, como em 5:13 ("o pecado não é levado em conta quando não há lei"), Paulo parece estar enunciando uma conhecida máxima legal (como a máxima romana: nulla poena sine lege).
16. Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça. Concisa afirmação do princípio de que aquilo que Deus dá por Sua livre graça, pode ser apropriado pelos homens somente mediante a fé. Ao contrário, o que é obtido pelas obras (não pela fé) é dado por questão de mérito (não de graça).
17. Por pai de muitas nações te constituí.
Em Gênesis 17:5, o hebraico diz literalmente: "Fiz de ti pai de uma multidão ('ab hamon) de nações", onde a primeira parte de hamon ("multidão") está ligada à última sílaba do novo nome, Abraão ('abhraham).
Perante aquele no qual creu. Estas palavras estão logicamente ligadas à frase do versículo 16 que diz: "a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência" — i. e., "a fim de que a promessa seja válida para toda a posteridade espiritual de Abraão (quer judeus quer gentios por nascimento natural) diante de Deus, em quem Abraão pôs sua confiança".
O Deus que vivifica os mortos. Esta é a designação geral de Deus na devoção judaica, mas aqui é usada com especial referência ao "seu próprio corpo" (de Abraão) "amortecido (...) e à idade avançada de Sara" (versículo 19).
E chama à existência as cousas que não existem. (AV: "E chama aquelas coisas que não são como se fossem.") A referência aqui é às "muitas nações" que descenderam de Abraão. Não somente não existiam ainda, mas (visto que Abraão e Sara já tinham atingido avançada idade, sem filhos), nada parecia menos provável do que virem elas a existir algum dia. !
18. Assim será a tua descendência.
Citação de Gênesis 15:5, onde Deus diz a Abraão (embora este ainda não tivesse filhos) que os seus descendentes serão inumeráveis como as estrelas.
19. Embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido.
(AV: "Não levou em conta seu próprio corpo amortecido." A palavra "não" deve ser omitida como texto tardio e inferior.) A questão é que Abraão de fato levouem conta todos os fatores importantes, incluindo sua avançada idade e a alta dose de improbabilidade — por todos os critérios naturais de avaliação — de que viesse a ter um filho agora, quando seu corpo estava "amortecido" (assim o mesmo particípio, nenekrõmenos, é traduzido em Hb 11:12, com respeito a esta mesma situação). Todavia, havendo considerado estes fatores todos, concluiu que a certeza da promessa divina sobrepujava toda e qualquer improbabilidade natural.
25. O qual foi entregue por causa das nossas transgressões.
Ê possível que isto seja uma citação de alguma primitiva confissão de fé. A linguagem parece basear-se em Isaías 53. O verbo "entregar-se" neste sentido(paradidõmi) ocorre duas vezes na versão que a LXX apresenta daquele capítulo: em Isaías 53:6 "o Senhor o entregou (o Servo Sofredor) por nossos pecados", e em Isaías 53:12 "por causa dos pecados deles, ele (o Servo) foi entregue". (Esta última sentença desvia-se consideravelmente do texto hebraico: "e pelos transgressores intercedeu".) Este emprego do verbo com relação a Jesus ser entregue à morte sugere que quando é empregado em 1 Coríntios 11:23, na narrativa que Paulo faz da instituição da eucaristia, o sentido não é bem como o dado por AV e AA: "na noite em que foi traído" (a saber, por Judas), mas, antes, "em que foi entregue" (a saber, por Deus).
Também se pode estabelecer uma analogia entre esta frase e o Targum de Jonatã sobre Isaías 53:5, em que achamos uma frase em aramaiço ('thmesar ba'awayathana) que, isoladamente, poderia ser traduzida "ele foi entregue por nossas iniqüidades". Contudo, no Targum não é o Messias-Servo que é o sujeito da sentença, e, sim, o templo: O Messias-Servo "edificará o santuário que foi profanado por nossas transgressões e entregue por nossas iniqüidades".
E ressuscitou por causa da nossa justificação. A preposição "por" (AV) em ambas as frases traduz dia ("por causa de", como diz AA). Cristo foi "entregue" para expiar os pecados do Seu povo e foi ressuscitado pelo poder divino para garantir a sua justificação. (Longe de nós interpretar as duas frases grosseiramente, sugerindo que a ressurreição de Cristo nada tem a ver com a expiação dos pecados do Seu povo e que Sua morte nada tem a ver com a sua justificação. Esta idéia é eliminada por 5:9.)
Romanos - Serie Cultura Biblica - ROMANOS - INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO - F. F. Bruce. M.A., D.D. - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA, Caixa Postal 21486, São Paulo-SP 04602-970
 
JUSTIFICAÇÃO (Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea (1))
Este é um termo (gr. dikaiosis) que se refere ao julgamento judicial. Não significa tornar reto ou santo, mas anunciar um veredicto favorável, declarar ser justo. Este significado é patente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (heb. tronco hiphil de sadaq, "declarar justo"; gr. dikaioo, "vindicar, inocentar, pronunciar e tratar como justo"). O ato de "justificar" é contrastado com o ato de "condenar" (cf. Dt 25.1; 1 Rs 8.32; Pv 17.15; Rm 8.33); e assim como condenar é o meio de tornar alguém ímpio, justificar é o meio de tornar alguém justo.
É esta força declarativa do termo que levanta a questão: como Deus pode justificar o ímpio? Na justificação que Deus faz dos pecadores, há um único ingrediente que não aparece em nenhum outro caso de justificação. Esta característica única é que Deus faz com que a nova relação declarada por Ele se torne realidade. Esta operação é expressamente declarada nas Escrituras, e é o ato pelo qual muitos são constituídos como justos (Rm 5.19), a concessão do dom gratuito da justiça (Rm 5.17), tornando-nos a justiça de Deus em Cristo (2 Co 5.21). E por esta ação que a sentença de condenação (q.v.) sob a qual repousamos como pecadores é mudada para uma ação de justificação; não há, portanto, nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1). Este ato constitutivo é corretamente mencionado como a imputação da justiça de Cristo a nós. Assim, fica patente que a sentença de condenação não tem nenhuma afinidade com o que é interiormente operado em nós, seja pela regeneração (q.v.) ou pela santificação (q.v.). A imputação é o crédito, em nossa conta, de uma justiça que não é a nossa própria, mas que é, na realidade, baseada na obediência de Cristo (Fp 3.9; Rm 5.17,19). Ela é, portanto, distinta do perdão dos pecados, embora o perdão esteja necessariamente incluído nela (At 13.38-39)
 
Como a natureza da justificação é, desse modo, mostrada como declarativa, constitutiva e imputativa, assim a base reside em nada mais além do que a obra realizada por Cristo, a fonte da graça gratuita de Deus. Somos justificados gratuitamente pela graça de Deus "pela redenção que está em Cristo Jesus" (Rm 3.24). Esta verdade passa à expressão focal na designação "a justiça de Deus" (Rm 1.17; 3.21,22; 10.3; 2 Co 5.21; Pp 3.9). A obra de Cristo foi a obediência (Rm 5.19; Fp 2.8; Hb 5.8,9). Deste modo, ela foi a justiça (Mt 3.15; Rm 5.17,18,21). Foi operada por Ele como o Deus-homem e é, portanto, uma justiça com uma propriedade divina, uma justiça de Deus contrastada não só com a injustiça humana, mas com toda a justiça humana. Somente esta justiça atende o desespero da nossa situação pecadora e fica à altura de todas as exigências da santidade de Deus. Ela não só garante a justificação de Deus, mas ao ser imputada em nossa conta, exige a nossa justificação. A graça reina "pela justiça para a vida eterna" (Rm 5.21). Como a justificação é concedida pela graça, ela é recebida pela fé (Rm 1.17; 5.1). A fé é coerente com todas as outras características. Isto é verdade não apenas pelo fato da fé ser um dom de Deus, mas porque o caráter distinto da fé consiste em receber a Cristo e permanecer nele para a salvação. E a qualidade generosa e autoconfiante da fé que a torna o instrumento adequado de tudo o mais que envolve a justificação. E pela fé que somos justificados e somente pela fé, embora nunca por uma fé que esteja sozinha. A justificação é a questão religiosa básica. Não vem agora a simples pergunta: Como o homem pode ser justo para com Deus? E ainda a pergunta mais forte: Como o homem, na condição de pecador, pode tornar-se justo para com Deus? A resposta é: Através da justificação pela graça, por meio da fé. Veja Fé; Perdão; Imputação; Justiça; Salvação.
Bibliografia. Veja comentários sobre Romanos. John A. Faulkner, "Justification", ISBE, III, 1782-1788. Leon Morris, The Apostolic Preaching ofthe Cross, Grand Rapids. Eerd-mans, 1956, pp. 224-274. James I. Packer, "Just, Justify, Justification", BDT, pp. 303-308; "Justification", NBD, pp. 683-686. Gottlob Schrenk, "Dikaios etc"., TDNT, II, 182-225.
J.M.
Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea (1)
 
 
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Dicionário Bíblico Wycliffe. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br - www.escoladominical.net - www.gospelbook.net - www.portalebd.org.br/
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm
Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD
Manual Bíblico Entendendo a Bíblia, CPAD
Dicionário de Referências Bíblicas, CPAD
As Disciplinas da Vida Cristã; CPAD
Hermenêutica Fácil e descomplicada, CPAD
Revistas antigas - CPAD

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