Presidente palestino Mahmoud Abbas na Casa Branca, a convite de Trump

Julio Severo
O presidente palestino Mahmoud Abbas se encontrou com o presidente americano Donald Trump na Casa Branca na quarta-feira. Ele está em Washington numa visita de três dias a convite de Trump.
Falando na Casa Branca, Trump disse que espera que Abbas volte a Washington para assinar um acordo de paz.
Numa coletiva de imprensa conjunta com Trump, Abbas disse que “se deus quiser, estamos avançando para uma nova oportunidade para a paz,” acrescentando que é hora de os judeus desocuparem terras de Israel que os palestinos reivindicam para si.
O esforço de Trump visa alcançar uma solução de dois Estados entre israelenses e palestinos. Mas como apontou em seu livro “The Israeli Solution: A One-State Plan for Peace in the Middle East” (A Solução Israelense: Um Plano de Um Estado para a Paz no Oriente Médio) a escritora israelense Caroline Glick:
“Ironicamente, a solução de dois Estados está entre as políticas mais irracionais e fracassadas que os Estados Unidos já adotaram. Nos noventa anos passados, tentou-se a solução de dois Estados mais de dez vezes, e fracassou de forma desastrosa em cada uma dessas vezes. Entre 1970 e 2013, os Estados Unidos apresentaram nove diferentes planos de paz para Israel e os palestinos, todos com base na solução de dois Estados — e nos vinte anos passados, a solução de dois Estados tem sido o coração da política dos EUA para o Oriente Médio.”
Convidar um líder palestino na Casa Branca é uma atitude que os evangélicos, que apoiam Israel e apoiaram majoritariamente Trump, esperariam de Obama e outros presidentes esquerdistas. Essa atitude é esperada do Vaticano, que segue a Teologia da Substituição e é tradicionalmente hostil a Israel. É também esperada do governo russo, influenciado pela Igreja Ortodoxa, que igualmente segue a Teologia da Substituição e é tradicionalmente hostil a Israel.
O presidente conservador americano Ronald Reagan nunca teria convidado Abbas para a Casa Branca. Aliás, Reagan nunca convidou o líder dos palestinos para nada e ameaçou boicotar sua presença até mesmo na ONU.
Além de ter convidado Abbas para a Casa Branca, Trump deu outro grande brinde para os palestinos. Embora o Departamento de Estado tenha anunciado um corte de assistência para vários países no mundo inteiro, para a Autoridade Palestina o governo de Trump prometeu aumentar os investimentos.
O choque não é maior porque Trump não tem histórico conservador. Mas considerando que ele tem vários assessores evangélicos, é de esperar que em algum momento ele consiga ouvir um deles e mudar o curso de seu governo.
Não dá para se ter paz negociando com terroristas. Isso Reagan sabia. Trump também precisa entender isso.
Com informações do jornal israelense Haaretz.