Lição 2, Uma Salvação Grandiosa 1º Trimestre de 2018 - Título: A Supremacia de CRISTO - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus

Lição 2, Uma Salvação Grandiosa
1º Trimestre de 2018 - Título: A Supremacia de CRISTO - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: Pr. José Gonçalves, pastor presidente das Assembleias de DEUS em Água Branca, PI.
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454.
Ajuda - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/hebreus.htm
SLIDES DA LIÇÃO 2
 
 
TEXTO ÁUREO"Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram." (Hb 2.3)
 

VERDADE PRÁTICAA salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente. O cristão é exortado a ser vigilante e não negligente em relação a essa dádiva recebida.
 

LEITURA DIÁRIASegunda - Jo 10.9 JESUS deu testemunho de uma tão grande salvação
Terça - Hb 2.3 A Igreja Primitiva deu testemunho da salvação
Quarta - Hb 2.7,9 A salvação do homem tornou necessária a humanização do Redentor
Quinta - Hb 2.14 A eficácia da salvação é demonstrada na vitória sobre o Diabo
Sexta - Hb 2.15 A eficácia da salvação é demonstrada no triunfo sobre a morte
Sábado - Hb 2.18 A eficácia da salvação é demonstrada na vitória sobre as tentações

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Hebreus 2.1-18 1 - Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas.  2 - Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3 - como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram; 4 - testificando também DEUS com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do ESPÍRITO SANTO, distribuídos por sua vontade? 5 - Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos; 6 - mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? 7 - Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra ocoroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos.8 - Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas, agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas; 9 - vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todos. 10 - Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da salvação deles. 11 - Porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 - dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. 13 - E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim e aos filhos que DEUS me deu. 14 - E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, 15 - e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. 16 - Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. 17 - Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de DEUS, para expiar os pecados do povo. 18 - Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.

OBJETIVO GERAL - Explicar que a salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente, por isso, ele deve ser vigilante e não negligenciar a graça recebida.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mostrar a grandiosidade da salvação divina;
Discutir a necessidade da salvação;
Saber que a salvação pela fé em CRISTO é eficaz.
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado(a) professor(a), estudaremos a exortação do escritor de Hebreus a respeito da grandiosidade da salvação. Salvação essa que recebemos mediante a fé em JESUS CRISTO. Ela é resultado da graça divina, mas CRISTO pagou um alto preço. Por isso, no capítulo dois, o autor aos Hebreus faz uma séria advertência a respeito dos que negligenciam tão grande salvação. Para redimir a humanidade pecadora, CRISTO assumiu a forma humana a fim de se identificar conosco e nos outorgar a salvação. Ele morreu por nós, mas ao terceiro dia ressuscitou coroado de glória e honra. CRISTO também nos elevou a uma condição superior, a de filhos(as) de DEUS. JESUS é superior aos anjos e a todas as coisas, e a salvação que Ele oferece é o maior bem que o ser humano pode obter, por isso não devemos negligenciar tal graça.

PONTO CENTRAL - Precisamos ser vigilantes e não negligenciarmos a salvação divina.
 
 
 
Resumo Ráppido do Pr. Henrique da Lição 2, Uma Salvação Grandiosa
I - UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA
1. Testemunhada pelo Senhor.
2. Proclamada pelos que a ouviram.
3. Confirmada pelo ESPÍRITO SANTO.
II - UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA
1. Por intermédio da humanização do Redentor.
2. Por meio do sofrimento do Redentor.
3. Por intermédio da glorificação do Redentor.
III - UMA SALVAÇÃO EFICAZ
1. Vitória sobre o Diabo.
2. Vitória sobre a morte.
3. Vitória sobre a tentação.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Pela fé em JESUS CRISTO recebemos uma salvação grandiosa.
SÍNTESE DO TÓPICO II - Depois da Queda a salvação tornou-se necessária, por isso, por meio da cruz, JESUS veio restaurar a humanidade
SÍNTESE DO TÓPICO III - O sacrifício de CRISTO foi único, eficaz e nos garante a vitória sobre o Diabo, a morte e a tentação.
 
PARA REFLETIR - A respeito de Uma Salvação Grandiosa, responda:Segundo o autor aos Hebreus, qual a única maneira de manter-se no rumo certo?
No pensamento do autor só havia uma maneira de manter-se no rumo certo: ancorando o barco no porto seguro, JESUS.
Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança foi mediada por quem?
Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança tinha JESUS, o Filho de DEUS, como seu mediador.
Como os homens tornaram-se livres?
Por meio do sofrimento de CRISTO. 
O que foi preciso ser feito para que a salvação se efetivasse?
Para que a salvação se efetivasse o Salvador precisava sofrer e morrer pelos homens.
Por que JESUS CRISTO, o verdadeiro Sumo Sacerdote, sabe o que é ser tentado e, por isso, está pronto a nos ajudar nas fraquezas?
Por ter assumido a natureza humana, e se identificado com os homens nos seus limites, Ele sabe o que é ser tentado e por essa razão está pronto a ajudá-los. 
 
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 73, p. 37
 
SUGESTÃO DE LEITURA - Doutrinas Bíblicas: o Fundamento da nossa Fé; Ele Escolheu os Cravos; Feridas que Curam
 
Resumo Rápido do Pr. Henrique da Lição 2, Uma Salvação Grandiosa
 
INTRODUÇÃO
No capítulo 2 de Hebreus vamos estudar sobre a gloriosa salvação. É preciso que os crentes estejam mais atentos para a salvação que ganharam e valorizem mais sua vida cristã em santidade e coragem. Foi pago um alto preço por esta salvação, custou o sangue de DEUS (At 20.28 - JESUS deu a vida por nós na cruz). Aqui há exortação, há advertência para os que manquejam, há encorajamento para os que desejam lutar. Há repreensão para os que apostatam da fé. JESUS nasceu e viveu como homem mortal por um período de aproximadamente 33 anos e meio, levou sobre ele nossos pecados e deu sua vida por nós na cruz, no calvário. Ao terceiro dia foi justificado em espírito e declartado justo (1 Tm 3.16). Ressuscitou e recebeu um corpo glorioso, subiu ao céu e recebeu todo poder no céu e na terra (Mateus 28:18).
Se a palavra que foi entregue a Mioisés (a lei), o mediador da antiga aliança, por anjos, imagine a superioridade da Palavra falada por JESUS CRISTO, o filho de DEUS, na Nova Aliança que é superior a tudo. Se alguém deixar ou abandonar esta salvação será condenado à perdição eterna, no lago de fogo e enxofre. Esta Palavra foi pregada por JESUS, confirmada e repetida por seus apóstolos e depois pela igreja, tendo confirmação de DEUS através de sinais, prodígiods e maravilhas e dons do ESPÍRITO SANTO distribuidos aos pregadores, desde JESUIS até hoje, à igreja. JESUS se santificpou a si mesmo para nos santificar. Para o povo ser santo, primeiro seus líderes devem ser. Um dia seremos entregues ao PAI. JESUS nos conduziré e dirá: "Eis-me aqui a mim e aos filhos que DEUS me deu". Glkória a DEUS!
Quando JESUS morre e ressuscita vence o pecado e a morte - agora nós ressucitaremos se morrermos e se estivermos vivos seremos transformados e subiremos ao seu encontro nos ares e estaremos para sempre com, Ele. Glóriaa DEUS.
O que é que nos leva a pensar que podemos escapar, se formos indiferentes a essa grande salvação anunciada pelo próprio Senhor Jesus, e que nos foi transmitida por aqueles que O ouviram falar? (Bíblia Viva)
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Atos 20:28.
Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 1 Coríntios 15:52
 
I - UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA
 
Irmãos, a Bíblia em Hebreus não está falando de apenas se desviar e depois voltar. 
Esses exemplos de Sansão, Davi, Salomão, etc... Não servem para a lição.
Em Hebreus fala da apostasia.
Veja que em Hebreus 6 fala que nunca mais voltarão ao cristianismo e nem à salvação aqueles que abandonarem sua fé.
Exemplos do Antigo Testamento não valem. Não eram cristãos. Hebreus 6:4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, 5 E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, 6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.
A salvação é tão grande que se alguém a abandonar será lançado no lago de fogo e enxofre.
 
 
1. Testemunhada pelo Senhor.
O autor faz um contraste entre as alianças do Sinai e do Calvário. Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos (v.2), a Nova Aliança tinha JESUS, o Filho de DEUS, como seu mediador. O autor, então, faz uma analogia entre as duas Alianças para que o contraste entre ambas fique bem definido. Foi JESUS, o Filho de DEUS, e não os anjos, que anunciou essa tão grande salvação. Por serem mediadores da Lei, os anjos despertavam grande estima e respeito dos judeus por eles. Se uma Aliança firmada na Lei, mediada por anjos, imperfeita e transitória, requeria obediência por parte dos crentes, muito mais a Nova Aliança que é perfeita e eterna. Se quem não observava os princípios do Antigo Pacto, quebrando os seus preceitos, era punido de forma dura, que castigo merecia quem ultrajava a Nova Aliança, que em tudo era superior?

 
Por quem foram mediadas a Antiga Aliança e a Nova Aliança? Quais provas atestavam a veracidade das alianças? Quais castigos receberam os que não obedeceram à Antiga Aliança? Quais castigos estão sujeitos os que não obedecerem à Nova Aliança?
A Antiga Aliança foi mediada por Moisés. DEUS confirmou esta Aliança com sinais, prodígios e maravilhas no Egito, através de Moisés. Quem transguedia a antiga aliança era punido severamente - veja Dt 28 (maldições). Exemplo: Deuteronômio 28:58 Se não tiveres cuidado de guardar todas as palavras desta lei, que estão escritas neste livro, para temeres este nome glorioso e temível, o SENHOR TEU DEUS, 59 Então o Senhor fará espantosas as tuas pragas, e as pragas de tua descendência, grandes e permanentes pragas, e enfermidades malignas e duradouras; 60 E fará tornar sobre ti todos os males do Egito, de que tu tiveste temor, e se apegarão a ti. 61 Também o Senhor fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga, que não está escrita no livro desta lei, até que sejas destruído. 62 E ficareis poucos em número, em lugar de haverem sido como as estrelas dos céus em multidão; porquanto não destes ouvidos à voz do Senhor teu DEUS.
Sinais de autenticidade da Antiga Aliança - E mostraste sinais e prodígios a Faraó, e a todos os seus servos, e a todo o povo da sua terra, porque soubeste que soberbamente os trataram; e assim adquiriste para ti nome, como hoje se vê. Neemias 9:10
 
Os Anjos mediaram também a Antiga Aliança? Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança foi mediada por quem?
Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança tinha JESUS, o Filho de DEUS, como seu mediador.
Os judeus se gabavam disso. A antiga aliança teve a ajuda intermediária de anjos. Anjo apareceu a Moisés na sarça e também lhe entregou a lei escrita por DEUS e depois reescrita pelo mesmo Moisés.
completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça. Atos 7:30
E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. Êxodo 3:2
A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? a este enviou DEUS como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça. Atos 7:35
Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. Atos 7:53
 
 
PALAVRA FALADA POR ANJOS? QUE QUER ISTO DIZER?
Hebreus 2:2 Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, * Na verdade isto se refere a entrega da lei por um anjo na mão de Moisés.
2.2 — A palavra falada pelos anjos. Deus entregou a Lei a Moisés por intermédio de Seus anjos (Dt 33.2; At 7.38,53; Gl 3.19). A desobediência ou obediência à Lei era punida ou recompensada. Em Hebreus 12.5-11, tal disciplina é discutida detalhadamente (Dt 28; 29; 30). Se a pessoa transgredisse a Lei, sua punição não era a perda da justificação ou regeneração, mas sim das bênçãos temporais e ela era disciplinada. Compare Deuteronômio 28.1—30.20 com Hebreus 12.5-11.
Deuteronômio 33. 2 Disse pois: O Senhor veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Parã, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei. 3 Na verdade ama os povos; todos os seus santos estão na sua mão; postos serão no meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas palavras.
Atos 7.38 Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar.
Atos 7.53 Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
Gálatas 3.19 Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.
 
Por que necessitamos tão urgente de uma tão grande salvação? Porque a Bíblia nos ensina que o homem sem Deus está perdido, e, por esse motivo, precisa ser resgatado (Mc 10.45; Lc 19.10). “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10).
 
2. Proclamada pelos que a ouviram.
A Nova Aliança é mediada por JESUS, o filho de DEUS. DEUS confirmou e comtinua confirmando esta Aliança com sinais, prodígios e maravilhas no ministério de JESUS e de seus seguidores, a igreja. 
Atos 2.22 Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; Atos 2:22 
Pelo poder dos sinais e prodígios, e pela virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo. Romanos 15:19 
Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12 
Detiveram-se, pois, muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios. Atos 14:3 
 
Para os que deixarem a Nova Aliança está reservado o castigo eterno - o juízo e DEUS. 
Hebreus 6:4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, 5 E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, 6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. 7 Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; 8 Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada. Mas,…
 
 
3. Confirmada pelo ESPÍRITO SANTO.
Hebreus 2:3
# (LTT2015) - LITERAL 2015 Como nós escaparemos- para- fora, se uma tão grande salvação havendo negligenciado? A qual, um começo havendo recebido (ao ser anunciada através de o Senhor), depois, por aqueles a havendo ouvido, a nós foi confirmada;
# (RVP - Reina Valera) como escaparemos nós se descuidarmos de tão grande salvação? Esta, havendo começado a ser anunciada por meio do Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram,
ARCA_COMPLETA como escaparemos nós, se não tivermos cuidado de [uma] tão grande salvação? a qual, começando a ser publicada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que [a ele] o tinham ouvido.
BAM Como, então, escaparemos nós se agora desprezarmos a mensagem da salvação, tão sublime, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois confirmada pelos que a ouviram,
BJP como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta começou a ser anunciada pelo Senhor. Depois, foi-nos fielmente transmitida pelos que a ouviram,
BLivre como nós escaparemos, se descuidarmos de tão grande salvação? Ela, que começou a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que ouviram.
BPT Como podemos nós escapar se ficarmos indiferentes a uma oportunidade tão grande de salvação? Foi o próprio Senhor que primeiro anunciou esta salvação. Depois, aqueles que a ouviram confirmaram o seu valor para nós.
JFA-RA(Br) como escaparemos nós, se descuidarmos de tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram:
LTT Como nós escaparemos- para fora, se uma tão grande salvação havendo negligenciado? A qual, um começo havendo recebido (ao ser anunciada através de o Senhor), depois, por aqueles a havendo ouvido, a nós foi confirmada;
NTLH Sendo assim, como é que nós escaparemos do castigo se desprezarmos uma salvação tão grande? Primeiro, o próprio Senhor Jesus anunciou essa salvação; e depois aqueles que a ouviram nos provaram que ela é verdadeira.
NVI como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram.
VIVA que é que nos leva a pensar que podemos escapar, se formos indiferentes a essa grande salvação anunciada pelo próprio Senhor Jesus, e que nos foi transmitida por aqueles que O ouviram falar?
 
Confirmação do evangelho, da veracidade da Palavra de DEUS e dos homens de DEUS:
Veja que DEUS confirmou e continua confirmando três coisas com sinais, profígios e maravilhas e dons do ESPÍRITO SANTO.
a- Sua Palavra -
Marcos 16.15 E disse-lhes: Ide por todo omundo, pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; 18 Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porãoas mãos sobre os enfermos, e os curarão. 19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de DEUS. 20 E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém. Marcos 16.15
Hebreus 2:3  Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; 4 Testificando também DEUS com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do ESPÍRITO SANTO, distribuídos por sua vontade? Hebreus 2:3
 
b- Seus ministros e seus ministérios -
Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 2 Coríntios 12:12
 
c- Seu evangelho e sua salvação -
E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; Atos 8:6
E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. Atos 8:13
Na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, 2 Coríntios 6:7
E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades. Lucas 9:1
Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém. 1 Pedro 4:11
Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder. 1 Coríntios 4:20
Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Romanos 1:16
 
 
Para os que deixarem a Nova Aliança está reservado o castigo eterno - o juízo de DEUS.
Hebreus 6:4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do ESPÍRITO SANTO, 5 E provaram a boa palavra de DEUS, e as virtudes do século futuro, 6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de DEUS, e o expõem ao vitupério. 7 Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de DEUS; 8 Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte. Apocalipse 21:8
E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. Apocalipse 20:15
Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus. Salmos 9:17
Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; 2 Pedro 2:4
 
 
 
II - UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA
1. Por intermédio da humanização do Redentor.
Era preciso que JESUS se fizesse homem e que estivesse sujeito à morte para morrer por nós e nos salvar - Neste período de tempo, 33 anos e meio aproximadamente, esteve como homem, menor que os anjos na questão de imortalidade do corpo (embora nunca tenha deixado de ser DEUS).
Por intermédio da humanização do Redentor. A quem se refere Hb 2.6-8? A Cristo ou ao homem?
Hb 2.6-6 Mas em certo lugar testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? 7 Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, De glória e de honra o coroaste, E o constituíste sobre as obras de tuas mãos; 8 Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés.Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. JESUS é o homem perfeito que é mencionado também no salmo 8:4-6 (4 Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? 5 Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. 6 Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés... , de onde veio a citação de Hb 2:6-8.
O que significa dizer que Cristo fora feito, por um pouco, menor do que os anjos? Durante um período de tempo e por uma necessidade de humanização de CRISTO para que fosse efetuada a salvação, Ele foi feito um pouco menor do que os anjos, embora, como DEUS continuou sendo DEUS e criador dos anjos, portanto superior a eles.
 
2. Por meio do sofrimento do Redentor.
Isaías 53.7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. 10 Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. 11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. 12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.
Para efetivação da salvação JESUS passou por castigos e morte na cruz. Pelo seu preciosos e imaculado sangue vertido na cruz fomos lavados e purificados de nossos pecados. Também pelos seus sofrimentos na carne fomos sarados.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Isaías 53:4
 
3. Por intermédio da glorificação do Redentor.
Cristo sofreu para ser glorificado ou Ele foi glorificado porque sofreu? Nem a salvação, nem a exaltação e nem a glorificação são por merecimento. 
JESUS não fez nada para merecer ser exaltado ou para ser glorificado, mas fez por amor a todos nós. DEUS prova seu amor para conosco em CRISTO JESUS deu a vida por nós sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8).  “Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito […]” (Jo 3.16);  Jesus disse que “ninguém tem maior amor do que este” (Jo 15.13); 
DEUS, o Pai, o exaltou e o glorificou por ter executado esta tão grande salvação e sem reclamar ou murmurar.
E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca. Atos 8:32
Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Isaías 53:7
 
III - UMA SALVAÇÃO EFICAZ
1. Vitória sobre o Diabo.
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; Hebreus 2:14
Segundo o autor aos Hebreus, qual a única maneira de manter-se no rumo certo? No pensamento do autor só havia uma maneira de manter-se no rumo certo: ancorando o barco no porto seguro, JESUS.
Esta salvação nos proporcionou vitória sobre o Diabo, pois ele foi destronado, tornado inoperante, ou seja, ficou sem suas armas. O que ele usava era o pecado para nos derrotar. O pecado nos levava à morte, tanto espiritual como do corpo. Agora nascemos de novo, fomos perdoados, justificados, eleitos como filhos, estamos esperando JESUS vir nois buscar para, se estivermos vivos neste dia, nem provarmos a morte. Glória a DEUS.
 
2. Vitória sobre a morte.
E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. Hebreus 2:15
Como os homens tornaram-se livres? Por meio do sofrimento de CRISTO.
O que foi preciso ser feito para que a salvação se efetivasse? Para que a salvação se efetivasse o Salvador precisava sofrer e morrer pelos homens.
Esta salvação nos deu Vitória sobre a morte que nos colocava com medo de morrer e perder a salvação. Sabemos que depois de morrermos vamos receber novos corpos gloriosos na vinda de JESUS para nos buscar.
 
JÁ NÃO TEMOS MEDO DA MORTE
13 Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança.14 Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele.15 Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.16 Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.17 Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.18 Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
1 Tessalonicenses 4:13-18
 
3. Vitória sobre a tentação.
Por que JESUS CRISTO, o verdadeiro Sumo Sacerdote, sabe o que é ser tentado e, por isso, está pronto a nos ajudar nas fraquezas?
Por ter assumido a natureza humana, e se identificado com os homens nos seus limites, Ele sabe o que é ser tentado e por essa razão está pronto a ajudá-los.
Esta salvação nos deu também vitória sobre a tentação, pois JESUS nos ajuda a vencer as tentações pelas quais ELE mesmo passou e venceu. Glória a DEUS por tão grande salvação.
 
CONCLUSÃO
UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA
A salvação é grandiosa porque foi testemunhada pelo Senhor, tendo ELE mesmo pregado sobre ela. Esta salvação também foi proclamada pelos que a ouviram Dele e dos apóstolos. Esta salvação foi confirmada pelo ESPÍRITO SANTO com sinais, prodígios e maravilhas e dons do ESPÍRITO SANTO operando através dos pregadores.
UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA
Para que a salvação pudesse fazer seu efeito perdoador e reconciliador foi realizada por intermédio da humanização do Redentor, JESUS que deus sua vida por nós. Para que houvesse salvação foi preciso o sofrimento do Redentor JESUS que depois de realizar tão grande salvação foi glorificado e exaltado pelo PAI.
UMA SALVAÇÃO EFICAZ
Esta salvação nos proporcionou vitória sobre o Diabo, pois ele foi destronado, tornado inoperante, ou seja, ficou sem suas armas. Esta salvação nos deu Vitória sobre a morte que nos colocava com medo de morrer e perder a salvação. Sabemos que depois de morrermos vamos receber novos corpos gloriosos na vinda de JESUS para nos buscar. Esta salvação nos deu também vitória sobre a tentação, pois JESUS nos ajuda a vencer as tentações pelas quais ELE mesmo passou e venceu.
Glória a DEUS por tão grande salvação.
 
OBSERVAÇÃO PARA SUPERINTENDENTES OU DIRETORES DE EBD
REUNIÕES DA EBD NAS CONGREGAÇÕES - Creio que em todas as congregações do Brasil existe uma reunião da EBD no início do ano para programar a EBD do ano. É preciso apresentar os novos professores, comunicar a saída de alguns, apresentar o diretor ou superintendente novo ou a continuação do mesmo, sempre com a presença do pastor da congregação. Também a mesma coisa deve ser feita com o departamento infentil - O Ideal é ter um diretor da EBD para adultos, jovens, juvenis; e uma diretora para dapartamento infantil que abrange faixas etárias até adolescentes. é preciso marcar uma data para reciclagem e aprendizado dos professores com um palestrante convidado. É preciso marcar data de evnagelismo por parte da EBD e de vigília da EBD e as reuniões semanais e trimestrais da EBD, etc... Isso é só o esqueleto, mas tem muito mais para se fazer em prol da EBD. Vamos lá, as lições estão ótimas. Paz do Senhor - Pr. Henrique
 
Subsídios em revistas e livros - com algumas modificações do Pr. Henrique
 
Revista CPAD - 3º Trimestre de 2001 - Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes” - Comentarista: Elinaldo Renovato
Lição 2: CRISTO, superior aos anjos - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/hebreus.htm
 
MAIS EXCELENTE EM SUA NATUREZA E NO SEU NOME
1. Os anjos na Bíblia.
Os anjos tiveram papel muito importante entre o povo de DEUS no Antigo Testamento. Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2; 23.20; Sl 103.20. No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José, revelando o nascimento sobrenatural de JESUS (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra do sepulcro de JESUS, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira idolatria em torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18). Outras referências demonstram claramente a ação dos anjos, não só em favor de Israel, mas de todos os
servos de DEUS, em todo o mundo (cf. Sl 34.7).
2. A natureza dos anjos (vv.7,14).
O texto bíblico nos revela alguns aspectos relativos à natureza dos anjos. No v.7, lemos que DEUS “de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por DEUS segundo a sua vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito aquém da natureza e das funções do Filho de DEUS. Por maiores que sejam os anjos, em comparação com CRISTO são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são criaturas. JESUS é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v. 14, os anjos são chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”.

A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO AOS ANJOS
1. Declarado Filho de DEUS, gerado pelo Pai.
No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que CRISTO é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil de entender. Sendo DEUS, em que sentido JESUS poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e mistério da sua encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas terrenas.
2. O Filho pela ressurreição.
O escritor Lucas, no Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, DEUS a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a JESUS, como também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32,33). Sem ter deixado jamais de ser DEUS, JESUS foi  apresentado ao mundo publicamente, como Filho de DEUS, na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de DEUS em poder, segundo o ESPÍRITO de santificação, pela ressurreição dos mortos - JESUS CRISTO, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se JESUS tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de DEUS (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc.
3. O Filho deve ser adorado pelos anjos (v.6).
“E quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de DEUS o adorem”; “...por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra” (Sl 89.26,27).
4. JESUS está à direita de DEUS (v.13).
Esta é a posição de honra, dada somente a CRISTO, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?”. Estêvão, quando estava sendo martirizado, contemplou JESUS à direita de DEUS (cf. At 7.55).
5. JESUS é Rei, Messias e Criador.
No v.8, lemos: “Mas do Filho diz: ó DEUS, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado DEUS, como de fato Ele o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de retidão. Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv.9-12, vemos que JESUS é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como aquEle de quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v.13 prossegue exaltando a superioridade de CRISTO como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés.
 
A GRANDE SALVAÇÃO EM JESUS
1. Advertência contra o desvio (v.1-3).
Depois de apresentar o quadro da superioridade de CRISTO em relação aos anjos, o escritor aos Hebreus é levado a advertir os destinatários da carta (e a nós, também), quanto “às coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas” (v.1). E explica que, se “a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”, indaga solenemente: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...?” (v.3). Esta salvação, trazida por JESUS CRISTO, não foi efetivada por meras palavras, e sim, autenticada por DEUS, por meio de “sinais e milagres, e várias maravilhas e dons do ESPÍRITO SANTO...” (v.4). Quem se desvia da sua fé em CRISTO, corre o risco de perder-se para sempre (v.3).
2. JESUS, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9).
Esse é um aparente paradoxo encontrado na carta aos Hebreus, relacionado à encarnação de CRISTO. “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todos”. A dedução é simples. JESUS, feito homem, despojou-se voluntariamente de parte de seus atributos, e sujeitou-se a morrer, na cruz, para que “provasse a morte por todos”. Nessa condição, em sua natureza humana, tornou-se “um pouco menor que os anjos”. Se não fosse assim, a sua natureza divina não o permitiria morrer, pois DEUS não morre.

JESUS, O FIEL SUMO SACERDOTE (2.9-18)
1. Tudo existe em função dEle (v.10a).
Para JESUS são todas as coisas, visto que elas existem por Ele e para Ele (Cl 1.16). E assim é, para que Ele traga “os filhos à glória”, e, pelas aflições, se tornasse “o príncipe da salvação deles” (v.10b). Os filhos, ou seja, os que o receberam, deu-lhes o poder (o direito) de serem feitos “filhos de DEUS” (Jo 1.12), e são chamados por CRISTO de “irmãos” (v.11). É sublime a declaração de CRISTO, em relação aos que são salvos por Ele. No v.13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que DEUS me deu”. Esses são livres do “império da morte, isto é, do Diabo” (v.14), e da servidão (v.15).
2. Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v.17).
Para poder cumprir sua missão salvadora, JESUS, “em forma de DEUS, não teve por usurpação ser igual a DEUS, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os anjos”, entregou-se a DEUS para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados do povo (v.17)
3. Em tudo foi tentado (v.18).
Em sua condição humana, JESUS, o Filho do Homem, suportou a tentação, “para socorrer aos que são tentados”. Esta é uma afirmação consoladora para nós, os crentes, que durante a caminhada na Terra, somos acossados e ameaçados por várias tentações. Nosso DEUS, JESUS, não foi em sua missão um deus alienado dos seus adoradores e fiéis, como prega o deísmo. Pelo contrário, Ele se colocou no meio dos pecadores e, como eles, foi tentado até à cruz para lhes dar vitória sobre as tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). Glória a DEUS, por isso!
 
_____________________________________________
 
Hebreus - SÉRIE Comentário Bíblico - SEVERINO PEDRO DA SILVA - CPAD
1 Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas.
O escritor agora procura voltar a atenção para aquilo que acabou de ser dito no capítulo primeiro acerca da elevada dignidade de CRISTO e sobre seu poder de salvar. Ele chama a atenção dos santos para que atentem “com mais diligência” para o grande valor da salvação que tinham recebido por meio do Evangelho da graça de DEUS. As coisas que eles tinham visto e ouvido eram suficientes para lhes garantir a certeza de que JESUS era o CRISTO, o Filho de DEUS, e que seu sacrifício expiatório tinha selado um novo pacto, feito por meio do seu sangue. Desviar-se, portanto, destas coisas, era voltar as costas para o maior e melhor benefício de DEUS a eles concedido, que doravante eram justificados em CRISTO, sem o rigor da Lei (cf. Rm 10.4). “Desviar-se” é o inverso de “enviado”, e a vontade de DEUS no procedimento cristão é que cada crente seja um enviado. Assim falou o Senhor JESUS depois de sua ressurreição, quando dava instruções aos seus discípulos: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21 ).
2 Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição,
A palavra proferida pelos anjos em ambos os Testamentos, anunciando castigos ou determinando bênçãos, foi pronunciada em várias ocasiões; mas a lei de Moisés, conforme depreendemos de textos e contextos sagrados, deve aqui estar em foco. Estêvão lembrou aos judeus, dizendo: “Vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes” (Atos 7.53). E em Gálatas 3.19, Paulo diz que a Lei “... foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro”. Era crença comum entre os judeus dos últimos dias que a Lei fora mediada por meio dos anjos. Essa Lei era firme — era a Palavra de DEUS —, e sua violação produziria sofrimentos apropriados, como punição. Ainda que DEUS seja tardio em irar-se, contudo chega o momento em que Ele põe termo à sua misericórdia, para aplicar a sua correção reparadora. Em alguns casos isso envolve apenas um indivíduo em particular; mas em outros, envolve nações inteiras. Essas punições são justas, e não explosões arbitrárias de vingança, pois sua própria justiça vindicava a Lei.
3 como escaparemos nós; se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;
A palavra “salvação” encontra-se nas páginas do Novo Testamento com profundo significado e infinito alcance, e no texto em foco seu significado assume uma posição ainda mais elevada pelo expressivo termo “grande”. Isso se deu porque mui grande foi o nosso pecado (Salmos 19.13). A redenção em CRISTO, o perdão dos pecados, a transformação segundo a sua imagem através da santificação, a glorificação e toda a plenitude de DEUS, e a vida última alcançada em CRISTO, são razões que tornam a redenção em “grande salvação”, porque esta foi efetuada por um grande Salvador, JESUS CRISTO, o nosso Senhor. Por esta razão podemos dizer: “Bendito o Senhor, DEUS de Israel, porque visitou e remiu o seu povo! E nos levantou uma salvação poderosa...” (Lc 1.68,69). Assim, “... onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por JESUS CRISTO, nosso Senhor” (Rm 5.20,21).
4 testificando também DEUS com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espirito SANTO, distribuídos por sua vontade?
Aqui neste versículo está em foco a operação miraculosa do ESPÍRITO SANTO em ambos os Testamentos, mas a ênfase maior recai do Pentecostes ao período quando esta epístola estava sendo escrita, quando as manifestações dos dons espirituais eram evidentes em cada reunião. No entanto, as bênçãos materiais em plenitudes também são aqui adicionadas nas vidas cristãs e por extensão, nas vidas de outros povos. Paulo lembrou aos povos da Licaônia, dizendo: “... [DEUS] não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria o vosso coração” (Atos 14.17). E em Efésios 3.20, Paulo acrescenta: “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por JESUS CRISTO...” (ênfase do autor). E ainda em Filipenses 4.19, o apóstolo reforça o mesmo significado do pensamento, quando diz: “O meu DEUS, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por CRISTO JESUS”.
5 Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro,de que falamos;
Este mundo vindouro de que fala o texto será administrado pelo Filho de DEUS. Ele é quem será exaltado ali, e não os anjos ou outro personagem da esfera terrena ou celestial. O mundo futuro era concebido pelos judeus para indicar o reino messiânico de CRISTO; mas aqui indica algo que vai mais além: ele inclui também o estado eterno, quando tanto o Filho como o Pai serão “tudo em todos” (cf. I Co 15.28). Na esfera celestial, onde não existe disputa pelo poder, ganância por grandeza ou ostentação, tudo é tratado em sentido comum. Por esta razão, “há um só corpo e um só ESPÍRITO, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só DEUS e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.4-6). Por isso nos é dito que aqueles que praticam o mal, não “... [têm] herança no Reino de CRISTO e de DEUS”. Assim, fica evidenciado que o Reino eterno, onde JESUS será o Soberano Dominador, pertence tanto a DEUS Pai como a seu Filho JESUS CRISTO (Ef 5.5).
6 mas, em certo lugar, testificou alguém: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites?
Certa vez, alguém testificou, usando o trecho de Salmos 8.4-6, que diz: “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroas- te. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés”. Esta passagem fala de CRISTO em primeiro plano e também fala do homem. Porém, podemos ver a questão da ênfase aqui — o que é dito do princípio ao fim deve aplicar-se tanto a CRISTO como aos homens, pois Ele se tornou verdadeiro homem, compartilhando perfeitamente da posição humana. Era impossível que CRISTO morresse sendo apenas DEUS — porque DEUS não pode morrer (I Tm 6.16). Ele possui em sua natureza a imortalidade. Portanto, CRISTO se humanizou para poder morrer e assim, por meio de sua morte, poder salvar os homens.
7 Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos.
A linguagem aqui empregada dignifica tanto a pessoa de CRISTO como sua obra redentora em favor dos homens. CRISTO, por amor de nós, sendo DEUS — se fez homem; sendo Senhor se fez servo, sem queixar-se — se fez pobre, sendo divino — se fez humano, sendo Senhor dos anjos; por amor dos pecadores, se fez menor do que eles, quando “... aniquilou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também DEUS o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fp 2.7-9). Existem várias maneiras através das quais alguém pode conseguir alguma espécie de glória e honra. Uma delas pode ser técnica — preparada por alguém que dispõe dos meios e das circunstâncias. Pode ser também por usurpação — por alguém que, usando de meios ilícitos e esperteza, consegue atingir uma posição elevada aos olhos humanos. E pode ser, ainda, por merecimento — como aqui, no caso de CRISTO. Ele foi coroado de glória e de honra pelo Pai, porque é digno de toda a honra e de toda a glória!
8 Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas;
O total domínio de CRISTO começará seu processo de aceleração no princípio de formação do reino milenial, quando a dispensação da plenitude dos tempos terá início, e quando DEUS “tornar a congregar em CRISTO todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.10 ). Já no Armagedom, a grande vitória de CRISTO sobre o Anticristo e suas hostes aponta para esse tempo do fim, quando todos os inimigos do Filho de DEUS entrarão num processo acelerado de enfraquecimento. CRISTO reinará. Todos os seus inimigos, sejam eles humanos ou angelicais, serão destruídos. “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a DEUS, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força” (I Co 15.24 ). Quando isso acontecer, “... então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que DEUS seja tudo em todos” (v. 28).
9 vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS que fora Jeito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todos.
Estes seres celestiais já contam na presente era com a felicidade da vida última, isto é, são seres imortais. Esta capacidade lhes dá condição de serem superiores aos homens, que são seres mortais. Porém, quanto à pessoa de nosso Senhor JESUS CRISTO, são inferiores a Ele em cinco pontos. Ainda que por um pouco de tempo, “JESUS... fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte” (Hb 2.9 ).
a— Os anjos são “criaturas” de DEUS. Ainda que chamados “filhos de DEUS”, contudo, não têm em si a condição
original peculiar ao Senhor JESUS, que é chamado de “O unigênito Filho de DEUS”. Por este motivo, JESUS foi “feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.4).
b— Em razão da adoração, os anjos são inferiores a CRISTO; eles são adoradores, enquanto CRISTO é adorado!
c— Os anjos são ministros da salvação; JESUS é o Autor da salvação. Isso certamente o coloca acima de qualquer posição angelical.
4° — Os anjos foram criados; CRISTO é o Criador.
d— Os anjos são súditos; CRISTO é o Senhor. Ora, tanto no passado como no presente, e, mormente no futuro, os anjos foram, são e serão súditos do Reino de DEUS, porém CRISTO foi, é e sempre será o soberano Senhor (Hb 2.5-9 ).
10 Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da salvação deles.
O Filho de DEUS, quando se humanizou, despojou-se de toda a sua glória que tinha com o Pai. Por cuja razão Ele orou, dizendo: “... agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. Mais adiante, continuando sua Oração Sacerdotal, nosso Senhor diz ao Pai que repartiu com seus discípulos a glória que dEle havia recebido: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um” (Jo 17.5,22 ). Portanto, este privilégio de se apresentar ao Pai levando consigo “muitos filhos à glória” lhe pertence por direito e por resgate. Uma vez que a missão de CRISTO foi completada, Ele foi glorificado. Contudo, esta missão foi consumada por meio de suas aflições. “Porventura, não convinha que o CRISTO padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?” — assim afirma o texto de Lucas e o contexto que temos aqui neste versículo (Lc 24.26 ).
11 Porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos,
O direito de filiação divina dar-se-á para aqueles que aceitam a JESUS como Salvador. A esses, JESUS “... deu-lhes o poder de serem feitos filhos de DEUS: aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de DEUS” (Jo 1.12,13 ). A partir daí, dentro da comunidade cristã, o termo “irmão” é usado para indicar o amor mútuo, a compaixão e o respeito por aqueles que confiam em CRISTO e pertencem à mesma família espiritual. Os anjos não são chamados de nossos irmãos, porque pertencem a uma outra ordem elevada, isto é, uma ordem espiritual. Mas na esfera do trabalho para DEUS, eles são nossos conservos (Ap 22.9 ). Contudo, o mais importante neste contexto é que aquEle que nos santifica (JESUS) chama-nos de “meus irmãos” e de “meus amigos”
12 Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar- te -ei louvores no meio da congregação.
O louvor, em si mesmo, é um sacrifício que agrada a DEUS (Hb 13.15 ). E CRISTO em tudo procurou fazer a vontade do Pai, e sempre lhe oferecia este tipo de sacrifício dos lábios, dando-nos assim o exemplo de que até o louvor que a DEUS oferecemos deve passar por Ele. E isso que depreendemos de Hebreus 13.15, que diz: “... ofereçamos sempre, por ele [JESUS], a DEUS sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”. Muitos têm pensado que JESUS era uma pessoa extremamente sisuda. Contudo, pelo contrário, JESUS era bem-humorado. Seu porte era impressionante e sua presença sempre inspirava confiança e segurança naqueles que o seguiam. E tudo quanto Ele fazia, o fazia de coração e com toda a pureza e dignidade de sua alma e como forma de gratidão a DEUS.
13 E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-rne aqui a mim e aos filhos que DEUS me deu.
Historicamente falando, parece que o pano de fundo desta primeira citação é a passagem de Salmos 18.2, enquanto na segunda pode estar em foco Gênesis 33.5; Isaías 8.18 e João 17.12. A primeira delas deve ser a citação de Gênesis que está em foco, e saiu dos lábios de Jacó, quando disse a seu irmão Esaú: “[estes são] Os filhos que DEUS graciosamente tem dado a teu servo”. E a segunda deve ser Isaías 8.18, que diz: “Eis- me aqui, com os filhos que me deu o Senhor...” No dia do arrebatamento, todos os filhos de DEUS comparecerão perante o Pai, conduzidos por JESUS, o seu primogênito — e ali Ele dirá aos anjos e também ao próprio Pai: “Eis-me aqui a mim e aos filhos que DEUS me deu”. Todos estes filhos eram filhos de DEUS, mas durante a dispensação da graça foram transferidos por direito e por resgate para nosso Senhor JESUS CRISTO. Ele mesmo afirmou que isso fora feito por um ato da própria vontade de DEUS, dizendo: “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra” (Jo 17.6).
14 E, visto que os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo,
O Diabo é citado em 7 livros do Antigo Testamento e em 19 do Novo Testamento. Porém, a única ocorrência que temos do seu nome na Epístola aos Hebreus é aqui no versículo 14. A humanidade de JESUS, que o possibilitou de participar “... da carne e do sangue” (tornar-se humano), foi necessária para Ele e benéfica para a humanidade. Somente através deste caminho de humilhação Ele tornou-se capaz de ‘... aniquilar o que tinha o império da morte, isto é, o diabo”. Esse triunfo de CRISTO sobre o Diabo e seu império de terror é enfatizado por Paulo, quando diz: “Havendo [CRISTO] riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2.14,15 ). A cédula que era contra nós era o “império da morte”. Com efeito, porém, este império foi por CRISTO aniquilado (Jo 5.24; Ap 2.11 ).
15 e livrasse todos os que com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.
O pecado praticado pelo primeiro homem, Adão, furtou da humanidade a verdadeira vida de liberdade, impondo sobre cada criatura humana o silêncio da morte — assim a morte passou a todos os homens...” (Rm 5.12 ). Este estado de morte e servidão afetou toda a criação e esta passou a gemer. Por esta razão, há uma “... ardente expectação” de cada criatura, esperando a “manifestação dos filhos de DEUS”. Este gemido da criação é um gemido doloroso. No entanto, com a morte de CRISTO na cruz, se inicia uma nova era de libertação: primeiro para todo aquele que crê no seu nome e aceita seu plano redentor; segundo, numa era futura, que será o Milênio. DEUS, por meio de CRISTO, libertará sua criação da servidão que o pecado lhe impôs. E em lugar da servidão que coloca sua criação num estado triste e inativo, estabelecerá seu Reino eterno de poder e glória, que terá início no Milênio e continuará por toda a eternidade (cf. Rm 8.18-23; 2 Pe 3.13 ).
16 Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendênàa de Abraão.
Ao ser questionado pela mulher samaritana diante do poço de Jacó a respeito do lugar ideal para adoração, JESUS lhe respondeu: “Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus” (Jo 4.21,22 ). Alguns comentaristas opinam que o nome de Adão aqui fosse mais apropriado, para completar a frase: “a descendência de Adão”, pois todos os homens, judeus e gentios, são seus descendentes. Entretanto, o nome Abraão talvez seja mais abrangente, indicando todos aqueles que são seus descendentes espirituais, tornando-se assim no “Israel de DEUS” (Gl 6.16). E, em sentido direto, CRISTO é sua “posteridade”. Portanto, o período de preparação para que o plano da redenção se completasse foi confiado não aos anjos, mas à descendência (os judeus) de Abraão, através da qual viria o “descendente” — que é CRISTO — para consumar a redenção.
17 Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de DEUS, para expiar os pecados do povo.
Na Epístola aos Hebreus, CRISTO é chamado por vários apelativos no que diz respeito à ordem sacerdotal. Isso demonstra sua superioridade em termos comparativos aos filhos de Arão, ou até mesmo a um outro sacerdote de uma ordem ou casta sacerdotal qualquer, terrena ou celestial. CRISTO é, portanto:
- Um sumo sacerdote (Hb 4.15; 5.6,10; 6.20);
- Um fiel sumo sacerdote (Hb 2.17 );
- Sumo sacerdote da nossa confissão (Hb 3.1 );
- Grande sumo sacerdote (Hb 4.14; 10.21 );
- Um outro sacerdote [quer dizer, especial: como nem mesmo Arão ou Melquisedeque o foram], mas o próprio Filho de DEUS (Hb 7.11,28);
- Sacerdote eterno (Hb 7.17,22 );
- Sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado (Hb 7.26 );
Sumo sacerdote tal — além de qualquer possibilidade que a mente humana possa compreender (Hb 8.1 );
- Sumo sacerdote dos bens futuros (Hb 9.11 ).
-Com respeito, porém, à sua humanidade, Ele se tornou: “semelhante aos irmãos”.
18 Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.
Aprendemos de vários textos sagrados que a tentação em si não é ainda o pecado, mas ela pode conduzir a pessoa ao pecado. Socorrer aqueles que estão sendo tentados faz parte da missão misericordiosa do Filho de DEUS. E esse pensamento que encontra-se encravado no texto em foco, quando diz: “... naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”. Algumas tentações nos sobrevêm como verdadeiras flechas inflamadas do maligno, “... mas fiel é DEUS, que vos não deixará tentar acima [além] do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (I Co 10.13 ). Em outras ocasiões, elas são neutralizadas antes mesmo de atingir os salvos. E por esta razão que JESUS nos ensinou a orar e mandou também que orasse-mos, dizendo: “... não nos induzas à tentação” e acrescenta: “... vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 6.13; 26.41 ). Este “escape”, providenciado por DEUS em meio à tentação, é que nos faz triunfar por meio de nosso Senhor JESUS CRISTO.
 
_____________________________________________________________
 
A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
 
HEBREUS 2:1-2
(ii) Uma exortação contra o desvio (2.1-4)
1-2. Embora ainda seja cedo, no decurso da discussão, para o escritor dar uma exortação específica, não deixa de ser uma característica dele incluir breves apartes. Um pormenor interessante é a expressão introdutória (Por esta razão, dia touto). Nenhuma interrupção é pretendida entre a discussão do capítulo 1 e o começo do capítulo 2. A conexão, no entanto, não fica imediatamente transparente. A ligação real parece ser a salvação que se toma o desafio crucial desta exortação (v. 3). Além disto, o papel desempenhado pelos anjos ao estabelecerem a dignidade da mensagem é outro elo. A palavra falada por meio de anjos relembra o que Paulo fala da lei em Gálatas 3.19: “foi promulgada por meio de anjos.” Nos dois casos a agência de anjos visava demonstrar que a mensagem de DEUS é demasiadamente importante para ser desconsiderada — não provém dos homens. Na presente declaração, a dignidade da Lei17 é demonstrada pelo fato de que qualquer violação dela certamente será castigada. A palavra traduzida castigo (misthapodosia) é peculiar a Hebreus. Em 10.35 e 11.26 significa “galardão.” [“Retribuição” serviria como tradução geral da palavra].
O propósito do autor é despertar a consciência às graves conseqüências de negligenciar a mensagem de DEUS. Não tem dúvida de que a retribuição, quando vier, será fusta. O desafio para os leitores prestarem atenção é expressado enfaticamente no v. 1. Tendo em vista a importância daquilo que foi ouvido, os leitores são conclamados a “prestar mais atenção” (importa que nos apeguemos, com mais firmeza), palavras estas que indicam uma observação cuidadosa daquilo que foi falado.18 Não é surpreendente que a exortação é seguida por uma advertência solene, a primeira de muitas nesta Epístola. Demonstra claramente que o escritor não tem intenção alguma de escrever um tratado puramente acadêmica, mas, sim, visa do começo ao fim enfatizar a relevância prática das considerações que faz. Está consciente de que está tratando de uma situação que poderia esvaziar o evangelho do seu significado essencial. Não está pensando em uma recusa deliberada de prestar atenção, mas, sim, de um desvio irresistível — literalmente ir à deriva como madeira flutuando num rio. Daí as palavras: para que delas jamais nos desviemos ou RSV: “a fim de não flutuarmos para longe.”
 
HEBREUS 2:3
3. A pergunta crucial passa, então, a ser introduzida, e fornece um indício para a compreensão do propósito do autor. Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Evidentemente, havia um
perigo sério de negligência da parte dos leitores, porque doutra forma este desafio não teria sido introduzido tão cedo. Qual, pois, era a natureza desta negligência? É definida somente por contraste. Dalguma maneira ou doutra, a grandeza da salvação estava sendo afetada. Realmente, é altamente provável que, na mente do escritor, os leitores corriam o perigo de virar as costas completamente contra o evangelho cristão. Se assim for, a grandeza da salvação somente aumenta a tragédia. O tipo de pergunta retórica feita aqui é típico desta Epístola. A resposta é tida por certa: não há nenhum escape. A idéia do escape ligado com a salvação expressa a salvação em termos de livramento, conceito que ocorre noutros lugares no Novo Testamento. Volta a ocorrer em Hebreus 2.14-15 (18) Westcott: Comm., pág. 36, entende que o advérbio expressa um excesso absoluto mais do que relativo. Teria o sentido de “com a mais cuidadosa atenção” e não “com mais atenção.” A primeira interpretação é claramente mais enfática e ressalta mais eficazmente a distinção entre aquilo que CRISTO oferece e aquilo que os leitores tinham conhecido anteriormente. no sentido do livramento do poder do diabo. Em comum com outros escritos do Novo Testamento, Hebreus vê a vida não-cristã como uma vida de escravidão contínua. Os pormenores dados para explicar como o escritor e seus associados chegaram a saber acerca da salvação fornecem informações valiosas
acerca da experiência do escritor. O originador básico da mensagem é o Filho, descrito aqui como o Senhor, um título neotestamentário significante para JESUS CRISTO que liga-0 com o nome véterotestamentário para DEUS (Kyrios). Não há dúvida alguma aqui de que o próprio JESUS declarou primeiramente o significado da Sua própria missão. Sua mensagem, por ser pessoal e direta, era superior à mensagem transmitida por anjos. O escritor, porém, claramente não tinha sido pessoalmente um ouvinte do Senhor, o que o distingue dos doze apóstolos e, na realidade, de todos aqueles que acompanharam JESUS durante qualquer parte do Seu ministério. A mensagem aparentemente fora passada adiante por outros: foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram. Segundo o modo mais natural de compreender esta declaração, eram sem dúvida os apóstolos, embora outras testemunhas fidedignas não fossem excluídas. Muitos estudiosos consideram estas palavras conclusivas contra a identidade de Paulo como o escritor, pela razão de que este não teria reconhecio que recebeu seu evangelho doutras pessoas. Além disto, pode ser argumentado que a primeira geração dos cristãos já passara, e que o escritor e seus associados dependem daquela geração anterior para sua compreensão do evangelho.
 
HEBREUS 2:4
4. Houve confirmação divina da mensagem por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espirito SANTO. Nos Evangelhos Sinóticos há muitos exemplos de “prodígios” e “milagres” acontecendo
no ministério de JESUS, ao passo que o Evangelho segundo João descreve de modo distintivo os acontecimentos sobrenaturais como sendo “sinais.” Estas três palavras, portanto, apresentam uma descrição compreensiva dos milagres nos Evangelhos. O que é importante notar é que estes eventos sobrenaturais têm um valor específico como confirmação da mensagem. Não há sugestão de que os milagres comprovam os fatos básicos do evangelho, tal como o caráter de JESUS CRISTO. Alguns apologistas têm baseado suas declarações acerca da divindade de JESUS na abundância dos milagres, mas isto é inadequado. JESUS ainda teria sido divino mesmo se não tivesse operado milagre algum. Até mesmo recusava-Se a dar sinais mediante pedido. Os homens deviam primeiramente crer nEle antes dos milagres se tomarem, em qualquer sentido, “sinais.” Mesmo assim, conforme João demonstra tão claramente no seu Evangelho, os sinais têm valor confírmatório, e indicam a glória de JESUS CRISTO. É impossível cortar todos os milagres da mensagem, como alguns procuram fazer, porque a própria mensagem é uma comunicação sobrenatural do DEUS para os homens. Além disto, os sinais e as maravilhas continavam a ser operados durante
a primeira era cristã à medida em que as primeiras testemunhas contavam a mensagem. O livro de Atos não pode ser desnudado dos seus milagres sem empobrecer a história do cristianismo primitivo. Se estes milagres não fossem mais do que mitos, o escritor aos Hebreus deve ter ficado grosseiramente enganado ao reconhecer neles o testemunho de DEUS. O verbo traduzido dando... DEUS testemunho juntamente (synepimartyrountos) deve referir-se a DEUS testificando juntamente conosco. Realmente, o escritor não teria apelado aos milagres se tivesse havido qualquer possibilidade dos leitores sustentarem que nunca os viram nem ouviram dizer deles. Trata-os como assunto conhecido a todos. As distribuições do ESPÍRITO SANTO estão numa categoria algo diferente, embora estreitamente associada. O escritor está consciente de que as primeiras testemunhas não declararam a mensagem com sua própria força ou com sua própria engenhosidade. A palavra aqui usada não é aquela para “dons” (charismata) que se usa no Novo Testamento, mas, sim, a palavra mais geral para distribuição (merismoi). A ênfase, portanto, recai sobre quem distribui. Os dons do ESPÍRITO também são mencionados em Atos e especialmente por Paulo em 1 Coríntios, e eram uma característica destacada do cristianismo primitivo. Eram evidências da aprovação de DEUS da proclamação do evangelho. Há uma indicação de diversidade (distribuições) e soberania  segundo a sua vontade). Nosso escritor tem um alto conceito da atividade do ESPÍRITO, e esta primeira menção dEle será seguida por várias outras declarações importantes (cf. 3.7; 6.4; 9.9, 14; 10.15, 29). A ênfase dada aos dons remove toda a justificativa para o orgulho humano entre os cristãos primitivos, visto que a distribuição não dependia das capacidades do homem, mas, sim, da vontade soberana do ESPÍRITO (cf. a declaração semelhante em 1 Co 12.11).
 
HEBREUS 2:5
(iii) A humilhação e a glória de JESUS (2.5-9).
5. O escritor passa agora a lembrar seus leitores de que, apesar da posição de dignidade dos anjos, não é a eles que o mundo vindouro será sujeitado. Isto, também, visa ressaltar a superioridade do Filho, conformedemonstra a citação do Salmo 8.4-6. O pensamento-chave é que DEUS sujeitou, i.é, Ele tomou a iniciativa. O sujeito da sentença nâfo está presente no grego, mas claramente é transportado do v. 4, conforme demonstra a palavra inicial Pois (gar); e deve, portanto, ser DEUS. O significado de o mundo que há de vir é questão de debate. A expressão grega (hè oikoumenê hè mellousa) pode ser entendida de várias maneiras, como, por exemplo,
(i) a vida do porvir, (ii) a nova ordem inaugurada por JESUS CRISTO, i.é o cumprimento da “era vindoura” tão esperada, que agora veio no reino de DEUS presente, ou (iii) o fim da era atual. Pode haver verdade em todas as três, mas a segunda parece estar mais claramente enfocada pelo contexto. Vale a pena notar que a palavra usada aqui para “mundo” não é kosmos (o mundo como sistema), mas, sim, o mundo dos habitantes (oikoumenê). O escritor está mais interessado no que é pessoal do que naquilo que é abstrato. Vê a salvação como uma realidade corpórea (cf. v. 10 “muitos filhos”).
 
HEBREUS 2:6-8
6. A fórmula usada para introduzir a citação do Salmo 8 é surpreendente. Alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho talvez sugira que o escritor não conseguir lembrar-se da referência, mas é possível que foi usada simplesmente porque a referência exata não era importante. Contra esta última opinião há o fato de que não é usada para introduzir as demais citações do Antigo Testamento no presente contexto, mas a favor dela há o fato de que Filo ocasionalmente usa uma fórmula semelhantemente vaga (de Ebrietate 61). O que parece ficar claro é a grande importância atribuída às palavras da Escritura, independentemente do seu autor humano ou do seu contexto histórico. Não há dúvida que para o escritor as próprias palavras da Escritura são autorizadas. O uso do Salmo 8 não deixa de ser interessante, no entanto, porque esta passagem nunca foi considerada como messiânica. O contexto original é o homem, não no seu estado comum, mas, sim, no seu estado ideal, indicado pelo uso do título “filho do homem.” Na ocasião da criação, o homem recebeu domínio sobre a terra, mas desde a queda tem faltado a autoridade para sujeitar. O Salmo é apenas perfeitamente cumprido, portanto, no Homem ideal, JESUS CRISTO, sendo que somente Ele tem essa autoridade. O escritor vê um cumprimento deste Salmo de uma maneira que os judeus nunca previram. O mesmo Salmo é citado por JESUS (Mt 21.16) e Paulo (1 Co 15.27),20 ambos de uma maneira que indica que seu cum primento se acha no próprio JESUS. Que é o homem? A pergunta que forma a base desta citação aqui é mais dramática quando é colocada no seu contexto original. O salmista pensa no homem contra o pano de fundo da glória da ordem criada de modo geral. O contraste é tão marcante que a situação do homem é vista na sua perspectiva verdadeira, como assunto de solicitude especial do Criador, mas, em certo sentido, eclipsada pela glória de DEUS no universo. O filho do homem fica sendo, para o JESUS CRISTO, posto que Ele usou o título tantas vezes a respeito de Si mesmo. Ademais, a única outra pessoa que já usou o título para Ele foi Estêvão (At 7.56). Esta identificação de JESUS como Filho do homem leva ao desenvolvimento da idéia na declaração seguinte. Nosso autor não está especificamente interessado em chamar JESUS por esse título, mas claramente reconhece quão apropriada é a referência a Ele no Salmo. É notável que, quando finalmente introduz um nome em 2.9, é o nome de JESUS que escolhe.
 
HEBREUS 7. 
Por um pouco, menor que os anjos visa, no Salmo, ser uma marca da dignidade do homem. Indica a superioridade distintiva do homem sobre todos os outros seres criados a não ser aos anjos. Esta dignidade não está muito bem de acordo com a teoria evolucionária do desenvolvimento humano, porque o salmista vê que a dignidade do homem se deve diretamente à iniciativa de DEUS. Não há sugestão alguma de um processo paulatino. Aquilo que interessa principalmente ao salmista e até mesmo ao escritor aos Hebreus é a condição atual do homem. Mas o coroar de glória e honra, e a sujeição de todas as coisas, são claramente vistos de modo ideal mais do que palpável. Foi concretamente realizado em um só homem — JESUS CRISTO. Ele certamente foi coroado com glória, conforme Paulo indica em Filipenses 2.9ss., e a Ele todas as coisas devem ser sujeitadas, conforme demonstra Paulo em 1 Coríntios 15.27-28. O escritor reconhece aqui que o homem de modo geral não possui a autoridade sobre todas as coisas, de modo que, na seção seguinte, passa a concentrar sua atenção em JESUS.
 
HEBREUS 8.
As palavras nada deixou fora do seu domínio têm significado somente se forem aplicadas ao Filho do homem, o cumprimento perfeito do Salmo 8. Uma vez que Hebreus já disse que o Filho sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder (1.2-3), não é de se maravilhar que todas as coisas estão sob Seu controle. Quanto a isto, JESUS tem superioridade sobre os anjos. Na Sua encarnação, porém, não parecia assim, pensamento este que é ressaltado pelas palavras: ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas. Esta sujeição é considerada ainda futura, mas o escritor não tem dúvidas a respeito do seu cumprimento ulterior. Alguns consideram que a sujeição é “ao homem” e não “a CRISTO”, mas já que a primeira sujeição somente pode ser realizada através da segunda, faz pouca diferença ao significado.
 
HEBREUS 2:9
9. Agora chegamos à altura de JESUS ser chamado pelo nome, e é significante que o nome escolhido é Seu nome humano. Depois dos conceitos exaltados na primeira seção, o escritor demonstra que Ele é uma
Pessoa estreitamente identificada com o homem. Há uma mistura curiosa de ver e de não ver nesta Epístola. O escritor reconhece algumas coisas que não são vistas (cf. 2.8; 11.1-2). Apresenta uma base firme para a fé presente, naquilo que agora pode ser visto, daí a importância das palavras: vemos, todavia... JESUS. Além disto, a fim de não deixar dúvida alguma acerca do caráter da pessoa vista, combina duas idéias que parecem inicialmente ser opostas: o sofrimento da morte e coroado de glória e de honra. A idéia específica do sofrimento de JESUS entia na Epístola aqui pela primeira vez, embora seja indiretamente subentendida na referência à purificação dos pecados em 1.3. O soTrimento será um tema dominante na carta. De fato, a presente combinação de sofrimento e glória fornece a chave à compreensão do escritor quanto à fé cristã. 0 sofrimento da morte é um problema importante para todos os homens, mas é um problema muito especial para o Filho de DEUS a não ser que alguma explicação dele possa ser dada. O próprio sofrimento pertence a uma categoria um pouco menos exaltada do que a dos anjos, daí a declaração aplicada a JESUS, que, por um pouco, tendo sido feito menor qúe os anjos... (que também pode ser traduzida “que, tendo sido feito um pouco menor que os anjos”). Esta presente seção da carta é complementar à primeira seção. A glória e a honra outorgadas a JESUS são o resultado direto do sofrimento. A combinação entre as duas idéias, que é estranha ao pensamento natural, é, mesmo assim, central no Novo Testamento. Não é somente o próprio JESUS que conquista a glória através do sofrimento, mas também todos os Seus seguidores (cf. Rm 6.8ss.; 2 Tm 2.11-12). O problema da paixão de JESUS  Conforme observa Westcott: “Em ‘o Filho do homem’ (JESUS), pois, há a certeza de que a soberania do homem será ganha.” fica transformado em caminho para a glória, uma vez que é reconhecido que o DEUS que outorga a glória é Aquele que permite o sofrimento. O resultado do sacrifício e da glorificação de JESUS é declarado assim: para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todo homem. Posto que provar a morte é sinônimo de padecer a morte, esta declaração constitui-se em enigma para o intérprete, e muitas sugestões têm sido feitas. A questão é complicada por um texto alternativo: chòris (à parte de DEUS) ao invés de chariti (pela graça de DEUS), que é passível de várias interpretações. Aceitando “graça” como o texto melhor atestado, a ênfase no provar da morte deve cair sobre seu resultado, ou seja: “por todo homem.” É importante notar que a morte de JESUS está relacionada como homem, não somente coletivamente, como também individualmente. Embora o grego pudesse ser compreendido como sendo uma referência a “tudo,” ou “todas as coisas,” o pensamento principal na presente passagem é tão claramente pessoal que “todo homem” é o significado mais provável. Se o texto alternativo for considerado, introduziria uma declaração estranha, porque então seria dito que a morte foi provada “à parte de DEUS.” Isto presumivelmente significaria que JESUS morreu à parte da Sua divindade (o sentido em que os nestorianos o entendiam), ou que a referência dizia respeito a DEUS abandonando-0 no sentido do Seu grito de desolação na cruz (Mt 27.46), ou que somente DEUS estava isento dos resultados da morte de JESUS (cf. 1 Co 15.27). Mesmo se o próprio texto fosse melhor atestado, as possíveis explicações estão menos em harmonia com o contexto do que o texto “pela graça de DEUS,” que explica a provisão feita em prol de JESUS enquanto Ele provava a morte.
(iv) Sua obra em prol dos homens (2.10-18)
 
HEBREUS 2:10
10. Há uma conexão direta entre a declaração que acaba de ser feita e as palavras que a seguem, i.é: Porque convinha. Talvez não pareça óbvio de início porque a morte de JESUS convinha. Realmente, isto sempre tem apresentado um problema aos teólogos que se esforçaram para explicar a conveniência dos sofrimentos de JESUS. Deve ser lembrado que para Héring, pág. 17, prefere o texto “à parte de,” embora não seja apoiado por muitos MSS, poique é o texto mais difícil. Mas o texto alternativo tem tão mais apoio que deve ficar. A variante surgiu, sem dúvida, por causa do problema de pensar na graça como um instrumento da morte. R. V. G. Tasker: NTS 1 (1954-5), pág. 184, considera este último texto como uma correção baseada em 1 Co 15.27. Cf. também J. C. O’Neill: “Hebrews 11.9,” JTS 17 (1966), págs. 79-82, que o entende no sentido de “longe de DEUS” num sentido espacial. os judeus a idéia de um Messias sofredor era repugnante, e a declaração cristã de que deve ser vista neste prisma. Além disto, do ponto de vista do homem, com seu senso de necessidade, era altamente conveniente que a graça de DEUS fosse estendida na sua direção, seja qual for a razão para o método empregado. Alguns talvez sintam que julgar o que convém é um assunto por demais subjetivo, mas não é assim com DEUS, que nunca pode fazer alguma coisa indigna ou inapropriada . Seja qual for a razão da cruz, não há dúvida de que ela revela fortemente a natureza de DEUS. É neste sentido que convinha. A expressão aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem poderia referir-se ou a DEUS Pai ou a JESUS, mas tendo em vista a declaração de que o agente da criação aperfeiçoou a JESUS, o Autor (archègos), a primeira interpretação deve ser a correta. A mesma expressão é aplicada a DEUS em Romanos 11.36. A idéia da posição exaltada de JESUS (como no capítulo 1) acrescenta relevância enorme aos Seus sofrimentos (como aqui), como se a totalidade da ordem criada fosse projetada conforme o princípio de que a glória pode ser obtida através do sofrimento. É importante, outrossim, notar que a atividade criadora de DEUS é estendida da criação material para o âmbito espiritual e pessoal (conduzindo muitos filhos à glória).23 A seqüência do pensamento expressa as multiplicações da glória. Não somente o Filho foi coroado de glória, como também Sua glória é compartilhada com aqueles a quem salva. A expressão aqui é sugestiva, porque é visto que o propósito dos sofrimentos de JESUS é vicário, ou seja: atinge seu clímax no seu efeito sobre outras pessoas. A idéia de JESUS como o Autor da salvação é outra figura de linguagem sugestiva, porque a palavra (lit. “pioneiro”) significa aquele que vai à frente e mostra o caminho. A implicação é que se JESUS não tivesse marcado o caminho, não teria havia salvação alguma. O pioneiro, neste sentido, é mais do que um exemplo para os outros seguirem. Sua missão é fornecer a base sobre a qual a salvação pode ser oferecida a outros. A palavra archègos (“pioneiro,” ARA “Autor”) ocorre outra vez em Hebreus 12.2, onde, como aqui, é ligada com a idéia da perfeição. Fica claro que este conceito era importante na mente do escritor. Ocorre também em Atos 3.15; 5.31, nas duas ocasiões como uma descrição de JESUS. Neste último (23) Surge um problema, no entanto, acerca do tempo da palavra “conduzindo” (agagonta, um particípio aoristo). O aoristo parece ser usado com o sentido de um tempo presente, expressando uma ação simultânea. caso é declarado que DEUS exaltara JESUS a esta posição [“Príncipe” em ARA]. O título “pioneiro” é, portanto, um título de honra. É significante, ainda, que em Atos 5.31 é ligado com o título de “Salvador,” uma combinação de idéias que tem estreito paralelo aqui. A idéia da perfeição destaca-se nesta Epístola, mas seu significado quando é aplicada a CRISTO é diferente de quando é aplicada aos crentes. No caso dEle, Ele já era perfeito. Alguns intérpretes alegam que DEUS levou Seu Filho a uma perfeição que não tinha anteriormente.24 Mas isto parece subentender graus de perfeição, conceito este que levanta dificuldades consideráveis ao ser aplicado a JESUS CRISTO. O significado é mais “levar a um estado completo,” no sentido de que o sofrimento era necessário antes de JESUS ser o pioneiro completo da salvação, ou o Sumo Sacerdote perfeito.25 Não precisava do sofrimento para Sua própria salvação, mas era indispensável para os outros serem salvos. Sem quaisquer explicações teóricas, o escritor pressupõe, em comum com todos os escritores do Novo Testamento, que os sofrimentos de CRISTO e a salvação dos homens estão inextricavelmente vinculados entre si.
 
HEBREUS 2:11-12
11. Outro tema que volta a ocorrer nesta Epístola é o da santificação, que aqui é apresentado pela primeira vez (cf. 9.13; 10.10, 14, 29; 13.12). É importante estabelecer o significado exato da idéia. O uso comum
do teimo “santificar” é tomar santo, mas isto não pode aplicar-se a JESUS CRISTO. Nem é este significado o sentido original da palavra, porque é usada no Antigo Testamento com referência tanto às ofertas levíticas quanto ao povo ao qual as ofertas eram aplicadas. Naquele caso, “santificar” significava colocar de lado para um propósito sagrado, sentido este que certamente é mais aplicável a JESUS CRISTO. O que santifica, aqui, é o Autor da salvação, que mesmo assim santificou aos outros, leva-os para uma experiência através da qual Ele mesmo passou. Está separando-os para a salvação. Aqui o enfoque da atenção não recai, porém, no ato da santificação, mas, sim, na origem comum do que santifica e dos santificados, i.é, o próprio DEUS. Desta maneira, vê-se que a obra de CRISTO é efetuada, tanto na sua conclusão quanto na sua aplicação, pelo próprio DEUS. Além disto, enviar o Filho numa missão de sofrimento surgiu da mesma origem - do amor de DEUS para com a humanidade e do Seu desejo de fornecer um meio eficaz de salvação. A estreita conexão entre o santificador e os santificados é vista, ainda mais, no fato de que aquele não se envergonha destes. De fato, os santificados são considerados como irmãos. Isto segue a idéia semelhante em Romanos 8.29 (cf. também Jo 20.17), e o pensamento adicional de que os crentes são co-herdeiros com CRISTO (Rm 8.17). Pode-se perguntar por que a idéia de envergonhar-se é introduzida para então ser rejeitada. Uma rejeição semelhante da vergonha é achada em Hebreus 11.16, onde DEUS não Se envergonha de ser chamado o DEUS dos patriarcas que morreram na fé. Como contraste, podemos notar que JESUS disse que o Filho do homem Se envergonharia daqueles que se envergonhassem dEle (Mc 8.38). Aqueles que se identificam com JESUS compartilharão da Sua glória. Longe de Se envergonhar deles, Ele Se deleitará em considerá- los Seus “irmãos.” Não poderia haver maior contraste entre o destino dos crentes e dos descrentes. A vergonha e a glória são mutuamente exclusivas.
 
12. Seguem-se três citações, sendo que todas elas visam demonstrar o estreito relacionamento entre CRISTO e Seu povo. A primeira vem do Salmo 22, que os cristãos primitivos reconheciam como um salmo messiânico. Sua aplicação mais poderosa era a citação das suas palavras iniciais por JESUS na cruz. O clamor de abandono estava perfeitamente adaptado à situação patética do Justo que morria pelos injustos. Mas a parte do Salmo citada aqui é a declaração inicial da conclusão mais triunfante (v. 22). A despeito dos sofrimentos da primeira parte, o salmista agora irrompe numa asseveração confiante: A meus irmãos declararei o teu nome. O paralelo com CRISTO é imediatamente aparente. Ele, também, foi identificado com Seus irmãos além de passar pelo sofrimento em prol deles. Os cristãos não deixaram de perceber quão notavelmente apropriado era este Salmo ao ser aplicado a JESUS CRISTO. Que um Salmo que começa com um clamor de desolação termine com um cântico de louvor é relevante para o propósito do presente escritor, porque vê o sofrimento à luz da glória final. As palavras no meio da congregação são significantes porque a Septuaginta, que aqui é citada, usa a palavra ekklèsia (“igreja”) para descrever a companhia dos irmãos.
 
HEBREUS 2:13
13. A segunda citação pode ter sido tirada de Isaías 8.17 ou 2 Samuel 22.3, mas de qualquer forma um “eu” (ege) enfático é acrescentado. Claramente, quando é aplicada a CRISTO, a ênfase pessoal tem um significado diferente dos contextos originais. É, na realidade, uma declaração notável nos lábios do Messias — eu, até mesmo eu, o Messias, porei nele a minha confiança. Neste aspecto, o Messias coloca-Se em pé de igualdade com Seus irmãos, o que prepara o caminho para a declaração posterior no v. 14 de que compartilha da natureza deles. Esta atitude de confiança é vista amplamente na vida de JESUS e fica especialmente em evidência no Evangelho segundo João, onde todas as facetas dos Seus movimentos e pensamentos são reconhecidas como estando de acordo com a vontade de DEUS. Parece certo que o escritor tinha em mente a passagem de Isaías nesta segunda citação, porque a segue com outra citação da mesma passagem (Is 8.18). O propósito da terceira declaração: Eis aqui estou eu, e os filhos que DEUS me deu, não fica óbvio à primeira vista, porque as palavras originalmente se referiam aos filhos do próprio profeta. Isaías se via ligado com seus filhos no serviço de DEUS, porque reconhecia que os filhos eram “sinais” dados por DEUS. Esta identificação do profeta com seus filhos como sinais tem seu paralelo no pensamento do escritor com a estreita ligação entre CRISTO e Seu povo, que leva de modo natural para
a importante seção seguinte.
 
HEBREUS 2:14-15
14. O escritor reflete sobre a encarnação e a missão de JESUS. Era necessário que Ele Se tomasse homem porque Seus “filhos” eram de carne e sangue, um modo algo inesperado de expressar o fato. Mesmo assim, a idéia fica bastante clara. Vale notar que no texto grego a ordem é sangue e came. Tem sido sugerido que “sangue” se refere ao derramamento do sangue de CRISTO, que depois é citado como sendo a razão para Ele Se tomar came, i.é, a expiação exigia a encarnação. Para libertar o homem, JESUS CRISTO teve de compartilhar da natureza dEle. Aqui estamos na presença de um mistério. O fato de que destes também ele, igualmente, participou resume a perfeita humanidade de JESUS. Quando esta declaração é contrastada com as declarações no capítulo 1 acerca da Filiação divina de JESUS, o mistério se aprofunda. Sua superioridade aos anjos é contrastada com Sua igualdade com o homem. Nunca haverá uma explicação plenamente satisfatória destas duas facetas da Sua natureza, porque o homem não tem nenhum ponto de referência apropriado para pautá-las. Não existem analogias humanas. O escritor não se preocupa com o debate teológico: quer demonstrar quão estreitamente JESUS CRISTO Se identifica com Seu povo. É significante que um verbo diferente (meteschen) daquele que é usado (kekoinònèken) para descrever aquilo de que os filhos participaram é usado para descrever aquilo de que JESUS participou. Embora não haja nenhuma diferença essencial de significado, a mudança do tempo do perfeito para o aoristo sugere que a adoção por CRISTO da natureza humana é um ato específico no tempo; veio a ser o que não era antes (i.é, um homem). Mais uma vez, a morte é mencionada. É feita a declaração de que para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder de morte, que claramente ressalta o efeito poderoso da morte de CRISTO comparada com as mortes de todos os outros homens. Na Escritura, a morte é o resultado do pecado. A história de Gênesis confirma este fato. É apoiado nas Epístolas paulinas (cf. Rm 5,12). É básico para o ensino neotestamentário sobre a morte e a ressurreição de CRISTO. Por causa da ressurreição de CRISTO, a morte agora perdeu seu “aguilhão,” o que demonstra que possuía um aguilhão (1 Co 15.15), identificado por Paulo como sendo o “pecado.” Não admira que Hebreus fale do “pavor da morte.” É, portanto, paradoxal que CRISTO usou a morte como meio de destruir a malignidade da morte. Mas a diferença entre Sua morte e todas as outras acha-se no fato da Sua impecabilidade. A morte, para Ele, foi causada pelos pecados doutros homens. É difícil imaginar a transformação completa que veio às mentes dos discípulos primitivos ao avaliarem a morte quando vieram a explicar porque JESUS morreu. A idéia de que o diabo tem o poder da morte está em perfeita concordância com outras passagens do Novo Testamento a respeito do seu poder. A morte é a pior inimiga do homem, mas percebe-se que muitas outras desgraças humanas procedem da mesma origem (e.g. a mulher encurvada é descrita como tendo sido mantida presa por Satanás, Lc 13.16). O poder assim exercido não é absoluto e é aplicado apenas ao homem no seu estado nâo-redimido, como fica claro no fato de que a morte de CRISTO trouxe libertação ao homem e destruição ao diabo. Estas duas são mais potenciais do que atuais, porque o diabo ainda está ativo e a maioria dos homens ainda teme a morte. Apesar disto, a morte e a ressurreição de JESUS demonstraram de uma vez por todas que o diabo já não é senhor da morte. Para uma variação deste tema da vitória, cf. Colossenses 2.15. Nesta Epístola, a salvação envolve mais do que uma libertação do pecado, porque inclui uma libertação completa da escravidão a Satanás.
 
15. A libertação que JESUS CRISTO trouxe é para todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. A idéia da escravidão é familiar em várias partes do Novo Testamento, mas a palavra empregada aqui (douleia) ocorre fora daqui somente em Romanos (8.15, 21) e Gálatas (4.24; 5.1); em nenhum destes casos refere-se à escravidão e a morte A maioria dos homens rejeita a noção de que está escravizada, conforme fizeram os judeus no seu debate com JESUS (Jo 8.33). Ofende seu orgulho. Esta é uma das razões principais porque o assunto da morte é tão freqüentemente evitado, porque os homens honestos teriam de confessar, doutra forma, sua escravidão ao temor dela. É o único fato que, segundo universalmente se admite, é aplicável a todos os homens. Todos os homens sabem que devem morrer, mas nem todos os homens se reconhecem como pecadores. Além disto, a morte não leva em consideração as pessoas. É a grande niveladora de todas elas. Qualquer poder, portanto, que remove seu terror é uma bênção aplicável a toda a humanidade. A abordagem cristã à morte traz libertação completa. Somente os que recusam o dom gratuito da libertação ainda estão nas suas garras.
 
HEBREUS 2:16
16. O pensamento do escritor oscila de volta para o tema dos anjos, e reconhece imediatamente que aquilo que acaba de dizer não tem relevância para eles. Surge à sua memória Isaías 41.8-9, onde “a descendência de Abraão” é mencionada como o servo escolhido de DEUS. Noutras palavras, uma servidão é trocada por outra, mas a troca é muito desigual, visto que os que servem ao diabo não têm a categoria dos que têm a descendência de Abraão. Os anjos não estão incluídos no ato da libertação, visto não terem necessidade dele. O escritor pode ter concentrado sua atenção nos descendentes de Abraão porque a Epístola é endereçada aos Hebreus. Deve ser lembrado, no entanto, que quando Paulo escreveu para a igreja predominantemente gentia em Roma, podia falar de Abraão como sendo “nosso pai segundo a carne” (Rm 4.1), ao passo1 que JESUS ressaltou que os filhos de Abraão são aqueles que fazem o que Abraão fazia (Jo 8.39). Num sentido espiritual, os filhos de Abraão incluem todos quantos participam da sua fé, e deve ser este o sentido segundo o qual esta passagem deve ser entendida (cf. também Rm 4.11). Deve também ser notado que Mateus e Lucas demonstram que o próprio JESUS, historicamente, foi um descendente de Abraão (Mt 1, Lc 3 nas respectivas genealogias).
 
HEBREUS 2:17
17. Possivelmente, foi o pensamento do Salmo 22.22, que o autor já havia citado (v. 12), que o levou a reenfatizar a necessidade de JESUS CRISTO Se tomar semelhante aos irmãos. Esta é essencialmente uma reafirmação do v. 14, e o acréscimo significante das palavras em todas as coisas chama a atenção à humanidade completa e perfeita de JESUS. Sua reafirmação a esta altura permite ao autor introduzir o assunto principal da carta, o tema do Sumo Sacerdote, embora não seja desenvolvido até o capítulo 5. A passagem interveniente prepara para o mesmo tema por outro caminho. Certos aspectos importantes do caráter e da obra do Sumo Sacerdote são mencionados, mas não são expostos aqui como o são mais tarde na carta. No que diz respeito ao Seu caráter, nosso Sumo Sacerdote (i.é, JESUS), é declarado misericordioso e fiel. A primeira destas palavras ocorre somente aqui nesta carta. Sua única outra ocorrência, realmente, é nas Bem-aventuranças, onde a misericórdia é prometida aos misericordiosos. Apesar disto, a idéia de mostrar misericórdia (o verbo e não o adjetivo) é freqüente e pode ser declarada uma característica predominante da atitude de DEUS para com os homens. A misericórdia, no entanto, não era uma qualidade exigida daqueles que serviam na ordem arônica do sacerdócio, embora, segundo 5.2, o sumo sacerdote devesse ter alguma capacidade de tratar com compaixão os inconstantes. A idéia da fidelidade é ainda mais dominante no Novo Testamento e volta a ocorrer em quatro outros lugares nesta Epístola (3.2; 5-6; 10.23; 11.11), sendo que em todas as referências, menos uma, trata-se da fidelidade de DEUS. A fidedignidade
absoluta é indispensável para que a missão de JESUS seja permanente, e o escritor não tem dúvida alguma de que Ele é completamente fidedigno. Desenvolve este tema à medida em que estende sua discussão
no capítulo seguinte. A fidelidade no caso de nosso Sumo Sacerdote é especificamente ligada às coisas referentes a DEUS (ta pros ton Theon), i.é, aqueles aspectos da obra de um sacerdote que são dirigidos a DEUS, sendo que o aspecto mais notável é fazer propiciação pelos pecados do povo. O verbo usado (hilaskomai) não é, de modo geral, seguido por um objeto que denota a coisa propiciada. Este é, portanto, um uso lingüístico notável. O significado é “fazer propiciação pelos pecados.” O verbo ocorre no Novo Testamento somente em Lucas 18.13, embora haja muitas ocorrências do seu uso na Septuaginta. Em Lucas, é usado no clamor do publicano, implorando misericórdia. Quando é relacionado com os pecados, sua função é fornecer um terreno comum para o pecador e Aquele contra quem o pecado foi cometido. Vale notar que a propiciação (idéia expressa em linguagem sacrificial típica, altamente apropriada para o conceito do sacerdócio), conforme é declarado, é pelos pecados do povo ao invés de “pelo pecado” de modo abstrato. O plural toma a providência mais pessoal. Muitos estudiosos fazem objeção à tradução “propiciação” para o grego hilaskomai, porque faz surgir idéias de aplacar uma divindade irada. Mas isto nunca está em vista no uso da palavra no Novo Testamento, onde é o próprio DEUS quem faz a propiciação (cf. Rm 3.25) com Seu profundo amor para com a humanidade (Rm 5.8). Os substantivos cognatos são usados em Hebreus 9.5; Romanos 3.25 e 1 João 2.2; 4.10. Em todas estas ocorrências o propósito da propiciação é a restauração de um relacionamento previamente quebrado entre DEUS e o homem, ocasionado pelo pecado do homem.
 
HEBREUS 2:18
18. Um pensamento totalmente diferente conclui este capítulo, embora decorra do fato de JESUS CRISTO ter sido feito como Seus irmãos. O problema da tentação sempre está presente com o homem, mas até que ponto é possível pensar em CRISTO sendo tentado da mesma maneira? Nosso escritor está convicto de que a capacidade de CRISTO de ajudar aqueles que são tentados depende da Sua experiência da tentação. Para compreender a presente declaração (Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado), é essencial notar que a tentação é ligada com o sofrimento. Tem sido sugerido que os sofrimentos de JESUS eram aqueles causados pela fraqueza humana: o medo, a mágoa e a dor causados por ferimentos físicos.29 Mas os sofrimentos de JESUS foram principalmente aqueles envolvidos no Seu cargo messiânico, e incluíam mais do que o sofrimento físico. Posto que o sofrimento é especial, assim também é a tentação. O ponto de contato entre JESUS CRISTO e Seu povo não é tanto em paralelos
entre a natureza e a forma da tentação, mas, sim, no fato de que os dois sofrem uma experiência da tentação. A consideração é ressaltada mais claramente em 4.15. Ao comentar aquele versículo será discutido o problema teológico levantado pela tentação de CRISTO. Por enquanto, o pensamento importante é que CRISTO é poderoso para socorrer, porque o tema principal desta primeira parte da Epístola é demonstrar a perfeita adequação de CRISTO para ser o representante do Seu povo no seu relacionamento com DEUS.
 
_______________________________________________
 
A Excelencia da Nova Aliança em CRISTO - Orton H Wiley - Comentário Exaustivo da carta aos Hebreus - Editora Central Gospel - Estrada do Guerenguê •. 1851 - Taquara I 11111 Rio de Janeiro - RJ I CEP: 22713-001 PEDIDOS: (21) 2187-7090 .
 
A HUMANIDADE E A HUMILHAÇÃO DE CRISTO
Vimos que o primeiro capítulo da Epístola aos Hebreus trata da majestade do Filho de DEUS, quer no Seu estado antigo, quer nas Suas relações pessoais com o Pai. Além disso, vê-se que o Filho é maior do que os anjos em dignidade e poder, mesmo no estado encarnado ou intercessório. O escritor da Epístola considera agora outro aspecto de CRISTO- não a Sua divindade, mas a Sua humanidade como o Filho do Homem em relação ao mundo dos homens. Este capítulo de Hebreus se inicia com uma admoestação e uma advertência: Portanto, convém-nos atentar, corri mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas (Hb 2.1). A conjunção portanto, ou a expressão por esta razão (ARA), liga o ensino do primeiro capítulo a respeito da glória do Filho e Sua suprema dignidade como Mediador à admoestação para com mais firmeza (ARA), ou com mais diligência (ARe), apegarmo-nos às coisas que foram ouvidas não apenas por causa da superioridade da própria revelação, mas também por causa da suprema grandeza do Revelador divino.
O advérbio perissoteros, mais abundantemente, está na forma comparativa e indica, como observou Westcott, o excesso absoluto, em vez de meramente relativo. O autor da Epístola aos i Hebreus se deteve, então, e reiterou as consequências práticas desta grande verdade. Lowrie fez a seguinte tradução e comentário: "Por esta razão, devemos mais abundantemente dar ouvidos (ou atenção) às coisas que foram ouvidas, para que, por acaso, não nos desviemos delas". A expressão mais abundantemente denota comparação, mas não se ttata de atenção mais zelosa do que fora dada à revdação anterior nem mais do que seria necessária se a presente revelação tivesse sido feita por um agente não superior aos agentes anteriores. Existe progresso no pensamento no sentido de um motivo adicional para ouvir, derivado do que se descreveu quanto ao serviço dos anjos. O significado é: mais abundante atenção do que seria necessária se o anjo não fosse incumbido de tal serviço. (LoWRIE,An explanation ofthe Epistle to the Hebrews, p. 31)
 
PRIMEIRA ADVERTÊNCIA: CONTRA A NEGLIGÊNCIA
Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas. Hebreus 2.1
Esse aviso contra a negligência é o primeiro de uma série de advertências com significado cada vez mais profundo espalhadas pela Epístola. A veemência crescente destes avisos assinala os estágios de declínio natural nas coisas espirituais e pode somente provar ser de valor para aqueles que guardam finne a confiança e a glória da esperança até ao fim (Hb 3.6b). A advertência se encontra em meio à discussão sobre os anjos e separa o argumento da primeira parte, em que CRISTO é apresentado como superior a eles (Hb 1.4-14), da última parte, em que os anjos são considerados superiores aos homens (Hb 1.5-7). Stuan (p. 285) disse -que a palavra negligência (áf1EAiJaavrccç) é claramente enfática e significa tratar com completo desrespeito ou desdém, qual o que faz supor a apostasia. A palavra salvação ( O"W'IT]QLa) refere-se à religião cristã com todas as suas bênçãos prometidas e tremendas ameaças .
1. O significado do termo negligência
A palavra amelesantes, traduzida como negligência, significa literalmente desviar-se, apartar-se ou errar o alvo, como "um navio que, na violência dos elementos, não consegue chegar ao porto" (Lutero).
A idéia não é simplesmente de esquecimento, mas a de ser arrebatado quando se estava perto de ancoradouro seguro. A imagem é singularmente expressiva. Todos nós estamos continuamente expostos à ação de correntes de opinião, de hábitos, de ações, que tendem a arrebatar-nos da posição em que devíamos manter-nos. (WESTCOTT, Commentary on the Epistle to the Hebrews)
Vaughan observou que essa palavra [amelesantes, negligência] designa o descaso dos convidados para as bodas, na parábola contada por JESUS em Mateus 22.5, e traz em si a ideia de menosprezo, mais do que a noção de recusa ao convite. No caso dos cristãos judeus, suas recorrentes associações às tradições judaicas levavam-nos de volta ao judaísmo, o sistema religioso a que tinham renunciado para abraçar a fé cristã. [Por isso, ao instar que os cristãos judeus atentassem com mais diligência para as coisas que tinham ouvido sobre CRISTO e a salvação] Advertiu o escritor da Epístola de que um dos maiores perigos para o cristão é precisamente estar ocioso em Sião, deixando que a alma fosse removida aos poucos, imperceptivelmente, dos hábitos de oração, meditação, comunhão espiritual, perdendo a clara consciência da presença de DEUS. Como urn quadro que desbota, a experiência cristã [sem a diligência quanto às coisas espirituais] vai tornando-se sutilmente vaga e insatisfatória. Esse fato leva a crer que um número maior de almas se arruína ao desviarse, descuidada e inconscientemente, de sua ancoragem, mais do que as que são tomadas por súbitos conflitos satânicos.
 
2. A palavra falada por anjos (Hb 2.2)
Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição. Hebreus 2.2
A comparação entre CRISTO e os anjos continua neste trecho, mas sob um ponto de vista diferente. Não é uma comparação entre duas classes de sujeitos. Propõe-se, porém, a salientar a grande diferença essencial entre suas manifestações. A principal característica da instrumentalidade dos anjos, que o autor da Epístola sugere, é a de proibições e ordens, pois isto se acha implicado nas palavras transgressão e desobediência (Hb 2.2). Os israelitas haviam recebido justo castigo, pelo qual o autor da Epístola evidentemente dá a entender os julgamentos punitivos que lhes foram infligidos durante o período da peregrinação no deserto (Hb 3.7 -19). Contudo, a obra de CRISTO, o Filho, é de salvação, daí ser adiante expressa como tão grande salvação (Hb 2.3a). O contraste entre as palavras faladas pelos anjos e por CRISTO traz em si a mesma ideia que os termos Lei e graça, usados no sentido mais abstrato por Paulo na Epístola aos Gálatas. Em Hebreus, todavia, os termos anjos e CRISTO são mais concretos e pessoais. Como a Lei foi o mestre-escola para levar-nos a CRISTO, a dispensação dos anjos, que introduziu a Lei com todas as suas gloriosas sanções, foi a preparação para a obra do Filho de DEUS. E, como a foi dada pela dispensação dos anjos, assim também foram eles incumbidos da sua execução. Isso foi ilustrado com clareza por duas parábolas de JESUS: (1) a do joio: Mandará o Filho do Homem os seus anjos, e eles colherão do seu Reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniqüidade. E fançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes (Mt 13.41 ,42); e (2) a da rede, em que nosso Senhor diz: Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E /ançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes (Mt 13.49,50). Está claro que os anjos reunirão os ímpios para o castigo, de sorte que se pode dizer, em certo sentido real, que a grande salvação de CRISTO é uma concretização da palavra falada pelos anjos e a redenção, pela graça, daqueles que estão sob a Lei. O vocábulo transgressão, parabasis vem da raiz da palavra para-baino Significa cruzar a linha, transgredir, e também partir ou desertar (At 1.25). O termo desobediência, parakoe, provém de parakouo, que significa ouvir negligentemente ou com desrespeito (Mt 18.17). O justo castigo (Hb 2.2b ARA) foi para aqueles que cruzaram a linha, transgrediram; desertaram da fé; que ouviram com negligência a palavra anunciada pelos anjos. O autor da Epístola indaga: Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação? (Hb 2.3a). F. B. Meyer chamou essa colocação de a "pergunta irrespondível". Não existe possibilidade de fuga. Os olhos divinos veem todo pecado, e todo pecador está debaixo da ira de DEUS. Onde o sangue do cordeiro não estava na ombreira das portas, morreu o primogênito de toda família do Egito; quando os israelitas se recusaram a entrar na Terra Prometida, os seus corpos caíram no deserto. Alguns pressupõem haver uma indevida brandura na religião neotestamentária, isto é, a crença de que um DEUS de amor não punirá a impiedade e que a fé é somente uma consciência luminosa de que tudo, de algum modo, há de terminar bem. Ao contrário, a vida cristã é severa e intensa, o oposto mesmo da divagação nas correntes deste mundo. Se os da dispensação antiga, a quem DEUS falou por intermédio dos profetas, foram punidos com cruel destruição por seus pecados, como esperaremos nós, que vivemos na dispensação daquele que é a Luz do mundo e o Autor de tão grande salvação? ,, f E a advertência não se refere apenas às transgressões e aos pecados realmente praticados; é especificamente contra o simples desviar-se. " Não dispensar a devida atenção, deixar de confiar no sangue de JESUS que expia os pecados, não dar a DEUS Sua medida plena de devoção -são estas coisas que não somente tornam a fuga do juízo impossível, mas intensificam a severidade do castigo para aqueles que negligenciam tão grande salvação.
 
A GRANDE SALVAÇÁO
Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando DEUS testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do ESPÍRITO SANTO segundo a sua vontade. Hebreus 2.3,4 ARA
Faber, com seu profundo espírito devocional, disse: Salvação! Que música existe nesta palavra; música que sempre desperta, ainda que sempre nos repouse! É-nos vigor durante as manhãs e paz ao anoitecer. É urna canção que está sempre soando no mais profundo da alma satisfeita. Os ouvidos angélicos são arrebatados por ela no céu, e mesmo o nosso Pai eterno a ouve com adorável satisfação. É agradável a Ele, cujo espírito é a música de milhares de mundos. Que significa ser salvo no sentido mais completo e absoluto? O olho não viu, e o ouvido não escutou. É salvação, e de que naufrágio! É descanso, e em que mansão inirnaginável! É reclinar para sempre no seio de DEUS em um êxtase sem fim de contentamento insaciável. --,- Esta tão grande salvação é a resposta a todos os problemas humanos. Nasceu da majestade do Filho à destra do Pai; ocorreu mediante o sangue expiatório de JESUS e foi administrada na Igreja pelo ESPÍRITO SANTO como o dom do CRISTO glorificado. É o,.runor de DEUS derramado no coração que lança fora todo o medo (1 Jo 4.18). É a paz de DEUS que excede a todo entendimento e que conserva o coração e a mente em JESUS CRISTO (Fp 4.7). É a unção que em nós habita. Essa tão grande salvação é a resposta para o problema do afrouxamento e enfraquecimento na Igreja, para a mornidão na experiência pessoal e para a falta de unção no ministério da Palavra. Tem transformado cristãos fracos em torres de fortaleza. Tem dado esplendor aos semblantes e colocado alegria no coração dos que a recebem. Tem transformado Seus ministros em chamas de fogo santo e inspirado aquela devoção a JESUS CRISTO que fez dos mártires a semente da Igreja. Deixar de tomar posse desta tão grande salvação pela fé em CRISTO é apenas revelar a enormidade do pecado da negligência ou o desencaminhamento na vida cristã. Como, pois, escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação? É a pergunta irrespondível. Não existe possibilidade de fuga. Três coisas se destacam claramente no sumário que o autor da Epístola aos Hebreus faz dos elementos que entram nesta tão grande salvação: seu anúncio pelo Senhor, sua confirmação pelos ouvintes e sua atestação divina por milagres e dons do ESPÍRITO SANTO. Adam Clarke, em seu comentário sobre esse versículo, salientou a grandeza desta salvação [pela graça, em CRISTO] em comparação com a que foi concedida aos judeus [pela Lei].
1. A dispensação judaica foi proporcionada somente aos judeus; a dispensação cristã, a toda a humanidade.
2. A dispensação judaica estava cheia de símbolos e cerimônias significativas; a cristã é a substância de todos esses símbolos.
3. A dispensação judaica referia-se, principalmente, ao corpo e ao estado exterior do homem, por meio de lavagens e purificações externas da carne; a cristã remete ao estado interior, à purificação do coração e da alma (do pecado) e da consciência das obras mortas.
4. A dispensação judaica prometia felicidade temporal; a cristã, bem-estar espiritual eterno.
5. A dispensação judaica era temporal; a cristã, eterna.
6. A dispensação judaica teve sua glória, mas ela nada é quando comparada com a glória excelsa do evangelho.
7. Moisés administrou a primeira dispensação; JESUS CRISTO, o Criador, Governador e Salvador do mundo, a última. Esta é uma grande salvação, infinitamente além da judaica; é tão tremenda que nenhuma língua ou pena pode descrevê-la!
 
O ANÚNCIO DA GRANDE SALVAÇÃO
A qual [salvação], começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram (Hb 2.3b), ou, mais literalmente, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor (ARA).
Os profetas foram chamados às cordas por meio das quais se faz soar a música celestial, mas o Filho foi o instrumento perfeito que deu aos homens a melodia do céu. Cada profeta acrescentou o seu próprio toque ao quadro glorioso dos dias do Filho do Homem até que, após a elaboração da figura principal, os "pintores" todos se retiraram, e a cortina desceu por um pouco de tempo. Mas a Pessoa que levantará novamente a cortina já se revelou e traçará com Sua mão, para os contemporâneos, o cumprimento final de toda a profecia.
No entanto, a expressão tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor traz em si algo fn:ais do que a expressão de Suas palavras durante o ministério terreno. Implica que o Seu ensino foi a verdadeira origem do evangelho, e seria fácil mostrar que todas as doutrinas apresentadas e ampliadas nas Epístolas tiveram sua origem em alguma verdade encontrada nos Evangelhos. Podemos, razoavelmente, crer que qualquer verdade que os apóstolos tenham-nos dado saiu, primeiramente, dos lábios do Filho do Homem. Os ensinos dos profetas que o precederam foram interpretados e selados pelas Suas próprias palavras, enquanto o futuro, aberto por Suas declarações sucintas e pelo desenvolvimento feito pelos apóstolos, é-nos certificado pelas manifestações da presença divina. Assim é que os profetas, por um lado, e os apóstolos, por outro, são para sempre justificados e confirmados em seus ensinos pelas palavras daquele que permanecia entre eles [CRISTO].
 
A CONFIRMAÇÃO DO EVANGELHO
Foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram. Hebreus 2.3c
O anúncio da grande salvação começou a ser feito pelo Senhor, mas o autor da Epístola aos Hebreus não queria que entendêssemos que estas palavras se limitaram àquelas que o Senhor falou durante o ministério terreno. JESUS mesmo disse: Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora O o 16.12). O ministério terreno foi apenas o início da grande salvação, o que é confirmado por Marcos, que começa o seu Evangelho com as palavras: Princípio do evangelho de JESUS CRISTO, Filho de DEUS (Me 1.1). Lucas, também, em seu primeiro escrito (o Evangelho), fala das coisas que lhe foram entregues pelos que [as] presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra (Lc 1.2) e, no seu segundo escrito (Atos), escreve das coisas que JESUS começou, não só a fozer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima (Atos 1.1 ,2), ao que se seguem estas palavras: Depois de ter dado mandamentos, pelo ESPÍRITO SANTO, aos apóstolos que escolhera. Isto só pode significar que os apóstolos ,. e outros, mediante a inspiração do ESPÍRITO SANTO, deviam dar í continuidade à revelação que DEUS manifestara no Filho. A palavra .· inspirada destes, que ouviram e foram testemunhas oculares, tornase também, no Novo Testamento e em seus ensinos, a Palavra do Senhor. A palavra ebabaiothe traduzida como conjinnada, expressa o aspecto enfático do pensamento em Hebreus 2.3c e é a forma verbal da mesma palavra traduzida como jinne em Hebreus 2.2. O autor da Epístola aos Hebreus enfatiza, pois, que esta salvação, que DEUS anunciou por intermédio do Filho, tornou-se tão firme como a palavra falada pelos anjos, que tornou justo o castigo de toda transgressão e desobediência. Deve-se dispensar especial consideração para o fato de que é a salvação que se confirma, não a mera declaração dela, pois o evangelho é o poder de DEUS para salvação (Rm 1.16). A confirmação, por aqueles que o ouvirarri, está na firmeza da salvação e é assim justificada por suas próprias reivindicações da vida dos que a recebem.
 
A ATESTAÇÃO DIVINA DA VERDADE
Testificando também DEUS com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do ESPÍRITO SANTO, distribuídos por sua vontade. Hebreus 2.4
O autor da Epístola considerou a origem da grande salvação no Filho, sua confirmação na experiência dos ouvintes, e agora volta sua atenção para o método pelo qual esta salvação é comunicada aos outros: quando aqueles que tinham ouvido pessoalmente o Senhor começaram a pregar esta grande salvação, testificou também DEUS com eles, no sentido de apoiá-los com testemunho adicional. A expressão testificar com eles, no grego, é oriunda de um palavra composta, synepimartyroúntos, que ocorre no Novo Testamento apenas aqui. Nesta palavra, sun (avv), com, é associativo, mas é frequentemente usado com a ideia de apoio adicional; epi (em), sobre, traz a ideia do próprio testemunho de DEUS acrescentado à Palavra pregada; ao passo que marturo1;1ntos, testemunho, é dado de quatro maneiras: por sinais, prodígios, milagres vários e dons do ESPÍRITO SANTO. A palavra semeiois, sinais, refere-se ao propósito de um milagre, significando alguém ou alguma coisa, e é o termo mais amplo por causa de sua natureza ética. O termo terasin, prodígios, é mais limitado e não ocorre sozinho no Novo Testamento. Refere-se, principalmente, ao caráter maravilhoso do milagre ou ao espanto que ele produz no que o contempla. Já dunamesin, milagres, significa poderes ou exercício do poder e assinala especialmente a instrumentalidade super-humana que o acompanha aqui combinada com poikilais, que significa variado, sendo corretamente interpretado como poderes múltiplos ou vários atos de poder, aparecendo em nossa tradução como diversos milagres. O meio final de atestação divina mencionado em Hebreus 2.4 é expresso pelos dons do ESPÍRITO SANTO (concedidos por DEUS]. A palavra traduzida como dons ou distribuições é merismois. Westcott observou que existe progresso interior a partir daquilo que é mais notavelmente exterior, como os sinais e as maravilhas, para aquilo que é mais decisivamente interior, o ESPÍRITO SANTO. Maior do que os sinais, as maravilhas e os diversos milagres é o dom do ESPÍRITO SANTO, concedido à Igreja no Pentecostes. O Filho se assentou à destra de DEUS e é o nosso Advogado lá do alto. O ESPÍRITO SANTO tem o Seu trono na Igreja e é o nosso Advogado interior. A palavra grega parácleto, traduzida como Consolador, vem de para, ir com, e cletos, os chamados, significando, portanto, aquele que vai com os chamados para fazer qualquer coisa que necessite ser feita. O ESPÍRITO SANTO é DEUS habitando na Igreja. É a terceira pessoa da Trindade, é o Senhor e o Doador da vida; o agente da purificação, inspiração, orientação e do consolo. O ESPÍRITO SANTO é o dom e o Doador. Ele é o dom do CRISTO glorificado e, por sua vez, distribuiu os próprios dons, isto é, charismata, segundo a Sua vontade. Ebrard (em Commentary on the Epistle to the Hebrews, p. 68) tem uma excelente interpretação da palavra synepimartyroimtos. Ele afirma que martyreín significa dar testemunho de uma coisa sobre a qual ainda se está em dúvida; epimartyrein é testificar sobre algo já confirmado; e synepimartyréõ é dar testemunho adicional a uma coisa em si mesma certa e confirmada por provas de outras fontes. Vaughan assevera que falta o artigo em Hebreus 2.4  - e dons do ESPÍRITO SANTO, distribuídos por sua vontade-, como geralmente acontece quando o que se tem em vista é a comunicação do ESPÍRITO SANTO. Este, pessoalmente, é 'tàay(ov. Lenski diz que é preciso mâis do que o plural distribuídos e a ausência do artigo grego com o ESPÍRITO SANTO para que isto seja um genitivo objetivo1, que considera o ESPÍRITO SANTO como o que recebe os dons, que DEUS distribui em porções. Contudo, palavras terminadas em j..l.OÇ, que expressam ação, tornam óbvio que este não é um genitivo objetivo, e sim subjetivo2; o ESPÍRITO SANTO se manifesta exatamente como quer. Em 1 Coríntios 12.11, é dito que Ele reparte particularmente a cada um como quer os diferentes dons procedentes dele. Westcott concorda com isso, mas considera que é DEUS quem dá o ESPÍRITO SANTO em diferentes graus.
 
Acerca da frase final - segundo a sua vontade (Hb 2.4 ARA) - geralmente se supõe que se refira a tudo o que a antecede. Lenski diz que ela modifica o particípio do genitívo absoluto e que isto faz que se aplique a todos os dativos3• Westcott também afirma que se aplica a tudo o que a precede.
Lowrie, contudo, assevera que: A frase [segundo a vontade - Hb 2.4 ARA] se aplica somente às distribuições do ESPÍRITO SANTO, e não a todos os outros particulares que a precedem e visa a denotar não apenas que estas distribuições livres procederam da graça livre de DEUS, mas que foram, em grande variedade, quanto à natureza e ao grau e em grande abundância. O que são relata- das principalmente são as manifestações milagrosas que acompanharam a pregação dos apóstolos e foram a prova da presença do ESPÍRITO SANTO e, a seguir, charismata, em geral (At 2.1-4; 4.31; 10.44; 1 Co 12.4-11). (WESTCOTI, Commentary on the Epistle to the Hebrews, p. 41)
Embora algumas autoridades no assunto tenham discordado quanto à interpretação, foi aprovado por todas que a expressão distribuições do ESPÍRITO SANTO denota os dons que as Escrituras nos dizem que foram concedidos aos cristãos primitivos para a divulgação do evangelho. Estes dons, conforme se acham enumerados em 1 Coríntios, eram diversos e, contudo, obra daquele mesmo ESPÍRITO [ ... ] distribuindo-[os) 1 . .como lhe apraz, a cada um, individualmente (1 Co 12.11 ARA). A expressão como lhe apraz é geralmente entendida como se referindo a tudo o que a precede. Quão solenes, pois, devem ser estes grandes ensinos com respeito à advertência que Paulo apresenta com tanta instância [especialmente em 1 Co 12.3]! Se a negligência da Lei ministrada pelos anjos foi punida com tanta severidade, não é impossível supor que um sistema introduzido pelo Filho, atestado pelo Pai e tornado eficaz pelo ESPÍRITO SANTO ficaria impune se os homens o rejeitassem. Como, pois, escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação? De modo nenhum escaparemos. Westcott afirmou que thelesis (8ÉÀT]ULç) é o exercício ativo da vontade, que se distingue de thelema, uma expressão definida da vontade. Thelesis é a vontade em ação; thelema é o objeto desejado - uma ordem ou desejo.
Lenski observou que a palavra thelesis é usada para expressar a ação como lhe apraz, e não thelema, como objeto desejado. Os apóstolos jamais operaram milagres segundo sua própria vontade, mas somente pela vontade de DEUS, e esta quanto ao tempo, ao lugar e à maneira dele.
Tendo descrito a urgência da situação que exige de seus leitores fugir à palavra pronunciada pelos anjos, dito de outra forma, esquivar-se das conseqüências inevitáveis da transgressão e desobediência àquela palavra e tendo apontado para o evangelho de CRISTO como a única salvação, em termos que demonstram a sua grandeza, o autor [da Epístola] passa a descrever como vem a ser tal salvação, isto é, uma dispensação que é fuga da anterior, revelada pela instrumentalidade dos anjos. (LOWRIE, An explanation of the Epistle to the Hebrews, p. 42).
 
A EMERGÊNCIA DE UMA NOVA HUMANIDADE EM CRISTO
Tendo advertido os seus leitores do perigo da negligência da Lei e apresentado a grande salvação como o remédio para a Queda, o escritor da Epístola aos Hebreus volta ao tema dos anjos, desta vez não para apresentar a majestade do Filho, mas para enfatizar o domínio do homem, e não dos anjos, sobre a criação:
Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos (Hb 2.5). DEUS concedeu este domínio ou soberania ao homem (Hb 2.6-8).
A seguir, no versículo 9, o escritor da Epístola traça um paralelo entre o homem em sua condição original, antes da Queda, e a emergência de uma nova humanidade em CRISTO, após a salvação. Estes pontos de vista serão analisados de maneira minuciosa.
1. O uso da palavra emergência ou aparecimento
Em nosso estudo sobre a humanidade de JESUS, usamos a palavra emergência em um sentido ponderado e cauteloso. CRISTO não foi criado separada e distintamente da raça adâmica, mas foi uma nova criação resultante da encarnação do Verbo: DEUS e o homem não se reaproximaram um do outro'por intermédio do Anjo do Senhor ou de Moisés, como na antiga aliança. Pela nova aliança, DEUS e o homem se reconciliaram pela pessoa de CRISTO, um ser teantrópico4, que era DEUS e homem ao mesmo tempo. O homem não evoluiu de outras espécies. Seu corpo foi criado por DEUS do pó da terra, mas sua natureza espiritual foi divinamente inspirada. Assim, também, CRISTO não evoluiu ela humanidade. Ele foi gerado pelo ESPÍRITO SANTO no ventre de Maria (Lc 2.35), ou seja, sendo divino, tornou-se humano (Fp 2.7); o Verbo se fez carne Uo 1.14). Como homem, tendo unido em si o físico e o espiritual, CRISTO reuniu em Sua pessoa o divino e o humano. Paulo fez esta distinção quando disse que Adão foi alma vivente, e CRISTO, espírito vivificante (1 Co 15.45). Por um lado, CRISTO é um só com o Pai em majestade e poder; por outro, elevou o homem a um novo nível de redenção. Tendo-o vivificado, tornou-o santo e trouxe-o de novo à comunhão com o Pai.
2. A supremacia de CRISTO
O escritor da Epístola aos Hebreus falou da superioridade de CRISTO sobre os anjos e da revelação por meio deles [a Lei]
5• Agora, discorre sobre outro ponto: a supremacia de CRISTO sobre aquela revelação [ver Hb 1.1-4]. Esses princípios são o fundamento das reivindicações do evangelho que o escritor da Epístola tão eloquentemente apresentou nos primeiros versículos do capítulo 2 [ver Hb 2.1-4]. Esse contraste entre a posição dos anjos e a do homem em CRISTO é enfatizado a partir do versículo 5: Porque não foi aos anjos que [DEUS] sujeitou o mundo futuro, de que falamos. Aqui, o autor da Epístola preenche o espaço entre a majestade do Filho e a fragilidade e fraqueza do homem, e o faz sugerindo que CRISTO transcende os anjos, que o domínio do Reino futuro ou do mundo futuro não será dado aos anjos, mas ao [novo] homem. Este permanecerá à frente da nova dispensação, mas em CRISTO, como se verá nos versículos seguintes. A expressão mundo futuro tem sido alvo de intenso debate, e muitos comentadores antigos têm achado que se refere à idade do evangelho. A palavra mundo, como é aqui usada, não é kosmos, universo (como em João 3.16), nem aeon, eras (como em Mateus 13.49 e Hebreus 9.26), porém oikomenen, dispensaçáo. E, como observamos no capítulo anterior, isso se dará na terra habitável. É possível, pois, que se refira ao Milênio, sendo o mundo que há de vir a terra renovada e redimida da maldição (do pecado) e completamente sujeita ao Filho do Homem. Esta segunda vinda de CRISTO será súbita e gloriosa: Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem (Mt 24.27). Deve-se compreender, então, que não apenas CRISTO, como o Unigênito, é maior do que os anjos, mas que o homem em CRISTO é também superior, porque lhe é possível ter íntima comunhão com DEUS, uma potencialidade que não pertence aos anjos [O novo homem possui a natureza de CRISTO, sendo um com Ele e, consequentemente, com o Pai, o que não ocorre com os anjos. Ver Jo 17.21]. Essa superioridade do homem em CRISTO sobre os anjos encontra-se em Hebreus 1.14: Não são porventura todos eles [os anjos] espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação? Quando o homem se assentar com CRISTO no Seu trono, continuará sendo servido pelos anjos. Um passo além na transição dos anjos, como mediadores, para o novo homem, como mensageiro da Palavra de DEUS, encontra-se na admiração do salmista de que DEUS visite a fragilidade do homem: Mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? (Hb 2.6; compare com Sl 8.4).
Esse versículo foi tirado da Septuaginta palavra por palavra, exceto uma expressão que foi orp.itida. É provã'vel que a omissão se deva ao fato de ser mera repetição da última expressão, e não se encontre no texto original, escrito em hebraico. A identificação vaga nas palavras em certo lugar, testificou alguém, de maneira alguma implica que o escritor da Epístola fosse ignorante quanto à identificação própria; trata-se, antes, de um tributo à familiaridade dos judeus com suas próprias Escrituras. Esta ausência de caracterização se encontra em Hebréus 4.4 (e também foi usada nos escritos de Fílon6). Crisóstomo7 disse que [a expressão em certo lugar, em Hebreus 2.6] "não pretende esconder nem revelar aquele que testifica, porém, indica que a fonte era bem conhecida pelos leitores versados nas Escrituras". Acima de tudo, é questão irrelevante para o autor da Epístola quem disse tais palavras; elas se encontram nas Escrituras Sagradas e são, portanto, a Palavra inspirada de DEUS. Este é o fato de importância absoluta. Para referir-se ao homem, é usada uma palavra que indica um ser frágil, talvez o homem depois da Queda. Isto apenas aumentaria a admiração do salmista de que DEUS visitasse o homem. Os termos homem e Filho do Homem talvez sejam usados para formar o paralelismo poético tão comum na literatura hebraica. Surge a pergunta: Por que o escritor da Epístola usou o Salmo 8, em vez de a declaração sobre a criação do homem que se encontra em Gênesis 1.26-28? É porque no primeiro texto se encontra a palavra anjos, que o auxilia em sua tarefa de marcar o contraste que estamos analisando. No Salmo 8.5b, a distinção entre os anjos e o homem torna claro que este tem uma glória peculiar. Isto destrói a suposição que poderia ser feita sobre a declaração que se encontra na primeira parte do versículo, de que o homem é pouco menor do que os anjos, ou seja, de que tudo o que concerne aos assuntos humanos estaria sujeito aos anjos. Não, o homem penence a uma [espécie e] hierarquia distinta[s], tem um campo de atuação próprio, e estas coisas, bem como o seu domínio sobre tudo o que foi criado, são o motivo de ele ser coroado com glória e honra.
 
O HOMEM NO SEU ESTADO ORIGINAL, COMO DEUS O FEZ
Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. 1. Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos (Hb 2.7a)
Hebreus 2.7,8a r No texto hebraico do Salmo 8.5, a palavra anjos é elohim, às vezes traduzida como filhos de DEUS ou deuses [ver SI 82.1; 86.8]. A palavra hebraica comum para anjos é malak ou mensageiro, e o uso J' de elohim neste lugar pretendia evidentemente dar a ideia de anjos ·. I como seres sobrenaturais. Em uma tradução literal, o texto hebraico ' seria: "Tu o fizeste menos que DEUS" [como vemos na NTLH], mas L o autor da Epístola aos Hebreus cita o texto da Septuaginta, onde se : lê: um pouco inferior aos anjos. ;- Nosso Senhor JESUS, na controvérsia com os judeus, confirmou a primeira interpretação quando citou um versículo do Salmo 82: Eu disse: sois deuses? Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de DEUS, e a Escritura não pode falhar, então, daquele a ! quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei: sou Filho de DEUS? Oo 10.34-36; Sl 82.6a ARA). É provável que o significado real das palavras um pouco menor do que os anjos seja algo acima da natureza, porém menor que DEUS, daí o uso da palavra anjos na Septuaginta. To da via, esta tradução não revela com tanta força como em hebraico a ideia da natureza divina expressa na frase: O homem foi criado à imagem e semelhança de DEUS- palavras jamais pronunciadas a respeito de outra criatura, seja no céu, seja na terra. As palavras brachu ti (j3Qaxú n), literalmente, um pouco, podem significar ou um pouco de tempo ou em menor grau. Westcott e outros sustentaram que se referem ao grau, e esta parece ser a nossa primeira impressão ao ler o texto ou o Salmo do qual foi tirado. Muitos comentadores, coritudo, opinam pelo aspecto temporal, sustentando que por um pouco se remete à condição atual do homem, mas não ao seu alvo final, que, em CRISTO, transcenderá até a glória dos anjos. O verbo fizeste, elattosas, é curioso por conter a ideia de aumento daquilo que foi originalmente criado. É o mesmo verbo que João Batista usa quando diz: É necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3.30). A despeito de os anjos serem dotados de maiores dons do que o homem e de terem um corpo espiritual, não sendo limitados pela matéria, como o homem (2 Co 4.7), este terá algo em comum com os anjos: a imortalidade. Foi o que nosso Senhor deixou claro quando, ao falar dos filhos da ressurreição, disse: Porque já não podem mais morrer, pois são iguais aos anjos (Lc 20.36ab).
A expressão um pouco menor [em Hebreus 2.7], portanto, aplica-se mais provavelmente ao homem no estado decaído, estando sujeito à morte. Existem dois outros pontos a serem ressaltados sobre esse texto:
1. O fato de o homem ser comparado aos anjos indica que ele está mais intimamente relacionado com a ordem espiritual acima dele do que com a abaixo dele. Isto é prova de sua filiação divina, e contraria a visão do homem como fruto de um mero processo natural [de evolução da espécie].
2. O homem pertence a uma categoria e tem uma glória peculiar, que é distinta da dos anjos e, em sua finalidade última, transcende a deles. O homem é capaz de receber o Salvador na pessoa do Filho de DEUS, que encarnou como ser humano, e, mediante Ele, entrar em uma comunhão íntima com DEUS que os anjos jamais conheceram nem podem conhecer.
 
2. De glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos (Hb 2. 7b)
Ser coroado significa ser elevado à mais alta· posição possível. Nas Escrituras, existem duas palavras que significam coroa: diadema (btá-ÕT]!-!a), que sempre simboliza realeza, e stephanos (arréavoç), que significa grinalda festiva de vitória ou realização. É neste último sentido que a palavra é usada aqui: coroado como conquistador. Ser coroado de glória traz em si a ideia de verdadeira dignidade e esplendor externo; ser coroado de honra sugere a alta estima devida à excelência verdadeira. Por causa desta coroação de glória e honra, DEUS colocou o homem sobre todas as obras das Suas mãos, dando, assim, o toque supremo à superioridade do homem sobre o mundo criado. 3. Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio (Hb 2.8ab ARA) O Salmo 8, do qual foram tiradas essas palavras, é um salmo pastoral. Davi, fitando a vastidão dos céus, contemplando a lua e as estrelas como obras das mãos de DEUS, sentia a pequenez do homem e quão frágil este é em relação às forças da natureza. Entretanto, o Senhor o tem em mente e visita-o. Depois, olhando todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo; as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares (518.7,8), o salmista, com a pena da inspiração divina, escreveu: Fazes com que ele [o homem] tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés (Sl8.6). O Dr. Adam Clarke observou que, se isto se referia ao homem, como obra das mãos do Criador, coloca-se à testa de todas as obras de DEUS (Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos). DEUS disse: Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra (Gn 1.26 ARA). O homem, portanto, estava destinado a dominar este mundo presente, bem o vindouro. O Dr. F. B. Meyer, comentando a condição original do homem, disse:
Ai, tendes supremacia real! Era o plano de DEUS fazer o homem Seu vice-rei e representante. Era rei em um palácio repleto de tudo para agradarlhe; monarca e soberano de todas as ordens inferiores da criação: o sol para trabalhar para ele como verdadeiro Hércules; a lWi a iluminar suas noites ou para guiar as águas em torno da terra nas marés, purificando os litorais; elementos da natureza para serem seus escravos e mensageiros; flores para perfumar as suas veredas; frutos para seu paladar; pássaros para cantar-lhe; peixes para alimentá-lo; animais para labutarem por ele e transportá-lo. Não um subserviente escravo, mas um rei coroado com a glória do poder e com a honra da supremacia universal. Só um pouco menor que os anjos, porque eles não têm, como o homem, o fardo da carne e do sangue. (MEYER, The way into the holiest, p. 42,43)
A respeito do homem após a Queda, lembrou Meyer:
Sua coroa jaz no pó, sua honra se obscureceu e manchou. Sua soberania é fortemente disputada pelas classes inferiores da criação. Se as árvores o nutrem, é depois de diligente cuidado, e não raro o desapontam. Se a terra lhe proporciona alimento, é em resposta tardia a labores exaustivos. Se os animais o servem, é porque .foram laboriosamente domados e treinados, enquanto deles vagueiam pelas clareiras das florestas, desafiando-o. Se quer apanhar os peixes do mar ou os pássaros dos ares, tem de aguardar ardilosamente oculto. Alguns traços da velha soberania ainda se evidenciam no terror que o som da voz humana e um relancear de olhos inspiram nas criaturas inferiores, como nas façanhas do domador de leões e no encantador de serpentes. Pela maior parte, porém, a anarquia e a rebelião devastaram o belo reino do homem. (MEYER, The way into the holiest, p. 42,43).
 
O HOMEM APÓS A QUEDA
Mas, agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejarn sujeitas. Hebreus 2.8c
Nessas breves palavras, há de encontrar-se a história da Queda do homem em virtude da incredulidade e do pecado. Aqui, a aplicação total f é ao homem em seu estado presente; as referências a CRISTO não começam antes dos versículos seguintes. O domínio concedido ao homem ao ser '· criado e a sabedoria de que foi dotado para governar como "vice-rei" de DEUS perderam-se por causa do pecado. A vontade do homem tomou-se perversa, o intelecto dele obscureceu-se, e as afeições ficaram alienadas; e, em virtude do medo da morte, toda a sua vida ficou sujeita à servidão. Existe, porém, mesmo aqui, um raio de esperança. A palavra outo ( oih:w), traduzida como ainda não, também foi usada por Paulo em 1 Coríntios 3.2, e sugere que, apesar do pecado, a promessa poderá ser cumprida. Adiante, o escritor da Epístola aos Hebreus irá dizer-nos que, em um novo homem, a saber, JESUS, as palavras do salmista [Sl8] hão de encontrar, por fim, a plenitude, o seu cumprimento perfeito. Existem vislumbres proféticos disto na vida terrena de JESUS. Alguns milagres operados por Ele na natureza indicam o Seu poder transcendente. Por exemplo, Ele se dirigiu aos ventos e às ondas dizendo: Cala-te, aquieta-te (Me 4.39d), e estes lhe obedeceram. Aos discípulos que tinham trabalhado toda a noite, JESUS disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis [os peixes] Qo 21.6b). Após fazerem isso, cardumes inteiros encheram as tarrafas quase a ponto de romper os barcos. A figueira secou à Sua ordem (Me 11.14,20), e a água se transformou em vinho Qo 2.7-9). A enfermidade e os demônios sentiram o poder de JESUS, e a morte não pôde conter o Senhor. No fim de Sua vida terrena, deu a Grande Comissão aos discípulos, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18b). O escritor da Epístola aos Hebreus apressa-se a falar de mais este triunfo em CRISTO.
 
JESUS COMO REPRESENTANTE DO NOVO HOMEM, OU DO REDIMIDO
Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todos. Hebreus 2.9
Aqui, o escritor da Epístola, em uma sô declaração magistral, confronta todos os pontos de objeção à superioridade de CRISTO em Seu estado encarnado. Que glorioso contraste! O homem, embora decaído em Adão, é redimido por CRISTO. O Filho de DEUS tomou sobre si a nossa natureza humana; por meio do Seu sofrimento e da Sua morte, alcançou a glória ao homem prometida. O que Ele realizou por nós pode ser nosso se estivermos unidos a Ele pelo ESPÍRITO SANTO. Como o ser humano decaído em Adão é chamado de velho homem, a raça redimida em CRISTO é chamada de novo homem, que, segundo DEUS, é criado em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.22-24; Cl 3.9,10). Aqueles que ouviram JESUS e aprenderam dele receberam, portanto, a ordem de despir-se do velho homem e, por meior da renovação da sua mente, revestir-se do novo, em CRISTO. Tudo o que o homem perdeu na Queda será cabalmente restaurado em CRISTO e ainda mais lhe será dado, pois onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm 5.20b). Em Hebreus 2.8,9, ocorre um uso interessante de duas palavras gregas que significam ver, e a mudança de palavras não é desprovida de significado. No versículo 8, a palavra é horomen (oQW!lEV), do verbo horan (óQ&v), que significa o uso continuado da visão; enquanto, no versículo 9, a palavra é blepomen que significa um exercício particular da visão, como voltar a atenção para certa pessoa ou coisa. O que o escritor da Epístola estava, de fato, dizendo em Hebreus 2.9, portanto, é que o que vemos ou observamos constantemente diante de nós não é o todo; temos de voltar o nosso olhar e fixá-lo em JESUS, vendo nele a promessa e a garantia do triunfo final do homem. Mas estas palavras não se aplicam apenas, em seu sentido último e final, à era vindoura. São também a base da fé pessoal para o desenvolvimento da experiência cristã. Em meio à fraqueza, perplexidade, dor e decepção, com as trevas e o desânimo à nossa volta, temos apenas de fitar os olhos em JESUS, que já está coroado de glória e honra, e lembrar que nós também participaremos dessa glória. Esta é a esperança decorrente de voltarmo-nos para JESUS em meio a um mundo confuso e decadente.
 
O PARALELO ENTRE O HOMEM E CRISTO
Como o primeiro homem, Adão, deu origem ao homem natural, CRISTO, o último Adão, deu origem ao homem espiritual. O escritor da Epístola, então, coloca os dois [Adão e cristo] em oposição entre si, em uma passagem paralela: o homem em seu estado original, antes da Queda, e CRISTO em Sua missão redentora. A respeito do homem, escreve ele: Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés (Hb 2.7,8a). Em seguida, sutilmente aponta a grande defecção: Mas, agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas [a CRISTO] (Hb 2.8c). Em palavras mais sucintas ainda, diz: Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS ... (Hb 2.9a). O autor de Hebreus cita aqui o nome do Salvador, e traça o paralelo entre este e o homem natural, lançando o fundamento da fé cristã: JESUS, o Ser divino-humano. Quanto ao homem natural é dito: Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste (Hb 2.7 ARA). JESUS, sendo divino, foi feito humano. Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele JESUS que fora feito um pouco menor do que os anjos. Por causa do sofrimento da morte, para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todo homem (Hb 2.9 ARA).
As expressões um pouco menor que os anjos e coroado de glória e de honra (Hb 2.9a), conforme aparecem no Salmo 8, são consideradas corno predicados do homem; assim, também devem ser consideradas corno predicados humanos de JESUS, visto que ambos foram o resultado de um ato divino. No último caso, estas expressões, conquanto incluíam a humilhação e a exaltação de CRISTO, são escritas com o objetivo primordial de provar que Ele foi tão verdadeiramente humano quanto Adão . Que existem distinções nos paralelos é verdade,. e estas serão abordadas agora.
1. JESUS, um pouco menor do que os anjos (Hb 2.9)
O escritor da Epístola aos Hebreus se volta agora para a porção restante do paralelismo, que ele introduz com as palavras Vemos, porém, [ ... ]JESUS, usando, de maneira significativa, o nome humano, em vez daqueles títulos que usou anteriormente para CRISTO, tais como o Filho, o Primogênito e Senhor. JESUS, sendo a um tempo Filho de DEUS e Filho do Homem, foi infinitamente superior aos anjos. Sendo assim, tornar-se momentaneamente inferior aos anjos [ao assumir a forma humana] significava para CRISTO humilhação [de sua condição espiritual para material, limitada às contingências humanas]. Mas foi somente por meio de Sua encarnação, ao tomar voluntariamente sobre si a nossa natureza, que Ele pôde reivindicar e alcançar a glória que DEUS prometera ao homem. Por outro lado, é tão-somente quando recebemos esta nova natureza de CRISTO, tornando-nos templo do ESPÍRITO SANTO, em virtude da obra redentora de JESUS na terra e no céu, que aquilo que Ele realizou por nós pode tornar-se, de fato, nosso.
Assimilemos bem, logo no início dessa Epístola, a verdade de que o que CRISTO age por nós como nosso Líder e Sacerdote, nosso Redentor, não é algo externo. Tudo o que Adão operou em nós foi interiormente, por um poder que governa a nossa vida mais íntima. E tudo o que CRISTO efetua por nós, como Filho de DEUS ou como Filho do Homem, é igual e inteiramente obra feita dentro de nós. E quando soubermos que Ele é um conosco, e nós um com Ele, como foi o caso de Adão, saberemos quão verdadeiramente o nosso destino irá realizarse nele. Sua unidade conosco é o penhor, nossa unidade com Ele é o poder de nossa redenção. (MuRRAY, lhe holiest of ali, p. 73,74).
2. JESUS, coroado de glória e de honra (Hb 2.9)
As palavras do versículo 9 -por causa do sofrimento da morte -ligam-se à expressão tendo sido feito menor que os anjos ou a coroado de glória e de honra? Se o fazem em relação à primeira, 1 esus foi feito
um pouco menor do que os anjos para que sofresse a morte; se em relação à segunda, o significado é que CRISTO foi coroado de glória e de honra por causa do sofrimento da morte. A primeira expressaria o propósito de Ele ter sido feito humano, e a segunda, a consequência do sofrimento que experimentou na morte. Ambas as interpretações são igualmente verdadeiras e encontram confirmação na Epístola aos
Hebreus. CRISTO recebeu uma glória dupla: uma por direito, a de tornarse homem; e outra pela graça de DEUS, a de realização pessoal. Deve-se ter em mente que o uso que o escritor da Epístola faz do Salmo 8 depende inteiramente desta concepção. Essa glória dupla de 1 esus é revelada com clareza na resposta à oração dele: Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu que dizia: já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei (Jo 12.28). já o tenho glorificado (com a glória concedida ao homem na sua criação); outra vez o glorificarei (pela aceitação graciosa de Sua humilhação e de Seu triunfo). Que são esta glória e esta honra? Evidentemente, a honra foi concedida a Ele pelo Pai, enquanto a glória é a Sua manifestação pessoal e consiste na aceitação de Sua morte como propiciação pode ser chamado os vislumbres d4 expiação, assunto que receberá extenso aararnento em dois capítulos de grande importância.
VISLUMBRES DA EXPIAÇÃO
Neste ponto, voltamo-nos para as expressões motivacionais do texto e perguntamos: Por que JESUS foi coroado de glória e de honra? A resposta é: por causa do sofrimento da morte. Qual o propósito deste sofrimento? Para que, pela graça de DEUS, provasse a morte por todo homem (Hb 2.9 ARA). Não é o objetivo do escritor da Epístola neste trecho discutir a expiação, mas revelar a grandeza de JESUS. Quanto ao que se refere aos sofrimentos deste e ao Seu propósito, este versículo é apenas um vislumbre do que se há de seguir.
O autor da Epístola apresenta aqui uma resposta magistral às duas principais objeções dos judeus, que: (I) acreditavam que JESUS era apenas um homem, e não o Filho de DEUS; (2) questionavam a morte
ignominiosa dele na cruz. Por essas razões, pensavam que JESUS não podia ser maior do que os anjos. Declara o autor da Epístola que essas premissas, longe de provarem que CRISTO era inferior aos anjos, pelos quais a Lei foi dada, atestam os que estavam imediatamente ligados à exaltação e glória de JESUS e à salvação do homem. Objeta-se, às vezes, que as duas últimas expressões neste paralelo entre o homem e CRISTO, por causa do sofrimento da morte e provasse a morte por todo homem, são apenas repetições. Esta objeção, contudo, é apenas aparente. A primeira expressão é pessoal e fornece a base por meio da qual JESUS chegou à glória e à honra; a segunda é motivacional, salientando que CRISTO provou a morte por todo homem, a fim de prover a salvação para todos. Devemos, agora, examinar mais minuciosamente estas expressões motivacionais.
1. Por causa do sofrimento da morte (Hb 2.9)
O sofrimento da morte implica mais do que simplesmente morrer; Significa que a morte de CRISTO não foi fácil, tranquila, e sim sofrida, acompanhada de agonia interior e tortura exterior. Segundo expressam
as palavras de Paulo: Sendo Uesus] obediente até à morte e morte de (Fp 2.8c). Vaughan observou que as palavras tou thanatou, da morte, são peculiares por definirem a palavra pathena, sofrimento, e podem, portanto, ser traduzidas como o sofrimento que consiste na morte. Deve-se observar também que as palavras sofrimento e morte estão precedidas pelo artigo definido, indicando que o sofrimento e a morte de CRISTO são específicos, logo devem distinguir-se daquilo que concerne aos homens mortais. JESUS se submeteu a uma morte sacrificial, vicária, propiciatória. Foi uma morte tal que satisfez plenamente as exigências da santidade e da justiça infinita de DEUS, e é por isso que CRISTO foi coroado de glória e de honra. Isto é o que liga a Sua coroação à sujeição de todas as coisas a Ele e, assim, o Criador cumpre a promessa original, restaurando o homem ao seu reina~o por intermédio de CRISTO. Existe, porém; outra declaração de grande importância em Hebreus 2.9. O sofrimento e a morte singulares de JESUS foram devidos à graça de DEUS, chariti Theou (xáQL'tl E>wu), ou por indicação de DEUS. Essa declaração, pela posição enfática que ocupa, implica uma forte negação do oposto, isto é, que tenha sido uma morte sob a ira de DEUS. Os homens decaídos e pecaminosos morrem sob a ira do Senhor, mas não CRISTO; ao contrário. Sua morte não poderia ser em benefício dos que se acham sujeitos à morte. Esta é mais uma razão pela qual CRISTO foi coroado de glória e honra. Deve-se observar que existe uma variação de texto aqui, e Ebrard afirmou que as palavras oscilam entre xáQL'H E>wu, que se traduz como a graça de DEUS, que significaria à parte de ou exceto DEUS. 2. Para queJ pela graça de DeusJ provasse a morte por todos (Hb 2.9) ,
No "concílio da graça divina" sobre a redenção do homem, o principal desígnio da encarnação foi proporcionar CRISTO como uma oferta propiciatória pela redenção da humanidade [E ele é a propiciaçáo pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1 Jo 2.2)]. Assim, tanto o nascimento quanto a morte de JESUS foram miraculosos, tendo sido o nascimento de JESUS algo inusitado
(nasceu de uma virgem; foi gerado pelo ESPÍRITO SANTO) por causa do Ofertante vicário e de Sua oferta. Voltando à questão da morte, provar a morte, como já vimos, é uma declaração mais forte do que simplesmente morrer, pois contém a ideia de submeter-se conscientemente a toda a terrível dor da morte e, no caso de nosso Senhor, à humilhação e ao opróbrio da morte na cruz. Como a expressão analisada anteriormente, sofrimento da morte diz-nos o que foi feito por nós para remover o obstáculo que impedia o homem de alcançar a glória prometida a ele por DEUS (Hb 2.7). Aqui, o escritor da Epístola nos diz como isto se realizou: JESUS experimentou a morte por todos. Provou a morte não apenas sorvendo um pouco o conteúdo do cálice, mas bebendo-o até a última gota. As palavras hyper pantos (úneQ nav'róç), por todos, tornam claro que esta morte vicária de JESUS foi em benefício de todos os membros da decaída raça de Adão. Ebrard observou que a palavra hyper, conforme é usada em Hebreus 2.9, não deve ser traduzida como em lugar de ou em vez de, mas como em favor de. Esta universalidade está expressa no indefinido singular por todo homem (ARA), e a tradução Almeida Revista e Corrigida ornite a palavra homem (provasse a morte por todos), como no texto grego. Uma vez que, em Hebreus 2.8, o autor deu ênfase a ta panta (Ta návTa), todas as coisas, no versícuo 9 encontramos todas as coisas reconciliadas, isto é, JESUS provou a morte por todos e por . todas as coisas, incluindo os anjos. Embora eles não necessitassem,. de expiação, desfrutam, em contemplação reverente, os resultados da morte de JESUS e regozijam-se por todo pecador que se arrepende.
 
O CAPITÁO DA NOSSA SALVAÇÃO
[Na versão inglesa da Bíblia, a King]ames (KJ)] JESUS é chamado de o Capitão da nossa salvação, porque Ele marcha à nossa frente não somente como LíderB, mas também como Conquistador. Segundo Hebreus 2.10, porque convinha que aquele, para quem são totÚI.s as coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da salvação deles. [Na versão bíblica em língua portuguesa, a ARC, a palavra Capitão foi substituída por Príncipe, e, na ARA, por Autor da Salvação.] O vocábulo porque liga este versículo à ideia expressa no versículo anterior, a morte de CRISTO, que nos deu livre acesso ao Pai e tornou JESUS o nosso Capitão e Líder. A palavra eprepen (E7lQ€7lfV), convinha, era conveniente, expressa o que DEUS faz como algo que lhe convém, que lhe é próprio. Neste caso, o autor da Epístola apresenta o sofrimento e a morte de JESUS como algo necessário para salvar os homens, realizando-se mediante a graça de DEUS, e não pela Sua ira. Embora DEUS seja soberano, afirma-se, neste ponto, que o único caminho para assegurar a glória do homem era o sofrimento e a morte de CRISTO. Uma explicação adicional do que convinha a DEUS [fazer por intermédio de CRISTO] reside nisto: (1) o que foi operado pela morte de JESUS: trazendo muitos filhos à glória; e (2) a maneira como se fez, ou seja, por meio dos sofrimentos e da morte de CRISTO. Em vez, porém, de dizer que JESUS foi coroado de glória, diz-se que Ele conduz muitos filhos à glória; e, em lugar de falar da morte de CRISTO, fala-se dele como sendo aperfeiçoado por meio de sofrimentos. CRISTO é, ao mesmo tempo, o Fim ou Propósito de nossa vida e a Causa eficiente pela qual todas as coisas se realizam. Andrew Murray diz que isto se resume a um princípio de viver santo de amplo alcance, embora simples: "Tudo para DEUS" e "tudo mediante DEUS".
 
A NATUREZA DA SANTIFICAÇÁO
Porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim e aos filhos que DEUS me deu. Hebreus 2.11-13
Quanto aos versículos acima, o autor continua a sua análise sob uma terminologia diferente. O Capitão da nossa salvação se torna Aquele que santifica, e os muitos filhos conduzidos à glória são os santificados. Os particípios presentes hagiazon (áytá,wv) e hagiazomenos, usados com os artigos, tornam-se substantivos, daí o que santifica (Santificante) e os que são santificados, sendo designadas estas partes pelas suas posições relativas. É muito evidente, portanto, que Aquele que conduz muitos filhos à glória o faça santificando-os, e que o único caminho, para os filhos de DEUS, até a glória é mediante a santificação. John Owen, um antigo escritor, diz: Que ninguém se engane, a santificação é requisito indispensável àqueles que se colocarem sob a direção do Senhor JESUS CRISTO para a salvação. Ele não conduzirá ao céu senão aqueles que santificar na terra. O DEUS santo não receberá pessoas ímpias; esta Cabeça viva não admitirá membros mortos, nem os levará à posse de uma glória que não amam e da qual não gostam. (ÜWEN, An exposition of the Epistle to the Hebrews, p. 28) Devemos compreender o termo santificação, conforme é usado aqui, no seu sentido fundamental, como a separaçáo de uma coisa ou pessoa do uso comum, para consagrá-la ao santo, tal como convém à  natureza de DEUS e do Seu serviço.
A palavra koinon (Kotvóv), comum, significa o que pertence a qualquer um; hagios (ãyLOç), santo, significa o que pertence somente a DEUS. A pessoa santa é aquela que é possuída por DEUS e, depois de ter sido purificada de todo o pecado e de toda a injustiça, torna-se inteiramente devotada a Ele.
1. Aquele que santifica e os santificados vêm de Um só
A expressão ex henos (E~ Évàç) é um ablativo de origem e significa, literalmente, a partir de um ou originando-se em um, que é DEUS-Pai. Assim, o Santificador e os santificados, provindos de uma só Fonte, são, em certo sentido, todos de Um só. Alguns tentaram atrelar a expressão tão-somente à humanidade de CRISTO, enquanto outros a ligam à Sua divindade, bem como à Sua  humanidade. Calvino achava que a palavra henos (évàç) está no gênero neutro10 e, portanto, refere-se a uma natureza comum, como se dissesse: "Eles são feitos da mesma matéria". Contudo, a palavra é considerada como masculina, referindo-se, pois, a DEUS, o Pai de todos. Nosso Senhor, sendo a um tempo o Filho de DEUS e o Filho do Homem, procede do Pai. Portanto, pode-se dizer igualmente que o Filho de DEUS e os dos homens têm uma origem comum, procedendo do Pai, mas de maneira muito diferente. CRISTO é o Unigênito, o Filho eterno do Pai, da mesma essência que Ele, igualado em poder e majestade. Os homens são filhos do Senhor por criação [e remissão/regeneração]. Já a filiação de CRISTO é original, desde a eternidade; a do homem é derivada e finita, mas a existência de ambos procede de DEUS. O homem, todavia, pecou e perdeu a imagem moral de
DEUS; a comunhão se rompeu, e a depravação, como doença terrível, transmitiu-se a toda a humanidade, tendo como resultado o sofrimento e a morte. Convinha a CRISTO, portanto, participar da natureza dos homens, para que pudesse livrá-los de sua condição, pecaminosa. É um pensamento glorioso que CRISTO, sendo o nosso Irmão mais velho, não pudesse descansar na glória enquanto estivéssemos no pecado,
sem prover a nossa redenção: Como o amor de DEUS por nós tornou possível a encarnação de CRISTO, assim também a nossa unidade com JESUS torna possível a nossa restauração espiritual. O poder santificador dele, por intermédio do ESPÍRITO SANTO, e a restauração espiritual dos santificados são tão grandes que JESUS já não se envergonha de chamar-nos irmãos.
2. O significado da palavra santificação
Visto que temos a declaração de que o Santificador [CRISTO] e os santificados [os cristãos] são irmãos (Hb 2.11), devemos agora examinar mais de perto o significado destas palavras. A palavra hagiazein (áytál:nv), santificar, é usada em sentido objetivo e subjetivo. Na acepção objetiva, refere-se à obra que CRISTO fez por nós ao expiar o nosso pecado. Este aspecto objetivo ou provisional é, às vezes, associado à obra consumada por CRISTO. Mas este não é o sentido completo da palavra santificação, pois ela tem também o seu aspecto subjetivo, pelo qual se entende aquilo que CRISTO opera em nós pelo ESPÍRITO SANTO.
Sendo assim, não é suficiente dizer que CRISTO fez expiação por nós; necessitamos de CRISTO em nós, tanto quanto necessitamos de Sua obra expiatória em nosso favor. Não é só o que CRISTO fez na cruz que nos salva; é o que Ele faz em nós, em virtude do que fez por nós no Calvário. CRISTO não só expiou os nossos pecados; Ele habita em nosso interior por intermédio do ESPÍRITO SANTO, e é a Sua presença que nos santifica no sentido mais profundo da palavra hagiazein (áytál:nv). Em suma, em Hebreus 2.11, a palavra hagios (aytoç), santo, significa não só o ato de purificar ou limpar, mas a permanência de CRISTO em Seu templo purificado; e é esta presença err nosso ser que nos santifica, tornando-nos Sua possessão. Devemos compreender, portanto, que a palavra santificar, conforme é usada em Hebreus 2.11 -porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um -, refere-se, principalmente, à obra objetiva de CRISTO de expiação do pecado; a expiação que encontra o seu resultado final na declaração divina de que o sangue de JESUS CRISTO, seu Filho, nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7c). Santificar indica o ato pelo qual CRISTO separa os Seus do pecado e concede-lhes uma vida nova, que se baseia na Sua morte expiatória e na Sua ressurreição. ~ O Dr. Adam Clarke observou que o Santificador, ho hagiazon  áyl.ál:wv), refere-se Àquele que fez expiação, e, portanto, concorda com a palavra caphar, que, em hebraico, significa expiar o pecado. Os santificados são os que receberam a expiação, a qual, em sua totalidade, inclui o perdão dos pecados, a nova vida por meio da regeneração, a purificação do coração e a presença permanente do ESPÍRITO SANTO na vida dos purificados para a santificação completa; e ainda, na ressurreição dos justos, a glorificação dos santos juntamente com CRISTO.
 
CRISTO NÃO SE ENVERGONHA DE CHAMAR-NOS IRMÃOS
Por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos. Hebreus 2.11 h
Quando consideramos a imensa diferença entre o Filho eterno, o Unigênito do Pai, e os filhos de DEUS por adoção, e quando, acrescido a isto, vemos o pecado destes filhos, percebemos também claramente o amor maravilhoso e incondicional de nosso Salvador ao chamar-nos irmãos. Ele não considerou isto como rebaixamento de si mesmo, a despeito do fato de Ele estar infinitamente acima de nós. Como é o Santificado r, santifica os Seus e torna-os semelhantes a Ele. A santidade, pois, é o sinal de união entre nós e CRISTO, o alicerce da graça. A palavra santo guarda o mais profundo significado, sendo usada principalmente de três formas nas Escrituras:
1. Como atributo de DEUS, sendo só Ele absolutamente santo, Fonte de todo bem, que se manifesta em amor e justiça. O ESPÍRITO de DEUS é chamado SANTO porque a Sua missão é tornar os homens santos. Ele é o Portador do amor divino, derramado no coração purificaQ.o dos homens', e o vínculo de comunhão não apenas na própria Trindade, mas igualmente entre DEUS e Seus filhos.
2. Como atributo de pessoas e coisas, a santidade é a salvação do comum e a devoção ao santo. Isto pode referir-se a coisas que são retiradas do uso natural e profano e, depois de purificadas, dedicadas ao serviço do Senhor. No caso de pessoas, refere-se ao afastamento da vida natural e pecaminosa e à consagração a um relacionamento íntimo com DEUS. Nem sempre significa santificação completa, e isto explica o seu uso aplicado aos que se acham na Igreja, a qual, como organização, é separada para DEUS.
3. Como sinônimo de experiência pessoal graciosa. É a purificação do coração de todo pecado com o preenchimento de amor divino pelo ESPÍRITO. Este amor se torna o motivo da devoção a DEUS e abrange o que comumente se conhece como santificação completa. Santidade, portanto, significa ser possuído por DEUS, e encontra sua consequência no qualificativo irmãos, que JESUS dá ao Seu povo redimido.
 
A IDEIA DE FRATERNIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
Foi profetizado no Antigo Testamento que o Messias manteria relações de fraternidade com os súditos do Seu Reino e que os exaltaria à posição de filhos [de DEUS] juntamente com Ele. O escritor da Epístola aos Hebreus se volta agora para o Antigo Testamento, para confirmar sua declaração de que JESUS nos considera Seus irmãos. O autor se fundamenta no Salmo 22, onde um rei sofredor, que representa o Messias, como Ungido de DEUS, chega aos Seus por meio do sofrimento; e em Isaías, onde um profeta, como cidadão de Israel, sofre junto com aqueles a quem profetiza. O escritor de Hebreus apresenta a verdade extraída destas passagens de uma maneira dramática, que é, ao mesmo tempo, singular e inspiradora.
1. Anunciarei o teu nome a meus irmãos (Hb 2.12a; cp. Sl22.22a)
Neste trecho, o Filho é apresentado como aquele que possui a missão reveladora de declarar e manifestar o nome e a natureza do Pai. Pode-se verificar que esta missão foi plenamente cumprida na oração
sumo sacerdotal de JESUS: Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste [ ... ] e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja Oo 17.6,26).
Supõe-se que o Salmo 22 tenha sido escrito no tempo em que Davi foi perseguido por Saul. Embora Davi tenha sido rei [por eleição de DEUS], seu reino foi conquistado com sofrimento e dor, os quais, depois,
converteram-se em alegria. Isso era uma espécie de boas-novas. Esta mensagem, portanto, assume grande significado pelo fato de que o rei simbólico (Davi) e o verdadeiro Oesus) atingiram sua soberania sob condições análogas; ambos igualmente, ao triunfar, reconheceram sua afinidade com o povo a quem elevaram à fraternidade consigo mesmos.
2. Cantar-te-ei louvores no meio da congregação (Hb 2.12b; Sl22.22b)
Aqui se acrescenta um novo particular. O CRISTO glorificado não é somente o Filho que revela o Pai; é também o Chantre, o ministro que conduz o culto da Igreja. Acha-se no meio dela, que é uma unidade de CRISTO
com Seus irmãos, expressa de forma nova: a de um culto comum ao Pai. Na congregação, em que o rei simbólico e seus irmãos exercem seus privilégios como cidadãos da comunidade, eleva-se aqui o verdadeiro Rei e Seus irmãos, na comunidade divina e na glória da Igreja neotestamentária.
3. E outra vez: Porei nele a minha confiança (Hb 2.13a; Is 8.17; 2 Sm 22.3)
Por meio desse texto, percebemos que o Filho não é só um Irmão e Companheiro de culto, mas também Irmão na fé. Ele se apresenta a nós nas mesmas condições que aqueles aos quais foi enviado, i igualando-se a eles e decl~rando: Porei ~nele [em DEUS] a minha confiança. Este nivelamento reside também na alusão a Isaías, por meio de quem veio a Palavra do Senhor. O profeta estava tão entregue à esperança de que DEUS cumpriria Suas promessas quanto o povo a quem falava. Como isto ocorreu com o profeta do Antigo Testamento, assim também no Novo Testamento ouvimos JESUS dizer: Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma[ ... ], porque não 'busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou (Jo 5.30). Nosso Senhor, durante a Sua encarnação, como Filho do Homem, viveu pela fé. Por isso, ao passo que no capítulo 2 de Hebreus JESUS é chamado o Capitão da nossa salvação (KJ), em Hebreus 12.2 é chamado o Autor e Consumador da nossa fé. Em grego, Capitão e Autor são designados pela mesma palavra [daí a diferença nas traduções, como vemos na ARC, na ARA, na NVI- versões em português do texto bíblico], porém a ênfase agora não é sobre a necessidade de liderança, mas sobre a qualidade da fé que torna essa liderança eficaz. Os patriarcas do Antigo Testamento representavam diferentes aspectos da fé. CRISTO exibiu a fé na sua perfeição mais cabal. Por esta razão, Ele pode aperfeiçoar a nossa em todas as contingências da vida.
4. Eis-me aqui a mim e aos filhos que DEUS me deu (Hb 2.13b; Is 8.18a)
Conforme se observa neste texto, o Filho volta para o Pai com os muitos filhos que conduz à glória. Novamente, a alusão é a Isaías e aos seus filhos, que se tinham tornado sinais a um povo incrédulo. JESUS volta para o Pai e apresenta Seus filhos no limiar da glória, em que antes estava sem eles. Saíra solitário; volta com a multidão dos Seus santos. Recorremos outra vez à oração sumo sacerdotal de JESUS, onde se acha o cumprimento desta profecia:
E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra O o 17.5,6).
Além disso, JESUS disse: Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me hás amado antes da criação do mundo Oo 17.24). Estar com CRISTO para todo o sempre e contemplar a glória infinita que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse - esta é a alta posição a que CRISTO nos elevou como Seus irmãos; esta é a herança dos filhos de DEUS.
 
UM MISERICORDIOSO E FIEL SUMO SACERDOTE
O escritor da Epístola aos Hebreus falou de JESUS como o Autor (ou Capitão) da nossa salvação (Hb 2.10, 14-18 ARA) e, assim, introduziu o tema da obra apostólica de CRISTO, que, no capítulo 3 (v. 1,2), tratará sob o símbolo de Moisés, o apóstolo do Antigo Testamento. O autor da Epístola também falou sobre a obra sacerdotal de CRISTO, comentada no capítulo 5 por meio da analogia com o ministério de Arão e Melquisedeque. O homem, a fim de ser um fiel seguidor de CRISTO, tem três necessidades específicas: (1) ser salvo do pecado; (2) receber poder para vencer os adversários; (3) ser fortalecido pelo ESPÍRITO SANTO, pois está sujeito a ser vencido no caminho por causa de sua própria fraqueza e enfermidade.
Em Hebreus 2.16-18, CRISTO é apresentado como Sumo Sacerdote : misericordioso e fiel que satisfaz todas as necessidades do homem: ( 1) Ele nos redime do pecado e alça-nos ao nível da salvação e comunhão com DEUS; (2) dá-nos vitória sobre os inimigos e eleva-nos ao plano da liberdade espiritual; e (3) fortalece-nos pelo Seu ESPÍRITO no homem interior, conduzindo-nos à graciosa segurança. Cumpre, assim, o que
jurou a Abraão, nosso pai, de conceder-nos que, libertados das mãos de nossos inimigos, o servíssemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida (Lc 1.73-75). trecho que será analisado agora é uma amplificação dessas grandes verdades, com espe~ial atenção à necessidade e ao propósito da encarnação de JESUS.
 
A ENCARNAÇÃO DE JESUS E A LIBERTAÇÃO DO TEMOR DA MORTE
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo. Hebreus 2.14
Duas coisas se destacam claramente nesse texto e merecem especial consideração: (1) a necessidade da encarnação e (2) o propósito da encarnação.
 
1. A necessidade da encarnação
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas (Hb 2.14a).
Já constatamos que, sob o aspecto divino, era necessário que CRISTO encarnasse, a fim de tornar
os homens Seus irmãos. De acordo com este versículo, porém, vemos a necessidade da encarnação sob o aspecto humano: CRISTO deveria tornar-se como os Seus irmãos em todos os aspectos: nas provações, tentações, no sofrimento e na morte. Em Hebreus 2.14, deve-se observar que:
1. É reafirmada a realidade da encarnação. A humanidade de CRISTO foi tão real como a nossa, e não mera cristofania, como ensinava o antigo docetismo. JESUS tomou parte em nossa carne e em nosso sangue.
2. A encarnação se tomou a base da comunhão pessoal entre CRISTO e os Seus discípulos: JESUS conheceu a fome e a fadiga corporal; foi homem de dores, experimentado nos trabalhos (Is 53.3b). Em todas
as coisas, foi semelhante aos irmãos, com exceção do pecado.
3. Esse texto [Hb 2.14a] preserva a singularidade da encarnação. O escritor da Epístola foi cauteloso em manter a distinção entre a natureza de CRISTO e a do homem no seu estado decaído. Ele não disse
que CRISTO foi um participante da carne e do sangue como a humanidade é, mas que também ele participou das mesmas coisas [relativas à humanidade: as emoções e contingências, mas não pecou.
São usadas duas palavras gregas diferentes em Hebreus 2.14a. A primeira é kekoinoneken, que se refere à natureza humana compartilhada por todos os indivíduos como herança permanente. A segunda palavra se refere a CRISTO, meteochen, e expressa a singularidade da encarnação como aceitação voluntária da humanidade em seu estado atual de humilhação, mas com o acréscimo da ideia de transitoriedade.
Assim, as Escrituras Sagradas preservam a natureza distinta de CRISTO como o SANTO. Embora tenha sido tão humano quanto divino, foi diferente da humanidade em geral, porque Sua natureza não foi contaminada pelo pecado, como a do homem decaído. Desde o nascimento, JESUS foi chamado o ente santo (Lc 1.35 ARA), e ainda nesta Epístola é dito que Ele é santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus (Hb 7.26).
 
2. O propósito da encarnação
Para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo. Hebreus 2.14b
Esse texto expressa outra razão pela qual nosso Senhor assumiu um corpo carnal: para a~iquilar a autoridade daquele que tinha kratos, força, poder ou domínio sobre a morte. Assim como um homem é mantido prisioneiro pela sentença de um juiz, Satanás mantinha ps homens na servidão por força da Lei do pecado e da morte. Legalmente, não existia libertação. A única possibilidade de livrarmo-nos do maligno e da morte seria o despojamento da nossa natureza decaída, sobre a qual eles têm autoridade e poder. Isto o homem náo poderia fazer. Então, DEUS enviou o Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou DEUS, na carne, o pecado (Rm 8.3c ARA). CRISTO, suportando a morte como pena pelo pecado, reconheceu o julgamento justo de DEUS e assegurou-nos a promessa da libertação: ( 1) da morte, como castigo pelas nossas transgressões, (2) da nossa própria natureza pecaminosa, como vida na carne, e (3) do temor pelo qual Satanás nos mantinha em servidão. JESUS fez isto destrUindo ou aniquilando o poder do inimigo sobre a morte. A palavra destruir, no uso em que se faz aqui, com frequência é interpretada como aniquilar, que, por esta razão, encontra-se em outras traduções. A palavra grega é katargesei, usada muitas vezes por Paulo, e é traduzida como reduzir a nada, desfazer (Rm 3.3 ARA); anular (Rm 3.31 ARA); abolir, desistir; na sua forma mais intensa, destruir. Na Authorized Version, há pelo menos 17 traduções diferentes da palavra. Em Hebreus 2.14, é dito que, por meio da morte, CRISTO aniquilou aquele que tinha o império da morte. Nota-se que não foi feito uso do possessivo, sendo as palavras gregas tou thanatou, a morte. O escritor não o usou porque queria salientar o fato de que o diabo foi vencido por aquilo que ele usava para manter o cativeiro. Assim, CRISTO voltou contra Satanás a própria arma do inimigo e libertou-nos da servidão sem arma alguma; apenas resistindo a tudo o que o inimigo poderia usar para dominar-nos. Foi isto que levou Crisóstomo a dizer: "Eis aqui a maravilha: Satanás é derrotado por aquilo que ele conquistou".
A ENCARNAÇÃO DE JFSUS E A LIBERTAÇÃO DE NOSSOS INIMIGOS
E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão. Hebreus 2.15
CRISTO veio não apenas para expiar os nossos pecados, mas para nos livrar de nossos inimigos [o pecado, a morte e o diabo] e, assirn, elevar-nos ao plano da graciosa liberdade. Em Hebreus 2.15, o triunfo de CRISTO sobre o pecado é levado às últimas consequências; e, tendo Ele vencido o derradeiro inimigo, que é a morte, o grande Capitão da nossa salvação nos libertou de todos os inimigos que impediam o nosso progresso no caminho da santidade. Não lemos que CRISTO destruiu a morte, porém, vencendo-a na ressurreição, modificou de tal modo a nossa posição para com ela que a morte já não nos confina à servidão do medo. Ela ainda é o nosso inimigo, o último, vencido pelo Mestre, mas ainda inimigo. Existem poucos lares em que o terror causado pela morte não foi sentido, onde os vínculos do amor não foram partidos e a dor da separação não se fez sentir. JESUS chorou junto à sepultura de Lázaro. Mas, por meio da morte e ressurreição de CRISTO, podemos exclamar triunfantemente: Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? (1 Co 15.55).
A morte ainda está entre nós, mas podemos dizer que tanto a vida quanto a morte nos pertencem e que aguardamos com confiança aquela pátria melhor {Hb 11.16), onde não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor (Ap 21.4b). O aspecto da servidão, tanto à Lei do pecado quanto a Satanás, em geral não recebe, na Teologia, a proeminência que lhe conferem as Escrituras. Eis como o expõe o Dr. Pape:
A humanidade, como objeto da redenção, é, em primeiro lugar, resgatada do cativeiro do pecado; em segundo lugar e indiretamente, do cativeiro de Satanás e da morre, que é o castigo do pecado. Este tem o homem na servidão, ~orno condenaçãó e poder.
1) A condenação é a maldição da Lei. Como a força do pecado é a Lei, assim a força da Lei é o pecado, mantendo toda criatura moral em perfeita obediência; e, faltando esta, entrega o rransgressor à sentença de condenação, da qual, no que tange à ordenança legal, não existe livramento.
2) O pecado é um poder interno na natureza humana, escravizando a vontade, as afeições, a mente.
3) A intervenção expiatória de CRISTO aniquilou o pecado como poder absoluto na vida humana. Ele obteve redenção eterna para nós; uma redenção objetiva, eterna, suficiente, da maldição da Lei e da necessária rendição da vontade ao poder do mal. (PoPE, Compendium of Christian Theology, 2, p. 289)
Continuando este pensamento, Dr. Pope diz que Satanás e a morte estão subordinados, mas são representantes reais do poder do mal, representando Satanás, a qm tempo, a condenação da Lei e a servidão
interior à iniquidade. Verifica-se quão intimamente relacionados estão o pecado e os nossos inimigos. A redenção de CRISTO fez provisão para libenar o homem, tanto do pecado quanto do diabo, nosso inimigo que o administra por meio da morre. A Epístola aos Hebreus associa estas verdades à expiação, de maneira notável. (PaPE, Compendium ofChristian 1heology, 2, p. 289).
 
A ENCARNAÇÃO DE JESUS E O FORTALECIMENTO CONTRA AS FRAQUEZAS E ENFERMIDADES
Além da libertação do pecado e do temor dos inimigos, o homem tem uma terceira grande necessidade: o fortalecimento em rempos de fraqueza e enfermidade. O pecado só pode ser removido nesta vida. Porém, suas consequências, tais como fraqueza e enfermidade, só serão extintas na ressurreição.
Paulo reconheceu dois tipos de perfeição quando disse: Não que já a tenha alcançado ou que seja peifeito (Fp 3.12a) e pelo que todos quantos já somos peifeitos sintamos isto mesmo (Fp 3.15a): respectivamente a perfeição da ressurreição e a perfeição cristã. A perfeição cristã consiste em JESUS purificar o nosso coração e habitar nele por intermédio do ESPÍRITO SANTO, habilitando-nos a segui-lo e a ter por alvo a perfeição concedida na ressurreição. Precisamos de CRISTO não somente como nosso Sumo Sacerdote arônico, para expiar os nossos pecados; necessitamos dele também como Sumo Sacerdote da ordem de Melquisedeque, mediante o qual viveremos a nossa existência terrena; ou, em uma expressão mais profunda, que CRISTO viva por nosso intermédio. É nesse sentido que não apenas vemos a necessidade de tal sacerdócio; é aqui que temos a primeira menção de CRISTO como nosso Sumo Sacerdote. Esta obra sacerdotal é realizada mediante a presença interior do ESPÍRITO SANTO como Paracleto ou Consolador, a promessa
do Pai e o dom do CRISTO glorificado. Que dádiva graciosa à Igreja é este dom do ESPÍRITO SANTO! Quando Satanás nos levar a pensar que jamais fomos perdoados dos nossos pecados ou purificados de toda injustiça, podemos, pela fé, lançar mão da promessa de que o sangue de JESUS CRISTO [ ... ] nos purifica de todo pecado (1 Jo 1.7c).
Quando estivermos cercados de inimigos, podemos ir ainda mais longe pela fé e alegar o juramento que [o Senhor] jurou a Abraão, nosso pai, de conceder-nos que, libertados das mãos de nossos inimigos, o servíssemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida (Lc 1.73-75).
E quando estivermos quase vencidos pela fraqueza, a ponto de perecer por causa das nossas muitas enfermidades, verificaremos que o Consolador ainda estará conosco, para nos fortalecer nos momentos difíceis, guiar-nos em nossas decisões, manter-nos firmes diante da tentação e da provação, e consolar-nos em tempos de angústia e desolação. Graças a DEUS, pois, pelo seu dom inefável (2 Co 9.15).
 
A ENCARNAÇÃO DE JESUS E A NOVA ORDEM DE SACERDÓCIO
Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de DEUS, para expiar os pecados do povo. Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. Hebreus 2.16-18
Vimos que a encarnação, momento em que CRISTO se tornou um ser humano, oferece a base de vários aspectos de uma só salvação:
1. JESUS encarnou para, padecendo, tornar-se o Capitão da nossa salvação, preparando o caminho de uma nova vida pelo qual pudesse levar muitos filhos à glória;
2. Encarnou para que, pela Sua morte e ressurreição, aniquilasse o poder de Satanás e libertasse o Seu povo do temor da morte; O escritor da Epístola aos Hebreus mencionou outro propósito da humanidade de CRISTO: para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de DEUS (Hb 2.17b). É para este último aspecto que voltaremos nossa atenção agora.
1. A descendência de Abraão
Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. Hebreus 2.16
Esse texto tem sido interpretado no sentido de que, por contraste, CRISTO não assumiu a natureza dos anjos, mas apenas a humana, conforme se depreende da expressão descendência de Abraão. Esta ideia evidentemente influenciou os autores de algumas traduções, nas quais a natureza [dos anjos] está em itálico, não se encontrando no texto grego. Conquanto seja verdade que CRISTO assumiu uma natureza humana, não é este o ponto a salientar aqui. Lindsay, em Lectures on Hebrews (p. 106), declara que a palavra epilambanesthai, associada ao genitivo de pessoa denota tomar a pessoa para socorrê-la e, por isso, significa simplesmente ajudar, assistir ou sustentar. Não pode, portanto, significar assumir a natureza de uma pessoa.
A mesma palavra é usada em Mateus 14.31, onde vemos que JESUS estendeu a mão para segurar Pedro, que afundava; e também em Marcos 8.23, em que é dito que CRISTO tomou o cego pela mão. Por ter sido revelada à humanidade a Lei de que os anjos foram mediadores, era necessário que CRISTO ajudasse a semente de Abraão, a fim de fazer!propiciação por esta e por meio dela para o mundo todo. Paulo nos disse que a verdadeira semente de Abraão é CRISTO, que os que são da fé são os filhos de Abraão e que nele todas as nações serão benditas (Gl3.7-9,14). CRISTO, portanto, toma ou socorre todos os cristãos, para expiar os pecados deles e, como Capitão da salvação da humanidade, conduzir muitos filhos à glória. A palavra epilambano, em suas várias formas, aparece 19 vezes no Novo Testamento, sendo 12 destas no Evangelho de Lucas. Não há outra menção a anjos nesse sentido [de ajuda]. A palavra epilambanesthai, às vezes, ocorre como epilambanetai e significa sempre lançar mão de, tomar, no sentido de prestar ajuda ou assistência. Contudo, vale ressaltar que, quando é dito que CRISTO não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão, não existe a ideia de que os gentios não estejam incluídos no socorro de CRISTO, mas sim que Israel necessita da mesma ajuda. Tampouco existe a ideia de eleição incondicional de Israel ou recusa em ajudar os anjos. [O que é enfatizado é que a ajuda é oferecida especialmente àqueles que se tornam filhos de DEUS pela fé, como Abraão.]
2. CRISTO como Sumo Sacerdote
Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de DEUS, para expiar os pecados do povo. Hebreus 2.17
A palavra archierus (àQXLEQEÚç), sumo sacerdote, é usada aqui pela primeira vez. Ela não aparece em outra parte no Novo Testamento. Fornece, nesta Epístola, o tema central de discussão. O termo é significativo por referir-se, primordialmente, ao ministério do sumo sacerdote no Dia da Expiação. Então, o sumo sacerdote era separado da sua oferta; em CRISTO, os dois estão unidos.
JESUS foi tanto o Ofertante como a Oferta. Como Sumo Sacerdote, ofereceu-se imaculado a DEUS. E a oferta foi Ele próprio. O sacrifício foi Seu próprio sangue e, por meio desse sangue aspergido, a misericórdia se estende a toda a humanidade. Por esta razão, diz-se que Ele é misericordioso e fiel sumo sacerdote. A palavra misericordioso é frequentemente utilizada para caracterizar Sua atitude para com os homens, em cuja semelhança Ele se fez. E a palavra fiel é empregada para se referir ao ministério de CRISTO nas coisas pertencentes a DEUS. Talvez uma interpretação mais exata salientasse o fato de que CRISTO foi primordialmente misericordioso, sendo esta palavra, no grego, mencionada primeiro e com ênfase; e que, em consequência, Ele é fiel no sentido de ser digno de confiança.
3. CRISTO como nossa Propiciação
Reconciliação não é a melhor tradução do vocábulo grego hilasmos, que, quando usado como adjetivo, significa propiciatório ou expiatório. Ambas as palavras se referem ao propiciatório, que era a tampa da arca da aliança no SANTO dos Santos. A palavra reconciliação vem do grego katallasso e refere-se ao estado de paz existente entre o homem e DEUS. As palavras gregas usadas em conexão com a expiação pode ser dispostas na seguinte ordem:
1. Propiciação ou expiação, hilasmos (ÍÀao}tÓç), que é a oferta sacrificial feita a DEUS como base para a expiação. A propiciação se refere principalmente ao sacrifício, e a expiação, ao resultado. A ira, ou desagrado de DEUS, é propiciada; o pecado é expiado.
2. Redenção, lutro, é o resgate pela salvação dos homens.
3. Reconciliação, katallass), é o estado de paz consequente à expiação do pecado.
Também existe outra palavra, usada na Epístola aos Hebreus: anaphero (avacpEQW), que significa tomar a si e sofrer os nossos pecados, a fim de fazer expiação. Aqui, o ato e a oferta sacerdotais se combinam
em uma só Pessoa, que é a nossa Propiciação. Assim também CRISTO, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação (Hb 9.28).
Em Hebreus 2.17, contudo, a palavra propiciação deve ser considerada principalmente do ponto de vista objetivo. A ênfase é sobre a expiação, pois, no Dia da Expiação, o pecado era expiado pelas ofertas
sacrificiais oferecidas pelo sumo sacerdote. Mas este não é o sentido total do termo. CRISTO não apenas nos redimiu pelo sacrifício de si mesmo na cruz, mas ressuscitou para se tornar o Executor de Sua vontade.
Como tal, o CRISTO ressuscitado torna-se o nosso misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, ministrando a nós, do Seu trono nos céus, a salvação que operou por nós no Calvário. O que o autor da Epístola aos Hebreus procura salientar é que CRISTO não apenas morreu por todos os homens, mas ministra, pessoalmente, esta salvação a todos os que confiam nele. É essencial, para uma plena compreensão de CRISTO como nossa Propiciação, um entendimento profundo tanto da cruz como do trono. Isto se apresenta ainda na doutrina cristã da redenção, que afirma libertar da servidão; ao contrário, _Ele recupera p::tra si mesmo aquilo que adquiriu. Como DEUS, Ele nos resgata para exercer os Seus direitos reais sobre nós, e aí reside o significado da nova ordem sacerdotal de Melquisedeque, que foi, ao mesmo tempo, sacerdote e rei. Além disso, CRISTO não apenas nos livrou da servidão, mas conduziunos à posição de Seus co-herdeiros. Esta é a restauração que o ESPÍRITO SANTO faz no homem. Por meio dela, a comunhão com DEUS, perdida na Queda, restaura-se. Que maior herança o homem poderia possuir do que a presença de DEUS e do ESPÍRITO SANTO, terceira pessoa da Trindade, santificando, iluminando, vitalizando a alma e dando-lhe poder, trazendo-a à comunhão santa com o Pai e o Filho?
É óbvio que, corno agora estamos examinando a expiação em relação à obra consumada de CRISTO somente, a primeira destas classes, mais do que as restantes, pertence mais estritamente ao nosso presente assunto. Às vezes, a distinção é expressa como redenção por preço e redenção por poder. Esta é urna bela e verdadeira distinção, embora convenha acautelarmo-nos do fato de fazer uma distinção demasiado rigorosa entre os dois, quer na obra externa do Senhor, quer na experiência interna que o crente tem dela. (PorE, Compendiurn of Christian Iheology, 2, p. 288). Paulo apresentou este aspecto duplo da propiciação muito claramente em sua Epístola aos Gálatas: CRISTO nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição 'por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;.para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por JESUS CRISTO e para que, pela fe, nos recebamos a promessa do ESPÍRITO. Gálatas 3.13,14
4. CRISTO e a tentação
Pois, naquilo que ele mesmo softeu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados. Hebreus 2.18 ARA
Encontram-se, neste versículo, duas ou mais teses distintas a respeito da tentação:
1. Que a solidariedade de CRISTO se encontra no fato de que Ele sentiu a tentação sempre que foi exposto ao sofrimento; ou
2. Pode basear-se no fato de que Sua vida inteira foi de sofrimento, para o qual a tentação, agora mencionada, é apenas um fator a mais. Esta última interpretação é a mais plausível. No grego, a palavra autos (av'tóç), ele mesmo, precede a palavra peirastheis (nnqaa8d.ç), tentado, em vez de a palavra peiponthen, sofreu, que coloca a ênfase antes sobre a tentação de CRISTO do que sobre o Seu sofrimento. Embora, em certo sentido, a palavra que significa ele mesmo possa propriamente ser aplicada a cada um dos termos, pois CRISTO sofreu e foi tentado, anteriormente lemos que JESUS sofreu, e a ênfase aqui se transfere para a tentação como mais um motivo de sofrimento. Lenski observou que, neste versículo (v. 18), existe material interessante para o estudo dos tempos verbais gregos.
1. A palavra tentado está no tempo aoristo, que simplesmente denota, como coisa passada, que Jdus foi tentado.
2. Sofreu está no perfeito16 e, portanto, refere-se a todo o período do Seu sofrimento até o tempo da morte.
3. A locução verbal é poderoso está no presente17 e expressa, pois, a capacidade contínua de CRISTO de ajudar os que são tentados.
4. A expressão os que são tentados é um particípio iterativo significando sendo tentados repetidas vezes..
5. É poderoso para socorrer os que são tentados é um aoristo final e efetivo, que significa, literalmente, Ele é real e eficazmente capaz para ajudar.
Apesar de o tema tentação ser da maior importância, não é crítico neste ponto, e receberá subsequente tratamento em conexão com Hebreus 4.15. No momento, o objetivo do autor da Epístola era apontar para as qualificações de nosso Sumo Sacerdote com vistas ao cuidado pessoal do Seu povo. Embora a obra principal de CRISTO seja a expiação e a intercessão, uma realizada na terra, a outra, no céu, ambas culminam nele como misericordioso e fiel Sumo Sacerdote. Como é pelo sangue expiatório de JESUS que somos redimidos e santificados, assim também é pela intercessão sacerdotal dele que somos capazes de viver a vida de santidade e justiça [que DEUS exige de nós].
Que pensamento glorioso é este, que possamos viver mediante o nosso grande Sumo Sacerdote! Não é pelo nosso próprio poder ou pela nossa santidade, nem por força de vontade ou sabedoria humana, que vivemos em triunfo espiritual, mas por Aquele que, por intermédio do ESPÍRITO, habita dentro do coração santo e, assim, vive em nós. CRISTO assumiu a nossa natureza humana e sofreu, tendo sido tentado, para que comungasse plenamente de nossas experiências. Dessa forma, Sua vida terrena se tornou extremamente preciosa para nós. Sua humanidade nos deu a certeza de Sua compreensão e solidariedade, e Sua divindade nos assegurou Sua presença constante e infalível. Ele é misericordioso Sumo Sacerdote, porque podemos aproximar-nos dele como estamos, com todos os nossos problemas e nossas tentações. Ele é fiel Sumo Sacerdote porque é plena e eficazmente capaz de socorrer os que são tentados (Hb 2.18). Vivemos, portanto, pela fé no Filho de DEUS (Gl2.20 ARA), sempre tendo em mente que os que confiam inteiramente nele hão de encontrá-lo inteiramente fiel.
 
 
Subsídios da Lição CPAD
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP 1 - Hebreus 2.1-4
"Esta é a primeira de sete passagens em Hebreus onde o autor combina uma urgente exortação com uma solene advertência a fim de mover seus leitores a uma confiança renovada, a uma esperança e fé perseverante em CRISTO. Estas sete advertências não são divagações, no entanto se relacionam diretamente com o principal propósito do autor. A íntima conexão entre este parágrafo e a interpretação em 1.5-14 demonstra que a exposição bíblica do autor não era propriamente um fim, mas originou-se de sua preocupação por seus leitores e sua perigosa situação.
O rico vocabulário e os dons do autor como orador são novamente evidentes. A construção grega de 2.1-4 consiste em duas sentenças: uma declaração direta (2.1), seguida por uma longa sentença explicativa (2.2-4), que inclui uma pergunta retórica ('como escaparemos nós?') com uma condição ('se não atentarmos para [ou negligenciarmos] uma tão grande salvação', 2.3a).
A expressão "Portanto" (2.1) liga este parágrafo ao esplendor e à incomparável supremacia do Filho no capítulo 1. Pelo fato de o Filho ser superior aos profetas e aos anjos, se o que DEUS 'nos falou pelo Filho' (1.2) for negligenciado, seremos muito mais culpáveis: 'Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1549).
 
CONHEÇA MAIS TOP 1 - *Salvação
"1. Sõteria (σωτηρία) denota 'libertação, preservação, salvação'. O termo 'salvação' é usado no Novo Testamento para se referir a: (a) o livramento material e temporal de perigo e apreensão: (1) nacional (Lc 1.69,71;At 7.25, 'liberdade'); (2) pessoal, como do mar (At 27.34, 'saúde'); da prisão (Fp 1.19); do dilúvio (Hb 11.7); (b) o livramento espiritual e eterno concedido imediatamente por DEUS aos que aceitam as condições estabelecidas por Ele referentes ao arrependimento e fé no Senhor JESUS, somente em quem será obtido (At 4.12), e sob confissão dEle como Senhor (Rm 10.10); para este propósito o Evangelho é o instrumento de salvação (Rm 1.16; Ef 1.13 [...])". Para conhecer mais leia "Dicionário Vine", CPAD, p.967.
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP 2
"JESUS, superior aos anjos em sua missão redentora (Hb 2.5-18)
Esta seção dá continuidade ao pensamento iniciado em 1.5-14 a respeito da superioridade do Filho em relação aos anjos, porém sob uma perspectiva diferente. No capítulo 1 a ênfase estava na divindade da natureza do Filho; aqui o enfoque está em sua humanidade e no sofrimento como componentes necessários de sua missão redentora. Os anjos, por um lado, são servos; sua missão para o homem como 'espíritos ministradores' é 'servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação' (1.14). O Filho, por outro lado, é o Salvador; sua missão para o homem como 'o Príncipe da salvação deles' (2.10) é 'salvar perfeitamente os que por ele se chegam a DEUS' (7.25). Entretanto, como Salvador, a missão redentora do Filho envolvia tanto a humilhação como a glória.
Como o homem perfeito, JESUS se tornou o verdadeiro representante da raça humana e o cumprimento absoluto do Salmos 8. Somente Ele poderia cumprir 'o propósito declarado do Criador quando trouxe a raça humana à existência. Mas, assim fazendo, Ele teve de se identificar plenamente com a condição humana, incluindo o sofrimento humano (cf. Hb 4.15,16; 5.6), a fim de 'abrir o caminho da salvação para a humanidade e agir eficazmente como o Sumo Sacerdote de seu povo na presença de DEUS. Isto significa que Ele não é apenas aquEle em quem se cumpre a soberania destinada à humanidade, mas também aquEle que, por causa do pecado humano, deve concretizar esta soberania por meio do sofrimento e da morte. Portanto, o Filho, que já foi apresentado como superior aos anjos, teve de ser feito 'um pouco menor do que os anjos' (2.7a) antes de poder ser 'coroado de glória e de honra' (2.7b) como Senhor sobre todas as coisas" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp. 1551,52).
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO TOP 3
“[...] Pela graça de DEUS, JESUS provou a morte por todos os homens (Hb 2.9). Três verdades importantes estão sucintamente incorporadas aqui: 
1. A morte de JESUS na cruz, para realizar a salvação, foi um ato da graça de DEUS.
2. Sua morte foi em favor de (byper) cada pecador; um claro ensino de Hebreus é que sua morte foi uma expiação substitutiva pelo nosso pecado (cf. 5.1; 7.27).
Sua morte não foi uma ‘expiação limitada’ — isto é, para algumas pessoas seletas, como alguns reivindicam — mas Ele provou temporariamente a morte por todos os homens. Sua morte é de proveito para todo aquele que por fé se submete a Ele como Senhor e CRISTO.
Para os judeus daqueles dias, ‘a ideia de um Messias em sofrimento era detestável e a reivindicação cristã de que isto convinha, deveria ser vista contra este panorama. Qualquer que seja a razão para a cruz, não há dúvida alguma de que tais fatos revelam a natureza de DEUS. É neste sentido que ‘convinha’ que as coisas ocorressem como de fato ocorreram” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1553).
 
 
 
AJUDA BIBLIOGRÁFICA
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Revista Ensinador Cristão - CPAD.
Comentário Bíblico Beacon, v.5 - CPAD.
GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA
CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. 
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
AS GRANDES DEFESAS DO CRISTIANISMO - CPAD - Jéfferson Magno Costa
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas
Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento - Volume I - Warren W. Wiersbe
http://www.gospelbook.net
www.ebdweb.com.br
http://www.escoladominical.net
http://www.portalebd.org.br/
Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe
Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD
Bíblia The Word.
Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida
CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Teologia Sistemática de Charles Finney
A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA

fonte  http://www.apazdosenhor.org.br/