Lição 11, Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja 1º Trimestre de 2018 - Título: A Supremacia de CRISTO - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus

Lição 11, Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja
1º Trimestre de 2018 - Título: A Supremacia de CRISTO - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: Pr. José Gonçalves, pastor presidente das Assembleias de DEUS em Água Branca, PI.
Complementos, Ilustrações e Vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454.
Ajuda http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/hebreus.htm
 
 
TEXTO ÁUREO"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem." (Hb 11.1)
 

VERDADE PRÁTICA
A fé é a confiança irrestrita nas promessas de DEUS.
 

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Hb 11.4 O sacrifício de Abel e a fé que ainda fala
Terça - Hb 11.5 O testemunho de Enoque e sua trasladação
Quarta - Hb 11.7 A confiança de Noé que o fez herdeiro da justiça
Quinta - Hb 11.8 A obediência de Abraão em sair para um lugar desconhecido
Sexta - Hb 11.22 A fidelidade de José e a ordem acerca de seus ossos
Sábado - Hb 11.24,25 A determinação de Moisés em se recusar a ter o gozo do pecado
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Hebreus 11.1-8,22-26,30-341 - Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem. 2 - Porque, por ela, os antigos ?alcançaram testemunho. 3 - Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de DEUS, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. 4 - Pela fé, Abel ofereceu a DEUS maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando DEUS testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala. 5 - Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque DEUS o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a DEUS.  6 - Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam. 7 - Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé. 8 - Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
22 - Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos. 23 - Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. 24 - Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, 25 - escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de DEUS do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; 26 - tendo, por maiores riquezas, o vitupério de CRISTO do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
30 - Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias. 31 - Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias. 32 - E que mais direi? Faltar-me- a o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, 33 - os quais, pela fé, venceram ?reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, 34 - apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos.
 
OBJETIVO GERALApresentar os gigantes da fé segundo Hebreus 11 e o seu legado para a Igreja.
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado(a) professor(a), estudaremos um dos capítulos mais conhecidos da Epístola aos Hebreus, a galeria dos heróis da fé que se encontra no capítulo 11. Esses heróis e heroínas eram pessoas comuns, sujeitos as intempéries da vida, mas a fé deles em DEUS fez com que superassem grandes obstáculos, fazendo com que o nome do Senhor fosse exaltado. O estudo dessa galeria nos mostra que a fé, embora sendo algo subjetivo, traz sempre resultados práticos. 
É importante que você ressalte, no decorrer da lição, que estes heróis da fé, não tinham as Escrituras Sagradas como temos hoje, o que tornava o conhecimento deles a respeito de DEUS, se comparado a nós, limitado.
 
PONTO CENTRALA confiança em DEUS fez com que pessoas comuns se tornassem gigantes da fé.

Resumo da Lição 11, Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja
I - A FÉ QUE GERA CONFIANÇA EM DEUS
1. O sacrifício de Abel.
2. O testemunho de Enoque.
3. A confiança de Noé.
II - A FÉ QUE FAZ VER O INVISÍVEL
1. A obediência de Abraão.
2. A fidelidade de José.
3. A determinação de Moisés.
III - A FÉ QUE DÁ PODER PARA AVANÇAR
1. A ousadia de Josué.
2. A coragem de Raabe.
3. O heroísmo de Gideão.
 
PARA REFLETIR - A respeito de os Gigantes da Fé e seu Legado para a Igreja, responda: Qual elemento o autor aos Hebreus cita para falar que JESUS é superior a Abel? O sangue da aspersão (Hb 12.24).
Noé foi lembrado em qual Sermão do Senhor JESUS? No seu Sermão Escatológico de Mateus 24.
Abraão não é pai unicamente dos judeus. Explique. Segundo Gálatas 3.7, pela fé ele era pai de "todos os que creem".
Qual foi o pedido de José? Que na saída dos filhos de Israel do Egito levassem seus ossos (Hb 11.22). 
Por que Jericó precisava ser destruída? Porque o ingresso na terra não poderia ser feito enquanto Jericó permanecesse de pé.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - A fé produz confiança irrestrita em DEUS.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A fé nos faz ver o invisível e alcançar o impossível.
SÍNTESE DO TÓPICO III  - A confiança em DEUS nos dá poder para avançar e vencer os obstáculos.
 
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 73, p41.
 
SUGESTÃO DE LEITURA
Heróis da Fé; Uma Jornada de Fé; Fé sob Fogo
 
Resumo rápido do Pr. Henrique da Lição 11, Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja
Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá. (Versão Almeida Revista e Corrigida) Habacuque 2:4
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".Romanos 1:17
É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela Lei, pois "o justo viverá pela fé". Gálatas 3:11
Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele". Hebreus 10:38
 
I - A FÉ QUE GERA CONFIANÇA EM DEUS
1. O sacrifício de Abel.
Abel adorou a DEUS com a legítima e verdadeira adoração - deu sua vida - Deu sua vida em sacrifício, substituído por um animal e seu sangue, prefigurando o sacrifício de JESUS em nosso Lugar.
Como não podia se matar e oferecer seu sangue (sangue é vida), ofereceu um animal e seu sangue em seu lugar - até hoje isso fala da salvação pelo cordeiro de DEUS, substituto, que tira o pecado do mundo - JESUS. Só por Ele podemos ser salvos.
 
2. O testemunho de Enoque.
Enoque obteve testemunho que agradara a Deus e, pela fé, foi trasladado (Hb 11.5). O texto é claro ao afirmar que ele foi trasladado para não ver a morte. Retirado da terra antes do dilúvio, além de não provar a morte, ele não viu a destruição em massa da terra. Enoque é o tipo da Igreja arrebatada. Por ter agradado a Deus, foi retirado antes da grande catástrofe que atingiu o planeta. A Igreja que agrada ao Senhor, também será arrebatada antes da Grande Tribulação (Ap 3. 10).
Enoque representa a Igreja.
Como DEUS tinha que todo dia descer para falar com Enoque; DEUS o levou para conversar com ele lá em cima.
A igreja que tem comunhão com o ESPÍRITO SANTO esta será levada para o céu.
Quanto a ser ou não Enoque que virá na Grande Tribulação. Não podemos afirmar.
Para mim são os mesmos que vieram; Para outros serão novas pessoas; Para outros Enoque e Elias.
Cada um com suas suposições.
No reino espiritual não existe lógica.
Lembrando que todos os sinais que vão fazer são os mesmos feitos por Moisés e Elias.
Se Enoque representa a igreja, jamais poderia voltar a terra e muito menos morrer.
Já a lei e os profetas, representados por Moisés e Elias duraram até João.
 
3. A confiança de Noé.
Único a ouvir DEUS em meio a um povo pervertido.
Para salvação de sua família, construiu a Arca. Assim como Noé salvou sua família do Dilúvio, nós devemos salvar a nossa família da grande Tribulação que vem ai.
Pregoeiro da justiça.
 
II - A FÉ QUE FAZ VER O INVISÍVEL
1. A obediência de Abraão.
Sai-te para uma Terra que te mostrarei.
100 Anos e Sara 90.
Sacrifício de seu Filho.
Nunca construiu uma casa.
 
2. A fidelidade de José.
De escravo a governador da maior nação de sua época.
Tentado, mas sempre fiel a DEUS.
Acreditou que seu povo sairia do Egito e entraia e possuiria a terra Prometida.
 
3. A determinação de Moisés.
Anrão e Joquebede tiveram fé para escondê-lo.
Moisés teve fé para se recusar a ser filho da filha de faraó e viver na pobreza a fim de libertar seu povo.
40 anos pelo desertto acreditando que entraria na terra prometida - entrou depois de morto.
 
III - A FÉ QUE DÁ PODER PARA AVANÇAR
1. A ousadia de Josué.
Substituir Moisés não era tarefa fácil.
Entrar na Terra e destruir os inimigos exigia muita fé.
Rodear jericó e gritar exigia fé sua e do povo.
 
2. A coragem de Raabe.
DE UMA GENTIA, PROSTITUTA (RAABE), DE UMA MOABITA (RUTE) E DE UMA OUTRA GENTIA QUE TEVE RELAÇÕES SEXUAIS COM SEU SOGRO (TAMAR) DESCENDERAM TODOS OS REIS DE ISRAEL E POR FIM, JESUS, NOSSO SALVADOR - ISSO É GRAÇA.
RAABE - Hebreus Cap. 11.31 Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias.
Deus se agrada da fé. Uma gentia, prostituta, se torna uma ascendente de JESUS, oficialmente, ou seja, legalmente.
Todos os reis de Israel são seus descendentes. Casou-se com um judeu, Salmom.
Daí veio Boaz e depois Jessé e depois Davi e todos os reis de Israel.
Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias. Hebreus 11:31
E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;
Mateus 1:5
E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho? Tiago 2:25
 
3. O heroísmo de Gideão.
Malhando trigo no Lagar (local de fazer suco de uva).
Prova com DEUS.
Seu exército - 300 homens e seus vasos de barro.
 
Revista CPAD - 3º Trimestre de 2001 - Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes” - Comentarista: Elinaldo Renovato
LIÇÃO 11 - O PECADO IMPERDOÁVEL:
 
LEITURA DIÁRIA:
Segunda Nm 15.30 A alma extirpada do meio do povo
Terça 2 Pe 2.20 O último estado pior do que o primeiro
Quarta 2 Pe 2.21 Desvio perigoso
Quinta Ez 36.5 Menosprezando a DEUS
Sexta Dt 17.2 Traspassando o concerto
Sábado Mt 12.31,32 Pecado que não será perdoado
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - HEBREUS 10.26-31,38,39 26 Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,27 mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários.28 Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas.29 De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de DEUS, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao ESPÍRITO da graça?30 Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.31 Horrenda coisa é cair nas mãos do DEUS vivo.
38 Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.39 Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.
 
PONTO DE CONTATO:
Os homens precisam aceitar o sacrifício de CRISTO, senão sofrerão o juízo eterno. Não há outra alternativa. O escritor aos hebreus apresenta a salvação como presente para os que esperam a CRISTO; mas para os que rejeitam o seu sacrifício, há apenas uma expectação terrível de juízo “prestes a consumir os adversários”. O apóstolo Pedro diria a essas pessoas: “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”. 
 
OBJETIVOS: Após esta aula seu aluno deverá estar apto a:Identificar o pecado considerado por DEUS como imperdoável.
Escolher não desprezar o sacrifício feito pelo Filho de DEUS.
Definir qual é o castigo reservado à quem apostata da fé e pisa o Filho de DEUS.
 
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA:
Divida sua turma em pequenos grupos de 2 a 4 alunos cada. Os grupos deverão discutir por 5 minutos sobre a parte “b” do versículo 26, que diz: “...já não resta mais sacrifício pelos pecados?” Perguntas para o início da discussão: Qual o significado dessa expressão? Qual a sua abrangência? Ao término do tempo estipulado para esta atividade, reúna os grupos e anote suas conclusões no quadro de giz. Observe se as respostas concordam com a afirmativa abaixo. Essas palavras devem ser entendidas em dois sentidos a saber: 1) Não pode haver outro sacrifício, além daquele que já foi feito – o de CRISTO – , que possa conferir perdão de pecados. Os sacrifícios levíticos foram abolidos; não têm valor para fazer expiação e não pode haver um novo sacrifício expiatório. 2) Mas além disso, o escritor sagrado indica que o pecado da apostasia é fatal; está fora do alcance do perdão divino.
 
COMENTÁRIOS/INTRODUÇÃONesta lição estudaremos sobre o pecado da apostasia, para o qual “não resta mais sacrifício”. Esse tipo de pecado era conhecido entre os rabinos do Antigo Testamento. Naquela ocasião, somente os pecados de
ignorância podiam ser expiados; se um homem pecasse deliberadamente, com pleno conhecimento de sua maldade, não haveria mais sacrifício em seu favor; simplesmente seria excluído do seu povo. Sua iniqüidade permaneceria sobre ele e não teria direito ao perdão. Este assunto tem sido motivo de muitos questionamentos.
I. PECADO VOLUNTÁRIO No capítulo 3 de Hebreus, está escrito: “Vede irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do DEUS vivo” (v.12). “O termo gr. aphistemi, traduzido ‘apartar’ é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Trata-se de apostasia. “Esse pecado consiste na rejeição consciente, maliciosa e voluntária da evidência e convicção do testemunho do ESPÍRITO SANTO, com respeito à graça de DEUS manifesta em JESUS CRISTO” (Oliveira). É nesse contexto que devemos entender o presente tema.
1. Tendo conhecido a verdade (v.26). O texto sagrado refere-se a um tipo de pecado espontâneo, consciente. O conhecimento da verdade aqui mencionado não é o rudimentar, experimentado pelo novo convertido, ou por aquele crente de vida cristã superficial, mas o conhecimento da verdade divina no sentido amplo (epignosis).
2. Não resta mais sacrifício. “Já não resta mais sacrifício pelos pecados”, assevera o texto sagrado. Trata-se dos pecados insolentes, que se constituem numa afronta inominável a DEUS. Pecar assim é um atentado à santidade do Altíssimo. É loucura que trará sérias conseqüências.
A verdade divina liberta (Jo 8.32) quando o pecador a recebe de coração. No entanto, quando a verdade é desprezada de modo deliberado, consciente, doloso, reincidente e ofensivo, por quem a conhece bastante,
torna-se impossível o perdão porque tal pessoa repudia e repele para longe de si a graça de DEUS, que pode levá-la ao arrependimento. No contexto iníquo já descrito, tal pessoa peca não somente contra o Filho, mas também contra o Pai, que o enviou, e contra o ESPÍRITO SANTO, que nos convence do pecado. Quem então convencerá tal pessoa do seu pecado?
3. Só resta uma expectação horrível (v.27). Não havendo mais sacrifício pelo pecado, o que resta? Só resta “a expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”. Só lhe espera uma sentença: “Horrenda coisa é cair nas mãos do DEUS vivo” (v.31).
II. DESPREZANDO O ÚNICO SACRIFÍCIO QUE SALVA1. Pisando o Filho de DEUS (v.29). Na lei de Moisés, a palavra de duas ou três pessoas era válida para que um sacrílego fosse condenado sem misericórdia (Dt 17.2-6). Para aquela pessoa, não havia mais apelação: a morte era certa. Quem pisar o Filho de DEUS, um “maior castigo” lhe sobrevirá. Desprezar o evangelho é considerar sem valor o sacrifício de CRISTO; é zombar da salvação, desprezar tudo o que há de sagrado na igreja de CRISTO depois de ter conhecido a verdade proveniente dos Santos Oráculos. 
2. Profanando o sangue do testamento (v.29b). Significa considerar o sangue do Filho de DEUS como sangue comum, profano, sem nenhum valor sagrado ou redentor. A Bíblia diz que “o sangue de JESUS CRISTO, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7). É por seu sangue que nos aproximamos dEle (Ef 2.13); o sangue de CRISTO purifica (Hb 9.14); resgata (1 Pe 1.19); lava de todo o pecado (Ap 1.5). Assim, se o deliberado transgressor profana o sangue de CRISTO, não há nada mais que o possa renovar ou purificar.
3. Agravo ao ESPÍRITO SANTO (v.29). Trata-se de um pecado múltiplo em sua prática: enquanto pisa o Filho de DEUS, profana o seu sangue e faz agravo ao ESPÍRITO SANTO (literalmente, insulto, insolência, ultraje). Para esse tipo de pecador, o Calvário não passa de uma encenação, de uma farsa.
a) Blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO. Com o coração endurecido, o pecador ultraja conscientemente o ESPÍRITO SANTO. Quanto a isso JESUS advertiu severamente: “Qualquer, porém, que blasfemar contra o ESPÍRITO SANTO, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo” (Mt 12.32; Mc 3.29; Lc 12.10). No texto de Marcos, depreende-se que blasfemar contra o ESPÍRITO de DEUS é o mesmo que atribuir a Satanás a obra de CRISTO. Como vemos, a Epístola aos Hebreus apenas corrobora o que JESUS já ensinara anteriormente.
b) O pecado imperdoável não é a simples incredulidade. O incrédulo de fato, se não aceitar a CRISTO, está condenado (Jo 3.18). No caso em questão, não se trata de um incrédulo qualquer, mas de alguém que já teve amplo conhecimento da verdade. O ESPÍRITO SANTO é que tem o poder de convencer o pecador de seus pecados (Jo 16.8). Se o miserável o despreza e lhe faz agravo, não há mais esperança para o tal.
c) Arrependimento impossível. No estudo referente ao capítulo 6 de Hebreus, já aprendemos que se torna impossível a renovação para arrependimento daqueles que “uma vez foram iluminados”; “provaram o dom celestial”; “se fizeram participantes do ESPÍRITO SANTO”; “provaram a boa palavra de DEUS, e as virtudes do século futuro” (vv.5,6). Qual a razão de tal impossibilidade? A resposta está claramente estampada no texto: por que “de novo crucificaram o Filho de DEUS, e o expõem ao vitupério”. Mais uma vez constatamos que o pecado imperdoável não é cometido por um desobediente desavisado qualquer; não se trata de pecado por ignorância.
III. O JUÍZO DE DEUS É SEVERO E TOTAL1. “Horrenda coisa é cair nas mãos do DEUS vivo”. Essa advertência nos mostra o quanto DEUS é severo em seu juízo: nenhum suborno poderá alterar seus propósitos; nem fama, nem riquezas e nem vantagens terrenas de qualquer espécie farão qualquer diferença no juízo celestial.
2. Lembrando dos dias passados (v.32). Aqui a admoestação aos destinatários da Epístola é para que se lembrem “dos dias passados”, nos quais eles deram seu testemunho diante de seus perseguidores. Aqueles crentes compadeceram-se dos que foram presos e perderam bens, sabendo que teriam “nos céus uma possessão melhor e permanente” (vv.33,34).
CONCLUSÃOA apostasia, o abandono deliberado da fé em CRISTO, é algo de indescritível gravidade espiritual. Se rejeitarmos o sacrifício de CRISTO como paga pelos nossos pecados, nenhuma outra provisão haverá para a nossa salvação (v.26). O relativismo religioso e o secularismo que debilitam a igreja, afrouxando as regras e os limites entre o santo e o profano, constituem um sinal de alerta a todos nós. Não rejeitemos a CRISTO!
 
Subsídio Bibliológico
“Aviso contra a apostasia. O pecado voluntário que ameaçava os hebreus consistia em abandonar o Cristianismo e voltar ao judaísmo. Não há nenhum sacrifício em favor dos que apostatam da fé em CRISTO — pela  alma do homem só existe um único sacrifício, o de CRISTO (v.26). Ora, se o sacrifício de CRISTO é definitivo, também é o último. Rejeitá-lo voluntariamente implica “uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo”  (v.27). O autor não limita a eficácia da obra de CRISTO em favor do penitente. Essa passagem deve ser  estudada em conjunto com o capítulo 6.4-8. Sob a Antiga Aliança, quem desprezasse a Lei de Moisés era punido com a morte (v.28). O mesmo princípio está  em vigência, e com maior rigor ainda para quem apostatar da fé, pois constitui afronta a CRISTO, à eficácia do  seu sangue e um insulto ao ESPÍRITO SANTO, através de quem a graça de DEUS se manifesta. Sobre os tais pesa o juízo de DEUS, do qual ninguém pode escapar (vv.29-31).” (Comentário Bíblico — Hebreus, CPAD, pág. 156.)

Subsídio Teológico
“Se pecarmos voluntariamente (Hb 10.26). O escritor de Hebreus volta a advertir seus leitores sobre o caso de abandonar a CRISTO, como fizeram em 6.4-8. “Pisar o Filho de DEUS (Hb 10.29). Continuar a pecar deliberadamente depois de termos recebido o conhecimento da verdade (v.26) é: (1) tornar-se culpado de pisar JESUS CRISTO, tratá-lo com desprezo e  menosprezar sua vida e morte; (2) ter o sangue de CRISTO como indigno da nossa lealdade; e (3) insultar o  ESPÍRITO SANTO e rebelar-se contra Ele, o qual comunica a graça de DEUS ao nosso coração. “O justo viverá da fé (Hb 10. 38). Este princípio fundamental, afirmado quatro vezes nas Escrituras (Hc 2.4; Rm .7; Gl 3.11; Hb 10.38), governa o nosso relacionamento com DEUS e a nossa participação na salvação provida  por JESUS CRISTO. (1) Esta verdade fundamental afirma que os justos obterão a vida eterna por se aproximarem fielmente de DEUS com um coração sincero e crente (ver 10.22). (2) Quanto aquele que abandona a CRISTO e  deliberadamente continua pecando, DEUS “não tem prazer nele” e incorrerá na condenação eterna (vv.38,39).”  (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág. 1915.)

QUESTIONÁRIO:
1. No texto, qual o significado de apostasia?
R. Afastar-se deliberadamente da fé.
2. Por que, na lição, se diz que só resta uma expectação horrível para quem apostata da fé?
R. Por não haver mais sacrifício pelo pecado.
3. O que significa profanar o sangue do testamento?
R. É considerar o sangue de JESUS comum, sem nenhum valor sagrado.
4. Segundo Marcos, em que consiste a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO?
R. É atribuir a Satanás a obra de CRISTO.
5. O que aguarda nos céus os crentes que perderam seus bens por amor a JESUS?
R. “Uma possessão melhor e permanente”.
 
SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA
 
O Testemunho da Fé
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem.
Este é o mais lido e conhecido dos 13 capítu­los da Epístola aos Hebreus. Alguns escritores da Bíblia o tem denominado de “A Galeria dos He­róis da Fé”, visto que ela (a fé) encontra-se pre­sente do começo ao fim deste capítulo, marcando cada acontecimento. Tudo aqui se dá pela fé. A expressão “pela fé” aparece cerca de 20 vezes, para mostrar o que a fé representa para a vida religiosa. Descobrimos aqui também que existem duas ma­neiras de DEUS aplicar a fé com relação ao cristão.
João Calvino, em um trecho de suas Institutas, define qualquer natureza de fé como parte integrante da salvação. Seja ela co­mum ou tida como fé especial, quando é demonstrada como sendo um dos dons de poder (cf. I Co 12.9). “Onde quer que exista fé viva, ela necessariamente deve ser acompanhada pela esperança da salvação eterna como doação divina mediante esta fé, pois se não tivermos esta esperança, por mais eloquentemente que discorramos sobre a fé, fica evidente que não temos fé nenhuma...” Há pessoas que são escolhidas para hon­rarem a fé, enquanto outras são determinadas por DEUS para que a fé os honre. Em outras palavras: uns morrem na fé, e outros morrem pela fé. Não pode haver bom fundamento sem o alicerce da fé, visto ser ela aqui apresentada como sendo “o fundamento principal” da nossa salvação (Ef 2.8,9).
Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho.
As Escrituras estão permeadas de diversos acontecimentos que foram promovidos pela fé. DEUS operou de várias maneiras, com o objetivo de honrar a fé dos seus servos que nEle deposi­taram a sua confiança. Alguns destes milagres operados em res­posta a necessidades prementes, se visualizados dentro da lógica humana, seriam tidos como impossíveis. Mas sabemos que para DEUS nada é impossível, pois Ele opera quando quer e pode ultrapassar qualquer possibilidade daquilo que é impossível. “Porque para DEUS nada é impossível” (Lc 1.37). Aqui, portan­to, cabe a frase que se delineia para o campo da fé quando esta opera milagres: “o milagre não se explica, se aceita”. E o teste­munho da fé somente pode ser alcançado por meio da fé, por­que sem fé é impossível que tal testemunho seja consolidado.

Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de DEUS, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não feito do que é aparente.
A insistência do homem em não atribuir a criação ao supremo poder de DEUS é pura        ilusão.  DEUS criou os céus
pelo supremo poder da  palavra (I Cr      16.26; Jó 26.13; SI 8.3; 33.6; 96.5; 136.5; Pv 8.27). Criou também os céus e a terra (Êx 20.11; 31.17; Ne 9.6; SI 89.11,12; 102.25; 115.3,15,16; 121.2; 124.8; 134.3; 146.6; Pv 3.19; Is 37.16; 42.5; 44.24; 51.13,16; Jr            10.12;   32.17;   51.15; Zc I2.1;  At
4.24; 14.15; Ef 3.9; 2 Pe           3.5; Ap 4.11;     10.6; 13.8). DEUS os criou em seis dias (Ex 20.11; 31.17). São sustentados pelo poder de sua palavra (SI 33.9; 148.5; Hb 1.3; 2 Pe 3.5). Partes desses céus criados por DEUS, isto é, o céu atmosféri­co e o céu estelar, passarão com grande estrondo no Dia do Senhor. O apóstolo Pedro usou uma terminologia grega li­terária: O substantivo rhoizos era usado no grego antigo a propósito do zunido da flecha ou para aludir ao rugido de um incêndio ou, provavelmente, ao enrolamento dos céus como pergaminho.

Pela fé, Abel ofereceu a DEUS maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando DEUS testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda fala.
Abel e Caim eram dois irmãos que nasceram dos mes­mos pais e no mesmo lar. Um dia, os dois ofereceram a DEUS sacrifícios como forma de agradecimento pela prosperidade alcançada por ambos. “... Abel foi pastor de ove­lhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Se­nhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ove­lhas e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não aten­tou...” (Gn 4.2-5). A aceitação de Abel e a rejeição de Caim por parte de DEUS deu-se por dois motivos distintos: Abel era justo — pertencia a DEUS (Mt 23.35), Caim era injusto pertencia ao maligno (I Jo 3.12). Caim não alcançou ne­nhum testemunho; Abel, pelo contrário, alcançou o teste­munho da fé que o tornou imortal, e mesmo “depois de morto [seu testemunho], ainda fala”.

A Fé através dos Séculos
Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque DEUS o trasladara, visto como, antes da sua trasladarão, alcançou testemunho de que agradara a DEUS.
A história de Enoque se encontra em Gênesis 5.18-24 e começa assim: “E viveu Jarede cento e sessenta e dois anos e gerou a Enoque. E viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos e gerou filhos e filhas... e viveu Enoque sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. E andou Enoque com DEUS, depois que gerou a Metusalém, trezentos anos e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cincos anos. E andou Enoque com DEUS; e não se viu mais, porquanto DEUS para si o tomou”. No versículo 5 deste capítu­lo da Epístola aos Hebreus é exaltada a fé deste grande homem
de DEUS, dizendo que ele “.f o i trasladado para não ver a mor­te”, e em Judas 14 nos é dito que Enoque era também profeta de DEUS. Enoque teve o mesmo privilégio que teve Elias, outro profeta de DEUS que fora arrebatado vivo, sendo levado ao céu num carro de fogo por meio de um redemoinho (2 Rs 2.11).
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe e que égalardoador dos que o buscam.
O assunto principal abordado no presente capítulo — a fé
compreende ainda Hebreus 10.38 até 12.2, e marca cinco períodos de suma importância:
1°A fé no período da criação (1-3). Esta fé assinala que o que hoje existe, já houve um tempo quando não existia.
2° A fé no período primordial (4-7). Notemos que co­meça não com Adão, mas com Abel. No caso de Abel, era fé no sacrifício oferecido a DEUS; no de Enoque, fé na comu­nhão com DEUS; no de Noé, fé que testifica.
3° A fé no período dos patriarcas (8-22). O escritor fala primeiro da fé e das coisas invisíveis (8-16), depois da fé e das coisas improváveis (17-22). Abraão creu que DEUS era capaz de ressuscitar os mortos. A fé de Isaque aceitou a determina­ção divina, que pôs de lado as consagradas leis de herança. Na esfera espiritual, nossos propósitos muitas vezes sofrem mo­dificações por DEUS, e somente pela fé é que podemos apro­veitar as lições que disso advêm.
4° A fé durante o período israelita (23-40). Notemos particularmente no caso de Moisés como sua fé era sempre a “visão do invisível” — era o que ele percebia com DEUS. E vemos ainda que ele, por essa fé, recusou (24) as vantagens do mundo; escolheu (25) uma sorte aparentemente desprezível; deu valor (26) ao privilégio de sofrer com o povo de DEUS; enxergou (27) aquilo que o olho natural não percebe; deixou a terra onde nascera e não temeu, mas ficou firme, como quem enxerga o invisível.
5o A fé cristã iniciada por JESUS (12.1,2). Esta fé assinala o período da dispensação da graça, quando o homem é salvo e justificado por ela. Em JESUS, a fé e a graça justificam e sal­vam os homens. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça...” — “Sendo, pois, justificados pela fé...” (Rm 3.24; 5.1). E o apóstolo Paulo acrescenta: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé...” (Ef 2.8).
7 Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.
A história que marcou a fé deste grande patriarca en­contra-se narrada em Gênesis 5—10, além de outras pas­sagens que falam dele, seja no texto ou no contexto (Is 54.9; Ez 14.14,20; Mt 24.37-39; Lc 17.26,27; I Pe 3.20; 2Pe 2.5). Noé já era um homem reto quando DEUS lhe deu a ordem de construir a arca. E com fidelidade ele cum­priu essa ordem. Ele cresceu na retidão, tornando-se her­deiro da própria justiça de DEUS. Noé foi o décimo e últi­mo dos patriarcas antediluvianos; era filho de Lameque, que tinha 182 anos de idade quando Noé nasceu (Gn 5.28,29). Ele creu naquilo que nunca tinha visto, porque fora DEUS quem falara. A construção da arca para sua sal­vação e de sua família, talvez por um período de 100 anos, era mesmo um ato de fé, porque nesse tempo ainda nem se quer chovia (cf. Gn 2.5,6;8.22).
Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.
Os estudiosos destacam cerca de “sete maneiras” pelas quais a fé operava em Abraão:
1° — Abraão foi “chamado” por DEUS para deixar a sua terra natal e tornar-se um peregrino, em busca de um país melhor. A fé exigiu “ação aventurosa” da sua parte (v. 8).
2o         — A fé de Abraão o tornou um peregrino. Ele tinha uma herança, mas não entrou na posse da mesma. Sua peregrinação o levou a reconhecer que nesta terra não tinha habitação certa, e que a herança do crente não pode estar neste mundo — Deve­mos, portanto, aguardar uma herança celestial (w. 9,10).
3o — A fé foi um poder miraculoso, nele operante, bem como naqueles que com ele andavam, como Sara e outros (w. 11,12).
4o         — A fé abre a “dimensão eterna” à vida; leva o indiví­duo a reconhecer que o ser humano realmente pertence a um mundo espiritual e superior (v. 16).
5° — A fé nos ensina que DEUS é o nosso DEUS; que não há limite para a glória, pois na filiação o infinito é trazido ao que é finito (v. 16).
6° — A fé nos ensina que há um sacrifício supremo a ser feito à vontade de DEUS, a fim de que se cumpra em nós tudo quanto foi por Ele designado (v. 17).
o — A fé nos ensina a esperar o impossível, porquanto dependemos do poder de DEUS, que transmite vida e opera milagres (v. 19).
Abraão e sua Descendência
Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.
Esses três patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó, são mencio­nados freqüentemente, porque suas vidas representam três gerações de homens que viveram dentro dos limites da mesma fé. Suas vidas cobriram todo o período de peregrinação na Terra Prometida. Depois de Jacó, veio a descendência que foi levada ao cativeiro egípcio. Seus nomes são tomados para exemplificar a própria existência de DEUS, quando deles testifica, dizendo: “Eu sou o DEUS de Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó...” (Mt 22.32). Aqui no texto em foco, DEUS se apresenta particularmente a cada patriarca. Ele bem poderia dizer: “Eu sou o DEUS de Abraão, de Isaque e de Jacó”, resu­mindo assim tempo e espaço. Contudo, Ele usou a extensão de seu nome para cada um deles, quando disse: “Eu sou o DEUS de Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó”. Isso fala da fé extensiva e progressiva que vai passando de pai para fi­lho. Jacó pertencia a uma família que tinha vivido na fé. De Timóteo se diz que a fé que ele professava foi herdada de sua família cristã piedosa, como escreve Paulo: “trazendo à me­mória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti” (2Tm 1.5). A fé de sua avó Lóide e de sua mãe Eunice, e o ensinamento das “sagradas letras” em sua meninice lhe fizeram idôneo, sábio e capaz para o desempe­nho espiritual de sua vida e de seu ministério (2Tm 3.15).
Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é DEUS.
O escritor sagrado faz aqui alusão à Jerusalém celestial, da qual o artífice e construtor é DEUS. Ela encontra-se edificada sobre um alto e sublime monte (Ap 21.10). Ela desce do céu para receber os remidos, pois é impossível construir uma cida­de santa aqui na terra (cf. Fp 4.20). O fato de ser chamada de “cidade mãe” corresponde à alegoria que Paulo faz em Gálatas 4.22-26, quando diz: “... está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa, o que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos: um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós”. Durante sua peregrinação, Abraão nunca optou por morar na cidade de Jerusalém. Cremos que se este fosse o seu desejo, ele teria toda a liberdade de fazê-lo. Esta cidade fazia parte de sua herança e Melquisedeque, que nesta época era rei e sacerdote ali, era amigo de Abraão e de sua parentela. Mas Abraão não se aproveitou de nenhuma destas circunstâncias, pois tinha em mente uma outra linda cidade — a cidade do DEUS vivo, a Jerusalém celestial —, por esta razão se declarou peregrino aqui na terra durante a sua vida.
Pela fé, também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido.
Aqui, o autor fala da esterilidade de Sara e no versículo seguinte, do amortecimento de Abraão; a fé curou os dois e Sara tornou-se fértil. Abraão era um homem idoso, que já passara da idade de gerar filhos, e sua esposa, Sara, era estéril; porém, DEUS consertou tudo aquilo, porque para Ele nada é impossível (Gn 18.14; Lc 1.37). Quando abrimos o Novo Testamento, observamos que o DEUS Todo-poderoso perma­nece o mesmo. Isabel e Zacarias “... eram ambos justos peran­te DEUS, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamen­tos e preceitos do Senhor. E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade” (Lc 1.6,7). Contudo, o DEUS que operou milagrosamente no idoso casal do Antigo Testamento, concedendo-lhes Isaque, também ope­rou eficazmente aqui no Novo Testamento, dando a Zacarias e a Isabel o profeta João Batista. O segredo de se honrar a DEUS com a fé é começar a crer na possibilidade de suas pro­messas. Jó cria em qualquer dessas possibilidades quando dis­se: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensa­mentos pode ser impedido” (Jó 42.1,2).
Pelo que também de um, e esse já amortecido, descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar.
A promessa de DEUS a Abraão era de que ele se tornaria pai de uma multidão de filhos. Isto se cumpriu não apenas literalmente, como também no aspecto espiritual da promessa divina para com o patriarca. Ele foi pai de Ismael, que se tor­nou o progenitor dos árabes meridionais. Depois da morte de Sara, Abraão casou com Quetura e dela gerou seis filhos: “Zinrã, e Jocsã, e Medã, e Midiã, e Isbaque, e Suá” (Gn 25.1,2). Abraão aconselhou a todos que se fossem se estabelecer na terra oriental; “eles assumiram um estilo de vida nômade e [segundo alguns historiadores], por fim, alcançaram toda a vasta península sírio-árabe”1. Ali, estes descendentes de Abraão, hoje subdivididos em vários povos árabes do Oriente Médio, formaram várias nações. Porém o pacto de DEUS com Abraão falava de uma extensão maior de famílias que viriam através do filho da promessa — Isaque. E assim, todas as nações, todas as raças, foram incluídas como beneficiárias da fé de Abraão, sendo CRISTO a figura central em todos estes acontecimentos.
Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Abraão e seus descendentes mais próximos, tais como Isaque, Jacó e os patriarcas filhos de Jacó, peregrinaram na terra de Canaã, e alguns deles foram ali sepultados na cova de Macpela, nos carvalhais de Manre, na cidade de Hebrom (Gn 49.29-32; 50.5-13). Contudo, durante suas vidas aqui na ter­ra, eles não chegaram a alcançar a posse total daquela terra que fora dada por DEUS a Abraão por meio de um juramento.
Mas eles morreram na fé — quer dizer, na confiança de que DEUS era fiel para cumprir seu juramento, confirmando aque­la terra por herança perpetua à descendência de Abraão. Com efeito, porém, o anseio maior destes servos de DEUS era uma pátria celestial, por esta razão ”... confessaram que eram es­trangeiros e peregrinos na terra”. Essa confissão feita pelos patriarcas durante os tempos de suas peregrinações era tanto oral como moral. Eles confessavam a DEUS com suas palavras e com seus exemplos, o que também serve de modelo para a Igreja cristã do Pentecostes ao arrebatamento (Fp 2.15).
A Pátria Celestial
14 Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma pátria.
O escritor sagrado continua até o versículo 16 com o mesmo argumento, mostrando que os patriarcas buscavam uma pátria melhor do que aquela onde tinham nascido e viviam: eles buscavam a pátria celestial. O objetivo dessa argumenta­ção é mostrar àqueles cristãos e aos demais santos de todos os tempos que a verdadeira pátria dos salvos não é aquela onde eles nasceram ou viveram, mas a pátria celestial. Paulo aspirava por esta pátria divina, e dela falou: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Je­sus CRISTO” (Fp 3.20). A terra da promessa sempre foi almeja­da pelo povo de DEUS em ambos os Testamentos. Os judeus, quando se encontram fora de sua pátria, sempre aspiram para a ela voltarem. Outros cristãos de todo o mundo também amam esta pátria e sempre que têm a oportunidade, vão conhecê-la e
nela adorar ao Senhor. Mas a aspiração das almas sequiosas pela presença de DEUS não é esta pátria terrena, e sim, a celestial.
E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar.
Abraão, Isaque e Jacó possuíam tudo o que as pessoas bem- sucedidas têm aqui neste mundo. Eles possuíam riquezas, bens diversificados e glórias que os grandes de seus dias possuíam. Se Abraão quisesse voltar para Ur, cidade de seu nascimento, poderia bem fazê-lo. Isaque, quando seu pai morreu, ficou tam­bém com suas riquezas. O mesmo aconteceu também com Jacó que, além de sua riqueza adquirida em Arã, herdou a parte que lhe cabia, quando Isaque morreu. Contudo, nenhum deles se valeu de suas riquezas e de seu poder para voltar à terra de seus ancestrais, mas permaneceram firmes na terra onde DEUS havia manifestado seu propósito para com eles. Em figura de retóri­ca, isso significa que jamais o cristão deve voltar para a terra de onde veio (o mundo), mas deve avançar até alcançar a verdadei­ra terra que mana leite e mel (o céu), a capital da nova terra, em que habita a justiça (2 Pe 3.13).
Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial.
Pelo que também DEUS não se envergonha deles, de se chamar seu DEUS, porque já lhes preparou uma cidade.
Em algumas versões, como a Revista e Atualizada, por exemplo, ao invés de “... uma [pátria] melhor”, lê-se: “uma pátria superior”, indicando que aquela pátria que dera a Abraão e aos seus descendentes o direito de cidadania não era a verda­deira pátria permanente prometida por DEUS. Restava, por­tanto, uma outra pátria, a celestial. Naquela pátria superior, DEUS já lhes preparou uma cidade, “... a nova Jerusalém, que de DEUS descia do céu” (Ap 21.2). Assim relatou o escritor desta epístola, em 12.23, quando descrevia a chegada destes peregrinos à pátria por eles almejada: “Mas chegastes ao monte de Sião, e à cidade do DEUS vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos”. Hoje, qualquer cidade do mundo, pequena ou grande, não oferece a segurança que seus cidadãos gostariam de nela encontrar. Mas na cidade de DEUS cada cidadão se sentirá seguro, porque “... não entrará nela coisa al­guma que contamine e cometa abominação...” (Ap 21.27).
Isaque como Símbolo do Sacrifício de CRISTO
Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado, sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito.
Quando Isaque tinha crescido e se tornara um rapaz for­moso, aos olhos de seus pais e também aos olhos de todos, Abraão ouviu a voz de DEUS. Esta era a oitava vez que DEUS falara com ele, dando-lhe sua orientação divina. Mas esta men­sagem não trazia o mesmo teor daquelas anteriores, conforme escreve o autor sagrado: “E aconteceu, depois destas coisas, que tentou DEUS a Abraão e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi” (Gn 22.1,2). O Alcorão diz que no monte Moriá foi oferecido Ismael, o primeiro filho de Abraão com a escrava egípcia. Mas é impos­sível que Moisés tenha se enganado quando escrevia o Pentateuco, trocando Isaque por Ismael. Isaque, o filho da promessa, foi o filho que DEUS ordenara a Abraão para tal sacrifício.
Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendênàa, considerou que DEUS era poderoso para até dos mortos o ressuscitar.
Martinho Lutero traz uma meditação de grande inspira­ção no tocante a este acontecimento, dizendo: “Abraão o amar­rou e deitou sobre a lenha. O pai ergueu o cutelo. O corpo de Isaque exposto àquele imenso cutelo afiado, que caminhava em direção a sua garganta inocente. Se tivesse DEUS dormita- do por um instante, o jovem estaria morto. Eu não poderia ter contemplado. Não posso fazer meus pensamentos prosseguirem. O jovem era uma ovelha para o matadouro. Nunca, na história, houve tal obediência, salvo somente a de CRISTO. Mas DEUS estava observando, bem como todos os anjos. O Pai ergueu a faca; o corpo não estremeceu. O anjo clamou: Abraão, Abraão!’ Vemos como a majestade divina está às portas, na hora da morte. Dizemos: ‘Em meio à vida, morremos’. DEUS responde: ‘Sim, e em meio à morte, vivemos”’.
E daí também, em figura, ele o recobrou.
Muitos comentaristas vêem aqui nesta alegoria a morte e ressurreição de CRISTO. E JESUS parece querer ligar o ofereci­mento de Isaque no monte Moriá com sua morte na cruz, quando disse aos judeus: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se. Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão? Disse-lhes Je­sus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.56-58). Podemos ver ali no Moriá, como também aqui no pensamento do autor, uma verdadeira alegoria (Gn 22.1-19).
Abraão — representa DEUS
Isaque nesse momento — o pecador
O monte Moriá — o Calvário
O cordeiro — JESUS
A árvore — a cruz
As pontas que seguravam o cordeiro ao arbusto — os cravos.
O fato de JESUS afirmar ser “antes de Abraão”, e não pos­terior a ele, confirma aquilo que JESUS disse aos judeus, quan­do estes questionaram sua idade, dizendo: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?”, ao que JESUS lhes respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo que, antes que      Abraão exis­tisse, eu sou” (Jo 8.57,58). Portanto, CRISTO é antes de          Abraão.
O cordeiro substituiu Isaque, e o Cordeiro de DEUS (JESUS) foi o substituto do pecador (I Jo 2.1,2).
Pela fé, Isaque abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras.
Em Gênesis 27; 28, encontramos Isaque abençoando a seus dois filhos, Jacó e Esaú. Jacó foi abençoado, ouvindo seu pai pronunciar as seguintes palavras: “Assim, pois, te dê DEUS do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto. Sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê se­nhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem” (Gn 27.28,29). Na bênção conferida a Esaú, por outro lado, foi-lhe dito que ele deveria habitar longe “das gorduras da terra e sem orvalho dos céus”, conforme está escri­to: “Então, respondeu Isaque, seu pai, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será longe das gorduras da terra e no orvalho dos céus. E pela tua espada viverás e ao teu irmão servirás. Acontece­rá, porém, que, quando te libertares, então, sacudirás o seu jugo do teu pescoço” (Gn 27.39,40). Estas profecias têm se cumpri­do fielmente nas vidas destes dois povos, porque elas foram pro­feridas pela fé, e DEUS honrou a fé — porque a fé honra a DEUS!
As Gerações Posteriores
Pela fé, Jacó, próximo da morte, abençoou cada um dos filhos de José e adorou encostado à ponta do seu bordão.
Podemos destacar três fases da vida de Jacó:
Ele nasceu lutando; Viveu enganando; Morreu abençoando.
Nasceu lutando. A primeira batalha de Jacó foi com seu irmão ainda no ventre materno. “E os filhos lutavam dentro dela; então, disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi-se a perguntar ao Senhor. E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor” (Gn 25.22,23). Jacó também lutou “... com DEUS e com os homens”, quando atravessava o ribeiro de Jaboque (Gn 32.28). Na primeira batalha, Jacó nasceu fisicamente — na se­gunda, nasceu espiritualmente (Gn 32.30). Ele ainda partici­pou de uma outra batalha com os amorreus por causa de ”... um pedaço de terra”, cujos detalhes não nos são revelados. Contu­do, esta batalha aconteceu — e nela Jacó foi vitorioso (Gn 48.22)
Viveu enganando. O lado negativo de Jacó foi o enga­no. Talvez seu nome tenha exercido alguma influência sobre isso, pois sua vida mudou quando DEUS mudou o seu nome de Jacó para Israel. Jacó quer dizer “suplantador”, ou “enga­nador”, enquanto Israel significa “aquele que luta com DEUS”. Jacó enganou seu pai (Gn 27.29), seu irmão (Gn 27.36), seu sogro algumas vezes (Gn 30). Foi também enganado diversas vezes (Gn 29; 30). Ali operava a lei do mais esperto: “engana­do e sendo enganados” (2Tm 3.13).
Jacó morreu abençoando. Após seu encontro com DEUS no vale de Jaboque, Jacó se transformou em um novo homem, e a partir daí ele é mencionado por diversas vezes abençoando.
Abençoou a Faraó (Gn 47.7,10);
Abençoou os filhos de José (Gn 48.9,10);
Abençoou seus 12 filhos (Gn 49.28);
Finalmente, morreu adorando.
Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos.  Já bem perto de sua morte, José profetizou a libertação dos filhos de Israel do jugo egípcio, dizendo: “Certamente, vos visitará DEUS, e fareis transportar os meus ossos daqui” (Gn 50.25).
José recebeu de DEUS um discernimento especial no tocante à posse da Terra Prometida. Isso explica o seu desejo de que seus ossos fossem conduzidos quando DEUS provesse a grande libertação de seu povo, e ali em Canaã fossem sepultados como símbolo da participação na liber­dade conferida por DEUS. Quando “... subiram os filhos de Israel da terra do Egito armados. E tomou Moisés os ossos de José consigo, porquanto havia este estreitamente ajuramentado aos filhos de Israel, dizendo: Certamente DEUS vos visitará; fazei, pois, subir daqui os meus ossos convosco” (Ex 13.18,19). O desejo deste grande servo de DEUS foi por ele e pelo povo eleito cumprido! “Também enterraram em Siquém os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, naquela parte do campo que Jacó comprara aos filhos de Hamor...” (Js 24.32).
Moisés e o Êxodo
Pela fé, Moisés, já nasàdo, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei.
Esconder uma criança saudável e robusta com poder absoluto de chorar, espernear e gritar em alta voz foi real­mente um ato de fé. Contudo, chegou um momento quan­do seus pais “não podendo, porém, mais escondê-lo”, usa­ram novamente o poder da fé. Moisés foi colocado numa “arca de junco” e esta lançada nas correntezas do rio Nilo. Mas a mão divina guiou aquela pequena “embarcação” até onde se encontrava a filha do monarca egípcio que, vendo Moisés chorando: "... moveu-se de compaixão dele”. A partir daí, a fé e a proteção divina estavam presentes na vida daquele que DEUS havia escolhido para libertar o seu povo da escravidão.
Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
Ser chamado filho da filha do monarca egípcio era um dos maiores privilégios daquela época. Recusar tamanho privilégio era, portanto, um verdadeiro ato de fé. Moisés foi alvo da misericórdia de DEUS e também da bondade da princesa egípcia Thermuthis (segundo Flávio Josefo, é o nome da princesa que adotou Moisés. Alguns historiadores afirmam ainda que seu nome seria Hatchepsute2 ), filha de Faraó, que passeava pela margem do rio Nilo, “... viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, e a tomou. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o meni­no chorava; e moveu-se de compaixão dele...” (Êx 2.5,6). Thermuthis, não tendo filhos, “... o adotou; e chamou o seu nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado” (Êx 2.10).
escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de DEUS do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado;
Somente a eternidade poderá nos revelar o que a fé pode fazer para honrar a DEUS, como a decisão de Moisés em escolher
ser maltratado ao lado de um grupo de escravos, sofrendo debai­xo do julgo egípcio. Tal decisão levou Moisés a ser odiado por Faraó e pelos seus súditos. Josefo nos informa que antes mesmo da morte do egípcio por Moisés, os súditos de Faraó aconselha­ram ao rei que o mandasse matar. O monarca prestou ouvidos a tais palavras, porque a grande fama de Moisés já lhe causava inveja e ele começava a temer que o sobrepujasse também. Mas Moisés nada disso temeu; ele sabia que DEUS tinha um plano para sua vida com relação a Israel. E pelos inúmeros incidentes que marcaram sua vida, ele era, portanto, a pessoa escolhida por DEUS para a libertação de seu povo (cf. At 7.25). O Diabo usou de todos os meios sombrios de destruição e de todas as suas artimanhas para que Moisés não se tornasse o grande libertador do povo de DEUS, buscando assim frustrar o plano divino para com este povo. Mas DEUS operou milagrosamente em tudo, e mais uma vez, como sempre, o Diabo foi derrotado.
tendo, por maiores riquezas, o vitupério de CRISTO do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
Quem conhece o Egito sabe que ali existem alguns dos maiores tesouros da humanidade encontrados pela arqueolo­gia. O museu de Antiguidade do Cairo revela todos os deta­lhes dessa suntuosidade. Basta contemplar os tesouros que foram encontrados no túmulo de Tutankamon, no Vale dos Reis, monarca egípcio assassinado aos 18 anos de idade. Este achado deu-se em 4 de novembro de 1922, por Howard Carter. O sarcófago onde se encontrava o corpo do rei é recoberto de ouro e pesa cerca de 1.800 libras (cerca de 816 quilos). Sua máscara mortuária consta de 200 quilos de ouro incrustado com lápis-lazúli, turquesas e coralinas. Além de mais quatro sarcófagos — todos recobertos de ouro, inúmeros objetos, em sua maioria de ouro ou pedras preciosas, foram também ali encontrados. Além dos tesouros de Tutankamon, outros acha­dos preciosíssimos relacionados à vida dos faraós têm sido encontrados pela arqueologia ou por pessoas comuns. Flávio Josefo também nos diz que quando Faraó colocou Moisés em seus braços, para agradar a sua filha, mandou que colocassem na cabeça de Moisés um diadema. Moisés, como uma criança que se diverte, tirou-o e o jogou no chão, pisando-lhe em cima. Muitos destes “tesouros do Egito” foram descobertos, inclu­sive em escavações mais recentes. Contudo, Moisés teve por “... maiores riquezas o vitupério de CRISTO... porque tinha em vista a recompensa” do porvir.
Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.
Ver o invisível parece contraditório quando visualizado na esfera humana. Pois se é invisível, como pode alguém ver? Talvez por esta razão alguns tradutores traduziram esta parte final do versículo, “... como quem vê aquele que é invisível”. Nesse caso seria uma referência direta a DEUS ou a CRISTO. Mesmo havendo esta emenda de tradução, o sentido original deve ser aqui conservado. “Como vendo o invisível” está de acordo com o argumento e a tese principal daquilo que foi dito no início no tocante à definição da fé. Ela é “... o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem”. Moisés não estava vendo o futuro com os olhos naturais — mas estava vendo e crendo nele, com os olhos da fé. Ele sabia que “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que DEUS preparou para os que o amam” (I Co 2.9); por esta razão ficou firme na esperança de recebê-las.
28 Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse.
Tudo relacionado com a Páscoa tinha um significado pro­fundo e um infinito alcance. Ela apontava para CRISTO, que é a “... nossa Páscoa” (I Co 5.7). Como também aquele sangue que oferecia proteção contra o malho destruidor da ira divina tinha também uma significação toda especial. O sangue do cordeiro ordinário, por si mesmo, sem a mistura da fé, não podia oferecer proteção alguma, mas aquele sangue apontava para o tempo em que JESUS morreria como o Cordeiro de DEUS que tira o pecado do mundo. E assim como o sangue aspergi- do nos umbrais das portas do povo escolhido lhe garantiu proteção contra o anjo destruidor, também o sangue de JESUS nos oferece proteção contra o avanço das forças do mal, que possibilitam a destruição das almas. A promessa de DEUS era esta: “... vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade” (Ex 12.13).
Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca; o que intentando os egípcios, se afogaram.
Os céticos têm oferecido inúmeras explicações técnicas para negar a possibilidade da operação divina na travessia do mar Vermelho. Porém, todas elas, têm sido rejeitadas pelo povo de DEUS em geral e também por aqueles que crêem na possibi­lidade dos milagres de DEUS. A Bíblia afirma que DEUS orde­nou a Moisés, dizendo: “levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel pas­sem pelo meio do mar em seco... Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram como muro à sua direita e à sua esquerda” (Êx 14.16,21,22). Qualquer outra explicação fora deste contexto não se harmoniza nem com a tese e nem com o argumento principal. Tudo foi possí­vel pelo caminho da fé. Os egípcios intentaram fazer a mesma trajetória, seguindo pelo mesmo caminho pelas vias naturais - mas “... se afogaram”. Eles ignoraram que aquele caminho aberto pelo sopro das narinas de DEUS era exclusivamente para o seu povo. E isto é confirmado pelo profeta Isaías, séculos depois, quando diz: “E ali haverá um alto caminho, um cami­nho que se chamará O Caminho SANTO; o imundo não passará por ele, mas será para o povo de DEUS; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão” (Is 35.8).
Diversos Livramentos e Vitórias mediante a Fé
Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias.
A queda dos muros de Jericó foi um ato de fé. A fé coo­perou e DEUS operou com a fé de seu povo. Apenas uma parte
do muro ficou de pé, mas isso só foi possível por causa da fé — a fé de Raabe. O restante todo foi “abaixo”. Isto significa que eles não caíram nem para a direita e nem para a esquerda, mas foram pressionados por uma força sobrenatural e caíram abai­xo. DEUS assim operou para facilitar o acesso a “... todos os homens de guerra”, para efetuarem a conquista da cidade ao mesmo tempo. Isto fica subentendido em (Js 6.20), que diz: “o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si”. O que a fé produziu tem sido confirmado pelo testemunho da História. As investigações arqueológicas com suas pás, picaretas e tábu­as cronológicas confirmam em cada detalhe a descrição bíbli­ca da tomada da cidade de Jericó pelo povo eleito.
Pela fé, Raabe, a meretriz não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias.
O capítulo 11 faz menção apenas de duas mulheres usan­do seus nomes — uma delas é Raabe. Ela também é citada na genealogia de nosso Senhor (Mt 1.5) e Tiago apresenta-lhe como exemplo da fé e das boas obras cristãs, dizendo: “E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pe­las obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho?” (Tg 2.25) Lendo Josué 2.15, encontramos a casa de Raabe, a meretriz, edificada sobre o muro da cidade. Confrontando esta passagem com Josué 6.22, fica subenten­dido que a única parte do muro que não caiu foi exatamente aquela onde se encontrava a casa de Raabe. Ali naquela casa foi colocado um “... cordão de escarlata”, símbolo do sangue de CRISTO, o que fez com que DEUS passasse por cima. “...
vendo eu sangue, passarei por cima de vós” (Ex 12.13). Hoje, o sangue de JESUS nos oferece uma segurança ainda maior. Aquele sangue livrava Israel da morte física; o de JESUS, da morte eterna. Isso é glorioso, não?
E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas,
Neste versículo há um resumo da vida de vários persona­gens da Bíblia, cujas vidas e exemplos foram marcados por acon­tecimentos onde a fé milagrosamente esteve presente. Aqui está a lista desses heróis da fé: Gideão (Jz 6—9), Baraque (Jz 5), Sansão (Jz 13—16), Jefté (Jz II; 12), Davi (I Sm 16 e ss), Samuel (I Sm I e ss); depois todos os profetas — estão aqui em foco os profetas do Antigo Testamento. Os maiores e os menores, isto é, desde Samuel até João Batista. Todos foram homens de elevado desenvolvimento espiritual e de caráter marcado pela pureza e pela santidade, sendo dignos exemplos de fé. O escritor citou aqui alguns nomes de maneira abreviada, alegando que lhe falta­va tempo, talvez por causa de sua morte ou de uma outra ativi­dade que requeria sua presença urgentemente. Contudo, a pe­quena lista de nomes aqui deixada já é suficiente para que nós e nossos filhos edifiquemos nossa fé em tudo aquilo que DEUS fez, faz e pode fazer, em qualquer dispensação (Hb 2.1).
os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as hocas dos leões,
Alguns personagens das Escrituras estiveram envolvidos com leões; entre eles destacamos: Sansão. “Desceu, pois, Sansão com seu pai e com sua mãe a Timna; e, chegando às vinhas de Timna, eis que um filho de leão, bramando, lhe saiu ao encontro. Então, o Espí­rito do Senhor se apossou dele tão possantemente, que o fen­deu de alto a baixo, como quem fende um cabrito, sem ter nada na sua mão...” (Jz 14.5,6)Benaia. “Também Benaia, filho de Joiada, filho de um valente varão, grande em obras, de Cabzeel; ele feriu dois for­tes leões de Moabe; e também desceu e feriu um leão dentro de uma cova, no tempo da neve” (I Cr 11.22).
O profeta de Judá. O profeta que profetizou contra Jeroboão, ainda que de maneira inversa, pois o seu caso, exemplifica aqueles que não honraram a fé. “E sucedeu que, depois que comeu pão e depois que bebeu água, albardou ele o jumento para o profeta que fizera voltar. Foi-se, pois, e um leão o encontrou no caminho e o matou” (I Rs 13.23,24).
Daniel. “Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel:
O teu DEUS, a quem tu continuamente serves, ele te livrará...” (Dn 6.16-22).
Paulo. O apóstolo Paulo também falou do poder da fé que fechou a boca de um tal leão, que queria lhe devorar. “... o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me... e fiquei livre da boca do leão” (2Tm 4.17).
Pedro. Na conclusão de sua primeira epístola, Pedro nos adverte: “... o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa traga; ao qual resisti firmes na fé...” (I Pe 5.8,9). As palavras de Pedro, aqui, são uma figura do inimigo de nossas almas, mencionado como leão “buscando a quem possa tragar”, o qual só pode ser ven-
cido pelo poder de DEUS, mediante a fé. A promessa divina para os santos é que pisaremos pela fé o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente” (SI 91.13). Estas palavras são aplicadas diretamente a nosso Senhor JESUS Cris­to, pois falavam de sua vitória sobre o Diabo; mas por exten­são, elas podem também ser aplicadas a todos os santos, de todos os tempos.
apagaram aforça do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida dos exércitos dos estranhos.
Quando Israel andava no deserto, uma parte do povo que se encontrava na última parte do arraial murmurou, e em res­posta a sua murmuração contra DEUS e contra Moisés, o Senhor mandou fogo que os consumiu. “Então, o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou” (Nm 11.1,2). Por outro lado, os três companheiros de Daniel — Sadraque, Mesaque e Abede-Nego — foram salvos por DEUS da fornalha de fogo ardente do rei Nabucodonosor. O próprio rei testemunhou di­zendo: “vejo quatro homens soltos, que andam passeando den­tro do fogo, e nada há de lesão neles”. Tudo isso foi possível porque o quarto homem, chamado Filho de DEUS pelo rei, esta­va ali com seus servos (Dn 3.25). Ele é o autor e consumador da nossa fé, e nEle encontramos a confirmação de todas as promes­sas de DEUS, que “são nele sim, e por ele o Amém, para glória de DEUS, por nós” (2 Co 1.20). A fé, no campo físico, pode apagar a furia do fogo, mas também, no campo espiritual, pode apagar todos os dardos inflamados do maligno que são enviados para destruir os filhos de DEUS (cf. Is 43.2; Ef 6.16).
IX. Sofrimentos pela Fé
As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição;
Podemos deduzir deste versículo duas linhas de pensamento, para que possamos chegarmos a uma conclusão satisfatória.
As mulheres que receberam pela ressurreição os seus mortos devem ser aquelas que no Antigo e no Novo Testamen­tos foram envolvidas em tais acontecimentos. São elas: a viúva de Sarepta, de Sidom (I Rs 17.17-24); a sunamita (2 Rs 4.17­37); a mãe, irmã ou a esposa do homem que tocou nos ossos de Eliseu (2 Rs 13.21); a viúva de Naim (Lc 7.I2-I5); a espo­sa de Jairo, principal da sinagoga (Lc 8.51-56); Marta e Maria (Jo 11.1 -45), que receberam as boas novas da ressurreição de JESUS; Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, e as ou­tras que com elas estavam (Lc 24.1-10); as irmãs de Jope (At 9.36-41); a mãe e irmãs de Eutico (At 20.9-12).
 As mulheres cujos entes queridos ressuscitaram por ocasião da ressurreição de JESUS. Por eles serem “santos”, fo­ram incluídos pela fé neste grupo de santos (Mt 27.52,53). Estes, em sua maioria, eram santos do Antigo Testamento, mas é obvio que alguns deles morrem durante a vida terrena do Senhor JESUS, e foram ali incluídos como primícias da res­surreição da imortalidade (I Co 15.23).
E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias eprisões.
Estes sofrimentos que são mencionados aqui, e que fo­ram suportados pelos santos de ambos os pactos, foram infli­gidos pelo Diabo como armas mortais contra o povo de DEUS. José foi lançado numa prisão embora fosse inocente (Gn); Micaías foi aprisionado por ordem de Acabe (I Rs 22.27,28); Jeremias foi lançado no calabouço (Jr 37.15,16).
O próprio JESUS foi escarnecido (Mt 27.29; Lc 23.11). Al­guns foram presos: Pedro e João (At 4.3; 5.18), Paulo e Silas (At 16.19,23,24); foram açoitados (At 5.40; 16.22,33; 2 Co). E nos anos que se seguiram, inúmeros cristãos so­freram também essas coisas (cf. Ap 2.10, etc.). Atualmente, de acordo com notícias vindas de todas as partes do mundo, há cristãos que se encontram aprisionados em vários países, muitos deles até mesmo sendo mortos por causa de sua fé e do Evangelho da glória de DEUS.
Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados.
Destacamos aqui alguns episódios em que os santos fo­ram envolvidos. Entre os que foram apedrejados, destacamos Nabote (I Rs 21.8-14); Zacarias, filho do sacerdote Joiada (2 Cr 24.20,21); Estêvão (At 7.59) e Paulo (At 14.19; 2 Co 11.25. Tentaram também fazer isso com JESUS em várias oca­siões, mas não conseguiram (Jo 10.31,32; 11.8). Outros pro­fetas foram apedrejados em Jerusalém (Mt 21.35; 23.37) e outros, ainda, serrados. O Talmude babilônico diz que o pro­feta Isaías morreu assim. Segundo a tradição, ele foi amarrado a uma árvore e subsequentemente, esta foi serrada em duas partes. Esta mesma tradição afirma que os heróis Macabeus também morreram assim. Muitos outros, pela fé, foram mor­tos ao fio da espada. Outros, pela fé, escaparam do fio da espada (v. 34). 85 sacerdotes do Senhor com suas famílias morreram assim, por ordem de Saul (I Sm 22.18,19). O pro­feta Elias, quando encontrava-se escondido numa caverna no monte Horebe, lamuriou-se a DEUS, dizendo que um grande número de seus profetas haviam sido mortos ao fio da espada (I Rs 19.10,14). A parte final deste versículo apresenta cir­cunstâncias de natureza geral: “andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados”. So­frimentos estes que estão presentes ao longo de toda a vida dos santos (cf. 1Pe 5.9).
(homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra.
Somente o céu, a pátria celestial, é digno da presença des­tes homens santos que foram mencionados aqui. Contudo, por um pouco de tempo, DEUS permitiu que eles passagem por aqui, a fim de deixar-nos exemplo para que sigamos as suas pisadas. Alguns têm pensado que Paulo tenha sido de fato o autor desta epístola, e que este capítulo 11 foi esboçado por ele quando passava pela antiga Via Apia, que dá acesso às catacumbas — cemitério subterrâneo que posteriormente serviu de refúgio aos cristãos. Quando seguia para sua prisão domiciliar, onde passou dois anos até ser condenado à morte, ao ser transferido para o cárcere Mamertino (At 28.30), Pau­lo foi conduzido através da Porta San Sebastiano, comumente conhecida como Porta Appia, do outro lado da qual inicia-se a chamada strada delle catacombe: a Appia antica. E, de fato, ao longo desta via que se encontram os cunículos escavados na pedra porosa e utilizados, originalmente, para abrigar os des­pojos dos mártires que ocupavam os cubículos e de famílias cristãs que eram sepultadas, por sua vez, em simples lóculos. Assim, profeticamente falando, as “covas e cavernas da terra” apontavam para este sentido.
E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa,
O desejo de todos os santos do Antigo Testamento era ver JESUS CRISTO fisicamente e ser testemunha de sua ressurreição. O próprio Mestre falou disso a seus compatriotas, dizendo: “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvi­dos, porque ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos pro­fetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram” (Mt 13.16,17). A maior satis­fação do sacerdote Simeão foi contemplar a JESUS fisicamente di­ante de seus olhos. “Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a DEUS, e disse: Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação” (Lc 2.28-30). Abraão, só em ver o dia de CRISTO, alegrou-se (Jo 8.56). O mesmo conceito pode ser aplicado aos santos que mor­reram antes do arrebatamento da Igreja. Contudo, foi-lhes assegu­rado que todos ressuscitarão naquele glorioso dia (I Ts 4.13-18).
40- provendo DEUS alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.
A perfeição é tanto individual como coletiva. Mas ela so­mente pode ser encontrada em CRISTO e por meio de CRISTO, poi Ele é o centro e o caminho para a perfeição almejada por cada cristão. Paulo falou dessa perfeição; ele desejava que to­dos os santos fossem aperfeiçoados. “Até que todos chegue­mos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de DEUS, a varão perfeito, à medida da estatura completa de CRISTO” (Ef 4.13). A perfeição plena dessas testemunhas do Antigo Testa­mento dar-se-á por ocasião da ressurreição e trasladação de todos os santos que morreram na fé e viveram por ela em ambas as dispensações, no dia do arrebatamento da Igreja. Ali, diante do poder de DEUS, todos seremos transformados e receberemos o corpo da imortalidade. E isso que Paulo chama de “... adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23).

 
 
A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
 
HEBREUS 11:1
É, porém, o aspecto da fé que fornece a ligação com o capítulo seguinte, uma descrição dalguns dos heróis da fé.
 
B. A FÉ (11.140)
O escritor está bem consciente de que a vida da fé não é fácil, mas chama à mente as proezas de muitos homens e mulheres da fé no passado. Produz uma galeria de arte, em miniatura, de retratos de pessoas piedosas que, a despeito das suas realizações, não herdaram plenamente as promessas, porque tinham vivido antes dos tempos de CRISTO.
 
HEBREUS 11:1
(i) Sua natureza (11.1-3)
1, Não há separação alguma entre este versículo e o anterior. O panorama da eficácia da fé no curso da história do povo de DEUS visa fornecer uma exposição baseada “naqueles que são da fé e conservam a alma” (10.39).
O escritor deseja ilustrar a continuidade entre os cristãos hebreus e os homens piedosos da antigüidade.95 Suas proezas são vistas como um prelúdio apropriado para a era crista (conforme demonstra
11.39, 40).
Este relato começa com algumas declarações gerais acerca da fé (w. 1-3). Não precisamos supor que o escritor está tentando oferecer uma definição precisa da fé na sua declaração inicial. Cita, pelo contrário,
aqueles aspectos importantes que são tão vividamente ilustrados nas experiências passadas do povo de DEUS. A declaração: Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, introduz a palavra “fé” (pistis) sem o artigo, que demonstra que o escritor está pensando da fé em geral e não especificamente da fé cristã. Tem certas qualidades que se aplicam tanto à era précristã quanto à era cristã. A palavra traduzida “certeza” (hypostasis) já tinha sido usada em 1.3 no sentido de “natureza” ou “essência” (“Ser” em ARA) e em 3.14 no sentido de “convicção.” Estes usos diferentes poderiam ser aplicados à presente passagem, e é uma questão para debate qual dos significados é melhor adaptado a ela. Se o primeiro for melhor, Um escritor alemão recente, E. Grasser: Der Glaube im Hebraerbrief (1965), faz de uma exposição de “fé” nesta Epístola a chave para a compreensão do tema inteiro. Considera que a fé tomou-se mais acadêmica do que pessoal, como é em Paulo. Para Grasser, o fundo histórico de Hebreus é um estado de desespero.
Mas cf. as críticas desta posição no Excurso 2 de G. Hughes: Hebrews and Hermeneutics (1979), págs. 137-142. a declaração significaria que a fé dá realidade às coisas esperadas. Se o segundo sentido for melhor, teríamos, então, que a fé consiste na convicção de que as coisas que se esperam acontecerão. A diferença é aquela entre um estado e uma atividade. Para decidir qual sentido é preferível, o significado
da palavra adicional convicção (elenchos) deve ser considerado. Esta palavra significa “prova, teste,” que sugere que a fé é vista como a prova da realidade de fatos que se não vêem. Se as duas partes da sentença devem ser consideradas paralelas entre si, seria melhor considerar que as duas palavras-chaves indicam a função demonstradora da fé. Apesar disto,a diferença entre coisas que se esperam fatos que se não vêem enfraquece o paralelo e sugere que as duas palavras-chaves possam ser entendidas, uma a respeito de um estado e a outra de uma atividade. Bruce faz uma comparação acerca das coisas visíveis e a fé que faz a mesma coisa no caso da ordem das coisas invisíveis.
Coisas que se esperam é bem geral e focaliza-se na “esperança” mais do que em qualquer objeto específico da esperança. Não é, porém, a esperança como conceito abstrato (elpis), mas o resultado da atividade de esperar. Esta estreita conexão entre a fé e a esperança acha sua expressão nas Epístolas de Paulo, como, por exemplo, em 1 Coríntios 13.13 (cf. também Ef 4.4-5). A fé é o ato de compromisso da parte do crente, ao passo que a esperança é o estado da mente. Do outro lado, fatos que se não vêem descreve de modo geral tudo quanto está além do conhecimento normal do homem ou dos seus poderes de compreensão. Inclui, portanto, a gama inteira de experiências espirituais, embora provavelmente vise ter o sentido mais restrito daquelas realidades espirituais que se relacionam com o futuro, e, neste caso, aproxima-se em certa medida da esperança. A fé fornece uma plataforma para a esperança e uma percepção da realidade que, doutra forma, ficaria sem ser vista. Na discussão acerca dos homens da fé,
esta atração do invisível fica em evidência especial.
 
HEBREUS 11:2-3
2. Quando o escritor continua, dizendo: Pois (garj, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho (“aprovação divina”, RSV), está oferecendo um julgamento tirado da experiência que o homem tem de DEUS.
É uma espécie de resumo da experiência humana no passado, e especialmente dos homens a serem mencionados no catálogo que se segue. Não se pode disputar que estes homens receberam a aprovação divina. Quaisquer leitores que tivessem sido criados no judaísmo ortodoxo teriam aprendido a reverenciar estes heróis do passado como pessoas que obtiveram favor espe- ciai com DEUS. Ademais, o mesmo seria aplicável aos leitores gentios que tivessem adotado o Antigo Testamento como Escritura e que logo aprenderiam a reconhecer o carimbo divino de aprovação sobre estes homens do passado. A palavra traduzida bom testemunho (emartyrèthêsan) aparece no grego sem mencionar DEUS, mas fica claro pelo uso do mesmo verbo no v. 4 (cf. também v. 39) que DEUS é considerado o agente (daí “aprovação divina” em ARA). 3. Ao contemplar a origem do mundo observável da natureza, o escritor reconhece a necessidade de um salto da fé. Se a explicação fosse restrita a fenômenos que podem ser testados, nenhuma fé seria necessária. O invisível seria automaticamente excluído, porque somente as coisas que podem ser vistas seriam consideradas como dados válidos. Mas as palavras Pela fé entendemos demonstram que o conhecimento não é independénte da fé. Esta declaração tem alguma aplicação ao conceito científico do mundo. A ciência não poderia rejeitar a idéia de que o universo foi formado pela palavra de DEUS, porque este conceito não depende de uma avaliação científica dos fatos “vistos.” O escritor reconhece que a aceitação de um ato criador especialmente de DEUS é possível somente à fé. Mas por que introduz o assunto a esta altura da sua discussão? Que relevância tem para este catálogo dos homens de fé? A resposta acha-se no fato de que não pode considerar o mundo dos homens à parte do seu meio-ambiente. Pelo contrário, o interesse que DEUS tem na fé dos indivíduos é condicionado pelo Seu propósito na criação. Se a fé é exercida pelos homens na terra, deve dizer respeito ao fato que tudo quanto existe na terra está sob o controle de DEUS. O escritor já deixou claro em 1.2 que o Filho foi o agente através de quem DEUS criou o mundo, embora empregue aqui um verbo mais expressivo (katêrtisthai) para o ato da criação. Neste contexto significa “mobiliar completamente ou equipar” e assim chama a atenção à perfeição do número total de atos criadores e vê a totalidade como uma unidade equilibrada e completa. É a função da fé fazer este discernimento. O resultado da fé é declarado assim: o visível veio a existir das coisas que não aparecem. Quer dizer que a fé postula que um poder invisível foi a causa eficaz do mundos dos fenômenos. Este é um ponto de vista em plena harmonia com a narrativa da criação em Gênesis. Esta idéia da criação exnihilo não era favorecida pelo mundo grego contemporâneo.
 
HEBREUS 11:4
(ii) Exemplos do passado (11.4-40)
4. Seguem-se agora alguns comentários sobre homens da era entre a criação e o dilúvio (w. 4-8). Três homens se destacam para ilustrar os vários
aspectos da fé. O primeiro a ser mencionado éAbel, com sua fé sacrificial.
A narrativa de Gênesis não se refere, na realidade, à fé de Abel. Simplesmente
declara que Abel trouxe das primícias do seu rebanho, e da gordura
deste (Gn 4.4). Não é dada nenhuma indicação da razão porque seu
sacrifício revelou-se mais aceitável. O único indício é que foi dito a Caim
que se procedesse bem, ele também seria aceito (Gn 4.7), o que sugere que
tinha muito a ver com a atitude e o estilo de vida de Abel. Mas o escritor
aos Hebreus oferece sua própria interpretação, e liga o mais excelente sacrifício
de Abel com a sua fé. É freqüentemente suposto que o sacrifício de
Abel era superior porque era um sacrifício de sangue, ao passo que o de
Caim não o era. Mas não havia precedente para os sacrifícios de sangue,
nem evidência alguma para sugerir que DEUS tinha instruído os irmãos acerca
do tipo de ofertas que deviam fazer. Apesar disto, Abel, como o primeiro
a oferecer sacrifícios animais, é de interesse especial para o escritor.
Nenhuma sugestão é feita quanto ao método que DEUS usou para
demonstrar Sua aceitação do sacrifício de Abel. O escritor simplesmente
diz: obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de DEUS quanto
às suas ofertas, porque a narrativa de Gênesis não é mais específica do que
isto. Dalguma maneira, no entanto, Abel Caim sabiam qual era o julgamento
divino quanto às suas ofertas. A aceitação das ofertas está claramente
ligada com o testemunho de ser justo a aprovação de DEUS, que,
por sua vez, está ligada com o sacrifício mais aceitável. A justiça referida
parece consistir-se de uma atitude mental correta que agrada a DEUS.
Talvez pareça que Abel recebeu uma miserável recompensa pela sua
aceitação por DEUS, quando seu irmão o matou. Mas o escritor está impressionado
com o caráter eterno da fé de Abel. É por meio dela que ainda fala,
a demonstração mais antiga de que a morte, até mesmo a morte violenta,
não pode impedir a mensagem da fé. Esta interpretação é sustentável
se Por meio dela (d.V autès) se refere à fé, mas a palavra fé não ocorre no
texto. É possível referir o pronome (autès) mais para trás na sentença e
aplicá-lo ao sacrifi'cio, mas parece preferível entender que a fé é o substantivo
oculto, porque é ela o tema da passagem. O pensamento principal é
que o tipo de fé que Abel exerceu pode comunicar durante todo o decorrer
do tempo. Ainda fornece uma fonte de inspiração em comum com os
demais exemplos da fé. Onde a verdadeira fé em DEUS opera, é relevante
em qualquer época. Se o padrão da fé nestes antigos homens da fé podia
falar aos Hebreus, não há razão porque não deva se aplicável a nós também.
 
HEBREUS 11:5
5. É natural num catálogo de antigos homens da fé, que apareça facilmente uma menção a Enoque. Nas genealogias um pouco monótonas
de Gênesis 5, o breve comentário sobre Enoque brilha como uma jóia e dificilmente
tem um paralelo noutro lugar da Escritura quanto à sua qualidade
eficazmente concisa. “Andou Enoque com DEUS, e já não era, porque
DEUS o tomou para si” (Gn 5.24). A Septuaginta, que diz: “Enoque agradou
a DEUS” e “não foi achado” é seguida pelo autor. Seu comentário sobre
aquela declaração ressalta dois aspectos, (i) Que a libertação de Enoque
da experiência da morte deveu-se à sua fé. Trata-se de uma interpretação da
declaração não foi achado, (ii) Que obteve testemunho de haver agradado
a DEUS antes de ser trasladado. Este, por sua vez, é um comentário interpretativo
do fato de que andou com DEUS. O escritor toma por certo que
somente um homem de fé poderia desfrutar de comunhão íntima com
DEUS, e que qualquer pessoa que tivesse tido semelhante comunhão com
Ele forçosamente Lhe teria agradado. Foi indubitavelmente uma suposição
correta. O que há de notável em Enoque é que esteve sublimemente acima
da corrupção dos seus tempos. Foi por esta razão que DEUS resolveu removê-
lo do cenário desta maneira incomum? Certamente sua trasladação misteriosa
impressionou profundamente nosso escritor.
 
HEBREUS 11:6-7
6. A referência à fé de Enoque é justificada pelo comentário: De fato,
sem fé é impossível agradar a DEUS. O relacionamento entre o homem
e DEUS é edificado numa confiança mútua, e a comunhão verdadeira não
pode existir sem ela. O escritor passa, na realidade, a indicar algo muito
mais elementar, mas que percebeu claramente que era necessário mencionar.
(i) É necessário que aquele que se aproxima de DEUS creia que ele existe.
Já foi visto quão central a esta Epistola é a idéia de aproximar-se de
DEUS (4.16; 7.25; 10.1, 22). A presente declaração deve, portanto, ser
considerada uma ligação da experiência de Enoque com o propósito inteiro
da carta. Talvez pareça estranho que numa Epístola que começa com
uma asseveração de DEUS (1.1), o escritor considere necessário indicar a
necessidade de crer na Sua existência. Está, porém, argumentando a partir
da experiência humana da comunhão com DEUS para o fato de que sua
fé na existência de DEUS deve ser verdadeira,
(ii) Tais adoradores também devem crer que se toma galardoador dos que o buscam. Esta declaração
(97) Outra menção de Enoque no Novo Testamento é Judas 14, onde é feita
uma citação do livro de Enoque. Isto nos faz lembrar que Enoque era uma escolha
familiar entre os apocalipsistas. É mencionado nos livros dos Jubileus 4.17; Ben Siraque
44.16; 1 Enoque 71.14; e em todos eses casos seu exemplo é citado com aprovação.
Cf. também Filo: De Abraão 17-18; Das Recompensas e dos Castigos 17.
visa renovar a certeza daqueles que estão duvidando se a busca de DEUS
sempre é bem-sucedida. Aceitar isto requer fé, mas a convicção de que
DEUS galardoa aquele que O procura com sinceridade está em plena harmonia
com a natureza de DEUS conforme Ele Se fez conhecer através de todas
as Suas revelações aos homens. Não há receio de que qualquer pessoa que
O busca deixará de achá-Lo, se agir com fé.
7. A próxima pessoa notável no período primitivo é Noé, sem dúvida
alguma, e, mais uma vez, suas realizações são atribuídas à fé. Sua fé desenvolveu-
se em resposta a uma advertência específica de DEUS (<divinamente
instruído, chrèmatistheis). O verbo já foi usado em 8.5 a respeito
da instrução que DEUS deu a Moisés, com a força de um mandamento autorizado.
Aqui se diz que o assunto da instrução foi acontecimentos que ainda
não se viam, que é uma alusão indireta ao dilúvio, um símbolo do julgamento
divino. A natureza da fé de Noé é vista na sua resposta à advertência
{sendo temente a DEUS, aparelhou.... eulabètheis kateskeuasen). O primeiro
destes dois verbos, que ocorre somente aqui no Novo Testamento,
tem o sentido de reverente temor. Este temor piedoso formava um elemento
importante na fé de Noé. Era ligado com a obediência imediata aos
mandamentos específicos de DEUS a respeito da arca. A fé de Noé, além
disto, não era apenas eficaz em prol de si mesmo, mas também em prol de
sua casa. Este aspecto coletivo da fé demonstra uma aplicação mais extensiva
do que a fé de Abel ou de Enoque.
Parece provável que as palavras pela qual (dV hès) visam referir-se à
arca, embora gramaticalmente pudessem referir-se à fé de Noé. De qualquer
maneira, a arca era evidência visível da sua fé, diante dos seus contemporâneos
descrentes e zombadores. A vista da arca sendo construída era
um desafio para aqueles contemporâneos, e forçou sobre eles a sua própria
condenação. Com sua descrença, estavam realmente rejeitando a advertência
divina. É um pensamento solene que a fé de Noé, por causa da sua natureza,
foi identificada como o ato mediante o qual condenou o mundo.
Onde a fé é resistida ou rejeitada, leva à condenação.
A expressão: herdeiro da justiça que vem da fé é interessante porque
liga a justiça (dikaiosynê) com a fé (pistis) de uma maneira que relembra a
Paulo (cf. Rm 4.11; 10.6 e Fp 3.9 para várias fórmulas usadas). Aqui se diz
que a justiça é “conforme (kataj a fé,” mas ARA, que vem da fé, provavelmente
tem razão em ver a fé como o canal através do qual vem a justiça.
A idéia de “herdeiro” já ocorreu duas vezes neste Epístola, uma vez a respeito
do Filho (1.2) e uma vez a respeito dos herdeiros da promessa (6.17).
No caso de Noé, a justiça não era algo no futuro, mas no presente. Na realidade, é o primeiro homem especificamente descrito como justo no Antigo
Testamento (Gn 6.9).
 
HEBREUS 11:8-9
8. Não é surpreendente que os comentários do escritor sobre Abraão
ocupam mais espaço do que é dedicado a qualquer outra personagem antiga
(w. 8-19). Suas proezas atraíam o interesse de judeus e cristãos igualmente.
Ele era por excelência um homem de fé. O primeiro aspecto da
suá fé que é notado é sua obediência pessoal. Quando chamado, obedeceu,
a fim de ir... uma referência direta a Gênesis 12.1-3. A construção no grego
demonstra que a obediência acompanhou a chamada. Foi, na realidade,
espontânea, o que é tanto mais notável porque não sabia aonde ia. Sua fé
era de um tipo diferente daquela de Noé, porque as instruções deste último
eram mais pormenorizadas. A fé que Abraão tinha era altamente recomendável
porque aceitou uma herança em confiança, sem mesmo saber
onde haveria de ficar. Foi porque deixou para trás o mundo “visível” dos
seus dias anteriores e lançou-se num projeto que envolvia uma herança não
vista que se tomou um exemplo da fé que ousa e merece o título de “pai
do fiéis,”
O que é especialmente relevante no ato de fé da parte de Abraão é
que começou a emergência da comunidade teocrática. Abraão agiu como
indivíduo, mas mesmo assim, muitos dos seus familiares o seguiram.
9. O desenvolvimento e a extensão da fé de Abraão são vistos no
fato de que Isaque e Jacó estão ligados a ele como herdeiros com ele da
mesma promessa (cf. 6.17). A fé de Abraão consistiu em mais do que o
ato inicial de deixar a cidade de Ur. Estendeu-se à sua experiência na terra
da promessa. A palavra usada para peregrinou (parõkèsen) tem o significado
de habitar como forasteiro num local, sentido este que é fortalecido
pelas palavras como em terra alheia. Embora habitasse na terra da promessa,
não o fez como dono legítimo, mas como um estrangeiro. Este fato
é ressaltado pelo caráter nomádico da sua existência (habitando em tendas).
É um boa recomendação da fé de Abraão que era tão tenaz em circunstâncias
tão incertas: A fé transformara em realidade aquilo que nem
sequer era aparente.
 
HEBREUS 11:10-11
10. Certamente há um contraste marcante entre as tendas em Canaã
e a cidade que tem fundamentos que a fé de Abraão antegozava.
Há alguma coisa especialmente atraente na qualidade da fé que vê estabilidade
em coisas diferentes das materiais. Abrãâo poderia ter achado que o
mínimo que DEUS poderia fazer era permitir-lhe que edificasse uma cidade
na terra prometida para si mesmo e seus descendentes, especialmente tendo
em vista o número considerável dos seus acompanhantes. Mas tinha pa
drões de valores totalmente diferentes — de uma cidade cujos fundamentos
são totalmente inabaláveis. O escritor pensa em termos espirituais da cidade
que DEUS está construindo. Podemos comparar esta idéia com a visão
da nova Jerusalém que é descrita em Apocalipse 21 e 22, onde, mais uma
vez, os aspectos espirituais são inquestionavelmente os mais importantes.
Abraão tinha um horizonte amplo e nobre além do meio-ambiente imediato
para o qual conseguia olhar. Das duas palavras que descrevem a participação
de DEUS na cidade, a primeira é arquiteto (technitès), o planejador
de cada parte e o integrador destas partes separadas numa só totalidade.
A segunda palavra, edificador (dêmiourgos) focaliza-se mais especialmente
na execução dos planos. Ocorre somente aqui no Novo Testamento.98
11. Talvez seja surpreendente achar Sara mencionada como um
exemplo da fé, porque segundo Gênesis destacava-se mais como um exemplo
de dúvida. Mas visto que o nascimento da comunidade teocrática está
em mente, o papel de Sara era tão importante quanto o de Abraão. Tendo
em vista o avançado da idade dela, precisava dalgum poder (dynamis)
além dela mesma para conceber e dar à luz uma criança. Um texto alternativo
atribui a Abraão o recebimento do poder para conceber, que é mais
natural do que atribuí-lo a Sara. A mudança do texto, no entanto, parece
uma tentativa de evitar uma dificuldade aparente. A despeito do fato de
que Sara riu quando ouviu pela primeira vez que iria ter um filho, sua
zombaria deve ter se transformado em fé muito tempo antes de Isaque nascer.
Era necessário uma mulher de fé para ser a esposa de um crente tão
destacado quanto Abraão. Ela também tinha de chegar à mesma convicção
que seu marido, de que o DEUS que prometera cumpriria a Sua palavra
(teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa). Em todas as crises
espirituais é mais fácil duvidar do que crer, e Sara deve ser parabenizada
por sua disposição de alterar sua abordagem e dar lugar ao desenvolvimento
da sua fé. A convicção de que DEUS é fiel é um dos aspectos principais
da doutrina bíblica. É tão forte no Antigo Testamento quanto no
Novo Testamento. É a pedra fundamental da fé do povo de DEUS.
 
HEBREUS 11:12-13
12. O pensamento do autor volta agora ao próprio Abraão como
pai do povo de DEUS. Há um contraste aqui entre um e a posteridade...
inumerável Um contraste semelhante entre “um só” e os “muitos” descendentes
dele ocorre na teologia paulina de Adão em Romanos 5.12ss.
A linguagem figurada das inumeráveis estrelas e grãos de areia vem di-
(98) Estas duas palavras são ligadas entre si com referência à obra criadora de
DEUS em Filo, cf. Williamson: Philo and the Epistle to the Hebrews, págs. 46ss.
retamente do relato de Gênesis (22.17; cf. 32.12). É uma lembrança vívida
da magnitude da promessa de DEUS, especialmente dirigida àquele que
estava já amortecido. A vida abundante estava para vir de uma morte aparente,
um exemplo sublime de como os caminhos de DEUS diferem da estimativa
humana daquilo que e' possível (considere Rm 4.19 onde ocorre
o mesmo exemplo). Vale observar que o Por isso (dio) no começo deste
versículo demonstra a importância da fé de Sara no cumprimento da promessa
a Abraão.
13. A esta altura um resumo geral da piedade patriarcal é introduzido
(w. 13-16). As palavras: Todos estes morreram na fé, subentendem,
que a fé foi sua característica dominante até o fim dos seus dias. As palavras
na fé (kata pistin) poderiam ser mais literalmente traduzidas “de conformidade
com a fé,” que demonstra que a fé é a regra pela qual viveram
e morreram. A despeito de não terem recebido a promessa, tiveram uma
certa medida de experiência dela: (i) vendo-as, porém, de longe, eram como
homens que tinham visto o objetivo no horizonte, mas nunca chegaram
realmente a ele nesta vida. Este é um exemplo notável da declaração no
v. 1 que “a fé é a convicção de fatos que se não vêem,” só que a convicção
ficou tão forte que o “não visto” já foi visto, (ii) Saudando-as. Assim
fica mais pessoal, como se o cumprimento da promessa nas multidões de
descendentes tivesse se tomado tão real que aqueles descendentes podiam
continuadamente saudá-lo. As palavras vendo-as, porém, de longe, e saudando-
as ecoam o texto de Deuteronômio 3.15-27, uma descrição de Moisés
recebendo um vislumbre da terra prometida."
Os patriarcas tinha confessado (homologèsantes) sua verdadeira condição
de estrangeiros e peregrinos. Abraão usou a mesma descrição para si
mesmo em Gênesis 23.4. Em 1 Pedro 1.1; 2.11 uma descrição semelhante
é aplicada aos cristãos. Em Hebreus a idéia encaixa-se na alusão anterior
às peregrinações dos israelitas no deserto (capítulo 3) e o alvo do escritor
é claramente usá-la como padrão. Tudo está em harmonia com o princípio
subjacente da Epístola de que são as coisas celestiais e não as terrestres as
mais importantes.
 
HEBREUS 11:14-16
14. Esta idéia de estrangeiros e peregrinos é exposta nos próximos
três versículos, cuja idéia principal é a pátria melhor (v. 16). O registro
dos patriarcas no Antigo Testamento demonstra que nunca obtiveram
uma pátria (patris) verdadeira. A palavra usada é significante, porque é
rara tanto na Septuaginta quanto no Novo Testamento. Significa mais
do que um lugar para habitar. Significa uma pátria onde uma nação pode
achar suas raízes. Este era o desejo dos patriarcas, e era um tema contínuo
para o povo de Israel no curso da sua história, embora o escritor desta
Epístola esteja pensando em termos espirituais mais do que nacionais.
15. Claramente não era a Mesopotâmia, de onde Abraão saíra, a
pátria da qual pensavam. A despeito da facilidade com que ele pudesse ter
voltado, nem ele nem seus descendentes imediatos desejavam fazê-lo. Isto
é tanto mais notável quando se reconhece que a terra que deixaram para
trás chegara a uma etapa de civilização muito mais adiantada do que a terra
de Canaã, para onde foram. É bem possível que o escritor esteja apelando
ao exemplo do patriarca que recusou-se a voltar para trás, a fim de colocar
pressões sobre aqueles leitores que estavam sendo tentados a voltar-se
contra o cristianismo que aceitaram.
16. A pátria superior é imediatamente identificada como sendo celestial.
A identificação dos dois adjetivos (kreittonos, epouraniou) é uma
característica específica desta Epístola. Coloca a ênfase na herança espiritual
e não na material. É talvez surpreendente, tendo em vista este fato,
descobrir que aquilo que DEUS lhes preparou é descrito em termos de uma
cidade, um símbolo do gênio criador do homem e especialmente da sila
vida social. Mas até mesmo a cidade pode ter uma conotação espiritual,
conforme demonstra 12.22. O que na realidade foi preparado é uma cidade
ideal, da qual as cidades dos homens são as mais pálidas imitações. Já
notamos quão surpreendente é que um grupo de nômades procurasse uma
coisa tão estável quanto uma cidade (veja v. 10).
Nenhuma recomendação maior poderia ser dada a quaisquer homens
do que dizer que DEUS não se envergonha deles, de ser chamado o seu DEUS.
O Antigo Testamento não oculta as fraquezas dos patriarcas, mas aqui o
escritor está olhando a história em retrospecto. Seleciona para sua atenção
a sua fé, que não pode ser negada. Além disto, sabe que o título “o DEUS
de Abraão, o DEUS de Isaque, e o DEUS de Jacó” foi o nome especialmente
escolhido por DEUS quando Se apresentou a Moisés na ocasião do êxodo
(Êx 3.6). É certamente incomum ler que DEUS não Se envergonhou, visto
que a vergonha é característica dos homens. De qualquer forma, era num
sentido especial o seu DEUS, conforme demonstra a história do povo escolhido.
Deleitava-Se em ser conhecido como o DEUS de Israel.
 
HEBREUS 11:17-18
17. Depois destes comentários gerais sobre os patriarcas, o escritor
volta para o exemplo supremo da fé de Abraão: ofereceu Isaque. Este evento
indica o paradoxo da fé — sua disposição de abrir mão do cumprimento
daquilo que herdou na forma de promessas. A provação de Abraão faz com
que sua fé se destaque em relevo ainda maior. A qualidade da sua fé é
vista na obediência. Conforme diz Westcott, de modo apropriado: “O mandamento
específico podia ser cumprido de uma só maneira: a promessa
poderia ser cumprida de mais de uma.”
É por isso que o ato do oferecimento é aludido no tempo perfeito
(prosenénochen) como se aquilo que havia em mente fosse considerado um
ato completado com uma conseqüência contínua. O segundo verbo (prosepheren)
é traduzido: estava mesmo para sacrificar, numa tentativa de ressaltar
a distinção entre este verbo e o anterior, e de indicar que o ato foi
considerado na intenção e não na realização. O aspecto patético do dilema
de Abraão é vividamente ressaltado pelo uso do termo monogenês (filho
único), que deve ser compreendido com relação à promessa. Ismael também
era filho de Abraão, mas Isaque era o único herdeiro das promessas.
Era isto que se constituía na verdadeira provação da fé de Abraão. Ser ordenado
a oferecer qualquer dos seus filhos teria sido um desafio esmagador,
mas duplamente assim no caso do filho da promessa. O escritor desta
Epístola, assim como Paulo na sua Epístola aos Romanos, não discute o
problema moral de DEUS ordenar um sacrifício humano, porque para
ele não havia questão de DEUS aceitar tal sacrifício. A promessa se interpunha.
Realmente, a promessa tomou impossível a conclusão do sacrifício.
18. As palavras a quem se havia dito (pros hon elalêthê) se referem
a Abraão. As palavras citadas de Gênesis 21.12 visam explicar a natureza
das promessas mencionadas no v. 17. Há razão de ser óbvia tanto no contexto
de Gênesis quanto aqui na referência específica a Isaque. DEUS falou
a Abraão as palavras Em Isaque será chamada a tua descendência, depois
de Sara ter pedido que este lançasse fora o filho de Agar. Chamavam a
atenção ao plano de DEUS para a descendência de Abraão, em contraste
com os planos do próprio Abraão.
 
HEBREUS 11:19-21
19. Refletindo sobre a natureza da fé de Abraão, o escritor faz conjecturas
sobre aquilo qúe deve ter acontecido no pensamento de Abraão.
A conclusão à qual chegara é expressa num ato decisivo e cuidadosamente
arrazoado, conforme demonstra o verbo (logisamenos, considerou). A
capacidade de DEUS até para ressuscitá-lo dentre os mortos não teria sido
muito facilmente aceita até mesmo por Abraão, mas chegara ao ponto
de vista de que esta seria a única maneira de DEUS poder manter Sua integridade
se a oferta de Isaque tinha de prosseguir. Argumentar assim é uma
recomendação da maturidade da fé de Abraão, porque teria sido mais natural
questionar sua orientação no caso da oferta de Isaque. Mas parece
não ter dúvidas quanto a esta orientação. As palavras poderiam, naturalmente,
ser entendidas de uma maneira diferente para referir-se ao nascimento
de Isaque, que era igualmente um desafio para a fé de Abraão. Na
realidade, a citação no v. 18 é tirada da narrativa do nascimento de Isaque.
Assim a expressão “filho único” teria mais razão de ser, porque era este o
filho que foi virtualmente ressuscitado da morte do ventre de Sara. Este é
o sentido em que Paulo considera a fé de Abraão em Romanos 4.
A frase grega traduzida figuradamente (en parabolè) deu origem a
várias interpretações. Se a referência na primeira parte do versículo diz
respeito a Isaque sendo sacrificado e depois salvo deste sacrifício, o significado
parabólico ou simbólico pode ser achado no carneiro substituto
que foi oferecido no lugar de Isaque. Do outro lado, se a alusão diz respeito
ao nascimento de Isaque, o caráter parabólico da ação quando Abraão o
recebeu de volta achava-se na relevância mais profunda daquele evento, i.é,
o nascimento do Filho da promessa, que é CRISTO. Alguns entendem que
en parabolè se refere à ressurreição geral dos mortos. Mas a referência diz
respeito especificamente a Isaque.
20. A posição de Isaque na linha sucessória era diferente de Abraão,
porque os seus dois filhos gêmeos estavam dentro da linha sucessória. As
bênçãos invocadas sobre eles foram reconhecidamente anuladas pela Providência
divina, porque DEUS inverteu a ordem natural e o herdeiro da promessa
ficou sendo o segundo entre os gêmeos, ao invés do primeiro. O problema
da escolha que DEUS fez de Jacó ao invés de Esaú é aludido em Romanos
9.13, o único outro livro no Novo Testamento que menciona Esaú.
O autor de Hebreus, diferentemente de Paulo, não cita a declaração que
aparece em Malaquias 1.2 (“Todavia amei a Jacó, porém aborreci a Esaú”).
Mesmo assim, descreve-o como “impuro ou profano” em 12.16. No presente
contexto está ocupado somente com a fé que ativou Isaque quando
abençoou a Jacó e a Esaú, acerca de coisas que ainda estavam para vir. Não
é mencionado o logro praticado por Rebeca, presumivelmente porque o
proprio Isaque reconheceu que a bênção que dera a Jacó não poderia ser
anulada.
21. A bênção que passava do pai para o filho era de grande relevância
para a mente hebraica. Nosso escritor vê o ato como um ato de fé. No
caso de Jacó, as bênçãos de despedida sobre cada um dos filhos de José são
mencionadas como evidência específica da sua fé (cf. Gn 48.16ss.). E mais
uma vez a ordem natural foi deixada de lado, porque Rúbem era o filho
primogênito de Jacó, mas José foi escolhido para receber a bênção maior.
Vale notar, além disto, que o escritor não demonstra aqui nenhum interes se pela importância dos outros filhos de Jacó como representantes das tribos
de Israel. Nem sequer são mencionados. A fé de Jacó é paralela à de
Isaque por perceber a mão de DEUS em abençoar o mais jovem, Efraim, antes
do mais velho, Manassés. Os caminhos de DEUS são soberanos e Sua escolha
deve ser aceita pela fé. Realmente, o escritor vê todas as etapas dominantes
da história de Israel como uma progressão de atos de fé.
Quando se diz que Jacó abençoou e, apoiado sobre a extremidade do
seu bordão, adorou, as palavras seguem a Septuaginta ao invés do texto
massorético, que tem “cama” ao invés de bordão. O detalhe é transferido
de um encontro anterior entre Jacó e José em Gênesis 47.31, mas o escritor
evidentemente o registra por causa do seu significado religioso. A despeito
da idade avançada de Jacó, o ato de bênção é visto como um ato
de adoração. Além disto, o bordão era significante no pensamento hebraico
como sinal do favor de DEUS, e pode haver um indício de semelhante
significado simbólico aqui.
 
HEBREUS 11:22-23
22. A fé atribuída a José era de um tipo diferente, porque ao dar
ordens quanto aos seus próprios ossos teve fé para crer que seus descendentes
um dia partiriam do Egito para a terra prometida. Acalentou a
promessa feita a Abraão, a Isaque e a Jacó, e deu a entender sua própria
confiança (Gn 50.24ss.). Este era um ato de fé considerável, que revelouse
plenamente justificado. O êxodo dos filhos de Israel veio a ser um dos
eventos mais relevantes da história de Israel. A palavra “êxodo” não é freqüente
no Novo Testamento, porque ocorre, fora daqui, somente em Lucas
9.31 com referência à morte de CRISTO e em 2 Pedro 1.15 a respeito
da morte de Pedro. A idéia dominante é de uma libertação triunfante.
23. Não é surpreendente que a fé de Moisés recebe um tratamento
mais extensivo do que a de Isaque, Jacó, ou José. O êxodo tinha uma
posição de destaque para todo judeu devoto ao demonstrar a ação de
DEUS em prol do Seu povo, e Moisés, como conseqüência, era tido na mais
alta estima. Nosso escritor vê dois aspectos da sua fé: pessoal e nacional.
A primeira evidência da fé foi exercitada pelos pais de Moisés, em prol dele.
Em Êxodo 2 há a descrição de como a criança foi ocultada durante três
meses, e ali é contado que Moisés, depois daquele período, foi colocado no
Nilo num cesto de vime calafetado com betume e piche. Tendo em vista
o decreto do rei que condenou à morte os filhos dos hebreus, esta fé era
corajosa. Confiaram em DEUS para efetuar a libertação.
O fato de que a criança era formosa também é mencionado em Atos
7.20 no discurso de Estêvão, e é derivado diretamente de Êxodo 2.2. Nas
duas ocorrências no Novo Testamento, a mesma palavra grega (asteios) é
usada; nos papiros é usada para a elegância no vestir. Claramente havia algo
de notável na aparência de Moise's, para criar semelhante impressão na
filha do Faraó.
 
HEBREUS 11:24-25
24. Quando já homem feito indica um novo desenvolvimento na história
de Moisés, porque agora tem condições de exercer fé por conta própria,
e assim faz ao recusar ser chamado filho da filha de Faraó. O tempo
do verbo recusou (èmèsato) indica um ato específico de escolha. Ilustra
a fé que age numa crise, embora não precisa subentender a ausência de
bastante premeditação. O que o escritor nota cuidadosamente é a qualidade
da fé que podia fazer uma decisão deste tipo. Estêvão, no seu discurso,
não faz referência à fé de Moisés, mas ressalta sua decepção porque os israelitas
não compartilhavam da sua convicção de que DEUS o usaria para
livrá-los. A fé, neste caso, pressupõe que Moisés tinha uma convicção firme
de que DEUS o chamara para uma tarefa dificílima.
25. O contraste entre as alternativas que Moisés tinha diante dele é
demonstrado vividamente — ser maltratado ou os prazeres transitórios do
pecado. Que sua fé escolheu aquele ao invés destes demonstra seu caráter
de abnegação. Moisés tinha muitas coisas atraentes para perder, embora os
prazeres sejam especificamente atribuídos ao pecado. A fé e o prazer pecaminoso
não caminham juntos. A palavra traduzida ser maltratado (synkakoucheisthai)
aparece somente aqui no Novo Testamento e serve para juntar
os sofredores. Havia uma solidariedade entre Moisés e o povo de DEUS depois
dele ter lançado sua sorte entre eles, uma solidariedade no sofrimento.
No contraste que é feito ali, não há uma restrição comparável de tempo
no ser maltratado em contraste com os prazeres, que são proskairon, “por
um tempo,” transitórios. O máximo que o pecado pode fornecer é o prazer
temporário, mas os maus tratos dados ao povo de DEUS não têm semelhante
caráter temporário. Aqueles que se identificam com o povo de DEUS
imediatamente ficam sendo alvos dos inimigos de DEUS.
 
HEBREUS 11:26-27
26. O escritor passa, então, a comentar a razão porque Moisés fez
tal escolha. Expressa-a num outro contraste — a superioridade do opróbrio
por amor a CRISTO aos tesouros do Egito. Esta é uma superioridade estranha
e irracional, que parece lúdicra numa época materialista. Mas parte da grandeza
de Moisés era que reconhecia haver coisas mais valiosas na vida do
que os tesouros materiais. É surpreendente que é dito que o opróbrio foi
sofrido por amor a CRISTO, porque isto parece ser uma atribuição de condições
cristãs aos tempos de Moisés. Não é, no entanto, inteiramente inapropriado
para um escritor, que muitas vezes nesta Epístola investiu as alusões
do Antigo Testamento com relevância cristã, fazer a mesma coisa
aqui. Dá a entender que todos os sofrimentos do povo de DEUS estão ligados
dalguma maneira com os sofrimentos em prol do Messias, o represente
perfeito de DEUS. Tudo quanto Moisés sofreu era em prol do plano de
salvação que DEUS fizera pelo Seu povo, culminando no opróbrio que foi
empilhado sobre o próprio CRISTO, do qual o escritor tem forte consciência
nesta Epístola.
As palavras porque contemplava o galardão significam que Moisés
focalizou seus olhos num alvo mais nobre. O verbo (apeblepen) significa
“olhar para longe”, o que subentende deliberadamente desviar-se de uma
coisa para outra. Já foi notado que a idéia do galardão e especialmente a
palavra usada aqui (misthapodosian, “recompensa”) é característica desta
Epístola. A palavra ocorre alhures em 2.2 e 10.35. Em nenhuma das ocorrências
a recompensa é definida. No contexto da vida de Moisés, deve ser
interpretada no que diz respeito aos tesouros espirituais que sabia que seriam
dele, tendo em vista o fato de que não tinha licença de entrar na terra
prometida. Os galardões espirituais, diferentemente das vantagens materiais,
têm uma qualidade perpétua que realça infinitamente o valor deles.
27. As conseqüências históricas da escolha de Moisés agora são mencionadas
resumidamente — abandonou o Egito e subseqüentemente celebrou
a páscoa (v. 28), e dirigiu o conseqüente êxodo de Israel do Egito.
Os muitos passos que levaram ao êxodo são omitidos porque, mais uma
vez, é a atividade poderosa da fé que ocupa o escritor. A fé é vista como
mais poderosa do que a cólera do rei, realização notável, quando se lembra
que o rei tinha poderes despóticos. Posto que a ira deste tipo pode ser tirânica,
é necessário um homem corajoso para desafiá-la, mas a fé pode fornecer
semelhante coragem. Tendo em vista esta declaração, pode parecer
à primeira vista que há uma contradição com Êxodo 2.14-15, que declara
que Moisés ficou com medo e fugiu de Faraó. A explicação pode ser que
Moisés temia que os propósitos de DEUS seriam impedidos se ele não escapasse,
mas isto deve ser distinguido do medo pessoal.
Uma explicação espiritual é dada para a coragem de Moisés: permaneceu
firme como quem vê aquele que é invisível. O olho da fé pode ver
aquilo que é invisível aos olhos dos outros. Moisés, em todas as peregrinações
no deserto, tinha notável consciência da presença de DEUS (cf. Êx
33; Nm 12.7-8). O escritor procura o segredo da perseverança de Moisés
numa fohte além dele mesmo, de cuja existência seus oponentes nunca
souberam coisa alguma. Em Colossenses 1.15, Paulo fala de DEUS como
sendo invisível, embora reconheça que mostrara Sua imagem em CRISTO.
Há, sem dúvida alguma, um paradoxo em ver o invisível, mas isto é da
própria essência da fé (cf. 11.1).
 
HEBREUS 11:28-29
28. A páscoa ocupava um lugar de considerável relevância para a
mente judaica, e veio a ter um significado ainda maior para os cristãos,
porque estava estreitamente ligada à Paixão de JESUS (cf. 1 Co 5.7). Foi
naturalmente um evento de importância histórica a instituição da páscoa
original. Tinha como seu centro a fé de Moisés, segundo este escritor. Foi,
essencialmente, realizada pela fé, porque a aspersão do sangue não parecia
ser um meio lógico de afastar o anjo da morte. Na expressão: o derramamento
do sangue o substantivo grego (proschysin) vividamente coloca
a festa da páscoa e a aspersão em estreita proximidade como objetos do
mesmo verbo, mas nem por isso deixam de ser vistos como ações separadas.
No texto hebraico de Êxodo 12.23, é o Senhor quem executará o
julgamento, mas aqui há simplesmente uma referência ao exterminador. A
alusão diz respeito ao anjo da morte que passou por cima das casas onde
o sangue sacrificial tinha sido aspergido nas ombreiras e nas vergas das portas,
o que garantia que os primogênitos fossem poupados.
29. O pensamento agora se afasta da fé individual para a fé nacional,
embora a fé do povo ainda fosse inspirada pela fé de Moisés. Claramente,
o movimento dos israelitas para fora da escravidão no Egito foi um esforço
em conjunto. Em nenhum tempo a fé foi mais necessária, com maior
urgência, do que quando os israelitas enfrentaram o obstáculo formidável
do Mar Vermelho que impedia seu avanço, com os egípcios no seu encalce.
A maneira segundo a qual atravessaram o Mar Vermelho como por terra
seca, ao passo que os egípcios foram tragados de todo, viria a tomar-se
uma saga nacional da libertação divina. Agora é considerado qúe isso aconteceu
pela fé. É importante nos lembrarmos de que a fé coletiva deste tipo
não é apenas a soma total da fé de cada indivíduo. Semelhante fé, no entanto,
deve ser comparada com o desenvolvimento da descrença durante
as peregrinações subseqüentes no deserto. Quanto a isto, o escritor já comentou
nos capítulos 3 e 4, e aqui contenta-se com os aspectos mais positivos
da fé.
 
HEBREUS 11:30-32
30. O próximo evento dramático que vem à mente do escritor é a
conquista de Jericó, não somente por causa da maneira milagrosa da sua
realização, mas também porque selou a conquista vindoura de Canaã.
Cercar Jericó durante sete dias exigia uma alta qualidade de fé coletiva,
porque parecia completamente fútil aos espectadores pagãos que não tinham
conceito algum daquilo que DEUS poderia fazer no Seu poder. Além
disto, a confiança extraordinária e os métodos incomuns devem ter enchi
do de terror as mentes das pessoas nas demais cidades cananitas. A fé freqüentemente
requer a convicção de que DEUS pode realizar o que parece
ser impossível.
31. A posição da mulher Raabe, que ofereceu proteção aos espias
em Jericó (Js 2.1ss.), captou a imaginação de nosso escritor, que, a despeito
do fato de ser ela pagã e meretriz, menciona-a entre os heróis da fé. O
fato de que a fé podia ser exercida por semelhante pessoa era evidência
do seu caráter universal. Outro escritor do Novo Testamento, Tiago (2.25),
também ficou impressionado com o ato de Raabe. A distinção entre Raabe
e os demais habitantes de Jericó é marcada pela descrição deles como os
desobedientes. Dá a entender que o povo de Jericó, tendo ouvido falar das
proezas de DEUS em prol do Seu povo, deveria ter reconhecido estes atos
ao inves de resistir ao povo de DEUS. Certamente Raabe deve ter sido inspirada
por tais relatos dos tratos de DEUS para acolher com paz aos espias.
Não os considera como inimigos, mas como agentes de DEUS, e esta percepção
é atribuída à sua fé.
32. A entrada dos israelitas na terra prometida foi apena o início, e
muitas proezas da fé se seguiram na história acidentada do povo de DEUS.
O escritor reconhece que não há possibilidade de falar de mais atos individuais
de fé, e, portanto, contenta-se em oferecer um tipo de inventário de
várias proezas. Em primeiro lugar, registra uma lista de nomes que supõe
serem tão bem conhecidos que não há necessidade de mencionar seus atos.
A pergunta retóricarí’ que mais direi ainda? quase sugere que ele não
considera haver bons motivos para mencionar mais exemplos. Aqueles que
já foram citados são suficientemente impressionantes. Além disto, a falta
de espaço impede-o de continuar com pormenores iguais. Os seus mencionados
pelo nome são representantes principais do período dos juizes e do
princípio da monarquia. A eles são acrescentados os profetas como um
grupo. Todos eles juntos abrangem a história bíblica de Israel. Vale notar
que os juizes não são mencionados na ordem cronológica, mas na ordem da
sua importância. Para Gideão, cf. Juizes 6-8; para Baraque, Juizes 4-5;
para Sansão, Juizes 13-14; e para Jefté, Juizes 11-12. O espaço dedicado
à história de Samuel Davi no Antigo Testamento é uma medida da sua
maior relevância na história de Israel. A menção especial deles aqui pode
ser porque Samuel serve de ligação entre os juizes e a monarquia, ao passo
que Davi é o representante mais destacado desta última.
 
HEBREUS 33-34.
Nestes versículos, nove declarações são feitas, descrevendo
as realizações da fé. São dispostas em três grupos de três cada. Em cada
grupo há um aspecto comum para catalogar as declarações.
O primeiro grupo marca realizações — a conquista de reinos, o estabelecimento da
justiça, a herança das promessas espirituais. Tudo isto era verdadeiro em
grau notável nos tempos de Davi, mas todas as três realizações podem ser
ilustradas de vários períodos da história de Israel. Os livros dos Juizes e de
Samuel estão repletos de relatos em que a fé subjugou reinos, no sentido
de exércitos mais fracos, recebendo poder de DEUS em resposta à fé, vencerem
os inimigos de Israel. Praticaram a justiça (êrgasanto dikaiosynèn)
no sentido de fazer dela o princípio funcional da sociedade. Esta idéia
da justiça é diferente da justiça da qual o apóstolo Paulo fala num sentido
teológico, mas tem semelhanças com ela. Ressalta a prática ao invés do estado
de justiça. Os homens da fé escolhem a justiça e odeiam a injustiça,
porque o próprio DEUS faz isso. Nesta Epístola, o exemplo de Abraão já
foi mencionado como alguém que obteve promessas (as mesmas palavras
gregas epetuchen epagelias, são usadas em 6.15). Abraão era o exemplo
supremo, mas era o primeiro numa longa linhagem de herdeiros espirituais.
O segundo trio diz respeito ao tipos específicos de perseverança e de
libertação. Fecharam bocas de leões, uma alusão clara às proezas de Daniel
(Dn 6) e talvez também às de Sansão (Jz 14.6) e de Davi (1 Sm 17.34-35).
No caso de Daniel, foi DEUS quem fechou as bocas, mas a própria fé de
Daniel destaca-se na história. Os casos de Sansão e Davi matarem leões
são exemplos da coragem que era fortalecida pela fé. A referência na declaração
seguinte — extinguiram a violência do fogo - é presumivelmente
uma referência à fornalha dos três hebreus em Daniel 3. Mais uma vez, aquilo
que DEUS realizou é atribuído à fé dos homens que foram milagrosamente
livrados. O terceiro perigo do qual houve livramento é descrito como o
fio da espada, que resume uma gama ampla de ações violentas. A frase é
familiar no Antigo Testamento.
O terceiro trio volta-se das libertações maravilhosas para mencionar
realizações mais positivas. Da fraqueza tiraram força. À primeira vista,
parece um paradoxo, mas alguns casos podem ser lembrados, como, por
exemplo, o de Ezequias (Is 38), ou, talvez mais vividamente, o caso trágico
de Sansão. Seu último ato desesperado foi considerado um ato de fé.
Um exemplo neotestamentário pode ser visto na revelação feita ao apóstolo
Paulo de que a força se amadurece na fraqueza (2 Co 12.9). Paradoxalmente,
o aspecto seguinte é que fizeram-se poderosos em guerra. A idéia
da força aqui é uma extensão da idéia da força tirada da fraqueza, mas na
área específica da batalha. Mais uma vez, este aspecto é vividamente ilustrado
nos tempos de Davi. Uma extensão deste pensamento é que puseram
em fuga exércitos de estrangeiros. Claramente, ao contemplar a história
passada de Israel, o escritor desta Epístola vê suas proezas militares como
parte integrante da sua fé em DEUS, embora o Antigo Testamento nem
sempre se ocupe com este elemento da fé. Para ele, todos os heróis do passado
ilustram da mesma maneira a dependência de DEUS, que é interpretada
em termos da fé.
 
HEBREUS 11:35-37
35. Segue-se nos três próximos versículos uma série de exemplos
de realizações notáveis de perseverança. A primeira declaração, no entanto,
fica sozinha — Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos
— como talvez a evidência mais destacada do poder da fé. Dois casos deste
tipo são registrados no Antigo Testamento. Elias ressuscitou o filho da
viúva(l Rs 17.17ss.) e Eliseu ressuscitou o filho da sunamita (2 Rs 4.18ss.).
Em nenhum dos casos, no entanto, a fé foi exercida pelas mulheres, mas
pelos profetas. Vale notar que mulheres estavam implicadas, dalguma maneira,
em todas as ocasiões no Novo Testamento em que mortos eram
resuscitados (o filho da viúva em Naim, a filha de Jairo, e Lázaro, irmão
de Maria e Marta, em Betânia). As palavras pela ressurreição (ex anastaseõs)
significam literalmente “fora da ressurreição”, como se a ressurreição
fosse a esfera da qual os mortos emergiam para a vida.
O catálogo de proezas de perseverança indica o caráter indomitável
do espírito humano enfrentando disparidades incríveis, o que exige uma
fonte interior de fortaleza que só vem aos homens da fé.
Em primeiro lugar,
Alguns foram torturados, o que atrai atenção vívida à desumanidade
do homem ao homem. Ainda não está fora da moda, porque a tortura como
meio de forçar as pessoas para dentro de um só molde ainda é usada
com agrado nos sistemas políticos totalitários. A referência primária aqui
é geralmente considerada a matança dos sete irmãos no período dos macabeus
(2 Mac. 6.18ss.). Há alguma disputa acerca do sentido exato do verbo
foram torturados (etympanisthèsan). Pode ter denotado surras com clavas
ou açoites.100 Os sofrimentos extremos de muitos judeus no período
inter-testamentário eram presumivelmente bem conhecidos aos leitores
desta Epístola. No caso dos mártires macabeus, não aceitaram seu resgate,
embora recebessem esta oportunidade na condição de dispor-se a abrir
mão dos seus princípios. Estes mártires colocaram sua esperança na ressurreição
do corpo, e declararam que seus perseguidores se colocaram fora
de semelhante esperança (2 Mac. 7.9ss.). A superior ressurreição que escolheram
era considerada superior em contraste com uma existência terrestre
que lhes negaria o direito às suas convicções.
36. Os sofrimentos doutras pessoas que vieram a ser modelos de perseverança
agora são enfocados. Escámios, açoites, algemas e prisões caracterizam
os sofrimentos aos quais muitos foram sujeitados tanto nos tempos
da história de Israel quanto durante o desenvolvimento da igreja cristã. Jeremias
pode ser citado do Antigo Testamento e Paulo do Novo Testamento.
Os leitores desta Epístola sem dúvida devem ter conhecido alguns dos
seus próprios contemporâneos, a respeito dos quais a descrição seria relevante.
Mas a esta altura, o escritor confina-se à história de Israel.
37. Outra lista de privações de um tipo ainda mais agudo passa agora
a ser enumerada. A morte pelo apedrejamento era um modo bem-estabelecido
de execução (cf. o caso de Acã na história judaica antiga). As palavras
serrados pelo meio são consideradas uma alusão à tradição da morte de
Isaías conforme é registrada tanto por Justino quanto por Orígenes. O livro
apócrifo: A Ascensão de Isaias relata assim a morte de Isaías. A morte
ao fio da espada também era comum naqueles tempos (cf. 1 Rs 19.10). Alguns
textos inserem entre a primeira e a segunda declaração uma outra:
provados (epeirasthèsanj, mas parece tão inesperada no contexto que é melhor
omiti-la. Parece uma duplicação modificada do verbo anterior: serrados
pelo meio (epristhèsan).
Além da morte violenta, havia casos de privações prolongadas, dos
quais quatro amostra são dadas. Eram proscritos da sociedade, vivendo
uma existência primitiva tendo apenas peles por roupas, necessitados, privados
até mesmo das necessidades da vida, afligidçs, maltratados. As roupas
de peles relembram as vestes de Elias que, sem dúvida, serviu de modelo
para os trajes semelhantes de João Batista.
 
HEBREUS 11:38-40
38. A exclamação: homens dos quais o mundo não era digno é uma inteijeição a esta altura, como se o escritor repentinamente tomasse consciência da estatura espiritual dos homens sendo descritos. Por comparação, os homens do mundo, a despeito das suas posses e da sua posição, são tão inferiores que não são dignos de ser comparados com os homens de fé. Sempre tem sido verdadeiro que o mundo tem deixado de dar valor a alguns dos seus filhos mais nobres. Tem havido, no entanto, alguma disputa acerca da palavra traduzida digno (axios). Tem sido argumentado que se for entendida como “digno”, a declaração é quase um truísmo, e que é melhor entendê-la no sentido de “hospitaleiro”101 Mas a idéia de que o mundo não oferecia hospitalidade à lista formidável de pessoas perseguidas é um truísmo tanto quanto a alternativa. Desertos, montes, covas antros são todos lugares de solidão, como se a atitude da sociedade fosse banir estes homens da fé. A negação do convívio com outras pessoas freqüentemente pode ser uma privação difícil de suportar. Como ilustrações destas adversidades, podemos notar a referência a cem profetas escondidos numa caverna (1 Rs 18.4), e ao profeta Elias escondido numa caverna (1 Rs 19.9). 39-40. O relato dos triunfos e das provações da fé agora é concluído com uma declaração de que havia coisas melhores para se seguir. A promessa ainda não foi cumprida, porque o cumprimento não era possível até a vinda de CRISTO. Realmente, a promessa era sinônima dessa vinda. Apesar disto, o escritor não quer deixar estes heróis do passado sem testificar outra vez da sua fé. Comenta que todos estes obtiveram bom testemunho por sua fé.
Ao explicar o relacionamento entre os santos do Antigo Testamento e a igreja cristã, o escritor volta ao plano de DEUS. Emprega a palavra que é traduzida provido (problepsamenou), que chama a atenção ao conceito global de DEUS da Sua missão para a salvação do homem. O pensamento estende- se para o futuro, para o tempo da consumação, quando ficará completa a soma total do povo de DEUS. É por esta razão que os dignatários do Antigo Testamento ainda não poderiam receber a promessa. Coisa superior a nosso respeito refere-se, indubitavelmente, à superioridade da revelação cristã, que dá condições para o desenvolvimento de uma fé à altura do seu objeto. O tema de superior já ocorreu tantas vezes na Epístola que sua presença aqui era de ser esperada. É possível que o escritor tivesse em mente alguns que tinham exaltado os heróis da história judaica de tal maneira que se esqueceram das suas imperfeições e da sua necessidade de serem complementados pelos crentes em CRISTO.
 
HEBREUS 11:40-12:1
A chave acha-se nà palavra aperfeiçoados (teleióthõsin), outra idéia familiar nesta Epístola. Aqui, no entanto, é usada num sentido coletivo, com a idéia de ficar completo. Nenhuma parte da comunidade cristã verdadeira pode ficar completa sem o restante. Há um forte elemento de solidariedade por detrás desta idéia (cf. a referência à “igreja dos primogênitos” em 12.23), que também fica evidente nalgumas das metáforas neotestamentárias para a igreja, tais como o corpo ou o edifício. Os dois primeiros versículos do capítulo 12 passam a dar uma exortação ética com base nos heróis do passado, que então leva para uma seção de uma natureza mais prática para concluir a Epístola, sem deixar de haver muitos apartes teológicos.
 
 
SUBSÍDIOS DA LIÇÃO 11 - CPAD - 1º TRIMESTRE DE 2018
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO PTE1"Três coisas são mencionadas a respeito da fé de Abel: (1) Ele é elogiado por ser um adorador de DEUS. A Escritura somente diz que 'pela fé, Abel ofereceu a DEUS maior [melhor] sacrifício do que Caim', porque o sacrifício de Abel era uma expressão de adoração que envolvia toda a sua vida e fé. Apresentou toda a sua fé a DEUS, não manteve qualquer reserva. Isto representou total devoção ao Senhor, não simplesmente uma cerimônia religiosa. Pela fé, adentrou a mais profunda realidade espiritual e interior do sacrifício ao DEUS invisível.
(2) 'Alcançou testemunho de que era justo'. Caim não era justo; DEUS lhe disse que sua oferta somente seria aceitável se fizesse o que era certo (Gn 4.3-7). DEUS rejeito a adoração de Caim porque seu coração não era justo. Abel, por outro lado, demonstra a íntima relação entre a retidão e a fé em 10.38. Sua adoração agradou a DEUS porque vivia e agia pela fé como um homem justo.
(3) Foi mencionado por seu testemunho. Abel morreu como o primeiro mártir profético da história (cf. Lc 11.50,51); seu testemunho duradouro passou por sucessivas gerações e continua a falar da vida de fé que agrada a DEUS, como homem fiel que adora a DEUS de todo o seu coração" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1612).
 
CONHEÇA MAIS PTE2
Fé - "No Novo Testamento o verbo pisteuõ ('creio, confio') e o substantivo pistis ('fé') ocorrem 480 vezes. Poucas vezes o substantivo reflete a ideia da fidelidade como no Antigo Testamento (por exemplo, Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10; Ap 13.10). Pelo contrário, normalmente funciona como um termo técnico, usado quase exclusivamente para se referir à confiança ilimitada (com obediência e total dependência) em DEUS (Rm 4.24), em CRISTO (At 16.31), no Evangelho (Mc 1.15) ou no nome de CRISTO (Jo 1.12)". Para conhecer mais leia "Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal", CPAD, pp.369-70.
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO PTE2
"Fé no período patriarcal (11.8-22)
O período patriarcal do Antigo Testamento se estende de Abraão a José. Abraão é como o centro das atenções; somente um verso é dedicado a Isaque (v. 20), Jacó (v. 21) e José (v. 22). Isto é compreensível, já que Abraão, o homem de fé por excelência no Antigo Testamento, desempenha um papel central no princípio da história hebraica e na obra do plano de salvação de DEUS. No Novo Testamento, Abraão é mencionado mais extensivamente do que qualquer outra figura do Antigo Testamento. Aqui em Hebreus 11, três principais episódios da vida de Abraão são mencionados para ilustrar três importantes faces de sua jornada de fé.
1) Ao obedecer ao chamado de DEUS para partir de Ur dos Caldeus para uma terra prometida desconhecida, Abraão demonstrou fé no futuro não visto (11.8-10).
2) Durante longos anos de espera pelo filho e descendentes prometidos em circunstâncias humanamente impossíveis, Abraão demonstrou fé na promessa impossível (11.11,12).
3) Quando DEUS pediu que sacrificasse Isaque (seu único filho da promessa), Abraão demonstrou fé em meio à prova ou ao teste severo (11.17-19). Além destes modos em que a fé está poderosamente ilustrada, um parêntese em 11.13-16 chama a atenção para uma linha comum de fé que percorre a vida de Abraão e dos outros patriarcas" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 1614).
 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO PTE3"Pela fé, Raabe, a meretriz, e sua família foram poupadas durante a destruição de Jericó (11.31; cf. Js 6.23). Com exceção de Sara (Hb 11.11), Raabe é a única mulher mencionada pelo nome, na lista dos heróis da fé em Hebreus 11. Sua fé é revelada por ter acolhido e ocultado dois espiais enviados por Josué a Jericó antes da conquista. É também evidente em sua confissão - 'Bem sei que o Senhor vos deu esta terra' (Js 2.9) - uma fé baseada naquilo que ouviu e creu sobre o relatório do milagroso Êxodo de Israel do Egito, e das vitórias de Israel a leste do Jordão, antes de rodearem Jericó (Js 2.10-13). 'Pela fé' ela creu que o DEUS de Israel era o DEUS do céu e da terra. Além disso, Raabe demonstrou sua fé arriscando o 'presente por causa da perseverança futura. Deste modo, quando Jericó foi conquistada e seus habitantes destruídos, Raabe 'não pereceu com os incrédulos' (isto é, os desobedientes da cidade). Raabe foi poupada - uma mulher gentílica, prostituta secular, pecadora contumaz - este é um clássico exemplo, no Antigo Testamento pelo fato de DEUS ser rico em misericórdia e abundante em graça, é salva pela graça através da fé (cf. Ef 2.3-9)" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) COMENTÁRIO Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp. 1624,25).

 
AJUDA BIBLIOGRÁFICA
A CARTA AOS HEBREUS - Introdução e Comentário por DONALD GUTHRIE - SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO
A Excelencia da Nova Aliança em CRISTO - Orton H Wiley - Comentário Exaustivo da carta aos Hebreus - Editora Central Gospel - Estrada do Guerenguê . 1851 - Taquara I 11111 Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22713-001 PEDIDOS: (21) 2187-7090 .
AS GRANDES DEFESAS DO CRISTIANISMO - CPAD - Jéfferson Magno Costa
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. 
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - Myer Pearman - Editora Vida
Comentário Bíblico Beacon, v.5 - CPAD.
Comentário Bíblico TT W. W. Wiersbe
Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento - Volume I - Warren W. Wiersbe
CRISTOLOGIA - A doutrina de JESUS CRISTO - Esequias Soares - CPAD
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA
http://www.gospelbook.net, www.ebdweb.com.br, http://www.escoladominical.net, http://www.portalebd.org.br/, Bíblia The Word.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edições Vida Nova – J. D. Douglas
Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD.Revista CPAD - 3º Trimestre de 2001 - Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes” - Comentarista: Elinaldo Renovato
SÉRIE Comentário Bíblico - HEBREUS - As coisas novas e grandes que DEUS preparou para vocè - SEVERINO PEDRO DA SILVA
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Teologia Sistemática Pentecostal - A Doutrina da Salvação - Antonio Gilberto - CPAD
Teologia Sistemática - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - A Salvação - Myer Pearman - Editora Vida
Teologia Sistemática de Charles Finney
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm

fonte  http://www.apazdosenhor.org.br/