ESCOLA DOMINICAL CPAD ADULTOS - Conteúdo da Lilção 11


Discernimento de espíritos — Um dom imprescindível
17 de Março de 2019


TEXTO ÁUREO 
“Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1Co 2.15). 

VERDADE PRÁTICA 
O discernimento de espíritos é um dos dons espirituais concedidos aos crentes, em Jesus; ele nos capacita a distinguir o real do aparente e a verdade da mentira. 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 

Atos 16.16-22. 
16 — E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. 
17 — Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. 
18 — E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu. 
19 — E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados. 
20 — E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade. 
21 — E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. 
22 — E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas. 

HINOS SUGERIDOS 
167, 326 e 383 da Harpa Cristã. 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR 
Nesta lição estudaremos um tema importante para vivermos a fé nestes últimos dias: o discernimento de espíritos. Quem conhece a Deus e deseja não ser enganado é importante rogar ao Senhor por essa capacidade. Há coisas na vida que não se discerne com bagagem intelectual, ou sabedoria humana, mas por uma ação sobrenatural de Deus. Discernimento espiritual é para a obra espiritual. Não se pode querer discernir o que é espiritual com instrumentalidade carnal. No mundo espiritual, o discernimento de espíritos é um dom imprescindível. 

COMENTÁRIO 

INTRODUÇÃO 
O homem espiritual é a pessoa com o Espírito Santo e que, por isso, tem melhores condições para entender cada situação. Isso é diferente daquele que não conhece a Deus. Mas o relato da libertação da adivinhadora de Filipos, por ocasião da segunda viagem missionária do apóstolo Paulo, revela que o discernimento espiritual vai além, pois diz respeito ao “dom de discernir os espíritos” (1Co 12.10). 

I. DISCERNIR E DISCERNIMENTO 
No seu uso geral, discernimento é, na vida cotidiana, a capacidade de compreender e avaliar as coisas com bom senso e clareza, de separar o certo do errado com sensatez. O termo aparece nessa acepção na Bíblia (2Sm 19.35; Jn 4.11). Mas, no contexto teológico, o seu uso é muito mais amplo, como veremos a seguir. 

1. O verbo “discernir”.
O Novo Testamento grego apresenta dois verbos traduzidos em nossas versões bíblicas por “discernir”, anakrino e diakrino. O significado do primeiro é amplo, como “perguntar, interrogar, investigar, examinar” (Lc 23.14; At 17.11), e aparece também com o sentido de “discernimento” (1Co 2.14,15). O segundo verbo apresenta grande variedade semântica e uma das variações é a de discernir (1Co 11.29). 

2. O substantivo “discernimento”.
O termo grego é diákrisis, que só aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente: uma vez com o sentido de “briga” ou “julgamento” (Rm 14.1); outra, como “distinção” em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (1Co 12.10); e, finalmente, para discernir entre o bem e o mal (Hb 5.14). 

3. Atualidade.
Há manifestações sobrenaturais por meio de falsos profetas (Dt 13.1-3). Jesus disse que o Anticristo aparecerá fazendo sinais, prodígios e maravilhas de tal maneira que, se possível fora, enganaria até os escolhidos (Mt 24.24). Os agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (2Co 11.13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos (1Co 12.10). 

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO 
“Discernimento de espíritos. A expressão inteira, no grego, apresenta-se no plural. Este fato indica uma variedade de maneiras na manifestação desse dom. Por ser mencionado imediatamente, após a profecia, muitos estudiosos o entendem como um dom paralelo responsável por ‘julgar’ as profecias (1Co 14.29). Envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos (1Jo 4.1). O discernimento nos permite empregar a Palavra de Deus e todos os demais dons para liberar o campo a proclamação plena do Evangelho. Da mesma forma que os demais dons, este não eleva o indivíduo a um novo nível de capacidade. Tampouco concede a alguém a capacidade de sair olhando as pessoas e declarando do que espírito são. É um dom específico para ocasiões específicas” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 1996, p.475). 

II. A ADIVINHADORA DE FILIPOS 
Quem realmente já experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores. Deus permite, às vezes, o sobrenatural vindo de fontes estranhas para provar a fé do crente e sua experiência espiritual. 

1. Uma avaliação sensata.
A jovem adivinha estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44) e o principal opositor da obra de Deus (At 13.10). Por que, então, o espírito adivinho elogiaria os dois mensageiros de Deus, Paulo e Silas, ao confirmá-los como anunciadores do caminho da salvação? É óbvio que havia algo de errado nisso. 

2. O espírito de adivinhação.
A jovem pitonisa “tinha espírito de adivinhação” (v.16). O termo grego usado aqui é python, “Píton, espírito de adivinhação”, de onde vem o termo “pitonisa”, associado à feitiçaria. Píton era a serpente que guardava o oráculo em Delfos, na antiga Grécia, a qual, segundo a mitologia, Apolo matou. Com o tempo, python passou a ser usado para designar adivinhação ou ventríloquo, que em grego é engastrimythos, de gaster, “ventre”, e mythos, “palavra, discurso”, cuja ideia é dar oráculos ou predições desde o ventre, pois se imaginava alguém ter tal espírito em seu ventre. O vocábulo engastrimythos não aparece no Novo Testamento, mas está presente na Septuaginta (Lv 19.31; 20.6) e é aplicado a feiticeira de En-Dor (1Sm 28.7,8). 

3. Adivinhações ontem e hoje.
Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os cananeus (Dt 18.14) e os egípcios (Is 19.3), as quais Israel deveria rejeitar. Isso vale também para os cristãos, pois essas práticas estão presentes ainda hoje na sociedade. Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At 8.9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap 21.8; 22.15). Como parte da magia, a adivinhação é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc. 

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO 
Para lição desta semana é importante você estudar o tema dos Dons Espirituais de um modo geral e específico com relação ao dom de discernimento de espíritos. Para isso, sugerimos a obra “Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal”, editada pela CPAD. Lembre que o planejamento e a organização são fundamentais para uma aula eficaz. Não deixe para se organizar em cima da hora. Antecipe-se! 

III. DESMASCARANDO OS ARDIS DE SATANÁS 
O Senhor Jesus colocou à disposição de cada crente as condições necessárias para discernir entre o falso e o verdadeiro, habilitando-o a fazer a obra de Deus. Ele disse: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16) e para isso nos equipou com armas espirituais de defesa e de ataque ao reino das trevas (2Co 10.1-5). O discernimento espiritual é importante arma do arsenal do Espírito Santo. 

1. O dom do Espírito Santo.
O dom de discernir os espíritos aparece logo após o dom de profecia (1Co 12.10); por essa razão, muitos associam o referido dom como meio de “julgar” as profecias (1Co 14.29). Mas o contexto do Novo Testamento mostra que essa não é a sua única função. Serve também para distinguir a manifestação do Espírito Santo das manifestações de profecias, línguas, visões, curas provenientes de fontes demoníacas, e para proteger-nos dos ataques satânicos. Manifesta-se em situações nas quais não é possível, com recursos humanos, identificar a origem da manifestação sobrenatural. 

2. Uma estratégia demoníaca para confundir o povo.
É muito estranho que o espírito maligno que atuava na vida da jovem viesse gritando publicamente por muitos dias e elogiando Paulo e Silas com as palavras: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (v.17). Essa não foi a única vez em que Satanás procedeu dessa maneira (Mc 5.7). Adam Clarke comenta que o “testemunho sobre os apóstolos, em essência, era verdadeiro, com o fim de destruir sua reputação e arruinar a sua utilidade”. O propósito diabólico aqui era transmitir ao povo a falsa ideia de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora. 

3. A libertação da jovem adivinhadora.
A moça era uma escrava que dava muito lucro aos seus senhores com essa prática ocultista (v.16). Ao ser liberta pelo poder do nome de Jesus, os seus proprietários viram nisso um prejuízo econômico e foram denunciar os missionários às autoridades locais. A população não viu a maravilha da grande libertação da moça, e Paulo e Silas não foram denunciados por causa da expulsão do espírito maligno da jovem. Eles foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Foram açoitados e colocados na prisão (vv.19-22). Jesus tornou-se também persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc 5.16-18). Infelizmente, o lucro fala mais alto ainda hoje. 

4. A necessidade do dom de discernir.
O discernimento do Espírito nos permite conhecer tudo aquilo que é impossível saber por meio de recursos humanos. O caso de Paulo e da adivinha de Filipos é emblemático, um exemplo clássico do uso desse dom na vida real. Reconhecer a origem maligna de uma manifestação contra a Igreja não é tão difícil, mas, no contexto de Paulo, diante dos elogios da adivinhadora, isso era praticamente impossível sem a atuação do Espírito Santo. 

SUBSÍDIO DE VIDA CRISTà
“Dei uma conferência na África sobre os demônios. Sobre o assunto argumentei: ‘Espanta-me constatar que durante todos esses anos em que houve missões nesta terra, as mãos de vocês estivessem amarradas por causa de médiuns feiticeiros. Por que vocês não saem e expulsam o Diabo das pessoas e as livram do poder que as escraviza?’. 

O segredo de nossa obra, a razão de Deus nos ter dado cem mil almas, o motivo por que temos mais mil e duzentos pregadores nativos em nossa obra na África, é devido ao fato de crermos na promessa: ‘Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo’ (1Jo 4.4). 

Nós não apenas saímos para buscá-las, mas as desafiamos individual e coletivamente, e pelo poder de Deus libertamos as pessoas do poder que as acorrenta. Quando são libertas, elas se rejubilam pela libertação da escravidão na qual estavam presas. ‘Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação’ (2Timóteo 1.7)” (LAKE, John G. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. RJ: CPAD, 2003, pp.146,147). 

CONCLUSÃO 
Satanás é perito no engano e no disfarce, na mentira e na aparência: “porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2Co 11.14). Ele é um ser habilidoso e acima de qualquer ser humano na arte do engano e da mentira; os seus disfarces só são discerníveis pelo Espírito Santo: “porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Às vezes, até mesmo os crentes, por falta de vigilância, terminam caindo no laço do Diabo. 

PARA REFLETIR 
A respeito de “Discernimento de espíritos — Um dom imprescindível” responda: 

O que mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos? 
Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. 

Por que as práticas ocultistas são repulsivas aos olhos de Deus? 
São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque se trata de uma forma de idolatria (Ap 21.8; 22.15). 

Qual o propósito diabólico, segundo a lição, com os elogios a Paulo e Silas? 
O propósito diabólico aqui era transmitir ao povo a falsa ideia de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora. 

O que aconteceu aos missionários depois da libertação da jovem adivinhadora? 
A população não viu a maravilha da grande libertação da moça, e Paulo e Silas não foram denunciados por causa da expulsão do espírito maligno da jovem. 

O que era completamente impossível acontecer sem a atuação do Espírito Santo de acordo com o contexto de Paulo? 
Reconhecer a origem maligna de uma manifestação contra a Igreja não é tão difícil, mas, no contexto de Paulo, diante dos elogios da adivinhadora, isso era praticamente impossível sem a atuação do Espírito Santo. 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO 
Discernimento de espíritos — Um dom imprescindível 
O que é o homem espiritual? O homem espiritual é aquele que compreende a realidade espiritual por intermédio do Espírito Santo. Ele não vê somente com os olhos terrenos, mas tem sensibilidade espiritual para observar uma realidade escondida por de trás da aparência material. É sobre isso que a lição desta semana aborda a partir da narrativa da adivinhadora de Filipos. 

Sobre “discernir” e “discernimento” 
Antes de explorar a narrativa sobre a adivinhadora de Filipos, o comentarista faz uma distinção entre o verbo “discernir” e o substantivo “discernimento”. A ideia com este tópico é mostrar a necessidade de se distinguir as manifestações espirituais verdadeiras das falsas. Assim, é importante destacar que Satanás pode sim criar falsas manifestações, fazendo-as passar por verdadeiras. Aqui está a importância da capacidade de discernir espíritos. Não podemos abrir mão disso. 

Sobre a adivinhadora de Filipos 
Neste tópico, o comentarista destaca a avaliação sensata de Paulo e Silas, a ocasião do espírito de adivinhação ser identificado por eles e as circunstâncias atuais do mesmo problema. O ponto importante a destacar neste tópico sao as práticas contemporâneas que podem estar sendo toleradas entre nós em nome de uma pretensa espiritualidade. Aqui, soa urgente comunicar o cuidado que se deve ter para não se fazer do culto ou reuniões de oração um mero pretexto para se consultar o futuro ou coisa do tipo. Essa prática é condenada pelas Escrituras. 

Sobre desmascarar os ardis de Satanás 
Este terceiro tópico aborda sobre o dom de discernimento de espíritos para desconstruir a estratégia demoníaca para confundir o povo. Ainda aborda o momento da libertação da jovem adivinhadora e a amostra da importância desse dom. Ora, a jovem foi liberta após a constatação de que o que estava nela era maligno. 

É verdade que hoje não é muito difícil reconhecer determinadas realidades espirituais, pois temos a Palavra de Deus que nos dá parâmetros e princípios bem claros para nos orientar acerca dos muitos movimentos estranhos ao Espírito Santo. Entretanto, a realidade do mundo espiritual não é fechada. É complexa e Satanás sempre é criativo quando seu objetivo é enganar e destruir pessoas. Por isso, é impossível distinguirmos determinadas práticas espirituais verdadeiras das falsas sem a atuação do Espírito Santo.
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