ESCOLA DOMINICAL CPAD ADULTOS - Lição 5

 
A mordomia da Igreja Local
4 de agosto de 2019


TEXTO ÁUREO 
“Escrevo-te estas coisas […] para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.14,15). 

VERDADE PRÁTICA 
O cristão deve valorizar a igreja local como ambiente de adoração, comunhão e serviço ao Reino de Deus. 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 

Atos 9.31; 1 Coríntios 1.1,2; Hebreus 10.24,25. 

Atos 9
31 — Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo.

1 Coríntios 1
1 — Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) e o irmão Sóstenes,
2 — à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.

Hebreus 10
24 — E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras,

25 — não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia.

HINOS SUGERIDOS 
53, 376 e 530 da Harpa Cristã.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR 
Já se perguntou a respeito de quem a igreja local é constituída? Uma pergunta sempre é especial para o início de uma reflexão. A nossa, nesta lição, é sobre a igreja local. Essa igreja, amada por muitos, mas “odiada” por outros. Há quem pense que se pode amar Cristo, mas não a sua Igreja. Uma das coisas mais significativas no Novo Testamento, a partir do ministério dos apóstolos, era o amor deles pela Igreja. Esse amor só foi possível por causa do exemplo maior de Jesus Cristo, o fundador da Igreja. Nesta lição, queremos que você seja encorajado a amar a Igreja, a servi-la e a defendê-la.

COMENTÁRIO 

INTRODUÇÃO 
A igreja local é formada por pessoas que se reúnem para adorar, congregar e servir a Deus. Nesta lição, refletiremos sobre as nossas responsabilidades quanto ao lugar no qual desenvolvemos nossa comunhão com o Pai Celeste e com os irmãos em Cristo. Que o Espírito Santo nos guie neste estudo!

I. A MORDOMIA DOS BENS ESPIRITUAIS 

1. A mordomia e a valorização da Palavra de Deus.
Ao longo dos séculos, Deus confiou a proclamação de sua Palavra aos seus seguidores. Há mais de 1490 anos antes de Cristo, Deus falou com e por meio de Moisés (Êx 3.1-22; 17.14). Tempos depois, falou por intermédio de outros profetas a partir de Samuel até Malaquias. E, nos últimos dias, revelou-se através de seu Filho, Jesus Cristo (Hb 1.1).

Hoje, pastores, evangelistas, discipuladores e professores da Escola Dominical são os mordomos que cuidam da evangelização e do discipulado nas igrejas locais. Por isso, todos devem zelar pela Palavra de Deus, lendo-a, estudando-a em profundidade e realçando o seu inestimável e infinito valor.

Espera-se que, na liturgia do culto cristão, a Palavra de Deus tenha a primazia (Sl 119.11). Num culto, a pregação e o ensino da Bíblia Sagrada deve ter toda a prioridade. Se a mordomia da Palavra for negligenciada, os prejuízos espirituais da congregação serão grandes e, às vezes, irremediáveis.

2. A mordomia na evangelização e no discipulado.
Uma das melhores formas de se exercer a mordomia da Palavra de Deus é evangelizar todos os tipos de pessoas (Mc 16.15,16). De acordo com essa demanda, a Palavra de Deus deve ser proclamada “a tempo e fora de tempo” (2Tm 4.2). Somente ela pode transformar o interior das pessoas.

Todavia, paralelo à evangelização, deve ocorrer o discipulado eficaz (Mt 28.19), que é a mordomia da Palavra exercida de maneira pessoal no curto, médio e longo prazos. Sem discipulado não há aprofundamento da fé, perseverança, fidelidade e maturidade cristã. Isso é o que as estatísticas missionárias revelam. Onde há real discipulado, a maior parte das pessoas permanece em Cristo. Mas, quando o discipulado é ignorado, esse dado cai vertiginosamente.

3. A mordomia no uso dos dons espirituais.
Os dons espirituais são concedidos por Deus para dar poder e unção à Igreja. Eles confirmam a pregação da Palavra, a fim de glorificar a Cristo. A Bíblia mostra que os dons espirituais foram confiados unicamente à Igreja, ou seja, aos salvos: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10 — grifo meu).

Na Bíblia há orientação para o uso correto dos dons espirituais (1Co 14.40). Por esse motivo, certas práticas estranhas ao Movimento Pentecostal não devem ser estimuladas nem toleradas no culto público, tais como marchar, pular, rodopiar ao som de batidas, correr de um lado para outro, sapatear, fazer “aviõezinhos” etc. Segundo a Bíblia, isso é meninice, imaturidade e, muitas vezes, revela apenas carnalidade e infantilidade (1Co 3.1).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO 
Quantos minutos você gasta por dia para ler a Bíblia e orar? Quantas vezes na semana você evangeliza uma pessoa? Você acompanha algum novo convertido na sua igreja local? Você se preocupa com o exercício dos dons espirituais na sua igreja? Você tem algum dom espiritual?

Essas são algumas perguntas que sugerimos para o início da exposição deste primeiro tópico. A ideia é que a classe pense com seriedade acerca dessa disciplina indispensável ao crente. O que permeia essas perguntas é encontrado na vida de muitos cristãos santos que gastaram suas vidas para ler a Bíblia, orar, evangelizar, discipular, exercer os dons espirituais: mordomia espiritual. Assim, estimule seus alunos a seguir os exemplos desses servos abnegados.

II. A MORDOMIA DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA 

1. A assistência social no Antigo Testamento.
No Antigo Testamento, encontramos o fundamento para a obra de assistência social:

1.1. Nos salmos. Davi, homem de Deus, analisando a situação do próximo, afirmou: “Fui moço, e agora sou velho, mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25). Certamente, já com idade avançada, o salmista podia concluir que o “Jeová Jiré” não desampara jamais aqueles que o servem (Sl 82.3,4).

1.2. Nos provérbios. O sábio escreveu: “Informa-se o justo da causa do pobre, mas o ímpio não compreende isso” (Pv 29.7). O texto mostra que não podemos nos omitir quanto à necessidade de nossos irmãos.

1.3. Nos profetas. Isaías, o profeta messiânico, clamou pelos necessitados (Is 1.17). Jeremias, o “profeta das lágrimas”, falou em defesa dos oprimidos (Jr 22.3). O profeta Ezequiel não deixou de contribuir, protestando contra Jerusalém, pela sua omissão em atender aos pobres (Ez 16.49). Zacarias foi usado por Deus de igual modo para exortar sobre o cuidado com os necessitados, incluindo órfãos, viúvas e estrangeiros (Zc 7.9,10).

2. Assistência social no Novo Testamento.
Aqui também encontramos fundamentos para a obra de assistência social:

2.1. Nos Evangelhos. Jesus, em seu ministério, multiplicou pães e peixes duas vezes para alimentar as multidões (Mt 14.13-21; Mt 15.29-39). Isso indica que Jesus deu muita importância à necessidade de socorrer os famintos. Assim, na igreja local, os cristãos têm o privilégio de prover o alimento necessário para aqueles que necessitam do pão cotidiano.

2.2. Nos Atos dos Apóstolos. Os diáconos foram escolhidos para cuidar da assistência social da igreja. Tal trabalho foi considerado pelos apóstolos um “importante negócio” (At 6.1-6). Dentre as características da Igreja Primitiva, vemos que os crentes “tinham tudo em comum” (At 2.44,45).

2.3. Nas Epístolas. O apóstolo Paulo, ensinando sobre os dons, dá ênfase ao ministério de socorro aos pobres e carentes (Rm 12.8). O apóstolo Tiago, de início, em sua carta, já afirma que a verdadeira religião é visitar os órfãos e as viúvas e guardar-se da corrupção (Tg 1.27), pois “a fé sem as obras é morta em si mesma” (Tg 2.17).

3. Agindo para glória de Deus e o alívio do próximo.
Não precisamos, portanto, do Socialismo, ou do Marxismo, ou da Teologia da Libertação (braço auxiliar do marxismo que dessacraliza o evangelho e politiza o Reino de Deus) para acolher e cuidar dos necessitados. Os representantes dessas ideologias usam um ideal supostamente nobre para escravizar pessoas e perpetuarem-se no poder. Infelizmente, o nosso país, bem como toda a América Latina, é vítima dessa ideologia nefasta.

O fundamento da igreja local para a prática social está nos salmistas, nos profetas, em Cristo e nos apóstolos, ou seja, em toda a Bíblia. A Igreja de Cristo deve socorrer os menos favorecidos porque o amor de Deus está em nós, e, portanto, devemos amar o nosso semelhante (Mc 12.30,31; cf. Gl 2.10).

Que estrutura as igrejas locais têm para atender os novos convertidos que se acham entre certos grupos: prostitutas, moradores de rua, drogados, famintos, deficientes e deprimidos? É preciso, à luz do exemplo do nosso Salvador, e dentro das nossas possibilidades (Ec 9.10), estruturar o mínimo de condições para resgatar tais segmentos. Sejamos zelosos na mordomia da ação social!

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO 
“Diakonia (‘Serviço’, ‘ministério’). São os esforços no serviço a Cristo que continuam o ministério encarnacional que realizou e que nos ajuda a realizar. O caráter desse ministério é servir; não imita o padrão da autoridade ou do propósito que este mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificada por Cristo de uma vez para sempre (Mc 10.45) e, como consequência, servimos a Cristo por meio de servir à criação que está debaixo do seu senhorio.

A dimensão de serviço no ministério leva-nos, além de divulgar as boas-novas com denodo e coragem, a participar do desejo de Deus que é alcançar de modo prático os marginalizados da sociedade. As pessoas que não têm ninguém para pleitear a sua causa, e que se encontram desconsideradas e abandonadas, também foram criadas à imagem de Deus. A Igreja, revestida pelo poder do Espírito, terá de passar das palavras para ações se quer ver realizados os propósitos de Deus. Não poderá haver maneira de fugir deste fato: se vamos realmente servir no ministério continuado de Jesus Cristo, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério” (HORTON, M. Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018, p.604).

III. A MORDOMIA DOS CRENTES NA IGREJA LOCAL 

1. Em primeiro lugar é preciso congregar.
É notório o crescimento dos “desigrejados”. Não temos espaço aqui para entrar em detalhes sobre o fenômeno. Entretanto, um dos maiores perigos deste movimento é esta falsa ideia: já que a “igreja sou eu”, não preciso frequentar os cultos regulares, nem ser membro de uma igreja local.

Ora, não é isso o que a Bíblia ensina, mas exatamente o contrário: “não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns” (Hb 10.25). Quer sua igreja local seja grande, quer seja pequena, ou um ponto de pregação, alegre-se em orar com os irmãos, participar da ceia do Senhor, ouvir a Palavra de Deus, compartilhar os dons espirituais e assistir aos mais necessitados. Tenha a alegria de congregar! Ame a Cristo, o cabeça; mas ame também a Igreja, o seu corpo.

2. Líderes cristãos como mordomos.
Os pastores das igrejas locais, como mordomos cristãos, têm grande responsabilidade diante de Deus pelas almas que lhe são confiadas. Essa responsabilidade está amparada no próprio exemplo de Jesus. Nosso Senhor ensina-nos como cuidar das almas que o Pai nos confiou. Ele lavou os pés aos discípulos, e ensinou: “Entendeis o que vos tenho feito? […] Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.12,15 — grifo meu). Aqui, está claro que nenhum líder deve comportar-se como “maior que os outros”, inacessíveis aos humildes servos do Senhor, mas todos devem fazer parte da “irmandade da bacia e da toalha”. Essa perspectiva consciente da liderança evangélica é o mais eficaz antídoto contra o orgulho.

3. A mordomia dos membros e congregados.
Numa igreja local, além dos líderes terem uma responsabilidade específica, o membro do Corpo de Cristo deve ser útil à Obra do Senhor, exercendo a mordomia do Reino de Deus conforme a sua capacidade. Orando, louvando, testemunhando, evangelizando, visitando enfermos e afastados, liderando departamentos e realizando outras atividades. É preciso trabalhar “enquanto é dia” (Jo 9.4).

SUBSÍDIO VIDA CRISTà
“Há várias passagens no Novo Testamento nas quais podemos ver uma descrição clara do que significa ser membro da igreja. Uma das seções mais volumosas está em 1 Coríntios 12 a 14. Em 1 Coríntios 12, Paulo explica a metáfora da igreja como um corpo com muitos membros. Em 1 Coríntios 13, ele estabelece o amor como a atitude e a ação centrais que todos os membros devem ter. E em 1 Coríntios 14, ele se volta à igreja em Corinto, cuja visão a respeito do conceito de membresia está equivocada.

Alguns líderes e membros da igreja entendem o conceito de membresia como um conceito organizacional ou ligado à administração. Por isso, eles refutam a ideia de que sua visão seja antibíblica. Contudo, o conceito de membresia é extremamente bíblico. A Bíblia explica ‘membros’ de um modo diferente da cultura secular. Por exemplo, observe o termo em 1 Coríntios 12.27,28:

‘Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja…’.

Você percebe a diferença? Os membros de uma igreja compõem o todo e são partes essenciais do todo […]” (RAINER, Thom S. Eu Sou Membro de Igreja: Descobrindo a atitude que faz a diferença. RJ: CPAD, 2018, p.25).

CONCLUSÃO 
A mordomia na igreja local abrange muitas tarefas. Precisamos saber a nossa vocação e perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. É um grande privilégio servir a Deus com os dons que Ele nos deu. Portanto, seja um mordomo fiel na igreja em que você congrega. Ame a Deus, ame ao próximo, ame à igreja e congregue com alegria. Valorize a igreja local.

PARA REFLETIR 
A respeito de “A Mordomia da Igreja Local”, responda:

Quem são os mordomos da Palavra de Deus, hoje? 
Pastores, evangelistas, discipuladores e professores da Escola Dominical.

Qual a melhor maneira de se exercer a mordomia da Palavra de Deus? 
Uma das melhores formas de exercer a mordomia da Palavra de Deus é evangelizar todos tipos de pessoas (Mc 16.15,16).

A quem foi confiada a grande mordomia dos dons espirituais? 
A Bíblia mostra que os dons espirituais foram confiados unicamente à Igreja de Cristo, ou seja, aos salvos.

Em que está o fundamento para a nossa prática social? 
O nosso fundamento para a prática social está nos salmistas, nos profetas, em Cristo e nos apóstolos, ou seja, na Bíblia.

Que grande lição Jesus deu aos apóstolos sobre a humildade? 
Ele lavou os pés dos discípulos de maneira humilde.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO 

A Mordomia da Igreja Local
Até a quarta lição, vimos a constituição do indivíduo — corpo, alma e espírito — bem como seu primeiro habitat social, isto é, a família. A partir desta lição, iniciaremos o estudo das relações humanas do cristão fora do eixo de sua família: a igreja local. O nosso objetivo é mostrar que essa instituição é um ambiente de adoração, comunhão e serviço.

Resumo da lição
Para isso, mostraremos que a lição está estruturada em três eixos: 1) A Mordomia dos Bens Espirituais; 2) A Mordomia da Ação Social; 3) A Mordomia dos Crentes na Igreja Local. O primeiro tópico apresenta a mordomia dos bens espirituais em pelo menos três eixos: valorização da Palavra de Deus, da evangelização, do discipulado e do exercício dos dons espirituais. O segundo tópico faz uma reflexão importante sobre as bases das Escrituras para uma ação social evangélica: os livros dos Salmos, Provérbios, os Profetas, os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Epístolas. Por último, uma consciência acerca da mordomia dos crentes na igreja local: a necessidade de congregar, os líderes como mordomos e o crente como mordomo do Reino de Deus.

Apontamentos importantes
Esta lição nos aponta reflexões importantes que poderiam resultar numa nova aula. Os assuntos tornam-se, assim, complexos, mas envolventes e necessários. Aqui, podemos esboçar alguns eixos temáticos que o professor e a professora podem pontuar em suas aulas: Sobre o estado de nossas pregações, evangelização, discipulado e uso dos dons; Sobre a prática da ação social. Precisamos usar fundamentos teóricos de autores marxistas e materialistas claramente divorciados das virtudes do Reino de Deus? A Palavra de Deus já não nos deu os fundamentos? Sobre o fenômeno dos desigrejados e a prática das igrejas institucionais diante desse fenômeno.

Aplicação da lição
A prática de evangelização, do discipulado, do exercício dos dons espirituais, o compromisso social e o amor pela congregação que frequentamos constituem uma identidade muito cara às igrejas pentecostais. Não podemos deixar de pensar com seriedade a respeito desses assuntos. Nossa pregação fala hoje? Nossa evangelização e discipulado têm a mesma paixão de outrora? Cremos e vivemos os dons espirituais? Dedicamo-nos às obras sociais conforme a orientação bíblica? Amamos a igreja em que estamos?
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