Arábia Saudita liberta cristãos de igreja doméstica

Riyad, onde os condenados à morte são executados
ARÁBIA SAUDITA (4º) - Dois cristãos indianos de uma igreja doméstica pentecostal na Arábia Saudita voltaram a seu país de origem domingo, 24 de julho, depois de terem sido inesperadamente lançados em uma prisão superlotada por autoridades sauditas.


Vasantha Vara Sekhar, 28, e Yohan Nese, 31, que são membros da Congregação Riyadh-based "Alegrai-vos na Igreja do Senhor", foram detidos em janeiro, enquanto organizavam um grupo de estudo bíblico em um dos apartamentos, onde outros 70 estavam reunidos – em sua maioria, trabalhadores indianos expatriados.


Cristãos devotos, ambos receberam 45 dias de "prisão preventiva", acusados de tentativa de conversão cristã, também conhecida como "proselitismo".
Eles foram mais tarde transferidos da delegacia de polícia para uma prisão em Riad, a capital, onde continuaram detidos por meses sem julgamento.
Finalmente, "em 12 de julho, foram liberados pelas autoridades para voltarem à Índia", disse um ancião da igreja.  Ele diz estar preocupado com a segurança da igreja, pois tem estado sob pressão para que pare suas atividades. Além disso, casas de membros da igreja também foram invadidas pelas forças de segurança sauditas, de acordo com uma testemunha.
Não ficou imediatamente claro se e quando os homens liberados receberiam de volta seus pertences pessoais. "A polícia religiosa saudita e outros policiais também confiscaram Bíblias e literatura cristã, bem como a instalação de som da igreja e instrumentos, como guitarras, durante a invasão," explicou recentemente o ancião em uma das várias conversas.
"Eles ainda quebraram móveis e malas, e pintaram o que eu acredito serem versículos do Alcorão nas paredes do apartamento onde a igreja se reunia,” acrescentou. No entanto, ele chamou sua libertação de "final feliz" e "resultado de orações", depois de ser abordado por emissoras para publicar o seu caso. "O mundo deve saber sobre sua situação", disse o ancião no início deste ano. "Louvado seja o Senhor, Deus nos dá a vitória", acrescentou nesse fim de semana.
A liberdade dos indianos foi conquistada através de negociações muitas vezes difíceis e frustrantes. Os envolvidos revelaram que “os cristãos choraram quando nos conhecemos, no estabelecimento prisional."
O ancião disse, em uma entrevista, que os cristãos haviam sido proibidos de orar abertamente ou ler a Bíblia. "Nossos irmãos tiveram o cabelo raspado e pareciam muito magros." Ele disse que eles não recebiam comida suficiente. Yohan teria tido tosse e temia uma possível tuberculose, mas o tratamento médico lhe foi negado.
Durante meses, os dois jovens mal podiam dormir na cadeia superlotada. Eles eram "os únicos cristãos presos por sua fé. Os outros presos eram criminosos."
Na Índia, o pastor de Vara, Ajay Kuma Jeldi, explicou que Vara lhe tinha dito, por telefone, ter sido pressionado na prisão para se converter ao islamismo, mas recusou. "Se eu tiver que morrer por meu Deus, vou morrer por ele aqui", teria dito Vara.
O retorno à Índia colocou fim a uma longa espera para as famílias, que estavam muito preocupadas com nossos irmãos.
Membros da Igreja Pentecostal são muitas vezes referidos como "irmãos" ou "irmãs", em referência ao ensino bíblico de que aqueles que aceitam Jesus Cristo como Senhor e Salvador são filhos de Deus, o Pai Celestial.
Apesar das ameaças de novas prisões, o ancião da igreja disse que sua congregação continua adorando em locais diferentes e até batiza novos crentes. "Temos de continuar a louvar o Senhor; o que mais podemos fazer? Esta é uma igreja viva. Há também um interesse entre as pessoas de outras religiões em participar de nossos cultos".
Grupos de direitos humanos dizem que a Arábia Saudita, uma nação islâmica restrita, tem um longo histórico em perseguição cristã. Em 2004, 28 trabalhadores indianos teriam sido presos por praticar o cristianismo. As acusações foram esquecidas, mas em 2010 voltaram devido à deportação de um trabalhador, enquanto outra pessoa foi presa, de acordo com investigadores.
Em outro caso, 16 trabalhadores indianos foram supostamente detidos em fevereiro de 2008 e libertados depois de três dias. Em 2010, oito deixaram o país por vontade própria, sendo que três dos oito restantes teriam recebido ordem de deportação e expulsão.
As autoridades sauditas negaram abuso contra os direitos humanos e recentemente pediram a ativistas políticos que não repetissem, no país, as manifestações pró-democracia que atualmente envolvem outras nações árabes.
A nação do Oriente Médio de mais de 26 milhões de pessoas é oficialmente 100% muçulmana, mas, como em outros países árabes, tem havido relatos de um crescente interesse pelo cristianismo na Arábia Saudita, onde muitos estrangeiros são cristãos.




Tradução: Yara Ferreira




Fonte: Worthy Christian News   VIA PORTAS ABERTAS