A solidão que consome e tira o sentido da vida


Estar e não estar. Presente ausente. Estas são sensações experimentadas pelo solitário.
A solidão é sintoma da vida moderna.Somos muitos, um planeta de bilhões, com redes sociais formada por milhões. Nossas redes pessoais têm centenas. Centenas de supostos amigos. Nomes que se acumulam em listas cada vez maiores. Estamos juntos, mas não estamos perto.
A vida se confunde e os relacionamentos se esgotam. A solidão toma conta.
Milhares de pessoas vivem tal realidade. Muitas por obra do destino. Experimentam o abandono. Não por escolha.

Pode ser o homem ou a mulher que vive sozinho, deita e acorda sem ter alguém do lado.Os que estão por perto são apenas passantes. Não dividem sua vida. Talvez a principal companhia seja a internet, com companheiros virtuais. Quem sabe os programas de tevê, o rádio ou um livro. Não é novidade passarem datas especiais sem nenhuma companhia. Até mesmo Natal ou Ano Novo.
Há filhos que desconhecem seus pais. Não sabem quem é sua família. Os amigos não passam de ícones, imagens incertas. Estão perdidos em suas próprias casas. Deslocados do mundo.
Idosos conhecem bem essa rotina. Alguns perderam seus parceiros. Os amigos se foram. A vida deixou de ter sentido e não há muita razão para começar um novo dia.
Há aqueles que sentem-se sozinhos mesmo sendo bajulados. São líderes, pessoas importantes, gente que não sabe se pode confiar nas palavras daqueles que estão ao redor. Muito menos na suposta amizade. Afinal, sempre há a dúvida: são amigos de fato ou interessados em se beneficiar do status ou poder? Até mesmo o amor é colocado em xeque. “Sou amado pelo que sou ou pela minha posição?”
Também existem cônjuges que têm a segurança de uma relação, porém são carentes de afeto. Não são plenamente atendidos. Mantêm o sorriso, as palavras amáveis, porém vivem um personagem. Gostariam de revelar a verdadeira face. Contudo, todas às vezes que tentam ser o que realmente são não conseguem ser acolhidos. Notam que o parceiro prefere silenciar ou ignorar as contradições a viver o relacionamento em toda sua intensidade.
A solidão não é uma síndrome. Não é um transtorno. Porém, não é uma fantasia. A solidão é a verdade oculta de milhões de pessoas. Gente que chora escondido a ausência – ausência de algo ou alguém que por vezes sequer se pode identificar.
A solidão não é desejada. No entanto, por vezes parece imperativa, uma imposição das próprias condições de vida.
É possível superá-la?
Nem sempre. Mas há alguns caminhos. O primeiro deles é ser afetivo. Quem quer encontrar um amigo sincero precisa ser amigo. Ter nos lábios sempre uma reclamação afasta as pessoas.
Doar-se é o passo mais importante. Quando nos solidarizamos com outras pessoas, encontramos novos motivos para viver. Nossa existência passa a fazer sentido. E parte do vazio existencial é preenchido pelo simples ato de servimos quem precisa de ajuda.
Não é uma atitude fácil. Somos egoístas por natureza. E, quando nos sentimos sozinhos, algo em nós reclama compaixão, o olhar do outro. Por isso, trata-se de uma ruptura consigo mesmo a fim de experimentarmos algo maior, nobre.
Muitos passarão pela vida sem experimentar de fato a plenitude de sentir-se parte do mundo.
Mas é possível romper com a solidão. E superá-la é encontrar-se. Encontrar-se como homem ou mulher que ama e é amado. E, principalmente, é aceito. fonte  http://ronaldonezo.com