ESCOLA DOMINICAL - Conteúdo da Lição 9 - Revista da Editora Betel


Orientações Bíblicas Para Delegação de Poderes
31 de agosto de 2014
TEXTO AUREO
“Escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os constituiu por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez”. Êx 18.25

VERDADE APLICADA
Uma das maiores lições que um líder precisa aprender é que ninguém pode fazer tudo sozinho.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
Ex 18.14 - Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até ao pôr-do-sol?
Ex 18.15 - Respondeu Moisés a seu sogro: É porque o povo me vem a mim para consultar a Deus;
Ex 18.16 - quando tem alguma questão, vem a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as suas leis.
Ex 18.17 - O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes.
Ex 18.18 - Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu como este povo que está contigo; pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer.
Ex 18.19 - Ouve, pois, as minhas palavras; eu te aconselharei, e Deus seja contigo; representa o povo perante Deus, leva as suas causas a Deus,

INTRODUÇÃO
Não importa quão excelente seja um líder, a unidade é tudo em um ministério aprovado. Uma das maiores lições que um líder precisa aprender é que ninguém pode fazer tudo sozinho. Do mesmo modo que uma equipe necessita de bons jogadores para ganhar, uma organização também necessita de bons líderes para alcançar êxito.

1. O ato de delegar
Já imaginou um jogador que bate o escanteio e ao mesmo tempo corre para cabecear a bola? Impossível não é? Ele jamais daria conta de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Assim estava Moisés, solitário, prestando assistência ao povo, desde a manhã até o pôr do sol (Ex 18.14). Uma fila enorme de pessoas para atender e responder às suas necessidades, sem ter sequer um auxiliar. Jetro, seu sogro, observou que não era bom o que Moisés fazia, e teve a preocupação, e a ousadia de lhe dizer que era incorreto. Jetro, sem dúvida, demonstrou um tino especial para liderança, apontando-lhe a solução, o ato de delegar.

1.1. O que é delegar
Delegar é o ato de transmitir poderes, de conferir a alguém representatividade, de incumbir alguém a julgar, resolver ou trabalhar em alguma coisa. Nas Escrituras, encontramos inúmeros exemplos do ato de delegar: Deus delegou Moisés para libertar o povo do governo egípcio; Moisés instituiu líderes que julgassem o povo; Josué foi delegado para ser sucessor de Moisés; Jesus delegou seus discípulos para evangelizarem a Israel (Lc 10.1,19); Paulo delegou muitos obreiros para trabalharem em várias regiões, por exemplo, enviou Timóteo a Éfeso, enviou Tito a Creta, Epafras a Colossos, etc. Quando um líder entende que é limitado e que precisa expandir a visão além de si mesmo, ele delega poderes a outros. Assim a sua capacidade se multiplica (2Tm 2.2).

1.2. Clareza de objetivos na delegação
Não basta a um líder apenas entender que possui limitações, e que precisa ser representado para aumentar seu raio de ação. Um líder precisa ser claro quanto ao que o seu representante vai fazer. Jetro interveio na liderança de Moisés, dando-lhe claras explicações de como deveria interagir. “E tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais de dez; Para que julguem este povo em todo o tempo; e seja que todo o negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo (Ex 18. 21-22). Jetro aconselhou e Moisés seguiu o que havia dito. Moisés ganhou e pode servir melhor, os liderados se ocuparam, e todos passaram a trabalhar num objetivo comum. Diferente desse modelo, hoje, em muitas igrejas, encontramos dois grupos de pessoas nomeadas: os que não sabem o que fazer, e os que querem fazer o que não lhes foi determinado.

1.3. Cuidados no ato de delegar
Todo líder precisa compreender a responsabilidade que está sobre seus ombros ao dar poder a alguém para agir. O poder pode mudar a mentalidade de uma pessoa (At 8.19-21). Um líder precisa observar se além de capacidade, o tal também possui uma chamada da parte de Deus. A posição pode mudar o status, mas pode não resolver o problema para o qual foi designado. Um certificado de médico não resolve o problema de um doente. O conselho de Jetro era para que Moisés buscasse pessoas capazes, e os nomeasse conforme a capacidade de cada um: “põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo tempo”. Se a capacidade dos encarregados for negligenciada bem como outras qualidades o prejuízo será de todos.

2. Por que alguns não delegam
Como já sabemos, numa administração, se alguém deixar de delegar ou delegar negligentemente isso acarretará prejuízo a todos. Em muitos casos, a sucessão só acontece quando alguns líderes já não suportam mais, estão em desespero, ou à beira da morte. Vejamos alguns motivos que podem impedir a delegação:

2.1. A insegurança impede a progressão
Há poucos dias, os jornais trouxeram a realista notícia: “Por falta de profissionais qualificados, aposentados estão sendo recontratados”. Essa manchete nos ensina como algumas pessoas podem ser egoístas e insensatas, enquanto outras são desmotivadas. Uns não ensinam para não serem superados e substituídos, outros não aprendem porque não se interessam por aprender. Dois exemplos nos deixariam satisfeitos quanto à questão: Eliseu sucedeu Elias com honras e méritos; mas Geazi, além de não suceder Eliseu, ainda foi capaz de adquirir a lepra de Naamã (2Rs 5.25-27). O conselho de Jetro apresenta um Moisés responsável, mas ainda imaturo nas questões de liderança. Ele estava só, e isso é muito ruim para um líder. Ao distribuir as tarefas Moisés tanto pode respirar quanto dar aos homens a oportunidade de tornarem-se líderes. Se um líder morre sem passar o bastão à organização, sucumbe juntamente com sua infrutífera liderança.

2.2. Perfeccionistas e centralizadores
Moisés tinha um perfil muito ativo, mas de temperamento predominantemente melancólico, um tipo reflexivo. Isso é demonstrado pelo seu gosto de escrever tão apropriadamente e compor poemas (salmos) com tanto lirismo. Ele era um homem dado a certo perfeccionismo, algo próprio do seu temperamento. Supomos que talvez por isso tinha dificuldade em pensar em delegar autoridade. Todavia, ele, sob a orientação de Deus, com o tempo, foi se aperfeiçoando, alargando a visão, e instituindo mais delegados (Nm 11.16-17, 24-30). Alguns líderes são perfeccionistas, e, por isso, acham que alguns jamais farão certas coisas como eles mesmos fazem. Por causa disso se tornam centralizadores, achando que sem eles nada se pode fazer. Quem lidera e administra deve ser tolerante com os outros e consigo. Ficar com tudo na mão por excesso de zelo trará prejuízo ao líder e a organização como um todo.

2.3. Líderes controladores
Existe outro tipo de líder que não tem dificuldade em delegar poderes, mas teme e fica chateado quando as coisas fogem ao seu controle. Nenhum líder deve pensar que todas as coisas ligadas a sua liderança devem acontecer com seu consentimento (Lc 9.50). Líderes inseguros, perfeccionistas ou muito controladores, precisam entender que tal comportamento, além de prejudicial, poderá se tomar opressivo. Nenhuma liderança com esse perfil determinará que as coisas saiam certas. Mesmo que façam tudo certo, ou controlem o possível, ainda assim haverá margens para o insucesso. Nenhum líder deve ter medo de se arriscar em confiar nas pessoas, porque tanto os erros quanto os acertos são normais numa liderança. E bom saber que grande parte do sucesso em equipe dependerá de como ela foi escolhida para trabalhar.

3. Delegando poderes
A visão de Reino é diferente de uma visão particular. Quando se pensa no Reino, se é capaz de viver acima dos caprichos e da ignorância. Um líder centrado sabe que, para o crescimento e expansão do Reino, é preciso que surjam novos líderes e novas ideias. É claro que isso deve ser visto com cuidado e se promova outros líderes com critérios. Observemos o conselho de Jetro, ele pode em muito nos instruir.

3.1. “Procure homens” (capazes, tementes, de verdade)
Quando Jetro aconselhou a Moisés a procurar homens que tratassem das questões legais entre o povo, ficou claro que, para o desempenho daquela função, não caberia qualquer pessoa. Antes deveriam ser pessoas com perfil adequado para aquela função. Jetro demonstrou um excelente tino administrativo ao dizer: “procure homens...”, visto que é necessário um olhar investigativo, observador para identificar a pessoa adequada para a função auxiliar. Antes, porém, Moisés os deveria preparar, declarar, ensinar-lhes os estatutos. Dentre esses ensinados, Jetro falou de homens capazes, cujo alcance de liderança deveria se ajustar à capacidade de cada um. Deveria haver, dentre eles, chefes de mil, cem, cinquenta, e dez. Mas a aptidão ainda não era tudo! Era necessário que fossem homens de caráter probo: tementes, pessoas de verdade e que aborrecessem a avareza. Tais critérios são aplicáveis na maioria das organizações e principalmente nas igrejas.

3.2. “Ponha-os por chefes”
A seleção destes homens previamente instruídos, capazes, etc., deveria ser seguida por uma investidura pública: “põe por chefes... será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo”. A investidura não deveria ser privada e sim pública, todos deveriam ver quem foram os escolhidos. Afinal se tratava de homens que deveriam ser vistos como “chefes” delegados por Moisés. Esses seus legítimos representantes levariam a carga junto com ele. Ser apenas reconhecido como líder não é tudo, é necessário que leve também a carga de seu líder maior, que cumpra sua missão, que ame o que se faz. A prévia de nossos dias é que muitos são nomeados para o desempenho de determinadas funções quer seja na igreja ou noutra organização, mas nada fazem. São pessoas que apenas ostentam títulos para o cargo designado, contudo, são inoperantes, inúteis.

3.3. “Estes julgarão o povo”
Assim que aqueles homens tiveram o reconhecimento público cumpriram a sua missão, “julgaram o povo”. Há muitas verdades nessa pequena expressão supracitada. A expressão: “julgaram o povo” significa que eles atenderam as necessidades do povo. É claro que elas não deixaram de existir, mas eles prestavam seus serviços dia a dia. Também significa que aliviaram a carga de Moisés, deixando-o mais suavizado. E ainda, significa que muitos homens puderam realizar-se em seu encargo fazendo algo útil ao próximo. Veja quanta coisa boa acontece quando uma liderança ou administração delega poderes, divide responsabilidades - TODOS GANHAM!

CONCLUSÃO
O tempo de qualquer pessoa é precioso, mas principalmente quando se trata de um líder de uma organização eclesiástica. Por isso, ele deve se concentrar em buscar, treinar e empossar pessoas adequadas para essa organização, para aliviarem a sua carga. Ele não estará livre das decepções, todavia, encontrará grande realização juntamente com a sua equipe.
fonte http://marcosandreclubdateologia.blogspot.com.br/2014/08/escola-dominical-conteudo-da-licao-9_25.html