Marco Feliciano não pode mais informar sobre perseguição aos evangélicos?Pressão supostamente causa remoção de post de página de Facebook de Feliciano

Julio Severo

O Facebook, ou a equipe do deputado federal Marco Feliciano, removeu hoje um post do pastor assembleiano que divulgava em sua página uma notícia do portal GospelPrime sobre perseguição de católicos mexicanos aos evangélicos, inclusive com prisões. O título da notícia do GospelPrime é: “Evangélicos são presos por recusarem conversão ao catolicismo.” Em pouquíssimo tempo, o post de Feliciano obteve mais de mil curtidas e inúmeros comentários, de evangélicos e “católicos.”
Oficialmente, o post consta agora como “removido,” conforme este link.
Logo depois de sua publicação, apareceu uma enxurrada de comentários supostamente católicos avisando Feliciano, em coro, que a divulgação da notícia do GospelPrime estava dividindo a aliança conservadora entre católicos e evangélicos. Isto é, informar sobre a grave perseguição que evangélicos no México sofrem de católicos é algo que os comentaristas supostamente católicos não tolerarão em Feliciano.
Todos esses supostos “católicos” insistiram para que Feliciano removesse o post.
Conforme pude perceber, a maioria desses comentaristas era olavete — seguidores do filósofo Olavo de Carvalho. Nenhum deles se priva do direito de criticar os evangélicos em suas próprias páginas. Aliás, até o Olavo xinga os evangélicos e exalta a Inquisição (que torturava e matava judeus e evangélicos), mas nunca o vi remover nenhuma de suas afrontas aos evangélicos por pressão de “felicianistas.”
Por que Feliciano deveria agora ceder às pressões de olavetes? Como o próprio nome já diz, um olavete não segue fielmente nem valores evangélicos nem valores católicos. Ele segue o Olavo, a quem geralmente trata como “mestre.”
Os olavetes não se calam nem se castram com preocupações de que suas críticas rotineiras aos evangélicos vão “dividir a aliança conservadora entre católicos e evangélicos.” Se “felicianistas” reclamarem na página do Olavo ou seus seguidores de ataques aos evangélicos, os ataques, recheados de xingamentos, vão aumentar.
Mas no caso da divulgação que Feliciano fez, sem nenhum uso de xingamento e afronta, da notícia do GospelPrime, ele é obrigado a ceder às pressões? Ele é obrigado a se submeter? Ele é obrigado a se castrar para supostamente não dividir a aliança conservadora entre católicos e evangélicos?
Se um portal católico divulgasse notícia de evangélicos no México prendendo e perseguindo católicos, eu jamais reclamaria com o portal. Pelo contrário, eu me oporia totalmente à perseguição evangélica aos católicos. Essa é a atitude certa.
Esse é um dos motivos por que tenho apoiado, seguindo o bom exemplo do Franklin Graham (presidente da Associação Evangelística Billy Graham), a intervenção militar russa na Síria. Como bem disse Graham, essa intervenção beneficia os cristãos sírios, cuja maioria são ortodoxos e católicos.
Se os evangélicos fossem contra católicos, aconselhariam o presidente russo Vladimir Putin a sair da Síria e deixar os católicos morrerem nas mãos dos muçulmanos.
Quando os católicos são perseguidos, os evangélicos levantam a voz contra seus opressores muçulmanos.
Tenho certeza absoluta de que católicos verdadeiros, que não estavam presentes no post do Feliciano, teriam condenado a perseguição de católicos mexicanos aos evangélicos.
Quanto aos olavetes, que por nada neste mundo deixam de criticar os evangélicos, mas não aceitam nenhuma notícia negativa sobre católicos, não quero imaginar o que eles fariam com os evangélicos se eles estivessem com as turbas “católicas” antievangélicas do México.
Quanto ao Pr. Marco Feliciano, dois anos atrás ele estava sozinho e sofrendo ataques de todos os lados (inclusive de evangélicos e católicos esquerdistas). Mas ele não cedeu. Ele teve coragem de manter suas convicções sobre a conduta homossexual.
Depois de tudo isso, ele deveria ceder e perder a coragem só por causa do descontentamento de olavetes fanáticos sobre uma notícia de perseguição de católicos mexicanos aos evangélicos?
Como Feliciano poderá perceber, cedo ou tarde, a truculência ideológica dos olavetes não se dirige exclusivamente aos socialistas, mas também a todos os que discordam de suas posições particulares, inclusive a defesa intransigente da Inquisição católica, que torturava e matava judeus e evangélicos.
Para um olavete, discordar da Inquisição transforma o discordante virtualmente num odioso petista.
Hoje, para aplacar a fúria dos fanáticos, Feliciano castra sua própria liberdade de expressão e remove uma notícia necessária sobre perseguição contra evangélicos. O que ele fará amanhã para ceder a eles? Ele também desculpará a Inquisição?