LIÇÃO Nº 1 – INSPIRAÇÃO DIVINA E A AUTORIDADE DA BÍBLIA



A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Damos início a mais um trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical, um trimestre temático, onde estaremos a estudar os pontos principais de nossa fé, um trimestre extremamente importante porque haveremos de esmiuçar os principais pontos de nosso “Cremos”, de nossa “Declaração de Fé”, recentemente aprovada na 43ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), um marco histórico de nossa denominação, que carecia de um documento que sintetizasse todas as doutrinas do chamado segmento evangélico pentecostal da Cristandade.

Em meio a dias tão difíceis, de proliferação de falsas doutrinas, dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, torna-se, mesmo, necessário termos um documento que apresente, de uma forma concisa mas bem explicada, todos os pontos da doutrina bíblica, a fim de que possamos aprender o conteúdo das Escrituras de forma sistemática e ordenada.
Durante muito tempo houve certa resistência à elaboração de uma “declaração de fé”, pois, equivocadamente, se entendia que um documento desta natureza estaria nos afastando da Bíblia Sagrada.
O fato é que a “declaração de fé” nada mais é que uma exposição ordenada daquilo que se encontra na Bíblia Sagrada, a nossa única regra de fé e prática. Não há qualquer “inovação” ou “dogmatização humana”, como entendiam alguns, mas uma forma sistemática de apresentação das verdades bíblicas. Tanto assim é que, no “Cremos”, que é a síntese das doutrinas bíblicas, sempre há a menção de passagens bíblicas em que se baseiam os enunciados, a demonstrar, portanto, que não se está a substituir a Bíblia, mas apenas a organizar o conteúdo bíblico de uma forma lógica, que permita uma mais fácil apreensão por parte dos salvos.
A prática de se fazerem “confissões de fé” ou pequenos resumos das crenças ensinadas pela sã doutrina vem desde os primeiros séculos da história da Igreja, havendo, mesmo, quem defenda a sua prática ainda nos tempos apostólicos, pois seriam estes os objetivos dos hinos vez ou outra mencionados em o Novo Testamento, como, por exemplo, I Tm.3:16, onde vemos um resumo poético de toda a obra messiânica de Cristo Jesus.
No século II, surge o chamado “Credo dos Apóstolos” e, no século IV, por ocasião do Concílio de Niceia, que definiu a questão da divindade de Jesus, foi elaborado o chamado Credo Niceno (325), que foi, posteriormente, completado no Concílio de Constantinopla, dando origem ao chamado “Credo Niceno-Constantinopolitano” (381), ambos contendo as verdades básicas da fé cristã.
Além destes dois credos, também oram elaborados dois outros credos, um por ocasião do Concílio de Calcedônia (451) e, por fim, um denominado de Credo de Atanásio, atribuído ao bipo Atanásio (296-373) mas que teria sido elaborado por volta do ano 500 com base nos ensinos daquele homem de Deus, que se notabilizou por sua defesa da autêntica doutrina de Cristo. Todos estes quatro documentos trazem a síntese da doutrina cristã e, por isso mesmo, foram colocados como um apêndice em nossa Declaração de Fé, não fazendo parte dela mas apenas para nos mostrar que nossas crenças são as mesmas dos cristãos desde os primeiros séculos..
Foram fórmulas feitas para sintetizar a doutrina cristã, tornando-a de mais fácil memorização, sendo também uma orientação para o discipulado dos novos convertidos, máxime diante de populações que não tinham fácil acesso às Escrituras nem sabiam ler.
Com a Reforma Protestante, que completa este ano 500 anos, tivemos uma nova proliferação de “confissões de fé”, tendo em vista a necessidade de se esclarecer quais as doutrinas que tinham base bíblica e que não eram deformações contra as quais se insurgiam os Reformadores. Assim, nos séculos XV a XVII, tivemos uma série de “confissões de fé”.
As Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1916, elaborou a sua “declaração de fé”, sintetizando, assim, as crenças do movimento pentecostal, iniciado mais vigorosamente no início do século XX, mas as Assembleias de Deus no Brasil não se animaram a fazê-lo, considerando que a adoção de uma “confissão de fé” seria algo próprio de “católicos” ou “crentes tradicionais”.
No entanto, a partir de 1969, por iniciativa do pastor Alcebíades Pereira de Vasconcelos, começou a ser publicado no jornal “O Mensageiro da Paz”, um “Cremos”, com 14 itens, onde havia uma síntese da doutrina evangélica pentecostal.
Somente agora, em 2017, as Assembleias de Deus oficializam uma “declaração de fé”, baseada no tradicional “Cremos”, ao qual foram acrescentados dois novos itens, onde há uma explicação mais ampla das nossas crenças, algo que se fazia necessário, notadamente diante das múltiplas heresias de nossos dias e da ausência de um documento que contenha o resumo da nossa fé.
Diante da aprovação desta “declaração de fé”, nada mais razoável que dediquemos um trimestre da Escola Bíblica Dominical, que é a principal agência de ensino bíblico da Igreja, para estudarmos as razões da nossa fé, a base de nossas crenças, até porque é mister que possamos responder, com mansidão e temor, a quem nos perguntar a respeito delas (I Pe.3:15).
Aliás, uma “declaração de fé” nada mais é que uma exposição racional a respeito daquilo que nos é revelado por /Deus nas Escrituras e, por isso mesmo, não há motivo algum para não desejarmos ter uma “declaração de fé” que é apenas um pensamento humano a respeito daquilo que nos foi revelado pelo Espírito Santo e que, como pensamento humano, embora embasado na Bíblia Sagrada, pode sofrer revisões e alterações, sempre com o fim de melhor se adequar ao que diz as Escrituras, estas, sim, a nossa única regra de fé e prática.
O trimestre segue os itens do “Cremos” de nossa “Declaração de Fé” e, portanto, não há como dividi-lo em blocos, já que cada item corresponde a uma doutrina em que cremos.
A capa da revista deste trimestre apresenta um exemplar da Bíblia Sagrada, exemplar que demonstra ter sido já muito manuseado pelo seu dono.
Revela, assim, um exemplar das Escrituras que é de uso contínuo, um salvo na pessoa de Cristo Jesus que está preocupada com a sua santificação, pois, como nos disse o Senhor Jesus, é na Palavra de Deus, que é a verdade, que somos santificados (Jo.17:17).
Ao ver a ilustração da capa da revista e o título de nosso trimestre, “A razão de nossa fé”, não podemos deixar de nos lembrar de I Pe.3:15, que diz que devemos nos santificar a Cristo em nossos corações para que possamos estar preparados para responder com mansidão e temperança a razão da esperança que há em nós.
Ora, esta “santificação a Cristo em nosso coração” é, entre outras coisas, a meditação de dia e de noite na Palavra de Deus (Sl.1’:1,2), seu estudo acurado, sua memorização, sua aplicação. E as “declarações de fé” ou “confissões de fé” ou “credos” têm, precisamente, este objetivo de nos facilitar este aprendizado, esta meditação, a fim de que saibamos perfeitamente o que Deus nos revelou e, assim, vívamos de acordo com a Sua vontade.
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COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO