ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL - Conteúdo da Lição 10

Liberalismo e Fundamentalismo Teológico

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Lições Bíblicas nº 56

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Cl 2.1-7
1 - Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e por quantos não viram o meu rosto em carne;
2 - para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus — Cristo,
3 - em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.
4 - E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas.
5 - Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.
6 - Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
7 - arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças.

TEXTO ÁUREO
 "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós." 1 Pe 3.15

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
O assunto da lição de hoje destaca dois movimentos teológicos surgidos a partir do início do século 18: o Liberalismo e Fundamentalismo Teológico. Duas formas de interpretar as Escrituras Sagradas que propiciaram verdadeiras batalhas intelectuais durante a História.
Mostre aos alunos, no entanto, que esse assunto é muito atual, uma vez que existe um grande número de estudiosos e pessoas comuns que defendem tanto um como o outro ponto de vista.
Esta é uma oportunidade, também, para entenderem o Iluminismo — corrente filosófica que deu origem ao Liberalismo Teológico — e conhecerem os pressupostos de cada uma dessas cosmovisões teológicas.
Boa aula!

Palavra introdutória
O Iluminismo foi um movimento filosófico que transformou o mundo ocidental a partir do início do século 18. O chamado século das luzes promoveu uma variedade de ideias centradas nas ciências e na razão como fonte única e primordial de autoridade.
A sociedade nunca mais foi a mesma. Houve um grande despertar na área da literatura, da filosofia e das ciências. Os inventos mais revolucionários da história humana surgiram a partir do Iluminismo.
No entanto, o mesmo movimento que promoveu a busca do conhecimento científico e defendeu ideais — como a liberdade, incluindo a religiosa; a separação entre Igreja e Estado; a igualdade e a fraternidade —, também questionou a ortodoxia cristã, sua teologia e ensinos.
A base teológica da Igreja foi profundamente influenciada, e duas grandes correntes teológicas, antagônicas, surgiram: Liberalismo e Fundamentalismo Teológico. Este é o assunto desta lição.

1. O LIBERALISMO TEOLÓGICO
Foi inspirado no ideário do Iluminismo, com forte influência do Racionalismo — de René Descartes (1560–1650) — e do Empirismo — de Locke e Hume. Naquela época, havia grande resistência contra tudo que se relacionava à religião e à sua influência sobre a vida das pessoas. Assim, a partir do início do século 18, iniciaram a desconstrução dos principais fundamentos da teologia cristã, aliando a erudição acadêmica e o Racionalismo ao campo da fé, da Igreja e de seus ensinos.
O alvo principal do Liberalismo era uma releitura da Palavra de Deus, evitando que a mesma colidisse com a razão e o conhecimento tido como científico à época. Quando notavam aparentes contradições entre as interpretações tradicionais da fé cristã e as descobertas científicas, essas interpretações bíblicas eram descartadas pelos liberais ou eram reinterpretadas.
Seguem alguns pilares do Liberalismo Teológico:
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Para os liberais, toda
doutrina bíblica pode ser
relativizada ou descartada,
caso haja conflito com
a cultura moderna.
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1.1. Relativização dos dogmas cristãos
O programa do liberalismo exige total complacência com a cultura vigente. Desse modo, negam os absolutos bíblicos e afirmam que a maioria das convicções cristãs não passa de equívocos e ensinos ultrapassados, que devem ser abandonados.

1.2. Superioridade da Razão em relação à Fé na busca da verdade
Os liberais sentem grande desprezo diante das interpretações teológicas tradicionais. Muitas vezes rotulam ensinos fundamentais das Escrituras como fábulas ou mitos. Assim, substituem a Igreja pelas instituições de ensino superior — e a revelação pela razão —, considerando-as as verdadeiras detentoras do conhecimento que levam à verdade.

1.3. Contestação da teologia cristã tradicional
A maior parte dos teólogos liberais contestou os dogmas cristãos. Eles proclamavam que a crença cristã nunca foi unanimidade na história da Igreja, havendo uma evolução histórica nos ensinos bíblicos, conforme a igreja evoluía. Reinterpretaram as doutrinas bíblicas para que elas se adaptassem à cultura vigente. Alguns temas centrais das Escrituras foram relativizados e colocados ao nível de superficialidades e crendices pelo movimento liberal.
Os liberais descreram nos seguintes fundamentos teológicos: na infalibilidade das Escrituras — para eles, a Bíblia contém, mas não é, a Palavra de Deus; na doutrina da Queda — ensinaram que Adão não existiu e o relato da Criação é apenas um mito; na encarnação de Cristo — para eles, Jesus não nasceu de uma virgem, e os ensinos sobre Suas duas naturezas (divina e humana), Sua morte expiatória, ressurreição e retorno à terra são conclusões erradas e enganosas; no relato bíblico de milagres — abandonaram a fé no poder de Deus, na operação de milagres. Negaram veementemente
a autenticidade dos milagres efetuados por Cristo nos Evangelhos. Assim, concluíram que Jesus não é Deus, mas, sim, o maior homem entre todos os homens. Um exemplo de como o europeu deveria portar-se diante da sociedade.
Por conta da influência do Liberalismo Teológico na igreja da Europa, as convicções cristãs foram deixadas de lado por serem consideradas ultrapassadas ou equivocadas. Como resultado, a igreja esvaziou-se e a secularização ganhou proporções gigantescas. Muitos daqueles que outrora eram seguidores de Cristo naufragaram na fé.
O Liberalismo Teológico não pode ser limitado ao passado e ao continente europeu. Ele continua vivo e ativo hoje, inclusive no Brasil. As universidades seculares brasileiras que oferecem cursos de teologia com reconhecimento do MEC, e alguns seminários teológicos, veiculam ensinos de matiz liberal e despejam no mercado evangélico, todo ano, um grande número de formandos comprometidos com esse ponto de vista — o que é lamentável.

2. O FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO
Hoje, ouve-se muito sobre fundamentalismo islâmico, budista, confucionista ou político. A palavra fundamentalismo adquiriu um tom depreciativo, pois se tornou sinônimo de intolerância, radicalismo religioso, dificuldade em interagir com novas ideias e dialogar com as diferenças. O fundamentalista tende ao isolamento à hostilidade quando discorda de certos ideais e convicções; no entanto, é preciso ter o cuidado de não confundir essas ramificações com o movimento histórico chamado fundamentalismo protestante, pois não há associação entre uma coisa e outra.
Seguem alguns esclarecimentos sobre o Fundamentalismo Teológico:

2.1. Uma contraposição ao Liberalismo
O Fundamentalismo Teológico é uma corrente de pensamento em reação ao Liberalismo Teológico. Surgiu nos Estados Unidos e recebeu esse nome em 1895, numa conferência em Niágara, Ontário, Canadá. Neste evento, foi proclamado que certos dogmas da Igreja são absolutos e constituem sua coluna vertebral. Sendo assim, não podem ser relativizados ou modificados em sua essência.

2.2. Uma reafirmação dos fundamentos bíblicos
A migração de teólogos europeus liberais para os Estados Unidos, no início do século 19, culminou com a entrada do liberalismo nas igrejas norte-americanas e em seus seminários. Com isso, as certezas de jovens seminaristas foram abaladas. Eles passaram a questionar muitas coisas dentro da igreja e muitos tornaram-se resistentes ou rebeldes às autoridades eclesiásticas. Além disso, muitos cristãos desviaram-se e perderam a fé.
A conferência fundamentalista de Niágara foi uma reafirmação dos fundamentos bíblicos abandonados pelos liberais. Nela, foram reiteradas as doutrinas que todo cristão deveria acreditar, sem relativizar ou desviar-se delas. São estas as doutrinas:

2.2.1. A infalibilidade das Escrituras
Como na Reforma Protestante, o conceito de Sola Scriptura foi reivindicado e ao Cânon Sagrado foi dada uma posição de proeminência. A Bíblia evoca a si a mesma condição de o Livro do Senhor (Is 34.16); os Oráculos de Deus (Rm 3.2); e o registro inspirado e inerrante do Altíssimo à humanidade (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.20,21).

2.2.2. A divindade de Jesus
As Escrituras Sagradas dão um testemunho inequívoco da divindade de Cristo. No Antigo Testamento, as profecias sobre o Messias apontam para um Ser divino (Is 9.6). No Novo Testamento, temos o testemunho de João (Jo 1.1); Paulo (Cl 2.9); e do próprio Cristo, que declarou a respeito de si: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, [...] que é, e que era, o que há de vir, o Todo-Poderoso (Ap 1.8; cf. 22.13).

2.2.3. A encarnação de Cristo
A encarnação de Cristo figura entre as principais doutrinas da Bíblia. Ela é o ato pelo qual Deus se fez homem ou o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). Através da encarnação, o Altíssimo deu uma grande demonstração do Seu amor incondicional pela humanidade (Jo 3.16; Rm 5.8; Ef 5.2; 1 Jo 3.16; 4.9).

2.2.4. A morte expiatória de Cristo
Na revelação da ilha de Patmos, Jesus é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Isto significa que a morte de Cristo foi decidida num remotíssimo passado nos conselhos eternos de Deus. Ela está presente em todo Antigo Testamento e está representada na tipologia bíblica, como no protoevangelho, em Gênesis 3.15; no animal que foi morto para fornecer vestimentas de pele para Adão e Eva (Gn 3.21); e nos diversos sacrifícios (como o de Abel) e rituais dos cinco primeiros livros da Antiga Aliança. Nas palavras de Thiessem (1989, p. 223), pode-se perceber um cordão escarlate por toda a Bíblia.
A morte de Cristo não foi um incidente isolado que pode ser relativizado.
Ela mudou a história da humanidade.
De maneira voluntária, o Deus encarnado morreu em lugar dos pecadores (Lc 19.10).
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No Novo Testamento,
o próprio Cristo, começou a
mostrar aos seus discípulos
que convinha ir a Jerusalém,
e padecer muito dos
anciãos, e dos principais dos
sacerdotes, e dos escribas, e
ser morto, e ressuscitar
ao terceiro dia (Mt 16.21).
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2.2.5. A ressurreição física de Cristo
Compreendendo a importância da ressurreição de Cristo para a vida cristã e para os ensinos bíblicos, Paulo escreveu: Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé (1 Co 15.17). Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação (1 Co 15.14); seremos tidos como falsas testemunhas de Deus (1 Co 15.15); permaneceremos em nossos pecados (1 Co 15.17); e também os que dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.18).

2.2.6. O retorno de Cristo à terra
Não é possível ter coerência cristã sem acreditar ou relativizar a volta de Cristo à terra. Este assunto ocupa grande parte Escrituras.
A Bíblia faz mais de 300 menções ao arrebatamento. Esse acontecimento é citado em capítulos inteiros, e alguns livros da Bíblia tratam exclusivamente do assunto, como 1 e 2 Tessalonicenses e Apocalipse.
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A Igreja vive a expectativa
da parusia, evento
escatológico conhecido
como segunda vinda
de Cristo (Mt 16.21;
24.30; Mc 13.32-36;
1 Co 15.51,52; 1 Ts 5.1-6).
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2.2.7. Pontos negativos e positivos do Fundamentalismo Teológico
Negativos
Tendência à interpretação literal da Bíblia. Dificuldade em aceitar que as versões bíblicas só podem ser consideradas inspiradas se forem fiéis ao texto bíblico original.
Tendência ao sectarismo e ao isolamento.
Rejeição às interpretações diferentes da Bíblia, mesmo quando elas não afetam o cerne do Evangelho.
Positivos
O amor e a fidelidade à Palavra de Deus.
Reafirmação da vida com Deus, baseada na santidade.
Ênfase na oração; no estudo das Escrituras; na vigilância quanto à influência do pecado e de Satanás no mundo; e no arrebatamento da Igreja.
Distinção entre o Reino de Deus e a cultura humana, mostrando que o mundo de Deus e o mundo dos homens são diferentes; que a salvação não tem relação com o melhoramento intelectual ou a libertação política.

CONCLUSÃO
O Liberalismo relativizou e renunciou a muitos fundamentos do cristianismo: uns deixaram de crer nas Escrituras como infalível; outros passaram a dizer que Jesus é apenas um grande sábio, e não o Deus encarnado, que foi morto, ressuscitou e voltará. É preciso aprender a separar os verdadeiros ensinos bíblicos dos falsos. É imprescindível não se deixar enganar e reter o bem (Cl 2.4; 1 Ts 5.21).

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Em sua opinião, qual é o principal legado do Fundamentalismo
Teológico?
R.: (A RESPOSTA SERÁ PUBLICADA POSTERIORMENTE)

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 56

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