ESCOLA DOMINICAL CENTRAL GOSPEL - Conteúdo da Lição 12



João, as Declarações do Filho de Deus
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Lições Bíblicas nº 57

TEXTO BÍBLICO BÁSICO
João 8.50-59
50 - Eu não busco a minha glória; há quem a busque e julgue.
51 - Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
52 - Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora, conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte.
53 - És tu maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? E também os profetas morreram; quem te fazes tu ser?
54 - Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus.
55 - E vós não o conheceis, mas eu conheço-o; e, se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.
56 - Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
57 - Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?
58 - Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.
59 - Então, pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.

TEXTO ÁUREO
"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim." João 14.6

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, em Êxodo 3.14, Deus apresenta-se a Moisés como Eu Sou; isto põe em relevo Sua autoexistência e imutabilidade, pois, sendo o Eu Sou, Ele é sem qualquer causa que o preceda. Sendo “autocausado” e autossustentado, o Senhor nunca dependeu de algo ou de alguém para existir e jamais dependerá de algo ou de alguém para continuar existindo.
A vida humana é formatada pelo que fomos, somos e seremos; é muito comum dizermos; eu fui; ou eu serei; Jesus, no entanto, afirma: Eu Sou (Jo 6.35,51; 8.12; 9.5; 10.7,9,11,14;
11.25,26; 14.6,7; 15.1,5)! Ao fazer uso dessa expressão, repetidas vezes, o Salvador tinha por objetivo reafirmar Sua divindade.
Com o Filho de Deus compreendemos que as limitações do Cronos inexistem para o Eterno: nem passado nem futuro puderam, podem ou poderão delimitá-lo.
Tenha uma boa aula!


Palavra introdutória
propósito do Evangelho de João é apologético [aquilo que se defende por discurso falado ou escrito]. Esse livro foi escrito para produzir fé em todas as pessoas que viessem a ter acesso ao texto joanino — fosse pela leitura ou pela escuta, como era costume acontecer na Igreja primitiva.
O discípulo amado realça, de maneira veemente, a divindade de Jesus; por outro lado, também exibe, de forma incisiva, Sua humanidade: nesse livro observamos, por exemplo, que Jesus ficou cansado (Jo 4.6), teve sede (Jo 4.7), chorou (Jo 11.35) e sangrou (Jo 19.34). Para os que o viam apenas casualmente, Ele era o homem chamado Jesus (Jo 9.11); mas para os que se aproximavam dele e conviviam com Ele não havia dúvida quanto a Sua origem: Nós temos crido e conhecido que
tu és o Cristo, o Filho de Deus (Jo 6.69).
No quarto Evangelho, além de destacar os sinais realizados por Cristo, João registrou as várias autodeclarações feitas por Ele, as quais comprovam, do mesmo modo, Sua divindade.

Nos primeiros livros neotestamentários, os evangelistas preocuparam-se em registrar as muitas histórias provocativas (parábolas) que Jesus contou aos Seus ouvintes, com o objetivo de apresentar-lhes o Reino dos céus, tais como: a parábola do joio e do trigo (Mt 13.24-30), a parábola da semente (Mc 4.26-29) e a parábola do amigo importuno (Lc 11.5-13). João, por sua vez, não focou em seu livro sequer uma parábola proposta pelo Salvador; ao contrário, no quarto Evangelho, Jesus é o sujeito de todos os Seus sermões. Observe:
enquanto nos sinóticos Jesus fala do pastor e da ovelha perdida (Mt 18.12-14; Lc 15.1-7); em João, Ele é o bom Pastor (Jo 10.11); enquanto nos outros Evangelhos Jesus propõe uma parábola na qual o Reino é semelhante a uma vinha que será entregue a outros (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9-19); em João, Ele é a própria Videira (Jo 15.1-7).

Nos tópicos e subtópicos seguintes, veremos que, no Evangelho de João, Jesus utilizou por sete vezes a expressão Eu Sou em autorreferência (Jo 6.35.51; 8.12; 9.5; 10.7,9; 10.11,14; 11.25,26; 14.6,7; 15.1,5) — a mesma utilizada por Deus, quando apresentou-se a Moisés no Sinai (Êx 3.6,14).
É importante ressaltar que, além das autodeclarações diretas feitas pelo Salvador, há aquelas que deixam subentendido ser Ele o grande Eu Sou do Antigo Testamento (Jo 4.25,26; 8.24,28,58; 13.19)
1. AQUELE QUE SUPRE NOSSAS NECESSIDADES
No Evangelho de João, percebe-se que, frequentemente, um milagre conduz a um discurso de Jesus.
Aprendemos com isto que os sinais completam-se na Palavra: milagres sem Palavra são despropositados, pois acabam sendo interpretados equivocadamente.
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Os sinais produzem a fé, mas
o caminho que conduz à fé
é a Palavra; não se passa
diretamente do sinal à fé;
antes, passa-se do sinal à fé
através da Palavra.
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1.1. Eu Sou o pão da vida
No início do sexto capítulo do Evangelho de João (1-15), lemos que Jesus multiplicou cinco pães e dois peixes, com vistas a alimentar uma numerosa multidão. Avançando na leitura do texto, observamos que, no dia seguinte, a multidão foi em busca de Jesus, do outro lado do mar (Jo 6.24).
O Mestre, ao defrontar-se com aquelas pessoas, confrontou-as dizendo que elas o procuravam porque tiveram sua fome física saciada, não porque entenderam os milagres que Ele realizara. E continuou exortando-as: Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna (Jo 6.27a). Sem entender o que Jesus queria dizer, remontando à peregrinação de Israel no deserto — quando o povo foi alimentado com maná que caía do céu —, elas perguntaram ao Mestre que milagre Ele realizaria naquele momento para que pudessem crer Nele (Jo 6.28-31). Jesus, então, declarou diante de todos os presentes que o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo e revelou ser Ele mesmo o pão da vida; todo aquele que viesse a Ele jamais teria fome (Jo 6.34,35).
O Filho de Deus é aquele que dá e sustenta a vida — não qualquer tipo de vida, mas a vida eterna (espiritual): assim como um pedaço de pão sacia a fome humana, o pão da vida sacia as almas famintas de Deus; e, diferente do maná que foi passageiro e apodrecia (Êx 16.29-21), Jesus é eterno e incorruptível.
1.2. Eu Sou a luz do mundo
Esta declaração de Jesus foi feita no período da Festa dos Tabernáculos (Jo 7.2,10), ocasião em que os átrios do templo de Jerusalém eram iluminados com quatro grandes candelabros de ouro, os quais projetavam luz sobre a cidade, permitindo que as celebrações se estendessem durante as noites.
Há quem afirme que essa radiante iluminação fosse um memorial da coluna de fogo que guiou Israel em sua peregrinação pelo deserto (Êx 13.21,22).
Aproveitando essa ocasião, Jesus declarou: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8.12). O Filho de Deus esteva entre os homens para anunciar que Ele é a nova coluna de fogo que guiará os remidos à eternidade, conforme vaticinado por Malaquias: [...] para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas (Ml 4.2).

1.2.1. Um conceito ampliado 
No Antigo Testamento, encontramos outras declarações acerca da Luz que ilumina os homens. Nos livros poéticos, por exemplo, os autores sagrados declararam: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação” (Sl 27.1); “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105); “Porque o mandamento é uma lâmpada, e a lei, uma luz, e as repreensões da correção são o caminho da vida” (Pv 6.23).
Jesus, o Verbo encarnado, personificou todas essas declarações veterotestamentárias: Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo 1.4,5). A revelação registrada no Evangelho de João amplia esse conceito: Jesus não é apenas luz para Israel; Ele é luz para o mundo. Esta é uma revelação soteriológica, pois torna conhecido Seu poder salvífico em nossa vida: o homem que Nele crê é subtraído das trevas e reencontra o caminho da salvação.

1.3. Eu Sou a porta das ovelhas
 Em João 10.1-21, Jesus usa como exemplo o trabalho pastoril para destacar outras verdades espirituais a Seu respeito.
Ele começa mostrando a diferença entre o pastor das ovelhas e os ladrões e salteadores: quem usa caminhos ilícitos para acessar o aprisco não é o pastor, mas, sim, o ladrão e salteador (Jo 10.1); o pastor usa a porta (Jo 10.3).
Em seguida, Ele põe em contraste os ladrões e salteadores e a porta (Jo 10.7-10). Jesus está afirmando, rigorosamente, que não há outro caminho; nenhum outro acesso é valido; Ele é a única passagem por onde passa o rebanho de Deus (Jo 10.9).

2. AQUELE QUE NOS PROTEGE

2.1. Eu Sou o bom Pastor
Na sequência do texto, observamos que Jesus continua apontando contrastes. Entre os versículos 11-18 (Jo 10), Ele põe em relevo o mercenário e o pastor. O mercenário é aquele que tem por objetivo obter vantagens financeiras. O Mestre deixa bem claro: O mercenário não é pastor! As ovelhas não pertencem a ele. Não por outra razão, o mercenário foge quando o lobo vem, permitindo o ataque ao rebanho (Jo 10.12,13). Em contrapartida, Jesus declara: Eu sou o bom (gr. kalos = ideal, digno, escolhido, excelente) Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11; grifo do comentarista) — ainda que ninguém pudesse tirá-la, Ele a entregou por todos nós (Jo 10.18).
Dois outros pontos destacam-se nessa porção da Escritura. Eu [...] conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido (Jo 10.14). Esta declaração remete-nos à realidade de que existe, sim, um relacionamento íntimo e mútuo entre Ele e nós: o bom Pastor conhece nossas necessidades e nós conhecemos a Sua vontade.
Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco (Jo 10.16) — Jesus não é apenas o Pastor de Israel, mas o Pastor da Igreja (Sl 23), de todos quantos Nele creem.
 
2.2. Eu Sou a ressurreição e a vida
Jesus fez esta declaração no episódio da morte e ressurreição de Lázaro (Jo 11.1-45). Naquele dia, diante da incompreensão de Seus ouvintes, Jesus disse: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá (Jo 11.25). Esta é uma das mais poderosas revelações de Jesus.
Nessa frase, o sujeito e o predicado são permutáveis: Jesus é a ressurreição e a vida; a vida e a ressurreição são Jesus [ou estão em Jesus].
Ressurreição e vida não são um Dia; são uma pessoa: Jesus, o Eu Sou! A ressurreição e a vida estão
Nele (Rm 6.8-9; 1 Co 15.20,57; Cl 1.18; 1 Ts 4.16). É importante frisar, neste ponto, que, primeiro, vem a ressurreição, depois, a vida; afinal, é a ressurreição em Cristo que dá acesso à vida eterna com Deus. Marta disse: se tu estivesses aqui (passado); depois, transferiu sua esperança para o último Dia (futuro). Jesus, todavia, disse-lhe: Eu Sou (presente)! Nosso Salvador não foi nem será; Ele é!
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Jesus é o Caminho —
naquele dia, o Filho de
Deus revelou que não
tinha vindo a este mundo
para ensinar o caminho;
Ele é, em si mesmo, o
Caminho para o Pai.
• Jesus é a Verdade —
Ele não apenas dizia e
ensinava a verdade; Ele
é a Verdade. Os que têm
Jesus têm a Verdade (Jo
1.14,17).
• Jesus é a Vida — Ele é a
fonte da vida espiritual
e eterna (Jo 1.4; 5.26;
11.25; 1 Jo 5.20).
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2.3. Eu Sou o caminho, e a verdade e a vida
Na noite anterior ao Calvário, os discípulos, querendo saber para onde o Senhor iria (Jo 13.36), foram consolados e incentivados por Ele a crer que lhes seria preparado um lugar (Jo 14.1-3). João faz-nos saber que Tomé redarguiu: não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho (Jo 14.5)? Eis que surge uma das mais poderosas afirmativas do Novo Testamento: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).
CONCLUSÃO
Eu sou a videira verdadeira (Jo 15.1): este sétimo Eu Sou abre o capítulo 15 do Evangelho de João, e as lições extraídas desta verdade são preciosíssimas. Observe.
Jesus é a Videira, os discípulos são os ramos e o Pai é o lavrador (Jo 15.1-3) — Videira, ramos e lavrador remetem à ideia de relacionamento.
A Videira é uma só, o lavrador também é um só, mas os ramos apresentam-se de quatro maneiras distintas: sem fruto (Jo 15.2); com fruto (Jo 15.2); com mais fruto (Jo 15.2) e com muito fruto (Jo 15.8) — é imperativo ao cristão produzir frutos, a fim de que Deus seja glorificado por intermédio da sua vida (Jo 15.8).
A única maneira de ser um ramo produtivo é estar ligado à Videira, pois o ramo, por si só, não é capaz de frutificar (Jo 15.4,5).
Há o trabalho do lavrador na vinha — ele tira os ramos infrutíferos e poda os frutíferos para que produzam mais frutos (Jo 15.2).
Apenas uma vida de relacionamento íntimo com Cristo, por intermédio da Sua Palavra, pode fazer de nós ramos frutíferos para Sua glória (Jo 15.7).
Estejamos, pois, sempre ligados Nele, a Videira verdadeira.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Quantas vezes, no Evangelho de João, Jesus utilizou a expressão Eu Sou em autorreferência?
R.: Sete: Eu sou o pão da vida (Jo 6.35,51); Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12; 9.5); Eu sou a porta das ovelhas (Jo 10.7,9); Eu sou o bom Pastor (Jo 10.11,14); Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11.25,26); Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida (Jo 14.6,7); Eu sou a videira verdadeira (Jo 15.1,5).

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 57

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