Tenho observado como está difícil desenvolver certas virtudes que antes eram comuns às pessoas de bom senso. A gentileza é uma delas e quero falar dela hoje.
No meu tempo de adolescente e até quando era criança, aprendi com meus pais a ter sempre respeito pelas pessoas mais velhas. Dar o lugar ao adulto ou idoso no ônibus, oferecer-se para segurar bolsas ou livros de alguém que estava em pé eram atitudes gentis que aprendíamos e quando tínhamos a oportunidade de exercitar a gentileza nos sentíamos muito bem. Até mesmo com nossos pares devíamos usar a gentileza.
Há um texto bíblico atualíssimo que diz: “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (Salmo 11.3). E hoje vemos uma quebra em muitos daqueles princípios fundamentais do bom proceder.
Fiquei estarrecida quando presenciei uma cena em um supermercado. Uma senhora idosa veio com um pacote de açúcar e pediu para passar na frente de uma jovem. A idosa falou que estava acompanhando seu marido no hospital e por isso estava apressada. A jovem, com muita ignorância, disse-lhe: “Ali está a fila dos velhos. Vocês acham pouco o direito que tem e ainda vem perturbar?”. A velhinha pediu desculpas e, como aprendi a respeitar, falei: “Senhora, quando chegar a minha vez a senhora passa na minha frente”. A jovem respondeu: “Na sua pode passar. Na minha, nem morta!”. Dei o silêncio por resposta. A senhora me agradeceu e contou o porquê da sua pressa. Ela terminou com essas palavras: “Assim está a vida hoje, querida. Os jovens não tem respeito com os seus pais como vai ser gentil com uma velha que nem conhece?”. Depois dessa cena pensei: quanta falta faz as aulas de moral e cívica que no meu tempo eram cruciais para a formação do infante e adolescente! E muito além das aulas tínhamos o acompanhamento da constante da mãe, modelando nossas atitudes e comportamentos maus.
Antes de serem formuladas teorias sobre o comportamento e moralidade a Bíblia já dizia através do sábio: “Ensina a criança no caminho em que deve andar e quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22.6). É certo que o meio em que crescemos pode contribuir muito para a nossa formação. O lar é o primeiro ambiente social da criança, e é lá que os valores morais e espirituais devem ser repassados. Joquebede, a mamãe de Moisés, passou os princípios morais e espirituais para seu filho, e você mãe, o que está repassando ao seu filho?
Seu exemplo, querida mãe, fala muito alto aos seus filhos. O modelo de vida e os princípios da moralidade serão mais facilmente impregnados no mente de suas crianças se você, antes de tudo, for o padrão dessa moralidade e vida. Crianças aprendem por imitação. Que mensagem sem palavras são ditas todos os dias para os seus filhos? Como estamos ensinando o modo de viver? O que seus filhos e netos estão imitando? Qual o referencial de moralidade que eles tem? Podemos dizer como o apóstolo Paulo: “sede meus imitadores como sou de Cristo”?
Vivemos em tempos trabalhosos. Aqueles preditos por Paulo na sua carta ao jovem Timóteo no capítulo 3. Homens e mulheres amantes de si mesmos, soberbos, desobedientes a pais e mães, ingratos, sem afeto natural, sem amor para com os bons, orgulhosos. Nós, porém, seguimos outro caminho. Não seguimos o curso nem a doutrina desse mundo, mas a doutrina e o modo de viver daqueles que procuram viver uma vida de piedade e temor diante de Deus. O modo de viver e a doutrina de Paulo, bem como sua “intenção, fé, longanimidade, amor, paciência” eram o contraste diante da loucura e desvario dos homens mundanos, como Janes e Jambres. Por fim Paulo orientou a Timóteo que permanecesse naquilo que aprendeu e de que havia sido inteirado, sabendo de quem o havia aprendido e que desde a meninice ele sabia as sagradas Escrituras, e eram elas que podiam fazê-lo sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
Em outra passagem ele diz a Timóteo: “sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” e “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Tm 4.12-16). Ser exemplo e cuidar da doutrina ou, em outras palavras, viver e ensinar a Palavra de Deus. Isso é o que tornará a mensagem eficaz, isto é, isso é o que produzirá efeitos na vida dos que nos cercam. É por isso que amo a Palavra pois ela nos ensina todas as virtudes morais e espirituais para sermos e formamos cidadãos de bem. Esse é mais um desafio para nós. Reflita sobre isso.
fonte http://www.rbc1.com.br/