AÇÃO, MOVIMENTAÇÃO, AUTORIDADE E PODER


PASTOR ELCY FRANÇA

O que temos do final do Capítulo 4 do Evangelho de Marcos até o Capítulo 6 é uma sucessão de demonstração do Poder de Jesus e sua Autoridade sobre a natureza, as enfermidades, os espíritos imundos e sobre a morte. Neste trecho do Evangelho de Marcos, convencemo-nos definitivamente do Poder Infinito do Senhor Jesus Cristo.

Jesus acalma a tempestade - Marcos 4
35   Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos para a outra margem.
36   E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco; e outros barcos o seguiam.
37   Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água.
38   E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos?
39   E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança.
40   Então, lhes disse: Por que sois assim tímidos?! Como é que não tendes fé?
41   E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?

Temos a informação que o Mar da Galiléia era famoso por suas tormentas repentinas. Vez por outra alguém era surpreendido por reviravolta no meio das águas.

Neste episódio Jesus demonstra o seu poder a respeito de segurança. É interessante imaginar a experiência vivida por aqueles com quem Jesus estava.

A tempestade era grande e provocava um pânico no barco. A ênfase desta passagem deve repousar no fato de que Jesus Cristo, o Filho de Deus, estava no barco. A interrogação de Jesus no verso 40, prende-se exatamente a este fato. Se sabiam que Jesus estava ali, os tripulantes não precisavam temer. Os próprios discípulos poderiam, se tivessem fé, resolver aquela situação. Quando Jesus Cristo está na vida de uma pessoa, venham as tempestades que vierem, não há necessidade de medo ou desespero. O trecho mostra o que a fé pode produzir na vida de uma pessoa em meio às circunstâncias adversas da vida; que há ocasiões em que não conseguimos ver a saída, a menos que haja fé.

Notem que a pergunta dirigida a Jesus, verso 38, teve uma resposta, não de palavras, mas com ato que ao mesmo tempo provocou temor e regozijo nos tripulantes daquele barco.

Observem que foi o próprio Jesus quem sugeriu e convidou os discípulos para aquela passagem para o outro lado do mar. A lição preciosa aqui é que vale a pena ir aonde Jesus nos convida, pois, indo conosco, ele nos garante segurança e bonança, mesmo em momentos difíceis.

-A cura do endemoninhado geraseno - Marcos 5
1   Entrementes, chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos.
2   Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo,
3   o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo;
4   porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo.
5   Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras.
6   Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou,
7   exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes!
8   Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem!
9   E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
10   E rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país.
11   Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos.
12   E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.
13   Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram.

A ênfase do episódio do endemoninhado geraseno repousa na demonstração do poderio de Jesus, inclusive sobre os espíritos imundos.

O diálogo de Jesus com aquele homem (ou com o espírito imundo) demonstra o estado crítico de prisão e opressão daquela pessoa. As palavras de Jesus, (verso 8), soaram como uma ordem semelhante à dada ao vento e ao mar na passagem anterior. Não era um pedido, mas sim uma determinação de alguém que tinha autoridade para tal. Não apenas o mar e o vento o temiam, mas também o espírito imundo, a legião (verso 9).

Jesus viu o ser humano que estava como que oculto por detrás daquela figura certamente assustadora que o interceptara naquele instante. Sim, havia um ser humano ali. Para Jesus isso era profundamente diferenciador. Por causa daquele ser humano Jesus ia subir o Calvário e ser crucificado. Na escala de valores de Deus o mais importante no universo é o homem, é o ser humano.

O que precisamos compreender bem é que aquele homem tinha um problema consigo mesmo também. Suas palavras demonstram-nos que ele estava convencido de que estava possuído por demônios: Uma 'legião correspondia a um regimento do exército romano, composto por 6.000 soldados'. Aquele homem sentia-se invadido por um regimento inteiro de demônios. O problema interior que causava isso, por ser um caso de possessão expressa, assolava-o em desprezo, depressão, solidão, angustia, medo, insegurança, enfim, situações que são muitas vezes instrumentos malignos para destruição completa do ser humano. Jesus, porém, compreendia muito bem tudo isso. Jesus sabia com quem estava lidando.

Em situações de crise, confusão, perplexidade, aquele homem precisava de algo bem concreto, algo realmente notório para convercer-se de que estava realmente liberto da opressão.

Sem dúvida foi exatamente nesse contexto situacional que ocorreu o episódio com a manada de porcos relatado no texto que estamos estudando. Somente quando aquele homem pôde ver os porcos se precipitando pelo despenhadeiro no mar, cientificou-se de que tudo havia terminado, estava livre, recuperada a paz interior. Não se trata de falta de fé, mas sim de uma necessidade psicológica presente naquele momento de grande perturbação e de extremo sofrimento.

-A ressurreeição da filha de Jairo - Marcos 5
35   Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
36   Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
37   Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João.
38   Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito.
39   Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme.
40   E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava.
41   Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te!
42   Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados.
43   Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.

Como admitir alguém com reconhecido poder sobre a natureza, as enfermidades, os espírito imundos, não ter também poder sobre a morte?

De fato este é o primeiro caso de ressurreição de mortos registrado no Novo Testamento. Além da ressurreição de Cristo, este é o único caso citado pelo Evangelista Marcos. A história começa de fato no versículo 22 do Capítulo 5 do Evangelho de Marcos, entretanto, é interrompida no versículo 25, para só recomeçar  no verso 35. O que notamos com essa movimentada narração dos fatos é que o Evangelista Marcos tentava transmitir as ocorrências de tal maneira que, ao lê-las, as pessoas sentissem a dinâmica da vida do ministério do Senhor Jesus. A interrupção foi causada por uma mulher que recebeu a cura de Jesus para a sua enfermidade (Marcos 5:25-34). Após curá-la, Jesus ficou sabendo da morte da filha de Jairo.

A principal lição a ser destacada nesta passagem é quanto ao poder de Jesus sobre a morte; esta não significava  fim nem derrota quando Jesus estava presente.

Quando Jesus dirigiu-se àquelas pessoas que pranteavam e lamentavam, dizendo que a menina apenas dormia, o que teve como resposta foram risos e zombarias (Marcos 5:40). Como é repugnante saber que muitas pessoas ainda hoje escarnecem de Jesus. De fato não era a primeira vez que zombavam da sua divindade. Sara, conforme podemos ler em Gênesis 18:10-16, riu consigo mesma quando ouviu o anjo dizer a Abraão que ela ia ter um filho, sendo velha. O anjo do Senhor fez uma indagação desafiadora: 'Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor?' Para Deus nada é impossível, nem mesmo que um morto torne à vida, como foi o caso da filha de Jairo. A expressão de Jesus no versículo 41, soou com a mesma força e teve o mesmo impacto de quando Jesus acalmou a tempestade. Foi uma palavra dada com toda a Autoridade e com todo o Poder. Uma palavra de alguém que era superior à própria força da morte. Alguém que vencia pessoalmente a morte.

-A primeira multiplicação de pães e peixes - Marcos 6
30   Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado.
31   E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham.
32   Então, foram sós no barco para um lugar solitário.
33   Muitos, porém, os viram partir e, reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles.
34   Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.
35   Em declinando a tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: É deserto este lugar, e já avançada a hora;
36   despede-os para que, passando pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer.
37   Porém ele lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer. Disseram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?
38   E ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: Cinco pães e dois peixes.
39   Então, Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde.
40   E o fizeram, repartindo-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta.
41   Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; e por todos repartiu também os dois peixes.
42   Todos comeram e se fartaram;
43   e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe.
44   Os que comeram dos pães eram cinco mil homens.

Seria ótimo ler todo o Capítulo 6 do Evangelho de Marcos, relacionando-o ao nosso estudo. O que ocorre de imediato é a rejeição de Jesus em Nazaré; logo em seguida vem a chamada dos doze e a missão que Jesus lhes entrega; a seguir, o episódio da morte de João, o Batista. Notem que o caráter dinâmico do ministério de Jesus permanece vívido e límpido.

O texto em foco traz o único episódio que se encontra em todos os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João): A primeira multiplicação dos pães e peixes.

Antes mesmo que Jesus e seus discípulos chegassem a um lugar apropriado para o descanso, muitas pessoas ali já os esperavam, a fim de ouvirem as palavras de Jesus.

O sentimento que motivou Jesus a renunciar àquele momento importante com seus discípulos foi o seu grande amor para com aquelas pessoas que se apresentavam sedentas de ouvirem o evangelho.

A oração do Mestre abençoou e multiplicou os pães e os peixes. Os que serviram ao povo foram os discípulos; testemunharam bem de perto aquele milagre que ia sendo observado à medida que acontecia. O verso 42 do Capítulo 6 do Evangelho de Marcos é lacônico, objetivo e sintético: 'E todos comeram e se fartaram'.

Do que sobrou, ainda foram recolhidos doze cestos cheios. Jesus mostra que nada pode ser desperdiçado ou jogado fora, pois muitos nada têm para comer.

-Finalização
Jesus Faz a Diferença - 'E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco...'  O mar estava impetuoso, as águas enchiam o barco, o vento provocava desespero; mas no próprio barco estava Jesus, o Senhor de tudo e de todos. Quando nos vêm os problemas, as provações, as dificuldades de todas as espécies, quando sentimos que o barco de nossa vida está quase a soçobrar, neste momento precisamos saber que há um Deus que quer estar conosco, em nós. Você já parou para pensar que nós servimos um Deus que 'até o vento e o mar lhe obedecem?'

Problemas e Conflitos - '... manda-nos para os porcos, para que entremos neles.' Uma legião de demônios atormentava aquele homem. Jesus o livrou. Você pode estar enfrentando situações de depressão, insegurança, solidão, opressão, preocupação, culpa; talvez precise de uma manifestação notória de Deus em sua vida. Temos o Espírito Santo conosco. Ele nos liberta de todas as malignidades que possam vir sobre nós.

Esperança - 'A criança não está morta, mas dorme'. Estas palavras de Jesus calaram como um bálsamo suave nos corações daqueles que, desesperados, tentavam acostumar-se com uma situação humanamente sem retrocesso. Jesus modificou tudo. Quantas vezes em nossas vidas sentimos que todas as nossas forças se acabaram e queremos desistir? Lembremo-nos que o nosso Deus pode modificar quaisquer situações em nossas vidas.

Necessidades - '... e começou a ensinar-lhes muitas coisas... Dai-lhes vós mesmos de comer'. Duas necessidades foram satisfeitas neste texto: a necessidade espiritual, de ouvir a palavra de Cristo, e a necessidade de comer algo para manutenção do corpo. Jesus Cristo satisfez ambas. Ele certamente planejava uma igreja que fizesse tudo isso. Cristãos que agissem assim: Pregassem, dessem o Pão da Vida, que desceu dos céus (João 6:32), mas também partilhassem o pão material com seus semelhantes:
Marcos 6
37   Porém Jesus lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer.
Atos 2
40   Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41   Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.
42   E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
43   Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos.
44   Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.
45   Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.
46   Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração,
47   louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.

Que Deus continue nos ajudando e nos abençoando!

Gratidão, Honra, Glória, Louvor e Adoração ao Nosso Único e Verdadeiro Deus, pelos séculos dos séculos, sem fim! Aleluia!

Que a Graça e a Paz do Senhor e Salvador Jesus Cristo; que o Grande, Eterno, Infinito e Sublime Amor de Deus; e que as Consolações, o Conforto, a Comunhão e o Poder do Espírito Santo sejam com todo o povo de Deus, hoje, sempre, eternamente! Amém!

Pastor Elcy França

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