Eu estava no meio do sermão no culto daquele domingo, quando o toque insistente de um telefone celular me fez interromper momentaneamente a mensagem. A pessoa que estava com o aparelho saiu correndo e já atendendo a chamada em voz alta, pois parecia ser algo muito urgente.
Nem sei quem era aquela pessoa, mas me veio uma pergunta naquele momento um insight: que mundo é este no qual vivemos? Telefones tocando durante a mensagem, jovens enviando mensagens através dos celulares, adultos com Iphone acessando a Internet durante o culto.
Até bem pouco tempo não havia celulares e tudo parecia normal, mas agora, quando uma pessoa sai de casa e esquece o aparelho, se sente como se estivesse saindo sem uma peça de roupa. Algumas pessoas, inclusive, ao se levantarem pela manhã, antes de escovar os dentes, ligam o computador.
O mundo mudou rápido demais. A ciência tem se multiplicado. Algumas igrejas, para que os membros não saiam e para que outros venham, passaram a pregar apenas mensagens antropocêntricas. Mensagens cristocêntricas são esporádicas e, mesmo assim, com muita cautela para não espantar a “freguesia”.
Sim, hoje não há mais membresia em muitas igrejas. É freguesia mesmo! Em conversa com um irmão que passou a congregar conosco recentemente, ouvi que a igreja que ele frequentava anteriormente “era como rodoviária: estava sempre cheia e movimentada, mas as pessoas não eram as mesmas. A cada reunião, viam-se pessoas diferentes”.
Concorrência! Esse é o termo mais adequado para descrever o que está acontecendo hoje em dia nas igrejas da era pós-moderna. Já que não há mais absolutos, vale tudo para conseguir “gente” para a igreja. Por isso, a concorrência é grande, e arranca das pessoas o melhor que elas têm como marqueteiras da fé. Aliás, há uma denominação que já adotou o sugestivo slogan “Show da Fé”.
O cidadão de hoje é tratado como mero consumidor, como diria o intelectual Canclini. A ele, o consumidor, são oferecidas “verdades”, e não a Verdade. Quando você fala de Cristo a alguém e se mostra contente com sua igreja a pessoa logo diz: “Isso é bom, pois funcionou pra você”.
Várias vezes, quando testemunhava de Cristo para alguém, o meu interlocutor se mostrava empolgado e assentia em tudo. Mas qual a decepção quando logo em seguida ele conta a história de outra pessoa que está tão feliz quanto eu, pois para ela o budismo ou o espiritismo também deu certo. Eufórica a pessoa concluiu: “um dia eu também vou encontrar uma 'verdade' religiosa que funcione e me satisfaça”.
O grande dilema, meus irmãos, é que o pós-modernismo é bem diferente do modernismo. Na era moderna, as pessoas se achavam autossuficientes e diziam não precisar de um “deus”. No pós-modernismo, as pessoas até admitem que precisam de um “deus”, mas dificilmente querem o Deus absolutista e radical da Bíblia.
Para os adeptos do pós-modernismo, os defensores do cristianismo bíblico precisam ser banidos da face da Terra, pois se tornou algo inadmissível alguém afirmar que Jesus é o único Caminho. No máximo, ele pode ser uma boa opção.
Assim, como o conceito de “verdade absoluta” não é mais aceito, fica difícil admitir culpa, pois tudo que fizermos será resultado das nossas “verdades” e não poderá ter uma referência única. Aqui está a grande questão para a evangelização em nossos dias, pois sem admissão de culpa, não há manifestação da graça de Deus.
Deus nos ajude a sermos crentes em meio a uma pós-modernidade exageradamente avançada nestes aspectos aqui apontados.
Pr. Carlos Alberto Moraes
A-BD