Depois de se reunir em Washington com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o principal negociador palestino, Saeb Erekat, anunciou nesta quinta-feira que o governo americano decidiu vetar qualquer pedido que o presidente Mahmoud Abbas faça à ONU pelo reconhecimento do Estado palestino.
Erekat e outro representante de Abbas, Nabil Abu Rudeina, foram a Washington para tentar convencer o governo americano a não utilizar seu direito ao veto no Conselho de Segurança da ONU contra o pedido - que deverá ser feito pela Autoridade Palestina em setembro.
Não ficou claro se os palestinos continuarão com seus planos apesar da ameaça de veto americana.
De acordo com Abbas, o fracasso do processo de paz torna o pedido de reconhecimento de um Estado a única alternativa palestina.
No entanto, o presidente palestino reiterou que estaria disposto a retomar as negociações de paz se Israel concordasse com a posição do presidente americano, Barack Obama. Ele defende que a base para a solução do conflito deve ser o respeito às fronteiras anteriores à guerra de 1967.
No conflito, conhecido como Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental – territórios reivindicados pelos palestinos para neles fundar seu Estado.
Outra condição de Abbas para retomar as negociações é o congelamento da construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Em sua ultima visita a Washington, o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou ambas as condições.
Netanyahu declarou que o plano com base nas fronteiras de 1967 é "indefensável" e rejeitou o plano do presidente Obama para a retomada do processo de paz.
O premiê israelense também afirmou que Jerusalém é a "capital indivisível de Israel".
Divergências
De acordo com a imprensa israelense e palestina, existem divergências dentro da liderança palestina sobre o plano de pedir o reconhecimento da ONU.
O primeiro-ministro palestino, Salam Fayad, é contra a iniciativa porque acha que os palestinos não terão ganhos concretos, uma vez que continuará a ocupação israelense.
De acordo com o jornal Haaretz, o embaixador palestino na ONU, Nasser El Kidwa, também se opõe à iniciativa.
El Kidwa é parente do líder palestino falecido Yasser Arafat, e é considerado um dos candidatos possíveis à Presidência palestina nas próximas eleições.
Já Abbas e Nabil Shaat, um dos lideres mais importantes do Fatah, defendem a posição de que os palestinos sairão fortalecidos se receberem o reconhecimento da ONU e poderão, então, negociar com Israel tendo uma posição diplomática mais sólida.
O grupo dos Países Não Alinhados - com 120 nações principalmente de África, Ásia e Europa Oriental - anunciou que apoiará a iniciativa palestina na ONU.
Em dezembro de 2010, o governo brasileiro anunciou seu reconhecimento do Estado Palestino com base nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. O anúncio, feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dias de sua gestão, recebeu apoio de quase todos os países da América Latina.
De acordo com cálculos de analistas locais, mais de 140 países já declararam que apoiarão o reconhecimento do Estado Palestino, e já está garantida uma vasta maioria em favor da iniciativa entre os 192 Estados-membros da ONU.
Nessas circunstâncias, um Estado palestino certamente receberia o reconhecimento da Assembleia Geral da ONU. No entanto, para se transformar em um Estado reconhecido pela organização, a proposta teria que obter a recomendação do Conselho de Segurança, que seria vetada pelos Estados Unidos. FONTE BBC BRASIL