Francisco de Assis não tinha noção da importância dessa foto (Foto: Marcelo Lelis)
Uma foto que entrou para a história. Sem ter exatamente noção de que era isso que acabava por fazer, Francisco de Assis Barreto passou a fazer arte das celebrações do Centenário da Assembleia de Deus por ser o fotógrafo que fez o único registro que se conhece da primeira pessoa a ser batizada sob o cânone da igreja pentecostal. Celina Martins Albuquerque foi imortalizada já quase no final da vida, num retiro para pessoas idosas, ainda lúcida. Foi a foto da vida de Barreto.
“Eu não tinha noção da importância que essa foto teria no futuro”, diz o fotógrafo aposentado. A fotografia já correu mundo. No dia 8 de junho, Celina Albuquerque foi mais uma vez lembrada, quando se completaram 100 anos do batismo dela. Foram realizados três cultos especiais para celebrar a data. O primeiro às 9h. O segundo às 15h e o terceiro às 19h. Todos os templos de Belém participaram desse momento.
Barreto lembra com clareza o dia em que a fotografou. “Foi na segunda metade da década de 60. Ela morava num abrigo próximo a Tavares Bastos. O pastor Francisco Vidal chegou comigo e deu a ideia. Disse que a irmã estava velhinha, que brevemente ela estaria partindo e que eu deveria fotografá-la”.
A foto em si é simples. Sentada numa cadeira de vime, os cabelos brancos presos, vestido claro, olhando para a frente, Celina foi clicada lateralmente, num jogo de luz e sombra. Ao fundo, dependendo do corte da foto, pode-se perceber uma mulher e um homem, que observam o instante fotográfico. “Fiz mais duas poses, uma com o pastor Vidal ao lado dela, mas essas se perderam”, conta Francisco
Barreto.
Barreto.
Celina Albuquerque tinha 34 anos quando foi batizada. Até então era professora da Escola Dominical. Segundo os relatos históricos da Assembleia de Deus, estava acamada, sofrendo de um possível câncer nos lábios. Teria sido curada depois de intensas noites de oração, passando a querer ser batizada de acordo com os preceitos da igreja que surgia. O batismo ocorreu na madrugada de quinta-feira, 8 de junho de 1911.
Ao fotografar Celina, anos depois, Barreto considerou aquele apenas um trabalho, como outro qualquer. “Se fosse hoje eu iria conversar com ela, me empenhar para conhecer a história. Eu não tinha como imaginar a importância que esse registro teria. Mas sei que com essa foto eu entrei para a história”, reconhece o aposentado, enquanto tenta lembrar com qual, das tantas máquinas que ainda possui de lembrança de outra época, teria feito o tempo parar. (Diário do Pará)