Perseguições, ameaças, retaliações e até agressões físicas. Não foram fáceis os primeiros tempos entre a chegada dos missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren e o estabelecimento da igreja Assembleia de Deus.
Os dois acreditavam que as igrejas evangélicas passavam por transformações. Quando chegaram a Belém, foram acolhidos por Raimundo Nobre e pelo primo dele, Adriano Nobre, presbiteriano que comandava a companhia “Porto of Pará”, para onde levou Berg.
De família dona de seringais, Adriano convidou os dois missionários a passar uma temporada no Marajó. Lá conheceram Adrião Nobre, irmão de Adriano, com quem passaram a dividir um quarto. Passaram a pregar o evangelho a gente simples.
Quando voltaram a Belém, foram ganhando fama. Igrejas e famílias os convidavam para pregar. O próprio porão da Igreja Batista passou a ser usado com esse fim. Sentados no chão, os fiéis oravam por horas e horas.
Entre esses fiéis estava a professora Celina Martins Albuquerque, 34 anos. Acamada em virtude de um possível câncer nos lábios, recebeu os missionários, que passaram noites seguidas em oração. Curada, Celina quis ser batizada no Espírito Santo. Na madrugada do dia 8 de junho de 1911, em jejum, curada e batizada, Celina começou a se expressar em línguas estranhas. Foi a primeira a ser batizada na nova doutrina.
O fato, no entanto, não foi recebido sem ressalvas. Berg e Vingren haviam iniciado um movimento de oração, cura e batismo que começou a dividir opiniões na Igreja Batista. Enquanto uns apoiavam a nova doutrina, outros os acusavam de seguidores do espiritismo. A liderança local da igreja começou a se sentir incomodada com a atuação dos missionários, principalmente porque os cultos no porão cresciam a cada dia. Acabaram sendo excluídos da igreja.
Sem lugar para morar, foram acolhidos na casa da família Albuquerque, na rua Siqueira Mendes, Cidade Velha. Foi naquela casa que nasceu a Assembleia de Deus.
Nascidos sob signo da perseguição
A Assembleia de Deus nasceu sob o signo da perseguição. Uma verdadeira campanha de difamação foi montada contra os seguidores da nova igreja. Uma das armas utilizadas foi a imprensa. Os jornais difundiam a ideia de que os novos crentes constituíam uma seita perigosa.
INTOLERÂNCIA
Cultos eram apedrejados e cancelados por motivos de segurança. Casas eram destelhadas, bíblias queimadas, pregadores apedrejados e ameaçados.
Uma das historias dos primeiros tempos é de que, em Soure, alguém praguejou contra os missionários, torcendo para que uma onça os devorasse. O próprio foi devorado no quintal de casa. (Diário do Pará)E PIANCO GOSPEL NEWS