LIÇÃO 13 – A PLENITUDE DO REINO DE DEUS


3º Trim. 2011 - Lição 13: A Plenitude do Reino de Deus I

                                           A Igreja aguarda a plenitude do Reino de Deus, que se dará com o Milênio e o Estado Eterno.
INTRODUÇÃO
- Nesta última lição a respeito da doutrina do reino de Deus, estudaremos a dimensão futura do reino de Deus.
O reino de Deus, que já está entre os homens, tornar-se-á pleno, nesta terra no reino milenial de Cristo e, em novos céus e nova terra, onde habitará a justiça.
I – A DIMENSÃO FUTURA DO REINO DE DEUS
- Estamos finalizando o estudo a respeito da “missão integral da Igreja – porque o reino de Deus está entre vós”, uma feliz oportunidade que tivemos de estudar a “doutrina do reino de Deus” que, como vimos, por razões históricas, não foi devidamente desenvolvida ao longo do movimento pentecostal.
- Já no limiar deste estudo, vimos que o “reino de Deus” abrange duas dimensões, do ponto-de-vista cronológico: uma dimensão presente e uma dimensão futura.
No presente, o “reino de Deus” já se encontra entre nós, ainda que sem aparência exterior (Lc.17:20,21), sendo manifestado pela Igreja através da proclamação do Evangelho (kerygma), do testemunho cristão (marturia), do serviço cristão (diakonia), que gera uma transformação na sociedade (metamorfose) que, no entanto, não é plena.
- Esta atuação da Igreja que, como sal da terra e luz do mundo, opera grandes e importantes transformações no mundo, não representa, ainda, o cumprimento de todas as profecias messiânicas constantes do Antigo Testamento, quando é dito que, por meio do reinado do Messias sobre Israel, todo o mundo será restaurado e os efeitos da queda do homem removidos.
- Esta era, aliás, a preocupação manifestada pelos discípulos pouco antes da ascensão do Senhor, quando indagaram a Cristo a respeito da “restauração do reino a Israel” (At.1:6), preocupação que o Senhor Jesus disse não caber a eles, visto que tal restauração estava reservada ao Pai para ocorrer no seu devido tempo (At.1:7).
- Apesar de não ser questão reservada à Igreja, isto não significava que ela não deveria aguardar ou esperar este tempo, que o apóstolo Pedro, em seu sermão no templo chamou de “tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de Seus santos profetas, desde o princípio” (At.3:21). Ela deveria, sim, esperar estes “tempos”, mas, enquanto eles não viessem, deveria fazer o seu trabalho, que é anunciar, com palavras e gestos, o arrependimento dos pecados e a conversão a Cristo Jesus, para que venham os “tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At.3:19).
Na dimensão presente, pois, a Igreja, como agência do reino de Deus, deve levar ao mundo a mensagem da vinda dos “tempos de refrigério pela presença do Senhor”, ansiando, aguardando a vinda de Jesus Cristo nos “tempos da restauração de tudo”. Como um verdadeiro sinal do “refrigério pela presença do Senhor”, a Igreja deve, pois, anunciar a vinda de Cristo para “restaurar todas as coisas”.
- Fica, pois, bem claro que o “reino de Deus” tem uma dimensão futura, a dimensão da “restauração de tudo”, ou seja, o reino de Deus, que hoje é parcial, limitado, será “pleno”, i.e., “completo”, onde tudo o que foi profetizado será cumprido e onde todas as coisas serão restauradas, ou seja, haverá a remoção de tudo quanto se inseriu no meio da humanidade e da Terra por causa do pecado. Onde se estabelecerá, uma vez mais, a comunhão perdida com a queda do primeiro casal no Éden.
- Por isso, a Igreja, enquanto agência do reino de Deus, não só proclama o Evangelho e anuncia a Cristo Jesus como Senhor e Salvador, dando prova de que Ele o é através de seu testemunho, serviço e ação transformadora, como também proclama que Cristo há de voltar para estabelecer, entre os homens, a plenitude do reino de Deus. Toda ação da Igreja, pois, tem uma nítida conotação escatológica, ou seja, não só fala de um presente de comprovação da salvação em Cristo Jesus como também aponta para a redenção nos últimos dias, para o triunfo de Cristo sobre o mundo e o pecado no final dos tempos.
- O “reino de Deus”, portanto, não é apenas uma realidade presente, sem aparência exterior, mas é também uma “esperança”, algo que se aguarda, algo que se espera com ansiedade, a restauração de todas as coisas, a eliminação dos efeitos deletérios causados pelo ingresso do pecado entre os homens.
- Neste sentido, aliás, é que se deve entender o que se afirma quando se diz que o “reino de Deus” é o “alvo”, o “objetivo” da Igreja e do Evangelho. O “reino de Deus” apresenta-se como “alvo”, como “objetivo” porque, ao lado da dimensão presente, a Igreja anseia pela extensão do reino, pela sua “plenitude”, ainda que o “reino de Deus” não se verifique apenas no futuro e já tenha uma dimensão presente.
- O “reino de Deus” apresenta-se como âmago da mensagem do Evangelho, como o ponto central da vida da Igreja, precisamente porque entrelaça as chamadas três “virtudes teologais” (I Co.13:13), a saber: a fé — com a qual se pode ver e começar a jornada para o reino de Deus; o amor — com o qual se pode manifestar o reino de Deus entre os homens e a esperança — com a qual se aguarda a plenitude do reino de Deus.
- Esta esperança do reino de Deus, que é uma verdadeira âncora para cada salvo (Hb.6:19), mantém a Igreja firme no seu propósito de servir ao Senhor com fidelidade, de tal maneira que tudo suportemos pelo gozo que nos está proposto, assim como fez o seu Rei em Seu ministério terreno (Hb.12:2). Não é, pois, por outro motivo que a mensagem do Evangelho não se limita a dizer que “Jesus salva, cura e batiza com o Espírito Santo”, mas que, também, “em breve Ele voltará”.
- É importante observar que esta “plenitude do reino de Deus” não se dará senão com a vinda de Cristo Jesus. Somente Ele, a quem foi dado todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18) poderá instaurar este reino de modo pleno neste mundo, sendo, pois, completamente ilusório que se espere que a Igreja o faça. Como deixa claro o apóstolo João na revelação que lhe deu o Senhor na ilha de Patmos, não há como se desencadear os eventos futuros e finais da história desta Terra senão por intermédio do Cordeiro de Deus (Ap.5:4-7).
- O apóstolo Paulo mostra, claramente, que o reino de Deus somente virá com plenitude depois que o Senhor Jesus tiver reinado e posto todos os seus inimigos debaixo de Seus pés (I Co.15:25). Assim, primeiro venceu o pecado e a morte (I Co.15:23). Depois, buscará os Seus, para que estes também vençam o pecado e a morte (I Co.15:23). Em seguida, retornará a este mundo e estabelecerá o reino a partir de Israel sobre todo o mundo, cumprindo todas as profecias messiânicas e, após mil anos, ter-se-á o fim, quando entregará o reino a Deus Pai, após ter aniquilado todo o império, potestade e força, eliminando o último inimigo, que é a morte (I Co.15:24,26; Ap.20:14). Como bem disse o próprio Senhor Jesus, sem Ele nada pode ser feito (Jo.15:5 “in fine”).

II – O REINO MILENIAL DE CRISTO – A PLENITUDE DO REINO DE DEUS NESTA TERRA
- Os estudiosos da Bíblia denominam de “milênio” o período de mil anos em que Cristo governará pessoalmente toda a Terra,como vemos escrito explicitamente em Ap.20:4-6. A palavra “milênio”, que significa período de mil anos, não se encontra na Bíblia Sagrada, mas a expressão “mil anos” é explícita em Ap.20:4-7, de modo que não se pode, em absoluto, desmerecer-se a expressão por ela não constar literalmente na Palavra de Deus.
- Apesar de estar explicitado o período de mil anos apenas no capítulo 20 do livro de Apocalipse, sendo este um dos muitos fatores que somente foram revelados ao homem por Deus por ocasião da escrita deste livro, o fato é que a promessa de uma era de paz e de justiça entre os homens já se encontrava desde os primórdios da história humana. Várias profecias bíblicas do Antigo Testamento apontam para um período de justiça e de paz em Israel e em todas as nações. Aliás, o fato de estas profecias ainda não terem se cumprido é um dos principais elementos que nos indicam que tem de haver, ainda, na história humana, um período de paz e de justiça, a fim de que todas estas profecias se cumpram, pois, como sabemos, Deus vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).
- O milênio é, portanto, o período de mil anos, que virá depois da Grande Tribulação, em que Jesus Cristo reinará sobre toda a Terra, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Será, também, Rei sobre Israel, ocupando o trono de Davi e instituindo um tempo de justiça e de paz sobre todas as nações. Será o melhor período da história de toda a humanidade.
- O milênio é o período em que Deus governará sem qualquer oposição toda a Terra, uma vez que o diabo estará preso e, portanto, não estará buscando ocasião para enganar o homem e fazer com que ele desobedeça ao Senhor. É importante observar que Deus sempre reina e está no controle de todas as coisas (I Cr.16:31; Sl.99:1), mas, durante o milênio, este domínio será exercido sem qualquer oposição por parte do diabo e de seus anjos, ou seja, as condições para que o homem sirva a Deus serão as mais amplas que já houve em toda a história da humanidade. A ausência de resistência e de oposição aos desígnios divinos trará inúmeros benefícios aos homens, alcançando-se, assim, a justiça e a paz que tantos desejam e que ninguém encontra.
- O milênio será uma nova dispensação, ou seja, uma nova forma de o homem se relacionar com Deus. O homem se relacionará com Deus através do governo pessoal de Cristo sobre a Terra, através da manifestação visível da justiça e do amor de Deus em todas as coisas. Enquanto, atualmente, Deus Se mostra aos homens através da Igreja, Deus Se manifesta através do reino de Deus que está em cada um dos salvos, naquela época o reino de Deus se mostrará através de todas as coisas: da Igreja glorificada, que participará do reino de Cristo juntamente com os mártires da Grande Tribulação; do culto ao Senhor no templo que será erigido em Jerusalém, o quarto templo( descrito no livro do profeta Ezequiel a partir do capítulo 40); da natureza, que deixará de ser maldita por causa do pecado do homem, mas passará a ser a expressão do amor e da soberania divinos e de Israel, que será, enfim, a nação sacerdotal, a propriedade peculiar de Deus dentre os povos.
- O milênio terá início logo após a batalha do Armagedom, quando serão derrotados o Anticristo e o Falso Profeta, que serão lançados vivos no lago de fogo e de enxofre (Ap.19:20), sete anos depois de Jesus ter arrebatado a Sua Igreja e logo após Israel ter, finalmente, reconhecido a Jesus como o Cristo, o Messias (Zc.12:10), reconhecimento que fará com que Jesus, juntamente com os Seus santos, venha em socorro de Israel, que estará prestes a ser destruído pelo Anticristo.
- Logo em seguida à derrota do Anticristo e do Falso Profeta, as Escrituras nos revelam que o diabo, que já havia sido precipitado para a Terra no início da Grande Tribulação (Ap.12:9,10), sofrerá um outro golpe na sua interminável caminhada descendente: será lançado no abismo, onde ficará preso pelo período de mil anos (Ap.20:1-3). A Bíblia nos informa que um anjo tomará esta providência, não se identificando que anjo será. Há quem diga que se trate de Miguel, mas isto é apenas especulação, até porque, quando da precipitação do diabo sobre a terra, o nome de Miguel foi mencionado e aqui não o é. Pode-se, mesmo, entender que não seja Miguel, porque Miguel sempre é mencionado na Bíblia nominalmente ou como arcanjo e nunca como “um anjo”, como consta em Ap.20:1. Ademais, o fato de um anjo que não Miguel prender o diabo e o selar é a demonstração cabal da perda de poder e de posição por parte do ex-querubim ungido, uma mostra clara e evidente de sua decadência, o que, aliás, é resultado do que lhe foi vaticinado pela própria Palavra do Senhor (Is.14:13-19).
- É interessante observar que esta é ocasião em que a Bíblia diz que o diabo será amarrado, de modo que não é correto que se fale, como se costuma por aí, que o diabo deve ser amarrado pelos servos do Senhor. O diabo somente será amarrado, e por mil anos, por ocasião do início do Milênio (Ap.20:2). Conforme afirmam alguns estudiosos da Bíblia, esta expressão significa que o diabo ficará imóvel, sem qualquer ação, sem condição de “andar pela terra e passear por ela”, como é seu costume (cfr. Jó 1:7, 2:2). Os servos do Senhor, na atual dispensação, não devem amarrar o diabo ou os seus agentes, mas, sim, resistir-lhes (Tg.4:7) e expulsá-los em nome de Jesus (Mt.10:8; Mc.16:17), sendo este, aliás, um sinal de que o reino de Deus já está entre nós (MT.12:28; Lc.11:20). O diabo será amarrado por um anjo e somente será definitivamente derrotado pelo próprio Jesus, a Quem incumbe com exclusividade esmagar a cabeça da antiga serpente (Gn.3:15; Rm.16:20).
- A destruição do Anticristo e do Falso Profeta e a vitória de Cristo e Seu exército na batalha do Armagedom porá fim ao sistema mundial gentílico que tem governado o mundo desde o início da história humana depois da expulsão do Éden. O sistema político estabelecido pelo Anticristo ruirá por completo e outro deverá ser estabelecido. Ocorre, então, o que foi profetizado por Daniel, ou seja, a pedra cortada sem mão que feriu a estátua do sonho do rei Nabucodonosor (Dn.2:34), pedra que encheu toda a terra (Dn.2:35). Esta pedra é Cristo, que passará a ser, de direito, o governante de toda a Terra, uma vez que terá conquistado, pela guerra, todas as nações.
- A prisão de Satanás, por sua vez, representará a eliminação do principal fator de tentação do ser humano. Embora o ser humano peque porque é atraído e engodado pela própria concupiscência (Tg.1:14), é inegável que praticamente todo processo de pecado se inicia com uma instigação, com uma indução por parte do diabo ou de seus anjos, que, quando encontra guarida no coração do homem, dá início ao processo que leva ao pecado, como vemos na descrição bíblica da primeira tentação, que redundou na queda do homem. Serão, assim, extremamente favoráveis as condições para que o homem sirva a Deus neste período.
- Vemos, portanto, que não há como o milênio ocorrer senão depois da vitória de Cristo sobre o Anticristo e o Falso Profeta e da prisão de Satanás por mil anos. Não se pode, em absoluto, concordar com teorias que fixam o milênio num período histórico diferente, como, por exemplo, as Testemunhas de Jeová, que fixaram a data inicial do milênio como sendo o ano de 1914, precisamente quando começou a Primeira Guerra Mundial. Como pode um período de paz e justiça ter início com o primeiro conflito mundial que a história humana já conheceu? É algo totalmente desarrazoado e que serve tão somente para vermos a falsidade desta seita. Assim também não há cabimento em que se entender que o milênio é o reino de Deus em cada um dos crentes ou a presente era que vivemos, em que, à evidência, o pecado está em ritmo cada vez mais crescente como também opera, com cada vez maior desenvoltura, o “espírito do anticristo” (I Jo.4:3). Para que o milênio seja estabelecido, nada disso poderá ocorrer.
- Com o sistema mundial gentílico, que se estabeleceu debaixo do pecado, arruinado e destruído; com Israel redimido e convertido ao Senhor e com Jesus, triunfante, reinando sobre Israel, a nova potência mundial, não há, pois, como se deixar de ver o reino de Deus estabelecido sobre todo o mundo, não há como não se reconhecer que se estará “nos tempos da restauração de tudo”.
Por que Deus instituirá o milênio? Por que Cristo, após vencer o Anticristo e o Falso Profeta, não institui, de pronto, o Estado eterno e põe fim à história da humanidade? Esta é uma questão que chega a intrigar muitos que meditam na Palavra do Senhor, mas, quando bem analisamos as Escrituras, vemos, claramente, que o Milênio é uma necessidade para que Deus mostre Seu caráter e seja fiel, pois não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).
- Em primeiro lugar, a Bíblia diz que Jesus veio desfazer as obras do diabo (I Jo.3:8). Ora, o diabo induziu o primeiro casal a pecar e, por ele, o pecado ingressou na humanidade, com todas as suas sequelas. Jesus, então, tem de desfazer todas as obras do diabo. Morrendo na cruz do Calvário, o Senhor pagou o preço da nossa salvação e nos trouxe a paz com Deus, desfazendo a grande obra que o diabo havia feito. Mas não cessou aí o que diabo havia feito.
- Quando vemos o juízo de Deus sobre o primeiro casal, por causa do pecado, notamos outras consequências do pecado além da morte espiritual, isto é, da separação entre Deus e o homem, o que se resolveu com o sacrifício vicário de Cristo no Calvário. O pecado gerou uma situação de injustiça, de desigualdade entre os homens. Como explica a Bíblia, todo pecado é iniquidade (I Jo.5:17) e, por causa do pecado, a começar da família, foi gerada uma situação de domínio egoístico entre os homens. Portanto, para que Jesus desfaça todas as obras do diabo, é necessário que se instale, ainda nesta Terra, um governo de justiça, de equidade, um governo onde não haja dominação egoística e exploradora de homens sobre homens. Por isso, é necessário que haja o Milênio, para instaurar, nesta Terra onde vivemos, a justiça entre os homens.
- Mas não foi apenas a injustiça que foi obra do diabo, mediante a entrada do pecado entre os homens. Por causa do pecado, como dissemos, surgiu a injustiça e, com ela, a competição, o egoísmo, que é o fator que gera o ódio e a violência. Não demorou muito e Caim matou o seu próprio irmão e, daqui a pouco, a violência sobre a face da Terra se generalizou tanto que Deus resolveu destruir toda a humanidade de então (Gn.6:5). A violência, portanto, tem de ser desfeita, tem de ser banida, ainda nesta Terra, para que se diga que Jesus desfez as obras do diabo. Por isso, faz-se preciso que se institua um reino de paz, um reino onde não haja guerras nem violência. Este reino é o Milênio.
- Diz a Bíblia, porém, que, além da injustiça e da violência, o pecado também trouxe a maldição sobre a Terra. Toda a criação geme por causa do pecado e aguarda a sua redenção (Rm.8:20-22). A natureza, que foi deixada aos cuidados do homem (Gn.1:26), sofreu as consequências do ingresso do pecado na humanidade, passando a produzir espinhos e cardos (Gn.3:17) e, o que é pior, sendo cada vez mais desrespeitada e degradada pelo homem. Por isso, se Jesus veio desfazer as obras do diabo, tem, também, de promover a redenção da natureza, de restaurá-la, de retirar-lhe a maldição e, por isso, tem de haver o milênio.
- Mas, entre outras coisas que sempre foram tentadas pelo diabo, está a de impedir que Israel existisse como nação e, mais, que cumprisse com o seu propósito de ser a nação sacerdotal do Senhor, de ser a principal nação do mundo e instrumento de adoração do mundo a Deus (Ex.19:5,6). O diabo sempre lutou contra Israel, por mais de uma vez,  armou ciladas para destruir o povo formado e escolhido por Deus, sem êxito. Mas, também, durante toda a história, jamais Israel atingiu a proeminência de nação mais importante do mundo, nem cumpriu o propósito de ser o instrumento de adoração a Deus para as demais nações. Assim, se o diabo não conseguiu destruir Israel, também impediu que Israel cumprisse o seu propósito. Por isso, faz-se necessário que Israel seja colocado como principal nação do mundo e seja o meio pelo qual as demais nações adorem a Deus, cumprindo seu fim de nação sacerdotal. Por isso, é necessário que haja o milênio, para que Israel cumpra o seu propósito de nação sacerdotal, de instrumento do “reino de Deus”.
- Ainda com relação a Israel, Deus prometeu que Israel teria um governo eterno, que seria regido pela casa de Davi para sempre (II Sm.7:16; Lc.1:32,33). Ora, como Deus é fiel, faz-se necessário que o trono de Davi seja restabelecido e que haja um reino terreno e literal em Israel do descendente de Davi, um reino, ademais, que não tenha fim. Por isso, Jesus tem de assumir o trono de Davi, ocupar a posição literal de rei de Israel, ainda que este reino seja eterno e, portanto, ultrapasse a dimensão do tempo. Por isso, terá de haver o Milênio, para que Deus cumpra o que prometeu no chamado “pacto davídico” e que, inclusive, foi reclamado pelos próprios discípulos de Jesus antes da Sua ascensão (At.1:6).
- Ao ser vitorioso sobre a morte e o pecado, Jesus disse aos Seus discípulos que Lhe tinha dado todo o poder no céu e na terra (Mt.28:18). Ora, se Jesus tem todo o poder, é mister que venha, também, a exercer o poder político sobre a Terra, pois o poder político é parte deste poder que Lhe foi dado, já que todas as autoridades são constituídas por Deus (Rm.13:1). Tendo todo o poder, é necessário que Jesus o exerça pessoalmente, sem qualquer delegação, até porque os delegados que o têm exercido desde o início do governo humano, têm-no feito por permissão divina e sob o signo da rebelião, que é resultado do pecado introduzido no mundo por indução de Satanás. Assim, é necessário que Jesus seja, efetivamente, de fato e de direito, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, o que ocorrerá no Milênio.
- Por ter todo o poder no céu e na Terra, Jesus tem de ser exaltado soberanamente sobre todo o nome (Fp.2:9), sendo necessário que todo o joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp.2:11). Ora, no céu, ao retornar triunfante, Jesus já foi glorificado e adorado, como, aliás, vemos na descrição belíssima dos capítulos 4 e 5 do livro do Apocalipse. Posteriormente, foi glorificado e louvado pela Sua Esposa, a Igreja glorificada, que comprou com o Seu próprio sangue, após o arrebatamento da Igreja e durante as bodas do Cordeiro. Faz-se necessário que seja exaltado e adorado pelos homens que estão na Terra, para depois, por ocasião do juízo do trono branco, ser exaltado e reconhecido por aqueles que morreram e não participaram da primeira ressurreição. Esta exaltação na Terra somente se pode dar mediante o Seu governo pessoal, ou seja, no Seu reino milenial.
O milênio, ainda, servirá de prova de que Deus é a verdade (Dt.32:4; Jr.10:10), porque, mediante o reino milenial de Cristo, Deus mostrará ao homem de que o único caminho para a justiça, a paz, a fraternidade e a felicidade é a obediência à Sua Palavra. Durante toda a história, embora o homem tenha, muitas vezes, falado em praticar a justiça, em buscar a paz, a fraternidade e a felicidade, em sua contínua rebelião contra Deus, tentou construir doutrinas, filosofias e modos de vida que trouxessem estes valores tantas vezes desejados sem que recorresse a Deus. No entanto, através do milênio, depois de o homem ter levado a Terra, dentro de sua autossuficiência decorrente de sua natureza pecaminosa, ao caos total, o Senhor provará, com fatos, que não há outro caminho a seguir senão o da obediência a Deus e à Sua Palavra. Através do milênio, portanto, Deus provará ao homem de que nada que seja feito sem Deus pode ser justo, fraterno, pacífico ou feliz.
- Por fim, o Milênio provará que Deus é fiel e é perfeito, ou seja, que tudo o que faz é bom e completo. Todas as promessas e profecias bíblicas alcançarão cumprimento, sem que nada seja deixado por cumprir. Deus mostrará a Sua fidelidade ao homem, fruto de Seu imenso amor por esta Sua criatura e, também, revelará que Deus jamais deixou algo por fazer ou acabar. Por isso, inclusive, alguns estudiosos da Bíblia entendem até que a referência de Gn.2:2 diz respeito a este período da história humana, ao período em que Deus finalizou a obra da Criação, restaurando-a por completo e mostrando ao homem que não há outro meio de o homem atingir a sua plenitude a não ser no seu Criador.
- Quando os mil anos se cumprirem, Deus continuará a execução de Seu plano para o homem. O diabo ainda não terá sido executado, pois foi mantido apenas aprisionado por um tempo, o tempo suficiente para que todas as suas obras malévolas fossem desfeitas por Cristo Jesus. Entretanto, como tudo está no controle do Senhor e como Ele é o único soberano, o diabo ainda executará um serviço para Deus, que será o de testar a fidelidade dos homens que nasceram durante o Milênio.
- Enganados pelo diabo, que certamente convencerá as nações a guerrearem contra Israel e a se libertarem do que dirá ser uma indevida submissão à nação sacerdotal, fará com que, uma vez mais, sejam formados exércitos e efetuados gastos militares, bem como que seja feita uma expedição militar para destruir Israel. O diabo, mesmo tendo sido fragorosamente derrotado mil anos antes, voltará a insistir na sua tese de destruir Israel, de “lançá-lo ao mar”. Retornará, com toda a sua ênfase, o antigo antissemitismo e se propagandeará uma era de alegria e prosperidade ainda maiores que o período então vivido, desde que não seja mais necessário levar os tributos a Israel, desde que seja debelado o domínio que Israel tem contra as nações.
- Estas ideias e estes pensamentos serão lançados pelo diabo como joio no meio do campo de trigo e, lamentavelmente, encontrarão milhões de adeptos, pois a Bíblia afirma que serão eles como a areia do mar (Ap.20:8). Serão liderados por Gogue e Magogue, locais que têm sido identificados como distintos do Gogue e Magogue mencionados em Ez. 38 e 39. A expressão “Gogue e Magogue”, em Ap.20:8, como ensina o pastor Antonio Gilberto, consultor teológico da CPAD, “…é empregada simbolicamente, representando os últimos inimigos de Deus e do Seu povo. É também evidente que Ezequiel trata de um evento, e Apocalipse, de outro.…” (O calendário da profecia:conhecendo o fim dos tempos e o tempo do fim, p.90).
- Os exércitos das nações rebeldes serão uma vez mais congregados contra Israel. O diabo, na sua fúria e cegueira, mal sabendo que serve apenas de instrumento nas mãos de Deus para julgar aqueles que, apesar de todo o bem recebido, não resistirão à indução de Satanás e se rebelaram contra Deus, cerca o lugar santo, que é a porção central da terra de Israel, dentro da qual se encontra o templo. Não haverá qualquer resistência por parte de Israel, porque Israel não terá exército neste tempo, vez que estará integralmente dedicada ao serviço sacerdotal. Também não haverá qualquer apóstata entre o povo de Israel, pois se estará diante do remanescente que é salvo, formado só de justos e sem qualquer pecado. Quando os rebeldes tiverem cercado o lugar santo e se prepararem para o que pensam ser o assalto final, o próprio Deus Se encarregará de pelejar pelo Seu povo, descerá fogo do céu e consumirá a todos os rebeldes, de uma só vez (Ap.20:9).
- Neste mesmo instante, o diabo será, finalmente, executado e fará companhia ao Anticristo e ao Falso Profeta no lago de fogo e enxofre, onde serão atormentados para todo o sempre (Ap.20:10). Após ter cumprido o último propósito divino para si, o diabo será executado, pois condenado já foi desde o dia em que se achou iniquidade nele, quando ainda estava no chamado Éden mineral (Ez.28:15). Vemos, portanto, quão mentiroso é o inimigo, que tem enganado a muitos, dizendo-se ter domínio sobre algo ou alguma coisa, quando, na verdade, apenas está a rodear a terra e passear por ela por permissão divina, porque, com isso, está tão somente a servir ao plano de Deus. Quando não houver mais esta serventia, o diabo será simplesmente retirado do cenário deste universo, sendo, então, executada a sentença de sua condenação. Como diz o pastor Antonio Gilberto, “…sua carreira nefanda termina aí, após um rastro de muitos milênios de males de toda espécie perpetrados contra a humanidade…” (O calendário da profecia: conhecendo o fim dos tempos e o tempo do fim, p.109).
III – O ESTADO ETERNO – O REINO DE DEUS EM NOVOS CÉUS E NOVA TERRA – A PLENITUDE TOTAL DO REINO
Debelada a rebelião final, não haverá mais estes céus e esta Terra em que hoje habitamos, pois eles serão retirados de cena pelo Senhor (Ap.20:11). Deus terá cumprido o propósito de restaurar a Terra por meio de Cristo Jesus e, após a execução da sentença ao diabo e seus anjos, com seu lançamento no lago de fogo e enxofre, promoverá à prestação de conta com todos os homens que ainda não tiverem sido julgados, ou seja, aqueles que não participaram da primeira ressurreição (Ap.20:4-6). É o chamado “juízo do trono branco” ou “juízo final” (Ap.20:11-15).
- Após este julgamento, serão criados, então, novos céus e nova terra (Ap.21:1), céus e terra onde habitam a justiça de forma plena e perfeita (II Pe.3:13). Teremos, então, a plenitude do “reino de Deus”, pois, como vimos, ainda que no reino milenar de Cristo tenha havido, de certa forma, a “plenitude” do reino de Deus, este reino não foi perfeito, visto que foi possível, ainda, uma rebelião final.
- Agora, neste novo céu e nesta nova terra, isto não será possível, visto que somente aqueles que alcançaram a salvação, já devidamente glorificados, estarão para sempre com o Senhor, enquanto que os que se perderam estarão no tormento eterno, no lago de fogo e enxofre, de onde jamais sairão.
Naquele instante, o “reino de Deus” será tão pleno que o próprio Cristo Se sujeitará ao Pai e Deus será tudo em todos, o que é, efetivamente, a “plenitude total do reino de Deus” (I Co.15:27,28).
- Desde a queda, Deus tem mostrado ao homem que Seu objetivo é levar-nos para um lugar onde poderemos sempre habitar com Ele. Esta era a esperança dos patriarcas, dos profetas e dos servos de Deus já no Antigo Testamento e foi reafirmado com a vinda do Senhor Jesus.
O objetivo de Deus para com o Seu povo é o de criar um ambiente sem pecado, um lugar onde não haja qualquer contaminação do mal ou do que seja resultado do mal e este lugar outro não é senão a nova Jerusalém (Ap.21:27).
- A vida humana é uma caminhada, é um andar, uma carreira que é proposta a cada ser humano (Hb.12:1). Deus, ao criar o homem, propôs para ele uma caminhada, uma carreira e Sua proposta tem, como finalidade, levar-nos até a Jerusalém celestial. Somos convidados a seguir um caminho, pois, como nos ensinou Jesus, há dois caminhos: o caminho estreito, que nos conduz à salvação, que é o próprio Jesus (Jo.14:6), cujo fim é a nova Jerusalém, a moradia entre Deus e os homens (Ap.21:3) e o caminho largo, que conduz à perdição, que leva ao lago de fogo e enxofre, que foi feito para o diabo e seus anjos (Mt.25:41; Ap.20:15).
A vida só tem sentido na face da Terra se tivermos uma esperança. Como ficou cabalmente provado após o fracasso dos regimes comunistas no final do século XX, não basta a garantia de condições mínimas de subsistência material para fazer com que o homem seja feliz ou se sinta realizado. Nos países comunistas em que se atingiu até uma certa condição mínima de satisfação das necessidades materiais, viu-se que isto não trouxe felicidade nem satisfação aos homens. Pelo contrário, mantinha-se um sentimento de vazio, de frustração, de fracasso, a ponto até de haver um desestímulo crescente e contínuo até mesmo na produção, o que foi um dos principais fatores para a própria derrocada deste sistema político. O homem, tendo sido criado para a dimensão eterna, não se satisfaz jamais com um bem-estar terreno. O homem não foi feito para viver aqui ou centrar-se nesta vida como seu objetivo último e, por isso, mesmo em meio às classes mais abastadas, vemos o sentimento de vazio espiritual, de angústia e de perda de sentido da vida.
- O homem espera algo mais e, por isso, vai de um lado para o outro buscando saciar esta sede, que é a sede de Deus, a sede do seu objetivo último, que é o de voltar a conviver com Deus num ambiente em que isto seja possível, o que sabemos, pelas Escrituras Sagradas, que é um ambiente onde não há pecado. Para tanto, devemos ter fé em Deus, crer em Jesus, não se prender às coisas desta vida, esforçarmo-nos para fazer a vontade de Deus, que é cumprir a Sua Palavra.
- Jesus deixou isto bem claro ao dizer aos discípulos que estes, que já criam em Deus, deveriam crer n’Ele, pois só assim iriam morar para sempre com Ele. Ao formular a promessa de habitarmos na nova Jerusalém, na casa do Pai, Jesus garantiu que iria preparar lugar para os fiéis (Jo.14:1,2). Era o que faltava para termos a certeza de que a esperança de uma vida com Deus iria se tornar realidade um dia. Se apenas fizéssemos o que já temos dito, isto ainda seria insuficiente, pois o homem, por si só, não consegue remover a parede de separação que existe entre Deus e os homens. A cidade celeste existiria, mas não estaria preparada para nos receber. Entretanto, Jesus fez esta preparação, ao oferecer-Se como cordeiro mudo, para tirar o pecado do mundo. Morreu por nós na cruz do Calvário, pagou o preço do pecado e, assim, tornou a cidade santa preparada para nos receber, a tantos quantos crerem no Seu nome, a tantos quantos aceitarem o Seu sacrifício e se arrependerem dos seus pecados.
A garantia que temos de que esta esperança se concretizará foi a ressurreição de Jesus. Jesus morreu, mas, ao ressuscitar, mostrou ao mundo que o sacrifício na cruz havia sido aceito e, portanto, vivo, pode cumprir a Sua promessa de voltar e levar a Sua Igreja para adentrar na nova Jerusalém. Após vencer a morte e o inferno, Jesus Se apresentou ao Pai, atravessou os umbrais da porta da cidade santa, solitário, assumindo a condição de Rei da Glória (Sl.24:7,8), mas, como é fiel ( I Co.1:9), voltará outra vez a nossa dimensão e, então, levará conSigo aqueles que n’Ele creram e adentrará, novamente, na nova Jerusalém, mas, desta feita, acompanhado da Sua Esposa (Sl.24:9,10), este formidável exército com bandeiras (Ct.6:4), entregando os remidos ao Pai, que é o dono da casa, e dizendo:”eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus Me deu”. (Hb.2:13b).
- Diante desta garantia, não temos porque não esperar morar na Jerusalém celestial, bem como deixar de desejar ali morar. Nosso ânimo deve ser o mesmo demonstrado pelo saudoso irmão Samuel Nyström (1891-1960) na letra do hino 332 da Harpa Cristã: “ Para o céu eu vou alegre caminhando, breve findará a peregrinação, se cansado neste mundo vou andando, eu repousarei na divinal mansão. Aleluia! Pro céu vou caminhando, nada me desanimará! Para o céu eu me vou aproximando, sempre meu Jesus me guiará! “(4ª estrofe e coro).

É em direção a esta cidade celestial que estamos caminhando (Fp.3:14,20,21), peregrinando nesta Terra assim como Abraão e os demais patriarcas (Hb.11:8-10,13-16).
É esta a esperança que temos em termos de “reino de Deus”, aguardando a sua chegada, que se dará nos tempos e estações determinados pelo Pai, mas, enquanto isto não ocorre, devemos manifestar este “reino” em nossas vidas, como verdadeiros heróis da fé, agradando a Deus e fazendo, com nossas ações, que o nome do Senhor Jesu seja glorificado. Amém!
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Dr. Caramuru Afonso Francisco
BIBLIOGRAFIA DO TRIMESTRE
          A bibliografia diz respeito aos estudos de todo o terceiro trimestre de 2011, não contendo bíblias e bíblias de estudo consultadas, bem assim textos esporádicos, notadamente fontes eletrônicas, cujas referências foram dadas no instante mesmo de suas utilizações.

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Colaboração para o Portal Escola Dominical – Profº Dr. Caramuru Afonso Francisco