Pr. Ciro Sanches Zibordi - O que significa “Ai das grávidas”?




Muita gente me pergunta: “O que o Senhor Jesus quis dizer com a frase ‘Ai das grávidas’, em Mateus 24:19?” Para os estudiosos simpatizantes da escola preterista — que considera muitas profecias escatológicas como já cumpridas — essa advertência de Jesus está ligada à invasão de Jerusalém, perpetrada pelos romanos em 70 d.C. Mas essa interpretação não se sustenta à luz do contexto imediato da passagem citada e da analogia geral da Bíblia.

Em Mateus 24, o Senhor responde a uma pergunta tríplice de seus discípulos, que desejavam saber quando se dariam “essas coisas” e que sinal haveria “da tua vinda” e do “fim do mundo” (v.3). A resposta do Mestre, igualmente tripartida, abrange: (a) acontecimentos do primeiro século (como a destruição do Templo e a tomada de Jerusalém); (b) sinais ligados ao Arrebatamento da Igreja; e (c) sinais relativos aos eventos que antecedem o fim do mundo.

A afirmação de que a frase “Ai das grávidas” refere-se à destruição de Jerusalém é inverossímil. Por quê? Porque se baseia em duas suposições improváveis. A primeira é de que o “abominável da desolação, de que falou o profeta Daniel, no lugar santo” (Mt 24.15, ARA) alude a imperadores romanos. A segunda é de que tal destruição, perpetrada pelos romanos, foi a maior da História, tão grande e devastadora “como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (Mt 24.21, ARA).

Teria sido a destruição de Jerusalém maior que as ocorridas nas duas grandes guerras mundiais? O que dizer das cidades japonesas atingidas pela bomba atômica e das destruições perpetradas pelo nazismo, durante a Segunda Guerra? O Senhor Jesus afirmou que a Grande Tribulação é o pior evento, desde o princípio, e que, depois, nunca mais haverá outro maior que ele.


Na profecia a respeito do “abominável da desolação” (Dn 9.26,27) mencionam-se alguns fatos, em ordem cronológica. Observe que a profecia alude à morte do Ungido, à destruição de Jerusalém e do Templo, por parte do povo de “um príncipe”, e à posterior ocorrência de guerras e desolações até o fim. É nesse tempo do fim que o tal príncipe fará aliança com muitos por uma semana (sete anos) e, na metade desta, introduzirá o “abominável da desolação”. E esse assolador agirá “até que a destruição, que já está determinada, se derrame sobre ele”.

O povo do príncipe são os emissários do mal a serviço do “mistério da injustiça” e do “espírito do anticristo”, operantes desde o primeiro século (2 Ts 2.7; 1 Jo 4.3). O príncipe assolador, por sua vez, é o Anticristo em pessoa (2 Ts 2.1-12), do qual “sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora” (Dn 11.31, ARA). Isso durará três anos e meio — ou mil duzentos e noventa dias —, período de tempo que alude à segunda metade da Grande Tribulação (12.11).

Segue-se que o “Ai das grávidas” não alude à fuga das mulheres israelitas, por ocasião da invasão romana do primeiro século. Refere-se, na verdade, à dificuldade de toda a população civil israelense, especialmente as mulheres gestantes, em escapar da chegada iminente dos exércitos do Anticristo. A advertência de Jesus se encontra entre dois fatos que ainda não se cumpriram. A abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, introduzido no lugar santo (Mt 24.15). E a “grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (Mt 24.21, ARA).

A Grande Tribulação, de fato, será a maior e mais terrível destruição jamais experimentada pelo mundo. Quando Israel, no fim da segunda metade desse período de juízos, estiver cercado pelos exércitos do Anticristo (Ap 16.13-16), os civis terão grande dificuldade para escapar dos bombardeios inimigos, principalmente as gestantes, os idosos, as pessoas com deficiência física, etc.

Observe que a advertência do Senhor estende-se também às mulheres que amamentam. Isso exclui qualquer possibilidade de interpretação fantasiosa das palavras do Senhor, como a de que as crianças serão arrancadas dos ventres maternos (invencionice da escatologia aterrorizante). Veja: “Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!” (Mt 24.19, ARA).



Fonte: CPAD News e ad piancó