Lição 3: Os Frutos da Obediência na Vida de Israel I


1º Trim. 2012 - Lição 3: Os Frutos da Obediência na Vida de Israel I
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2012
TEMA – A verdadeira prosperidade – a vida cristã abundante
COMENTARISTA: José Gonçalves
LIÇÃO 3 – OS FRUTOS DA OBEDIÊNCIA NA VIDA DE ISRAEL            
                  No Antigo Testamento, a prosperidade já era, sobretudo, um estado espiritual de comunhão com Deus.
INTRODUÇÃO
Israel foi formado por Deus para ser Sua propriedade peculiar dentre os povos, para ser reino sacerdotal e povo santo.
- Para cumprir este propósito de ser a “imagem de Deus” entre as nações, o Senhor fez promessas a Israel, que, inclusive, abrangiam bênçãos materiais.
I – O PROPÓSITO DA FORMAÇÃO DA NAÇÃO DE ISRAEL
Após a segunda rejeição a Deus de toda a humanidade, ocorrida em Babel, que fez com que o Senhor espalhasse todos os homens pela face da Terra, confundindo as suas línguas e dando origem às diversas nações (Gn.11:1-9), tem início uma nova fase na história da salvação do homem.
- Com efeito, Deus, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4), tratou de formar uma nação que fosse diferente das demais, uma “propriedade peculiar Sua dentre os povos”, a fim de que, por ela, fossem benditas todas as nações da Terra. Para tanto, chama Abrão de Ur dos caldeus, para dali dar início à formação deste povo distinto, a fim de tornar todas as nações da Terra benditas por seu intermédio (Gn.12:3).
- Notemos, pois, que o Senhor, dentro do Seu grande amor, queria voltar a abençoar o ser humano, como havia feito desde a sua criação (Gn.1:28), mas, para tanto, era necessário formar um povo que fosse diferente, que tivesse comunhão com Ele e, desta maneira, levasse as demais nações a um novo convívio com o Criador.
- Atendendo ao chamado de Deus por fé, Abrão deixou Ur dos caldeus e saiu para uma terra que ainda lhe seria mostrada, que foi a terra de Canaã (Gn.12:1,5-7). O Senhor, pois, de pronto, após a obediente resposta de Abrão a Seu chamado, disse que esta nação que seria formada teria por habitação a terra de Canaã.
- Vemos, pois, desde logo, que o objetivo de Deus na formação de Israel era a formação de um povo que fosse Seu na face da Terra, um povo que com Ele mantivesse a comunhão perdida com a queda no Éden e as sucessivas rejeições que resultaram no dilúvio e na confusão das línguas, comunhão que levasse os demais povos a se encontrar com Deus e que, para tanto, receberia uma porção de terra, a terra de Canaã, para ali viver e executar a sua missão sacerdotal.
O bem-estar na terra de Canaã, portanto, era um elemento acessório, ainda que necessário e importante, para que Israel cumprisse a sua missão sacerdotal diante dos demais povos da Terra. O objetivo primeiro de Deus era o estabelecimento de uma comunhão espiritual com Israel, comunhão que levasse esta nova nação a trazer os demais povos à presença do Senhor.
- O propósito de Deus, então, era o de fazer de Israel uma grande nação, não no sentido político-econômico, como demonstrou sempre a história deste povo, que, no seu auge político-econômico, nos reinados de Davi e de Salomão, nunca ultrapassou os limites da terra que foram prometidos por Deus a Abrão (Gn.15:18; Dt.11:24; I Rs.4:21), mas uma grande nação no sentido de ser “uma bênção” (Gn.12:1), ou seja, uma nação que estivesse sob a bênção de Deus e que fosse veículo da bênção de Deus para os demais povos.
- Tanto assim é que, conforme vimos na lição anterior, Abrão chegou a ter prosperidade material quando estava fora da direção do Senhor, quando de sua ida ao Egito (Gn.12:16), assim como Jacó também gozou de aumento patrimonial quando estava em Padã-Arã (Gn.31:6-9), sem que isto representasse que estivessem de acordo com a vontade do Senhor. Pelo contrário, em ambas as ocasiões, o Senhor interveio para que os patriarcas tornassem a servir a Deus, abandonando estes desvios espirituais (Gn.12:17-20; 31:3).
- Por isso, o Senhor formou a Israel por intermédio de milagres e não de uso de riquezas materiais ou posições elevadas entre os povos daquelas terras. A nação de Israel foi formada por ações sobrenaturais de Deus, pois Isaque, “o filho da promessa”, nasceu de um ventre amortecido (Hb.11:11,12), assim como o próprio Jacó, pois Rebeca era estéril (Gn.25:21), mesma situação de Raquel, que viria a ser a mãe de José e Benjamim (Gn.30:1,2,22).
- Mas, para mostrar também que todas as coisas da Terra Lhe pertencem, o Senhor também fez uso da maior potência político-econômica daquele tempo, o Egito, para ali dar fim à formação do Seu povo, mediante a vida de José, que tornado governador do Egito, pôde levar Israel, então apenas um clã de setenta pessoas (Gn.46:27), para ali se multiplicar e ser a nação separada por Deus dentre os povos para Lhe servir (Ex.1:7).
- Em virtude da sua grandeza obtida entre os egípcios, os israelitas foram escravizados, mas o Senhor dali os livrou por intermédio de Moisés e, quando o povo chegou ao Sinai, conforme havia sido dito pelo próprio Deus, para ali servi-l’O (Ex.3:12), formalizou-se a aliança entre Deus e Israel, segundo a qual Israel passaria a ser a “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”, “a nação sacerdotal de Deus e o povo santo” (Ex.19:5,6).
- A aliança firmada entre Deus e Israel fazia dos israelitas “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”, “um reino sacerdotal e um povo santo”. Era este o objetivo e a razão de ser de Israel, era este o seu papel na face da Terra.
Ser “propriedade peculiar de Deus dentre os povos” fazia de Israel um “bem de Deus”, ou seja, algo a ser cuidado pelo Senhor, algo a refletir a própria “imagem de Deus” diante das nações. Daí, naturalmente, deveria a nação israelita, na terra que lhe havia sido prometida pelo Senhor, ter condições exímias de habitabilidade, ainda mais numa cultura que considerava que a divindade da nação deveria bem demonstrar seu poder na terra habitada por esta nação.
Ser “reino sacerdotal e povo santo” importava em Israel ter de se apresentar como um país em que todos fossem sacerdotes, ou seja, todos estivessem prontos a oferecer sacrifícios a Deus e a serem mediadores entre Deus e os homens, assim como estarem separados dos demais povos, não se misturarem com eles, servindo única e exclusivamente a Deus e tendo uma vida sem pecado.
- Para que Israel pudesse ser “propriedade peculiar de Deus dentre os povos” e “um reino sacerdotal e um povo santo”, deveria, segundo a aliança firmada com Deus no Sinai, “diligentemente ouvir a voz de Deus e guardar o concerto firmado com o Senhor” (Ex.19:5).
O requisito, a condição para que Israel cumprisse o seu papel diante dos povos era a obediência, representada aqui pelo “ouvir a voz de Deus” e “guardar o concerto de Deus”. Por isso, quando repetia a lei para o povo pouco antes de sua morte, Moisés ter dito explicitamente aos israelitas: “Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti, senão que temas o Senhor, teu Deus, e que andes em todos os Seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor, e os Seus estatutos, que hoje te ordeno para o teu bem?” (Dt.10:12,13).
- Deus não muda (Ml.3:6) e, assim como deu ao primeiro casal as mais excelentes condições de vida no Éden (Gn.2:8,9), condicionando-as, porém, à obediência (Gn.2:16,17), também prometeu a Israel uma “terra que mana leite e mel”(Ex.3:8,17), desde que eles fossem igualmente obedientes ao Senhor.
As bênçãos que adviriam a Israel seriam, portanto, resultado direto da obediência que Israel tivesse em relação a Deus. Deus prometia abençoar Israel, prometia fazer de Israel uma bênção, desde que ele obedecesse ao Senhor e tudo para que se mostrasse diante das nações como “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”, como “um reino sacerdotal e um povo santo”.
OBS:“…Esta promessa se afirma ainda hoje, quando o israelita ocupa o seu lugar nas obras sociais do país onde ele vive, pois espalha as bênçãos ao seu redor por meio dos bons princípios ditados pela sua Lei, pelas boas obras, pelos numerosos exemplos de virtude e de santidade, glorificando assim o nome de Deus. Ele serve de modelo na sociedade onde vive. O país que, por uma razão ou outra, persegue o israelita, percebe, cedo ou tarde, o desaparecimento dos frutos que ele semeava com a sua presença.” (MELAMED, Meir Matzliah.Torá: a lei de Moisés, p.582). Pode-se dizer o mesmo de nós onde vivemos?
O propósito maior de Deus, portanto, era nitidamente espiritual e tinha por finalidade a salvação da humanidade, a restauração da comunhão perdida com o pecado. É este, também, o papel da Igreja, o povo de Deus da atual dispensação, com relação aos demais homens, com relação aos judeus e aos gentios.
- Nós fomos chamados, também, para ser “testemunhas de Cristo” (At.1:8), para levarmos Jesus até a humanidade, pregando, para isso, o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15). Somos chamados para ser “luz do mundo e sal da terra”, para ser instrumento para que os homens glorifiquem a Deus (Mt.5:13-16).
- Assim, eventuais bênçãos materiais que recebamos da parte do Senhor serão apenas um elemento para que cumpramos o nosso papel diante dos homens, jamais um meio para termos uma vida regalada sobre a face da Terra, pois, se assim o fizermos, deixando o Senhor de lado, estaremos tão somente assinando a nossa própria perdição, precisamente aquilo que Deus não quer nem para nós nem para cada um dos homens por ele criados.
II – OS FRUTOS DA OBEDIÊNCIA PARA ISRAEL
- Sendo obediente ao Senhor, Israel se tornaria, como já vimos, “propriedade peculiar de Deus dentre os povos”. O primeiro fruto desta obediência, portanto, seria o de ser um “bem especial do Senhor” diante das nações, a Sua “menina dos olhos” (Dt.32:10; Zc.2:8).
- A menina o olho ou pupila é “…a parte escura no centro do olho que muda de tamanho de acordo com a quantidade de luz que incide sobre ela, mas também pode ser uma aluna, uma discípula ou uma protegida. Originariamente, o Latim tinha pupus (“menino”) e pupa (“menina”, “boneca”), mais os diminutivos pupillus e pupilla. Numa bela metáfora, pupilla passou a designar a parte central da íris porque nela o observador enxerga uma miniatura de sua própria imagem refletida, semelhante a uma bonequinha.(…). Para não deixar dúvidas de que ambas as denominações têm origem comum, costumamos popularmente chamar também a pupila de menina do olho, de onde o Português desenvolveu o belíssimo costume de chamar de menina dos olhos a pessoa ou coisa que tem um significado muito especial para alguém: ‘A Microsoft é a menina dos olhos de Bill Gates’; ‘Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos’ (Provérbios 7:2) …” (MORENO, Claúdio. A menina dos olhos. Disponível em:http://wp.clicrbs.com.br/sualingua/2009/04/29/a-menina-dos-olhos/ Acesso em 30 nov. 2010).
A obediência ao Senhor faria de Israel “a menina dos Seus olhos”, ou seja, uma nação especial para Deus, um povo com quem o Senhor traria de forma distinta em relação aos demais povos. Não que isso signifique uma “acepção de pessoas”, pois Deus não faz acepção de pessoas, mas Israel foi formada de modo especial, para uma missão específica.
A obediência ao Senhor faria de Israel “um reino sacerdotal e um povo santo”, ou seja, Israel tinha de existir para ser mediador entre Deus e os homens, para oferecer sacrifícios ao Senhor. Toda a sua vida deveria estar voltada para a adoração a Deus, tinha que ter como objetivo a glorificação do nome do Senhor. Além disso, a nação não poderia se misturar com os demais povos, mantendo-se com uma identidade diferenciada, em virtude de seu papel especial em relação ao Senhor.
Para que isto se tornasse possível, o Senhor, então, fez a Israel algumas promessas, a fim de que, diante do quadro de maldição que vivia a terra em função do pecado, pudessem os israelitas cumprir o seu papel diante de Deus. Estávamos diante de um pacto e, para tanto, o Senhor tinha, também, assumido compromissos.
Estas promessas encontram-se elencadas em conjunto nos primeiros quatorze versículos do capítulo 28 do livro de Deuteronômio, um dos textos prediletos dos “teólogos da prosperidade” que, retirando o texto do contexto, tomam esta passagem como uma das “demonstrações” do que o Senhor tem prometido ao Seu povo a prosperidade material ou de que a prosperidade material é consequência direta da obediência a Deus, falsidades que devem ser prontamente afastadas pelos servos do Senhor.
- Teremos uma lição específica em que analisaremos o que das promessas bíblicas se refere a Israel e o que se refere à Igreja, razão pela qual não nos deteremos, neste presente estudo, a respeito do cabimento desta ou daquela promessa à Igreja, mas não podemos nos esquecer do contexto do capítulo 28 do livro de Deuteronômio, ou seja, de que se tratam de promessas feitas pelo Senhor a Israel para que tivesse ele condições de cumprir, a contento, o seu papel de “reino sacerdotal e povo santo”.
- Por primeiro, devemos nos lembrar que Israel é uma nação material, biológica, ou seja, formada por pessoas que pertencem a uma determinada descendência, ou seja, a linhagem de Abraão, Isaque e Jacó e que deveria habitar num território determinado, a terra de Canaã. Ora, em sendo assim, teria de ter condições físicas e materiais para poder cumprir o seu papel de ser “bênção” para todos os povos.
OBS: “…Lembremos que a terra prometida a Abraão não era uma terra ‘espiritual’; ela possuía dimensões, fronteiras e localização (Gn 15.18-20).…” (Semente da Vida Igreja Evangélica. O pacto palestino. Disponível em: http://www.igrejasementedavida.com.br/docs/escatologia-israel-historia/aula11.html Acesso em 29 nov. 2011).
- O contexto do capítulo 28 de Deuteronômio já muito nos elucida. Moisés, em seu discurso em que repetia a lei para o povo pouco antes de morrer, acabara de determinar aos anciãos de Israel que, em entrando na Terra Prometida, deveriam renovar o pacto firmado no Sinai, renovação do pacto que se faria com a divisão do povo em dois grupos, um que subiria ao monte Gerizim (as tribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamim) e outro que subiria ao monte Ebal (as tribos de Ruben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali).
- O grupo que estaria no monte Gerizim pronunciaria as bênçãos sobre o povo, decorrentes da obediência ao Senhor, enquanto que o grupo que estivesse no monte Ebal pronunciaria as maldições sobre o povo, decorrentes da desobediência ao Senhor (Dt.27:11-28). Através deste gesto, que os estudiosos da Bíblia chamaram de “pacto palestiniano” ou “pacto palestino”, gesto que foi realizado por Josué em meio à conquista da Terra Prometida (Js.8:30-35), o compromisso de servir a Deus foi selado na terra de Canaã.
OBS: “…O pacto palestino é a aliança feita entre Deus e Israel na terra de Moabe durante o Êxodo, antes de tomarem posse da terra (Dt 29.1; 30.1-8). Esta aliança estabelecia condições para que Israel desfrutasse da terra que lhes pertencia por direito.…” (Semente da Vida Igreja Evangélica. O pacto palestino. Disponível em: http://www.igrejasementedavida.com.br/docs/escatologia-israel-historia/aula11.html Acesso em 29 nov. 2011).
- Quando vemos esta determinação de Moisés, verificamos que a bênção e a maldição decorriam tão só do cumprimento da lei por parte de Israel. A obediência era o segredo para ser “bendito” ou “maldito”. Era por cumprir a lei e viver pelos mandamentos dados por Deus que Israel alcançaria a bênção ou a maldição (Dt.11:26-28).
- No entanto, como uma demonstração de que o povo estava a obedecer, ou não, ante a circunstância de que Israel era uma nação estabelecida num determinado território, o Senhor fez promessas de bênçãos materiais aos israelitas, para que eles pudessem se manter como nação independente das demais e com condições de levá-las a servir a Deus.
- Assim é que, já no capítulo 11 do livro de Deuteronômio, vemos que o Senhor traz os benefícios da obediência, a começar pela chuva a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que pudessem ser recolhidos o grão, o mosto e o azeite (Dt.11:14,15).
- Esta circunstância a respeito da chuva era fundamental para a sobrevivência de Israel que, em seu período de formação no Egito, vivia um outro regime, que era o da irrigação do Nilo, o único rio daquele país (Dt.11:10,11).
- Não é por acaso que a primeira forma de Deus mostrar Seu descontentamento com Israel ao longo da história sagrada era a falta de chuva sobre a Terra, que gerava fome e, consequentemente, necessidades para todo o povo, um eloquente sinal para que se buscasse a Deus e se descobrisse o que estava a ocorrer (cf. II Sm.21:1).
Em havendo obediência ao Senhor, Deus prometia a Israel a manutenção de seu sustento, as condições para que pudesse, do fruto da terra, obter a sua sobrevivência, para que, tendo com que comer, beber e vestir, pudesse exercer o seu papel de “reino sacerdotal e povo santo”.
- Vemos, pois, que o objetivo de Deus em prometer a chuva da terra não era o do enriquecimento para Israel como “pagamento de sua obediência”, nem tampouco a “fartura desmedida”, como “demonstração da santidade dos israelitas”, mas lhes dar condição para que, tendo com que comer, beber e vestir, não depender das demais nações e, assim, em independência, poder cumprir o propósito estabelecido para que servisse a Deus e fosse um veículo de aproximação entre Deus e os demais povos.
- O Senhor também prometeu erva no campo para que o gado pudesse se alimentar (Dt.11:15) e, desta maneira, servir não só de alimento para o povo, mas também para que pudessem ser feitos os sacrifícios exigidos pela lei. Todas as bênçãos materiais, como se vê, estavam umbilicalmente relacionadas com o papel assumido por Israel na aliança do Sinai.
- Ao mesmo tempo em que o Senhor prometia bênçãos materiais para Israel, não deixou de alertar os israelitas para que seus corações não se deixassem enganar pela prosperidade material e, com isso, se desviassem dos caminhos do Senhor, pois, se isto acontecesse, se o povo deixasse de servir a Deus por causa das bênçãos dadas por Deus, tais bênçãos desapareceriam, com o fechamento dos céus, a falta de água e o consequente perecimento por falta de condições de sobrevivência (Dt.11:16,17).
- É este, pois, o contexto do capítulo 28 do livro de Deuteronômio, ou seja, as consequências da obediência ao Senhor, a criação por parte de Deus das condições para que Israel cumprisse o propósito de Deus, que era o de ser uma referência entre as nações para que elas se voltassem ao Senhor.
- A “exaltação sobre todas as nações da Terra” prometida pelo Senhor a Israel se obedecesse aos Seus mandamentos (Dt.28:1) não era o de se tornar uma “potência político-econômica”, um “império”, mas, sim, de se tornar uma nação diferente das demais, com plenas condições de autossustento e que se distinguisse das outras pela sua maneira de viver, pela sua adoração a Deus.
- É precisamente o que se requer da Igreja em nossos dias. Nós somos exaltados não porque assumimos posições de destaque na sociedade, nem tampouco porque nos tornamos “endinheirados”, “poderosos” em termos político-econômicos, mas, sim, porque temos uma maneira de viver distinta que faz com que os homens venham a nos perguntar a razão da esperança que há em nós (I Pe.3:15), algo que advém da nossa santidade, daquilo que somos, não daquilo que porventura tenhamos.
- Os “teólogos da prosperidade”, entretanto, desvirtuam esta realidade bíblica, defendendo uma “exaltação” que é antibíblica e satânica. O salvo por Cristo Jesus não precisa ser um “milionário” para mostrar ao mundo que serve a Cristo, que é salvo e que vai para o céu. Não é através de uma “ostentação de riqueza” que iremos mostrar que servimos a Deus. Pelo contrário, a “ostentação de riquezas” nada mais é que a “soberba da vida”, um dos elementos que caracteriza o mundo sem Deus e sem salvação (I Jo.2:16).
OBS: A expressão “soberba da vida” encontrada nas Versões Almeida Revista Corrigida e Atualizada é traduzida na Nova Tradução na Linguagem de Hoje por “orgulhos pelas coisas da vida”; na Nova Versão Internacional, por “”ostentação dos bens” e na Tradução da CNBB por “ostentação da riqueza”. Portanto, o que os “teólogos da prosperidade” dizem ser “sinal de Deus na vida do salvo” não passa de um elemento característico do mundo e, neste caso, como a Bíblia nos ensina, “quem ama o mundo o amor do Pai não está nele”. Tomemos cuidado, amados irmãos!
A primeira bênção prometida a Israel pela sua obediência a Deus é de que “bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo”(Dt.28:3).
- Ora, desde logo, vemos que a primeira bênção está diretamente ligada ao propósito estatuído por Deus àquela nação, a de que seria uma bênção (Gn.12:2). A primeira bênção diz respeito ao próprio ser do israelita. Ele mesmo seria uma bênção, seja na cidade, seja no campo.
- Deus promete que Seu povo seja uma bênção, isto é, ele será um motivo para que todos que estejam com ele sejam abençoados. Ele é um canal de bênçãos, pois ele é “bendito”. Assim Jesus Se apresentou aos homens e assim foi aclamado quando adentrou em Jerusalém pela vez derradeira em Seu ministério terreno (Mt.21:9; Mc.11:9).
- Jesus foi aclamado como “bendito”, porque provou sê-lo ao andar fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At.10:38). Nós, como Seus imitadores (I Co.11:1; I Pe.2:21), também devemos nos comportar como Ele Se comportou, andando a fazer bem e a curar a todos os oprimidos do diabo. Assim, provaremos que somos “benditos”, que somos “luz do mundo e sal da terra”.
- Vemos, pois, que esta bênção primeira discrepa radicalmente do que é ensinado e estimulado pelos “teólogos da prosperidade”, que não falam de “pessoas abençoadas” que “façam bem e curem todos os oprimidos do diabo”, mas, sim, de pessoas que irão possuir muito para seu próprio deleite e regalo, sem se preocupar com o próximo e querendo sempre ganhar e ganhar cada vez mais. Tais “teólogos” estão a querer transformar os salvos em Cristo Jesus no rico da história de rico e Lázaro (Lc.16:19-31) e, que, como aquele rico, acabarão por passar para eternidade sem Deus e sem salvação, por ter amado as riquezas (I Tm.6:10). Que Deus nos guarde!
A segunda bênção prometida pelo Senhor a Israel pela sua obediência a Deus é a bênção do “fruto do ventre, do fruto da terra, do fruto dos animais, a criação das vacas e os rebanhos das ovelhas” (Dt.28:4). Aqui, o Senhor promete ao israelita fiel que abençoaria a sua descendência, algo necessário para a manutenção da existência da nação ao longo das gerações para que cumprisse o seu papel diante da humanidade, como também de todo o patrimônio, para que se tivesse a suficiência igualmente indispensável para a sobrevivência da nação.
- Observemos que o Senhor não prometeu a multiplicação indiscriminada, a acumulação de riquezas em virtude da obediência a Deus. Prometeu que a descendência e o patrimônio seriam abençoados, ou seja, seriam tais que permitiriam a manutenção da existência da nação ao longo das gerações. Não temos aqui um acúmulo desmedido, mas a promessa de que tudo contribuiria para o bem.
- Não resta dúvida de que Deus quer abençoar a nossa família e o nosso patrimônio, mas o objetivo desta bênção é a da manutenção da existência nossa ao longo das gerações para que cumpramos o propósito divino de sermos “luz do mundo e sal da terra”. Não há aqui qualquer promessa divina para que tenhamos uma “vida regalada”, para que sejamos “milionários”. Tudo isto não passa de distorção das Escrituras por parte destes agentes diabólicos que são os “teólogos da prosperidade”.
A terceira bênção refere-se à “bênção do cesto e da amassadeira” (Dt.28:5), ou seja, ao fato de que haveria não só boas colheitas, mas elas seriam aproveitadas, devidamente armazenadas e não perdidas ao longo do ano. Deus prometia não só uma produção suficiente, mas que haveria condições para que aquela produção fosse distribuída de maneira que todos pudessem ser satisfeitos em suas necessidades.
- Isto assume uma importância muito grande, pois sabemos que, na atualidade, muitos passam fome ao redor do mundo mas não é por falta de produção. O Senhor dá o necessário para o sustento de toda a humanidade, algo que, inclusive, é potencializado pelo desenvolvimento tecnológico que tem aumentado a produtividade. Entretanto, toda esta produção não é distribuída corretamente, de sorte que muitos passam fome e muito alimento é desperdiçado no mundo.
OBS: “…No entanto, há suficiente alimento no mundo para o sustento diário de todos os habitantes do planeta, afirma Benedikt Haerlin, da fundação Zukunftsstiftung Landwirtschaft, que apoia projetos ecológicos e sociais no setor agrícola. ’Hoje produzimos alimentos demais. Muito mais do que seria necessário para alimentar a população atual, sendo que ainda nem estamos perto de esgotar o potencial da alimentação direta. E, para pequenos produtores rurais, dobrar a produção custa pouco’, argumenta Haerlin, que participou da elaboração do Relatório Internacional sobre Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento (IAASTD, na sigla em inglês) de 2008.(…) ‘Se temos 1 bilhão de pessoas que passam fome por não ter dinheiro para comprar comida e outro bilhão de clinicamente obesos, alguma coisa está obviamente errada’, alerta Janice Jiggings, do Instituto Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento em Londres.(…) Já hoje existe mais comida que o necessário, garante o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. E sem cultivar um quilômetro quadrado que seja a mais, seria possível alimentar toda a população do planeta.’Ao mesmo tempo em que temos uma crise de alimentos, jogamos fora 30% a 40% dos alimentos produzidos. Ao invés de nos perguntarmos onde podemos encontrar mais terra para cultivar ou se será preciso plantar na Lua, deveríamos olhar para o nosso quintal. Temos que encontrar estímulos financeiros para evitar que se jogue comida fora’, conclui.” (JEPPESEN, H; ZAWADZKY, K e ABDELMALAK, R. Rev. de Augusto Valente. Fome é causada pela má distribuição e não pela falta de alimentos. Deutsche Welle, 15 out. 2009. Disponível em:http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4792836,00.htmlAcesso em 29 nov. 2011).
- Para demonstrar Seu desagrado para com o povo, Deus, por vezes, não apenas fez cessar a chuva da terra, mas também impediu que houvesse distribuição e armazenamento do que se produziu, como ocorreu nos dias seguintes ao retorno do cativeiro, quando o povo negligenciou na reconstrução do templo em Jerusalém, como se deixou claro na mensagem do profeta Ageu (Ag.1:5,6).
A quarta bênção prometida pelo Senhor em decorrência da obediência a Deus é a “bênção da entrada e a bênção da saída”(Dt.28:6). A Nova Versão Internacional e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduzem esta benção como “a benção em tudo o que fizerem”. Trata-se da promessa de sucesso e de bom êxito em todas as ações que forem realizadas pelo povo.
- O Senhor Jesus ensinou-nos que nada podemos fazer sem Ele (Jo.15:5 “in fine”). Assim, quando o Senhor promete a Israel que ele seria bem sucedido em tudo quanto fizesse, estava a prometer que estaria com o Seu povo em todos os momentos, em se mantendo a comunhão com Ele.
- Israel, estando em comunhão com o Senhor, tudo faria para cumprir o seu papel diante das nações, ou seja, estaria a tomar atitudes sempre com o objetivo de glorificar e adorar ao Senhor, de fazer com que as nações se aproximassem de Deus. Eis a razão pela qual todas estas ações seriam bem sucedidas, porque seriam do agrado do Senhor e teriam por finalidade a glória do Seu nome.
- Não é por outro motivo, pois, que Israel jamais se constituiu em uma nação imperialista, que visava dominar os povos da Terra, jamais saiu no encalço dos outros povos para construir um “império”. Não era este o seu objetivo, não era para isto que havia sido constituída, mas, sim, para levar o nome do Senhor para os demais povos e, assim, como mediadores entre eles e o Senhor, levá-los à comunhão com o Criador.
- Mesmo nos dias de Davi, o grande guerreiro da história sagrada, Israel não foi além das fronteiras estatuídas por Deus a Abraão, fronteiras que foram mantidas por Salomão, cujo reinado caracterizou-se pela paz, pela ausência de conflitos armados com os povos vizinhos.
A prosperidade material, portanto, tinha um só propósito: dar condições a que o papel espiritual de Israel fosse cumprido. Os frutos materiais da obediência ao Senhor não visavam, em absoluto, uma vida regalada, uma vida voltada para os prazeres deste mundo, mas tão somente a criação de meios para que Israel se dedicasse a servir a Deus diante das demais nações.
- Por isso, o Senhor prometeu a Israel que entregaria os inimigos que se levantassem contra ele (Dt.28:7). Notemos que o Senhor promete proteger Israel das investidas dos inimigos, mas, em momento algum, determinava que Israel fosse invadir outras terras, salvo, logicamente, as cidades ocupadas na terra de Canaã, que Deus lhes havia dado.
- Esta agressividade competitiva defendida, hodiernamente, pelos “teólogos da prosperidade”, esta ganância desmedida estimulada por estes agentes satânicos não tem, como se vê, qualquer respaldo bíblico, nem mesmo no capítulo 28 do livro de Deuteronômio. Quem põe sua esperança e confiança no dinheiro, jamais se satisfará e tudo isto, diz Salomão, é vaidade (Ec.5:10). Fujamos, pois, desta pregação do deus Mamom, pois quem serve ao dinheiro, jamais servirá ao Senhor (Mt.6:24).
- O Senhor prometia a bênção material para Israel “na terra que te der o Senhor teu Deus” (Dt.28;8), a confirmar o que já temos dito algumas vezes no presente estudo, ou seja, de que as bênçãos materiais tinham o propósito de criar condições para que Israel fosse “reino sacerdotal e povo santo”. Era este o objetivo de abençoar os celeiros e tudo em que os israelitas pusessem a mão (Dt.28:8).
- O Senhor, através destas bênçãos materiais, tinha por propósito confirmar a Israel como “povo santo”, para mostrar às demais nações que era “o povo chamado pelo nome do Senhor” (Dt.28:10) e, por este motivo, os povos teriam temor de Israel, expressão que não significava apenas “medo”, mas, muito mais do que isto, respeito e consideração, atitudes que fariam com que os povos se interessassem em saber porque Israel era assim e, deste modo, pelo testemunho apresentado pelos israelitas, pudessem se aproximar do Senhor.
- Toda a abundância de bens prometida pelo Senhor(Dt.28:11,12) tinha por objetivo a “confirmação da santidade” do povo de Israel e, portanto, não poderia jamais serem bens utilizados para a prática do pecado. O que os “teólogos da prosperidade” de nossos dias não explicam é qual o uso e qual o objetivo com que Deus prometia abençoar Israel. Assim, sem tal explicação, acabam por incitar no povo incauto o desejo pela vaidade, o desejo pela acumulação, o desejo pelo enriquecimento. Já perceberam que os “testemunhos” apresentados por este tipo de gente só traz pessoas que dizem ter hoje uma “vida regalada”? Quantos já ouviram “testemunhos de prosperidade” em que a abundância supostamente recebida é utilizada para “confirmação da santidade”, para a glória do nome do Senhor?
- Tanto assim é que a abundância patrimonial prometida a Israel é dita que será aproveitada para que houvesse “empréstimos a muitas gentes”, ou seja, o que sobrasse eventualmente do produzido, das riquezas auferidas, deveria ser “emprestada” a outros povos, empréstimos que não poderiam ser usurários, com propósito de exploração das outras nações, algo que era vedado pela lei, que mandava que o estrangeiro fosse bem tratado, visto que Israel havia sido povo estrangeiro no Egito (Ex.22:21; 23:9; Lv.19:33,34; Dt.10:19).
- A posição superior também prometida a Israel (Dt.28:13) não era, de modo algum, uma posição de ostentação, para que houvesse a opressão dos demais povos, mas uma posição de destaque para que todos se aproximassem do Senhor, para que, por meio de Israel, todas as nações se apresentassem a Deus, cumprindo-se, deste modo, o papel de “reino sacerdotal” estatuído a Israel no Sinai.
- Tratava-se, portanto, de um destaque, de uma demonstração de grandeza espiritual, que levassem os povos a servir a Deus, a reconhecer que o Senhor estava com Israel e que era o único Senhor e Deus (Dt.6:4), realidade que é o centro da própria fé israelita e que é enunciada logo após que se adverte o povo a servir ao Senhor em toda a lei (Dt.6:1-3).
“Ser cabeça e não, cauda”, portanto, nada tem que ver com ostentação, fama ou assunção de uma posição social invejável, como se diz por aí pelos “teólogos e pregadores da prosperidade”, mas, antes, em se estar “espiritualmente por cima”, ou seja, de se manter em pé, em comunhão com o Senhor, cumprindo-se o que Deus quer de cada um de nós.
- Além destas bênçãos constantes do capítulo 28 do livro de Deuteronômio, temos, também, a promessa dada pelo Senhor logo no início da jornada no deserto, em Mara, quando o Senhor deu “estatutos e uma ordenação” a Israel (Ex.15:25).
- Ali, o Senhor deu a promessa da “bênção da saúde”, quando disse a Israel que, se ele fosse obediente, não poria nenhuma das enfermidades que havia posto sobre o Egito, porquanto Ele era o “Senhor que sara” (Javé-Rafá) (Ex.15:26).
- Com base nesta promessa dada pelo Senhor a Israel, há aqueles que também defendem uma “imunidade contra doenças” por parte de Deus a todos quantos forem fiéis ao Senhor. A doença, dizem aqueles defensores da “teologia da confissão positiva”, seria uma prova de desobediência, um sinal de pecado.
- Nada mais falso, porém, amados irmãos! A promessa feita pelo Senhor era, sim, de saúde, mas, notemos o que se diz: “nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito”. Ora, quais as enfermidades que Deus havia posto sobre o Egito? As pragas decorrentes do endurecimento do coração de Faraó, os juízos consequentes da resistência à ordem do Senhor para que o povo saísse da escravidão no Egito.
A promessa que Deus dava a Israel, portanto, não era de “imunidade contra as doenças”, de “saúde eterna”, até porque, conforme já vimos, nas próprias promessas dadas a Israel, estava a da bênção do fruto do ventre, para continuidade da existência biológica do povo, prova de que as pessoas haveriam de morrer, porquanto estamos no mundo e a morte física é um juízo estatuído por Deus a toda a humanidade por causa do pecado.
A promessa que Deus dava a Israel é de que, se ele fosse obediente ao Senhor, não haveria como pragas e juízos em forma de enfermidades fossem lançados sobre o povo como haviam sido sobre o Egito. A obediência livra-nos de todas as enfermidades que resultam de juízos divinos, que resultam de maldições, tanto que, se houvesse desobediência, tais doenças se manifestariam no meio do povo de Israel (Dt.28:21,22,60,61).
- Tanto assim é que um grande profeta levantado por Deus, Eliseu, morreu por causa de uma enfermidade (II Rs.13:14), doença esta que não era resultado de pecado algum, tanto que, mesmo depois de morto, ainda foi contabilizado um milagre a Eliseu, a ressurreição de um morto que tocou em seus ossos (II Rs.13:21).
- Como diz Norbert Leith, “…Tantos vivem um cristianismo tenso porque são levados a crer que precisam ser curados de qualquer maneira. Dessa forma, muitos enfrentam os maiores problemas quando a cura não vem. O Novo Testamento fala de sofrimento físico em muitas passagens. E os cristãos não estão isentos dele; pelo contrário, são exortados a suportar os sofrimentos com ânimo e coragem.(…) cremos que Deus fa milagres ainda hoje e cura pessoas; cremos que devemos orar por elas. Mas como em todos os assuntos, a fé na cura deveria estar embasada na Escritura como um todo, para que não sejamos levados pelo engano.” (O que Jesus não carregou na cruz.  Chamada da meia-noite, ago. 2011, ano 42, n. 8, p.20).
- A saúde aqui também está vinculada à missão que Israel deveria realizar para o Senhor diante das nações. Israel não seria atingida por juízo divino algum para que pudesse ser “reino sacerdotal e povo santo”, para que pudesse levar as nações à comunhão com o Senhor.
OBS: O sábio judeu Rashbam, nome pelo qual é conhecido Samuel ben Meir (1085-1158), afirma o seguinte sobre esta promessa divina: “…D’us também prometeu aos judeus que se eles aceitassem as mitsvot [os mandamentos, observação nossa], Ele tomaria conta de todas as suas necessidades. Esta é a implicação do versículo: ‘então Eu não lhe atingirei com quaisquer das doenças que Eu trouxe ao Egito, pois Eu sou D’us que lhe cura’ (v.26) i.é, a praga (‘doença’) de sangue que aconteceu no Egito, impedindo os egípcios de ter água potável, não será colocada nos judeus, se eles observarem os preceitos.” (CHUMASH: o livro de Êxodo. Compil. e adapt. por Rabino Chaim Miller, p.106) (destaque original).
- Como notamos, portanto, o Senhor estava disposto, sim, a dar prosperidade material a Israel, mas como uma forma de permitir que os israelitas cumprissem o propósito maior de ser “reino sacerdotal e povo santo”, algo bem diferente do que se anda ensinando por aí pelos falsos pregadores da prosperidade.
- De igual modo, a Igreja, para bem cumprir a sua missão de evangelizar o mundo, tem, também, da parte de Deus, promessas condicionadas à sua obediência, mas jamais para que tenha uma vida regalada aqui na Terra, mas para que possa ser “luz do mundo” e “sal da terra”. Temos consciência disto?
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco.