"Tomé, (...) não estava com os discípulos quando Jesus apareceu. Os outros discípulos lhe disseram: "Vimos o Senhor!" Mas ele lhes disse: "Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, (...) e não puser a minha mão no seu lado, não crerei". Uma semana mais tarde (...) Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: "Paz seja com vocês!" E Jesus disse a Tomé: "Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia". Disse-lhe Tomé: "Senhor meu e Deus meu!"
(Trechos de João 20. 24- 28 – NVI).
Mesmo depois de ressurreto; mesmo depois de glorificado; mesmo depois de ter todo o poder nos céus e na terra, vemos Jesus usando ao máximo a sua humanidade. Essa mesma humanidade que por vezes consideramos tão fraca e influenciável.
O Jesus que de forma sobrenatural atravessou portas tão bem trancadas, ainda trazia as feridas abertas em suas mãos e costelas. Sua única finalidade era dar testemunho que aquele homem, era de fato quem dizia ser. É possível que por causa da dor, desejasse ele logo depois daquilo fechar aquelas feridas. Sabemos que num primeiro momento, feridas abertas sangram e provocam dor. Depois, o sangue estanca e só a dor permanece.
Jesus era capaz de suportar a dor de uma ferida aberta, se isso significasse o fortalecimento da crença de outros (Cl 1. 24). E esse é um dos maiores mistérios do "ministério" (II Tm 2. 3). Se Jesus pretendia fechar aquelas feridas depois do encontro, seus planos foram adiados por Tomé. Por que Tomé não havia crido, era preciso suportar a dor daquela ferida por mais um tempo. Um Deus que está em todo lugar, ferido. Que atravessa portas com ferimentos na costela, que derruba as portas do inferno com as mãos feridas. As mesmas mãos que partiram o pão para os discípulos do caminho de Emaús.
A verdade é que Tomé adiou a cicatrização de Suas feridas.Ele as deixou abertas para que ele pudesse crer, crescer e ser incluído. Um ministro verdadeiro é capaz à exemplo de Jesus, de suportar a dor de uma ferida aberta para que outros alcancem a estatura de varões perfeitos (Ef 4. 13). Vivo numa geração que cura suas feridas com vingança e retaliação. Líderes que acreditam que o ministério lhes confere o direito de não serem machucados por ninguém; que não manteriam uma ferida aberta por amor (Gl 6. 17). Que mais se parecem com faraós do que com ministros do Evangelho (II Tm 4. 5). Pequenos reis em feudos criados para seu prazer e sustento. Que vêem a igreja como sua pessoa jurídica.
Se nós crêssemos, não haveria tantas pessoas machucadas (II Co 1. 5). E não é por isso que há muitos fracos, doentes, e não poucos os que dormem? Tenho minhas dúvidas se as feridas das mãos de Jesus cicatrizaram por completo. Precisamos voltar a escola da dor, que a teologia da prosperidade tenta destruir com seu supletivo maldito. Sofrer pelos homens que um dia serão capazes de transformar o entendimento do mundo. Ter força, mesmo que ferido, para arrancar a incredulidade dos corações. Deixar Jesus nos mostrar o quanto devemos sofrer pelo Seu nome (At 20. 23). Isso é ministério!
Ney Gomes
*Tudo o que passou é experiência.O agora é relacionamento e o que está por vir é desafio.
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Postado por Blogger no Grãos de Entendimento em 19/2/2012 fonte http://www.portalebd.org.br/
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