1º Trim. 2012 - Lição 10: Uma Igreja Verdadeira Próspera I


1º Trim. 2012 - Lição 10: Uma Igreja Verdadeira Próspera I
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2012

TEMA – A verdadeira prosperidade – a vida cristã abundante

COMENTARISTA : José Gonçalves

ESBOÇO Nº 10
LIÇÃO Nº 10 – UMA IGREJA VERDADEIRAMENTE PRÓSPERA
                                   A prosperidade da Igreja mede-se pelo cumprimento de seu propósito diante de Deus.
INTRODUÇÃO
- No início do terceiro e último bloco deste trimestre letivo, estudaremos qual é a verdadeira prosperidade bíblica.
Para entendermos que é a verdadeira prosperidade bíblica, é preciso sabermos qual o propósito da Igreja sobre a face da Terra.
I – ISRAEL E A IGREJA
- Damos início ao terceiro e último bloco do estudo deste trimestre, em que estaremos a estudar a verdadeira prosperidade bíblica, depois de vermos o que é prosperidade na Bíblia e os principais pontos que a “teologia da prosperidade” tem distorcido da sã doutrina para ensinar as suas falácias.
- Ao estudarmos a doutrina bíblica da prosperidade, faz-se preciso, de pronto, verificarmos qual o propósito de Deus para a Igreja, visto que a prosperidade, como vimos, é um estado de felicidade, de abundância, de fartura, sobretudo espiritual, que somente advém ao homem quando ele está em paz com Deus, quando cumpre o propósito estabelecido pelo Senhor ao ser humano.
- Com a entrada do pecado no mundo, o homem deixou de cumprir os propósitos estabelecidos por Deus a ele, tendo, porém, o Senhor iniciado a executar o plano para a salvação da humanidade, já previsto desde antes da fundação do mundo, a fim de propiciar ao homem a oportunidade de se reconciliar com o seu Criador.
- Neste propósito para a salvação do homem, o Senhor teve, na terra, desde os primórdios, um povo através do qual manifestasse o Seu amor para com todos os homens. Assim, a descendência de Sete foi a primeira linhagem piedosa da Terra, pois, com ela, se começou a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26), linhagem, porém, que cedo se perverteu com os descendentes de Caim (Gn.6:1,2) e que levou o Senhor a destruir toda a raça humana com o dilúvio (Gn.6:6,7), com exceção de Noé e de sua família (Gn.6:8).
- Após o dilúvio, com Noé e sua família, o Senhor repovoou a terra, mas esta comunidade única pós-diluviana também se rebelou contra o Senhor, que, então, espalhou a todos sobre a face da Terra com o juízo de Babel (Gn.11:1-9). Desta comunidade única é que surgiram as nações que há sobre a face da Terra, que formam os “gentios” mencionados nas Escrituras.
- Como os “gentios” haviam se rebelado contra Deus, o Senhor decidiu, então, formar uma nação que fosse sua “propriedade peculiar dentre os povos”, “um povo santo e reino sacerdotal” (Ex.19:5,6) e, por isso, chamou Abrão de Ur dos caldeus para dar início à execução deste projeto. Com Abraão, Isaque e Jacó, Deus dá início à formação do povo de Israel.
Através de Israel, portanto, o Senhor queria Se fazer conhecido das nações e promover a reconciliação da humanidade com o seu Criador. Escolheu a terra de Canaã para a instalação deste povo e lhe deu a lei a fim de que, pelo seu viver diferente, todas as nações pudessem entender que há um único Deus, Senhor de todas as coisas e que é preciso obedecer-Lhe para que o homem alcance o propósito estabelecido pelo Senhor.
- Como temos visto ao longo deste trimestre, o fato de Israel ser uma nação biológica e física, fez com que muitas das bênçãos prometidas por Deus a este povo fossem materiais, pois, se assim não fosse, não haveria como o Senhor mostrar aos demais povos a Sua existência e a falsidade dos demais deuses adorados pelas demais gentes.
- Mesmo assim, como também já vimos ao longo deste trimestre, Deus não deixou de dar prioridade ao aspecto espiritual do relacionamento com o Seu povo, não fazendo de Israel um “império”, tendo, mesmo no auge da história de Israel, nos reinados de Davi e Salomão, demonstrado, claramente, que o Seu povo tinha por proeminência o relacionamento com Deus, uma atitude espiritual diferenciada, um “modus vivendi” completamente diverso do que havia entre as demais nações.
O papel de Israel era ser “povo santo” e “reino sacerdotal”, ou seja, sua função sobre a face da Terra era o de ser um “povo separado do pecado” e um “reino de sacerdotes”, i.e., “reino formado por mediadores entre Deus e os homens”. Assim, os israelitas se distinguiam dos demais povos porque adoravam a um único Deus e não tinham os costumes pecaminosos dos demais povos como a idolatria, a luxúria e tantas outras coisas presentes em todas as demais nações; porque nem sequer tinham um rei, pois o rei era o próprio Senhor e, por fim, um povo que buscava levar os demais povos a um contato com este único Deus, sem qualquer intenção de dominação, como faziam os demais povos, que, inclusive, não se preocupavam que os povos dominados continuassem a servir aos seus deuses.
- Infelizmente, Israel falhou neste propósito estabelecido pelo Senhor. Embora no monte Sinai tivessem assumido o compromisso de servir a Deus e a aceitar a lei, os israelitas logo quebraram a aliança ali firmada (Ex.24:5-8). Quarenta dias depois desta aliança, os israelitas já adoraram um bezerro de ouro (Ex.32) e, como resultado disto, somente uma tribo foi chamada para exercer o sacerdócio, a tribo de Levi (Nm.3:1-13).
- Como se não bastasse a perda da qualidade sacerdotal de todo o povo de Israel, os israelitas, ao ingressarem na Terra Prometida, não destruíram totalmente os povos que ali habitavam e, como resultado disto, acabaram se envolvendo com a idolatria, deixando, também, de viver separados do pecado (Jz.2:1-6,10-23), envolvimento que os fez sofrer as maldições já previstas na lei (Dt.28:15-68) e que levaram à destruição das dez tribos do norte (II Rs.17:1-23) e ao cativeiro das três tribos do sul por setenta anos na Babilônia (II Cr.36:15-23).
OBS: Os levitas, quando Jeroboão estabeleceu o culto aos bezerros de ouro instalados em Betel e Dã, deixaram o reino do norte e foram habitar com as tribos de Judá e de Benjamim no reino do sul, por isso falamos em três tribos do Sul (I Rs.11:13-15). Lembramos que a tribo de José é contada como duas tribos: Manassés e Efraim (Js.14:4). Por isso, a soma dá treze e não doze tribos.
- Mas, a própria condição de “reino” diferente foi também retirada de Israel. Os israelitas nunca foram submissos ao Senhor, tanto que, no período dos juízes, faziam o que bem queriam (Jz.21:25), em vez de servirem a Deus, o seu verdadeiro rei (I Sm.8:7). E isto se intensificou quando o povo pediu a Samuel, o último juiz, que fosse constituído “um rei sobre eles, para que ele os julgasse como o tinham todas as nações” (I Sm.8:5).
- Israel, então, passou a ter reis como todas as demais nações, perdendo, também, esta nota distintiva. Se, no início, os israelitas se submeteram à vontade divina na escolha do rei, o fato é que, pelo menos o reino do norte passou, num determinado instante (a partir do fim da dinastia de Jeú, cf. II Rs.15:8-12), a escolher seus reis sem qualquer consulta ao Senhor (cf. Os.8:4), descaracterizando-se, por completo, pois, o papel que Israel deveria exercer entre as nações.
Diante da total inobservância por Israel dos compromissos que havia assumido no monte Sinai, renovados quando da entrada em Canaã nos montes Gerizim e Ebal, o Senhor não deixou de advertir Seu povo de que necessária era uma nova aliança, um novo concerto, para que se mantivesse o propósito divino para a salvação da humanidade.
- O descumprimento da lei por Israel fez com que aquela aliança firmada no Sinai se tornasse “velha”, ou seja, “perto de se acabar” (Hb.8:13), motivo pelo qual Deus levantou profetas anunciando que haveria uma “nova aliança”, um “novo concerto” (Jr.31:31-33), a fim de que Israel pudesse cumprir o seu papel de “povo santo e reino sacerdotal”.
- Esta nova aliança, este novo tempo seria estabelecido pelo Messias, pelo Filho de Davi, que passou a ser ansiosamente guardado pelo povo de Israel, que, com o cativeiro da Babilônia, entendeu que a velha aliança tinha perdido a sua eficácia, já que o povo, embora tivesse sido mantido existente, ainda que identificada somente em três tribos inteiras, voltou para Canaã mas sem independência política, servindo a outras nações dali por diante (Ne.9:36-38).
- Entretanto, ao retornarem do cativeiro, os judeus (agora assim chamados visto que o remanescente era do reino de Judá – II Rs.16:6; Ed.4:12), embora tivessem abandonado a idolatria, continuaram a se misturar com os povos das terras, o que foi erradicado tanto por Esdras e Neemias, mas deixaram de servir a Deus com entusiasmo, passando a uma indiferença que foi duramente denunciada pelo profeta Malaquias e que levou o Senhor a um silêncio profético de mais ou menos quatrocentos anos.
- Depois deste silêncio profético, Deus levanta João Batista com a mensagem de arrependimento aos judeus, a fim de que eles pudessem receber o novo concerto. A mensagem de João Batista era inovadora, pois mostrava aos judeus que eles não se salvariam apenas pela etnia, mas tinham de se arrepender de seus pecados (Mt.3:7-9; Lc.3:7,8).
- Na sua pregação, João Batista torna mais explícito algo que já era anunciado pelos profetas que o haviam antecedido, ou seja, de que, em o novo concerto, na nova aliança, haveria também alcance aos gentios. João diz que Deus poderia “suscitar das pedras filhos a Abraão” e que “a árvore que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo” (Mt.3:10; Lc.3:9), dando a entender que, se Israel não se convertesse, a “filiação de Abraão” passaria a outros povos.
- Esta mensagem de João corroborava o que já havia sido dito por Isaías que anunciava que o Messias, o “Servo do Senhor” seria “chamado em justiça, tomado pela mão, guardado e dado por concerto do povo e para luz dos gentios” (Is.42:6) e, porque “Israel não se deixou ajuntar” (Is.49:5), seria “luz dos gentios, para ser a salvação do Senhor até à extremidade da terra” (Is.49:6).
O Senhor Jesus, o Messias prometido, veio, então, devidamente apresentado por João Batista (Jo.1:26-34), “para as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt.15:24), oferecendo-lhes o novo concerto, a nova aliança, para que tivessem a lei do Senhor inscrita em seus corações.
- Entretanto, Israel O rejeitou (Jo.1:11; 11:46-53), de forma que a nova aliança foi destinada, como profetizado, a todos quantos creram em Cristo e aceitaram esta oferta, tanto judeus quanto gentios (Is.49:6; Jo.1:12; Ef.2:11-16).
- Ocorreu, então, o que Jesus já havia sinalizado na parábola da figueira estéril (Lc.13:6-9), ou seja, após três anos de ministério, a figueira, que é Israel, não aceitou a oferta do Messias e, por isso, foi cortada, como, aliás, já havia sido dito por João Batista e, no lugar do corte, foi enxertado o zambujeiro, feito participante da raiz e da seiva da oliveira, que é Cristo Jesus (Rm.11:17-21), ou seja, os gentios, que, juntamente com os judeus que creram, formaram um novo povo de Deus: a Igreja.
- É importante salientar que, apesar de Israel ter rejeitado a Deus, o Senhor não rejeitou o Seu povo (Rm.11:1-5), até porque não cumpriu ele, ainda, o propósito de ser “povo santo e reino sacerdotal” do Senhor, de forma que há promessa para a salvação do remanescente de Israel, não por etnia, mas por fé em Cristo Jesus (Rm.11:23-32).
- Por isso, razão não têm alguns estudiosos das Escrituras que não aceitam a existência de “dois povos de Deus”, defendendo que Israel foi substituído pela Igreja e que, portanto, não há mais qualquer papel de Israel no plano de Deus para a humanidade.
- O apóstolo Paulo, sendo o “apóstolo dos gentios” (Rm.11:13), deixou isto bem claro, ao mostrar que o fato de a Igreja ter surgido em virtude da rejeição de Israel, isto em nada retira o papel que Deus reservou a Israel, papel este que será concretizado e cumprido quando do fim da “plenitude dos gentios”, que é a dispensação da graça, quando, então, se cumprirão todas as profecias messiânicas, com o reino milenial de Cristo.
- Israel não deixou de ser o povo de Deus e a manutenção da identidade ao longo destes séculos é a maior prova disto. Israel está em “estado de profundo sono espiritual” (Rm.11:8) até o instante em que receber vida para ser “o povo santo e o reino sacerdotal” que Deus disse que seria, nunca tendo deixado de ser “a propriedade peculiar de Deus dentre as nações”.
- No entanto, ante a vinda do Messias e a rejeição por Israel, o Senhor constituiu entre aqueles que receberam a Cristo Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador, um povo, formado de judeus e gentios, que são os legítimos “filhos da promessa”, que são os autênticos “filhos de Abraão”, filhos espirituais, a trazer a salvação proporcionada por Jesus. Este é o “Israel de Deus” mencionado por Paulo em Gl.6:16, um povo formado de “novas criaturas” (Gl.6:15), um povo que está “em Cristo Jesus”, na “videira verdadeira” (Jo.15:1-5), um povo para quem “o mundo está crucificado para eles e eles para o mundo” (Gl.6:14).
- Por isso, a humanidade, aos olhos de Deus, constitui-se de três povos: gentios, judeus e a Igreja (I Co.10:32). Os gentios, aqueles que se rebelaram contra Deus e se mantêm em seus delitos e pecados; os judeus, aqueles que rejeitaram Jesus como o Messias e que se encontram “em profundo sono espiritual”; a Igreja, aqueles judeus e gentios que creram em Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador e que desfrutam do perdão dos pecados e da comunhão com Deus.
- Isto explica, pois, que o que Deus tem reservado para Israel nem sempre é para a Igreja, como já tivemos ocasião de estudar na lição 5 deste trimestre e que não se pode, de modo algum, entender que a prosperidade prevista para Israel seja automaticamente transferida para a Igreja.
- Israel estava, e ainda está, sob a lei, visto que rejeitou o novo concerto e, por isso, seu patamar não alcançou a “bênção de Abraão”. A Igreja, por sua vez, tendo aceitado a graça que veio por Jesus (Jo.1:17), encontrou o nível, a dimensão da promessa dada a Abraão (Gl.3:14). E qual é esta bênção? É a justificação pela fé, a comunhão com Deus, o perdão dos pecados, a filiação divina, a vida eterna (Gl.3:26; Rm.4:3,23-25; Rm.8:1,2; Jo.5:24).
II – A IGREJA E A SUA MISSÃO
- Entendida a distinção entre Israel e a Igreja, temos de verificar qual é o papel que Deus reservou para a Igreja sobre a face da Terra. Ao revelar o “mistério da Igreja”, Jesus disse que “edificaria a Sua Igreja e as portas do inferno não prevaleceriam contra ela” (Mt.16:18). O Senhor, então, de pronto, mostrava que a Igreja seria um povo edificado por Ele, pertencente a Ele e que seria combatido pelo maligno, pelo príncipe deste século.
- Este combate tem sua razão de ser, pois, o objetivo da Igreja, como nos explica o apóstolo Paulo, é ser um povo que “tenha acesso ao Pai em um mesmo Espírito, crescendo bem ajustado como templo santo no Santo, edificados para morada de Deus em Espírito” (Ef.2:18-22).
A Igreja é “o corpo de Cristo” (I Co.12:27) e, como tal, devemos evangelizar a paz, como Ele o fez (Ef.2:17) e nos ordenou fazer (Mt.28:18-20; Mc.16:15). Como “corpo de Cristo”, devemos dar fruto permanente para Deus (Jo.15:16; Rm.7:4).
Como “corpo de Cristo”, devemos prosseguir o que Jesus fez, enquanto esteve em corpo físico sobre esta Terra, ou seja, “andar fazendo bem e curar todos os oprimidos do diabo” (At.10:38).
Como “corpo de Cristo”, temos de prosseguir o tríplice ofício desempenhado por Jesus enquanto esteve aqui na Terra, qual seja, o de “rei” (Jo.18:37), o de “profeta” (Jo.9:17) e o de “sacerdote” (Hb.6:20).
- Jesus, ao exercer este tríplice ofício, cumpriu o que estava determinado para Israel. Os israelitas, conforme já vimos, deveriam ser “povo santo e reino sacerdotal”, ou seja, deveriam exercer o papel de “reino”, de “sacerdotes” e de “profetas”. No entanto, fracassaram em todos estes papéis.
- À Igreja, agora, como “corpo de Cristo”, cabe desempenhar este tríplice ofício. A Igreja é “um reino que não é deste mundo” (Jo.18:36), “o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncie as virtudes d’Aquele que a chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (I Pe.2:9).
A primeira razão de ser da Igreja, portanto, é a pregação do Evangelho aos judeus e aos gentios, ou seja, a anúncio da boa-nova, da boa notícia de que Deus enviou o Seu Filho ao mundo para que todo aquele que n’Ele crê não pereça mas tenha a vida eterna (Jo.3:16). Jesus deixou isto bem claro ao determinar aos discípulos que pregassem o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15).
-A Igreja existe para pregar o Evangelho, para continuar a pregação de Jesus (Mc.1:14,15). Este, aliás, é um dos motivos pelos quais a Igreja é chamada de “o corpo de Cristo”, pois deve continuar a fazer o que Jesus fez. Enquanto esteve em Seu ministério terreno, o Senhor ia por todas as partes de Israel pregando o Evangelho, mas, agora, já que os Seus não o receberam, mandou que a Igreja prosseguisse este Seu trabalho, continuando a pregar o Evangelho, só que agora a todas as nações, inclusive aos judeus.
- Mas a Igreja não serve apenas para pregar o Evangelho. Tem ela também a tarefa de integrar as pessoas que aceitam a salvação no seu interior. Embora a salvação seja imediata e uma operação do Espírito Santo, o fato é que o crente não pode ser deixado à mercê, isolado e sozinho no mundo. Muito pelo contrário, assim que alguém aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, tem de ser integrado na igreja local, no grupo social onde passará os dias aguardando a volta de Cristo(At.2:41,44).
- Outra função importantíssima que é a do aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:11-16), a começar pelo discipulado (At.11:25,26). O crescimento espiritual do salvo somente se dá na igreja local. Este é o modelo bíblico, de modo que sem qualquer respaldo nas Escrituras o falso ensino do “self-service”, tão em voga nos nossos dias, segundo o qual se pode servir a Deus “sozinho”, pois “antes só do que mal acompanhado”. Muitos têm se decepcionado com escândalos, intrigas e injustiças nas igrejas locais, que, como todo grupo social de seres humanos, têm defeitos e problemas (que o digam as igrejas que receberam epístolas dos apóstolos…) e, em meio a estas decepções, não vigiam e se deixam enganar por esta doutrina demoníaca. Precisamos uns dos outros para crescermos espiritualmente, para perseverarmos na fé.
- A Igreja, como é o povo de Deus na Terra na atual dispensação, é o único povo que pode adorar a Deus, visto que está em comunhão com Ele, já que seus pecados foram tirados por Jesus (Jo.1:29; Rm.5:1). É, portanto, dever da Igreja adorar a Deus, em espírito e em verdade, já que o Pai procura tais adoradores (Jo.4:23). Deve, portanto, a Igreja cumprir este dever de adoração.
- A Igreja é uma nação santa, é o sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13,14) e, por isso, por ainda estar no mundo, embora dele não seja (Jo.17:11,15,16), torna-se o porta-voz natural de Deus para os gentios e para os judeus. A Igreja é a “boca” de Deus para o mundo e, por isso, temos o dever de proclamar a Palavra, de dizer ao mundo qual é a vontade de Deus em todos os assuntos e questões que se apresentarem enquanto perdurar a nossa jornada, a nossa peregrinação. Por isso, tem a Igreja uma missão profética, deve proclamar a Palavra de Deus e exigir o seu cumprimento por grandes e pequenos, sem receio, a exemplo do que faziam os profetas do Antigo Testamento.
- Como a Igreja foi chamada para dar fruto e fruto permanente (Jo.15:16), frutos, aliás, que são diferentes dos outros povos (Mt.7:15-20), porque se trata do fruto do Espírito (Gl.5:22) e só a Igreja tem e recebeu o Espírito Santo (Jo.14:17), temos que o comportamento da Igreja é diferente do comportamento dos demais homens, sejam judeus, sejam gentios, de sorte que a Igreja acaba por ter, também, uma missão ética, o dever de se portar de modo a não dar escândalo aos outros povos (I Co.10:32), tendo de ter uma conduta que identifique a sua comunhão com o Pai (Mt.5:16).
- Também por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas “igrejas locais”, a Igreja acaba tendo de ter um papel perante a sociedade, como, aliás, todo grupo social. Os grupos sociais estão reunidos na sociedade, que é o grupo maior, o grupo que tem, por fim, promover a felicidade, o bem-estar, o chamado bem comum. As igrejas locais não fogem a esta obrigação, que decorre da sua própria natureza de ser parte da sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (Jo.17:15) e, diante desta realidade, assim como fez Nosso Senhor,devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.
- Dissemos, há pouco, que a Igreja é o lugar que o Senhor designou para que sirvamos a Ele, pois, isoladamente, ninguém consegue desenvolver-se espiritualmente e chegar até a glorificação, último estágio de nossa salvação. As imperfeições humanas são tantas que o Senhor fez com que nos uníssemos nas igrejas locais, a fim de que cada um ajudasse o outro a crescer espiritualmente e a resistir ao mal até aquele grande dia.
- Tem-se, portanto, que é dever de cada integrante da Igreja ajudar uns aos outros, por intermédio do aconselhamento cristão(Rm.15:14; Cl.3:16; I Ts.5:11; Hb.3:13; 10:25);  consolar uns aos outros, por intermédio da visitação (I Ts.4:18; Hb.10:24; Tg.5:16);  promover a comunhão uns com os outros, por intermédio da conciliação (Mt.18:15-17;Ef.5:21; Cl.3:13). Afinal de contas, o mandamento deixado pelo Senhor, que é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23) outro não é senão: “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei” (Jo.15:12).
- Aliás, a Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35), preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10), recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7), saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16), servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13), suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13), perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13), sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21), ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25), não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9), consolarmo-nos uns aos outros (I Ts.4:18), exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (I Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às obas obras (Hb.10:24), confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16). Diante de tantas recomendações bíblicas, como podemos crer na doutrina do “self-service”?
- Sendo a Igreja a coluna e firmeza da verdade (I Tm.3:14-16), ao mesmo tempo em que tem o dever de proclamar a Palavra, exigindo de gentios e de judeus a observância das Escrituras, internamente, a Igreja deve preservar a sã doutrina (II Tm.4:1-5; Tt.2:7-10), lutando tenazmente contra os falsos mestres que se introduzem no seu meio (II Pe.2:1-3; Jd.4), conservando, assim, a massa pura, não permitindo que se ponha nela o fermento arruinador (Mt.13:33; 16:6,11; Mc.8:15; Lc.12:1).
- A Igreja, ainda, como é um organismo vivo, visto que tem vida abundante e está sempre a crescer (Jo.10:10; Cl.2:19), não pode permitir que as coisas desta vida venham a matar a vida espiritual de seus membros. Por isso, é necessário que a Igreja mantenha os seus membros avivados, proporcionando um ambiente de avivamento espiritual contínuo, demonstrando, assim, ter vida em si mesmo, já que é o corpo de Cristo (Jo.5:26).
- Por fim, a Igreja deve, também, ministrar o “remédio” aos que estiverem espiritualmente doentes e enfraquecidos, aplicando a necessária disciplina divina para a restauração daqueles que se afastarem da comunhão com o Senhor, antes que sejam de todo cortados da videira verdadeira. Por isso, deve impedir a morte espiritual, exercendo a devida disciplina sobre os membros em particular do corpo de Cristo (Mt.18:15-22).
III – A IGREJA VERDADEIRAMENTE PRÓSPERA
- Pelo que pudemos observar, então, das atividades que a Igreja, enquanto corpo de Cristo, deve desempenhar sobre a face da Terra, não vemos, em momento algum, que esteja entre elas a de ajuntar tesouros nesta Terra ou de assumir posições de influência ou dominação sócio-político-econômica entre judeus e gentios.
A Igreja será próspera, ou seja, feliz, bem-sucedida, cumpridora dos propósitos estabelecidos pelo Senhor a ela, se bem executar todas estas ações que a ela são determinadas, com destaque para a evangelização e o aperfeiçoamento dos santos.
Para bem realizar tais tarefas, a Igreja tem necessidade é da operação do Espírito Santo, que o Senhor mandou para que ela não ficasse órfã neste mundo (Jo.14:18). O Espírito Santo, que habita na Igreja e está em cada salvo (Jo.14:17), é suficiente para que a Igreja possa se desincumbir de suas obrigações, de seus deveres como povo de Deus.
A verdadeira prosperidade da Igreja está, pois, em receber e manter o Espírito Santo como seu guia e condutor (Jo.14:26; 16:13,14) até o dia em que Ele a levará ao encontro do Senhor Jesus nos ares.
- Por isso, em cada igreja local, faz-se necessário que se trabalhe intensamente para que os salvos estejam cheios do Espírito Santo, avivados, como já dissemos supra. É tarefa daqueles que foram postos à frente do povo de Deus que se esforcem para que os salvos tenham cada vez mais intimidade com o Senhor, por intermédio da Palavra de Deus, da oração, do jejum, da busca do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais.
- Todavia, o que se tem presenciado é que, seguindo os falsos ensinos da “teologia da prosperidade”, muitos têm desviado o foco e as atenções dos crentes para “as coisas desta vida”. Em vez de fazerem de cada crente “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido para anunciar as virtudes de Jesus Cristo”, tais pessoas têm levado os salvos a buscar os bens materiais, a tentar a satisfação com as riquezas desta terra.
- Embora o Senhor seja o dono de toda a prata e de todo o ouro (Ag.2:8), Ele não constituiu a Igreja para ser “depositária” destes bens aqui na Terra. O Senhor quer que a Igreja seja, sim, “depositária do Evangelho”, seja a guardiã das boas-novas de salvação da humanidade na pessoa de Jesus.
- Sendo o “dono do ouro e da prata”, o Senhor faz com que, nesta tarefa, a Igreja independa de recursos econômico-financeiros para realizar a Sua obra. É certo que dá recursos econômico-financeiros às diversas organizações em que está o Seu povo a fim de que se possa realizar a pregação do Evangelho e o aperfeiçoamento dos santos, mas não manda, em absoluto, que os crentes entesourem as riquezas materiais ou delas desfrutem para seu próprio deleite.
- Quando vemos o apóstolo Paulo pregando o Evangelho em Roma em uma casa alugada (At.28:30), bem percebemos como Deus faz as coisas. Era propósito do Senhor que o apóstolo fosse a então capital do mundo pregar a Sua Palavra (At.23:11) e, portanto, providenciou para que ele para lá fosse como prisioneiro em um navio (At.27:1) e que, estando em Roma, pregasse as boas-novas de salvação tendo suas despesas pagas pelos crentes de Filipo (Fp.2:25).
- Deus, assim, mostra que cumpre a Sua promessa de suficiência aos Seus servos, inclusive para que se possa realizar a Sua obra. Prova, assim, que é o dono de todas as coisas e que, portanto, não deve a Igreja preocupar-se em amealhar patrimônio ou tesouros terrenos, devendo, tão somente, cumprir o propósito estabelecido para ela, a sua missão.
- Fazer com que os crentes passem a se preocupar com as coisas desta vida, que corram atrás de comida, bebida e vestido nada mais é que tornar os salvos em Cristo Jesus em gentios, pois é esta a finalidade da vida entre eles (Mt.6:31,32), em outras palavras: é fazer os integrantes da Igreja renegarem a própria salvação.
Fazer parte da Igreja é deixar de fazer parte do mundo e, se estamos no mundo, é para sermos “novas criaturas”, para efetuarmos todas as missões que o Senhor destinou para o Seu povo, que não são poucas, como já tivemos ocasião de verificar.
Fazer parte da Igreja é ter a esperança na cidade que está nos céus (Fp.3:20,21) e, portanto, não esperar em Cristo para as coisas desta vida (I Co.15:19) e, se o fizermos, seremos os mais miseráveis de todos os homens pois, tendo ingressado “nos lugares celestiais em Cristo”, onde estão “todas as bênçãos espirituais” (Ef.1:3), desviamo-nos do santo mandamento e do caminho da justiça, indo a um último estado que é pior do que o anterior à salvação, cumprindo-se, então, o provérbio :”o cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (II Pe.2:18-22).
- Muitas “fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva” (II Pe.2:17) têm desviado muitos salvos do caminho santo e os levado a este “espojadouro de lama” que são as “campanhas de prosperidade” e toda a sorte de peripécias que se têm criado visando estimular a ganância e o materialismo entre os que cristãos se dizem ser.
- Uma igreja verdadeiramente próspera não é aquela que vê seus membros galgarem posições na sociedade nem tampouco terem elevação da sua renda, mas, sim, a igreja cujos membros cada vez mais se santificam e se aproximam do Senhor Jesus, onde há um enriquecimento em Cristo Jesus, em toda a palavra, em todo o conhecimento, com a confirmação do testemunho de Cristo entre os salvos, onde nenhum dom falta e onde o que se espera é a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo (I Co.1:5-7).
Uma igreja verdadeiramente próspera é aquela que, embora não tenha prata nem ouro, tem o poder de Deus para realizar sinais e maravilhas com intuito de transformar vidas e convertê-las a Cristo Jesus (At.3:6; 4:4).
Uma igreja verdadeiramente próspera é aquela que apresenta um testemunho que a diferencia de gentios e de judeus (At.5:12,13), que demonstre conversão a Deus para servi-l’O (I Ts.1:9).
Uma igreja verdadeiramente próspera não é uma igreja que se entenda materialmente rica e que nada tem falta, pois, quando isto acontece, está-se, a exemplo de Laodiceia, diante de uma igreja que é, na verdade, desgraçada, miserável, pobre, cega e nua (Ap.3:17). A propósito, como diz Russell Shedd: “A igreja local da cidade rica já abraçara a acomodada atitude prevalecente da soberba das riquezas. Imaginava que possuía grandes riquezas espirituais e virtudes cristãs. As riquezas materiais produzem uma conformidade fatal com os padrões morais mundanos (cf. Os.12:8; Lc.1:53).” (BÍBLIA SHEDD, com. Ap.3:17, p.1763).
O enriquecimento que se tem de ter na Igreja é o enriquecimento espiritual, que só é obtido mediante “o ouro provado no fogo”, ou seja, mediante a purificação obtida pela comunhão com o Senhor, “…a verdadeira riqueza celestial, sem máculas nem tristezas (Mt.6:19,20; Lc.12:21).…” (BÍBLIA SHEDD, com. Ap.3:18, p.1763). “…O ouro, o mais precioso dos metais, representa, na Bíblia, a glória de Deus. Quando uma igreja é esforçada na Obra do Senhor, trabalhando não com intuito apenas de se mostrar ao mundo, de competir, ostentando seus talentos ou habilidades, mas trabalhando para glória de Deus, para edificação da igreja, e para a salvação dos perdidos, este trabalho representa ouro, prata e pedras preciosas para Deus (I Co.3:10-15)…” (OLIVEIRA, José Serafim de. Desvendando o Apocalipse, p.28).
- Por isso, uma igreja verdadeiramente próspera é aquela que efetivamente trabalha para ganhar almas para o Senhor Jesus, que não descansa enquanto o Senhor não vier, a alcançar os perdidos, sejam judeus ou gentios, levando-lhes a Palavra do Senhor.
- Não há prosperidade se não se cumprir o propósito do Senhor e não há como uma igreja ser verdadeiramente próspera se não cumprir toda a missão que o Senhor lhe confiou. Temos buscado a verdadeira prosperidade em nossa igreja local?
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Prof. Dr.Caramuru Afonso Francisco