Lição 9 - Laodiceia, uma igreja morna


2º Trim.2012 - Lição 9 - Laodiceia, uma igreja morna V
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
SEGUNDO TRIMESTRE DE 2012
AS SETE CARTAS DO APOCALIPSE - A mensagem final de Cristo à Igreja
COMENTARISTA: CLAUDIONOR CORRÊA DE ANDRADE
COMENTÁRIOS - SUPERINTENDÊNCIA EBD'S - ASSEMBLEIA DE DEUS EM RECIFE/PE

INTRODUÇÃO
            A sétima e última carta do Apocalipse é dirigida à igreja de Cristo que estava em Laodicéia – uma das mais prósperas cidades da Ásia. Veremos que na época de Paulo, já havia uma igreja formada nesta cidade, e que por algum tempo fora assistida pelo obreiro Epafras. Observaremos que o conteúdo desta carta está contido de muitas referências a cultura local, que o Senhor usa para transmitir aos crentes laodicenses severas repreensões, afinal de contas, das sete igrejas, Laodicéia é a que estava em pior situação, pois eles haviam perdido seus principais bens: fervor, riqueza espiritual, visão e santidade. Por fim,  Jesus lhes convoca ao arrependimento, a fim de que pudessem ser restituídos, e assim, alcançarem as promessas feitas aos que vencerem.
I – IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE
1.1 Nome. A forma grega da palavra Laodicéia é “Laodikia”, que significa “justiça do povo” dando a entender alguma forma de governo democrático. Esta cidade foi fundada por Antíoco II no terceiro século a.C., que lhe deu este nome em homenagem a sua esposa, Laodice. Na época havia outras cidades com este nome, no entanto, essa é chamada de Laodicéia de Lico, referindo-se a um rio afluente do Meander.
1.2 Localização.Era uma cidade da província romana da Ásia, a oeste daquilo que é atualmente a Turquia Asíática. Localizada, na área sudoeste da Frígia, ficava 10 km ao sul de Hierápolis e 16 km a oeste de Colossos. Devido à sua posição, era um centro comercial extremamente próspero, por isso, quando sofreu no ano 60 d.C. um grande terremoto,  recusou ser reconstruída com o auxílio do Império Romano, alegando ter condições de reerguer-se por seus próprios recursos.
1.3 Religião. Em 29 a.C., as elites da Ásia Menor, em sinal de gratidão a Roma, pediram permissão a César Augusto para que pudessem cultuá-lo como se fora uma divindade. A partir deste precedente desenvolveu-se o costume de honrar o imperador como um deus, prática difundida em todo império. Domiciano, que provavelmente foi o imperador na época em que João escreveu o Apocalipse, gostava que seus súditos se dirigissem a ele como Dominus Et Deus Noster (Nosso Senhor e Deus).
1.4 Fonte de renda. A cidade devia sua considerável riqueza a uma combinação de comércio, bancos, manufaturas e a produção de uma fina e lustrosa lã, assim como à produção de bálsamo para os olhos. No entanto, apesar de tanta opulência a cidade tinha uma desvantagem: nela não havia suprimento de água. A água que chegava até a cidade vinha através de canos de uma fonte que ficava a certa distância, e, provavelmente, chegava a seu destino morna o que naturalmente causava ânsia de vômito em quem ingeria.
II – COMO JESUS IDENTIFICA-SE A LAODICÉIA
            Estando na rota natural de inúmeros viajantes e comerciantes, Laodicéia foi atingida pelo evangelho em data bem recuada, provavelmente quando Paulo estava morando em Éfeso (At 19.10), e talvez por intermédio de Epafras, que provavelmente foi um dos seus pastores: “Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis”             (Cl 4.12,13). O apóstolo Paulo, inclusive, faz menção na epístola ao Colossenses de uma carta que ele enviara aos cristãos laodicenses (Cl 4.15,16).
2.1 O remetente. Já vimos que para cada igreja Jesus identifica-se de forma diferente como remetente da carta. Para Laodicéia Ele se revela da seguinte forma: “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap 3.14);
2.1.1O Amém”. A palavra “amém” traz o significado de “assim seja”, “é assim”. Ela era usada na liturgia judaica e nos cultos de adoração como afirmação de fé na validade, ou veracidade da mensagem que era lida ou proferida. Ao ser aplicada a Cristo, esta palavra significa que Ele é a afirmação da Palavra de Deus (II Co 1.20);
2.1.2 “A testemunha fiel e verdadeira”. O dicionário Aurélio nos informa que a palavra “testemunha” significa: pessoa que viu ou ouviu alguma coisa ou que é chamada a juízo, para depor sobre o que viu ou ouviu. No caso, a igreja que estava em Laodicéia, não podia queixar-se de ser acusada injustamente, porque Jesus Cristo era a testemunha fiel (exata) e verdadeira (autêntica) que acompanhava o dia a dia da igreja, pois ele é onisciente (Ap 1.14) e onipresente (Ap 1.13).
III – LAODICÉIA, UMA IGREJA MORNA, POBRE, CEGA E NUA
            Já vimos em outras lições que Éfeso perdera o amor, Pérgamo casara com o mundo, Tiatira tolerou o pecado, Sardes estava morta; e agora o Cristo que está no meio dos castiçais e anda no meio dos deles, sondou esta igreja e em sua carta deixou claro que a igreja de Laodicéia estava com a cara da cidade: orgulhosa e auto-suficiente, pois, ao invés de influenciar, tinha sido influenciada, e que apesar de pensarem estar bem, aos seus próprios olhos: “tu dizes”, não estavam aos olhos dEle “e não sabes que és”. Eis abaixo o seguinte diagnóstico dado por Jesus:
3.1 Aigreja perdera seu fervor espiritual. O Cristo glorificado consegue detectar que aquela comunidade de cristãos o servia sem fervor, por isso afirma categoricamente: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente” (Ap 3.15). Jesus diz que a temperatura espiritual daquela igreja se encontrava idêntica a da água que eles recebiam, e que estava sentindo náuseas “Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3.16). O crente em estado de mornidão é aquele que hesita entre dois pensamentos (I Rs 18.21); o coração está dividido (Os 10.2a); serve ao Senhor parcialmente (II Cr 25.2b) e é um bolo que não foi virado (Os 7.8b).
3.2 Aigreja tinha perdido seus valores. Apesar de igreja alegar possuir riqueza “rico sou e estou enriquecido e de nada tenho falta” (Ap 3.17-a), porque a cidade possuía um  importante centro bancário e de troca de moedas, o Senhor a reprova severamente dizendo: “és pobre” (Ap 3.17-b). “Supõe-se que a igreja estava desfrutando dessa aparente prosperidade porque ao contrário de Esmirna que se opunha ao culto ao imperador mesmo lhes custando a pobreza e a morte, os crentes de Laodicéia, pelo contrário, para evitarem a perseguição e não perderem seus bens, prestavam homenagem a Domiciano como um deus, alegando ser apenas por formalidade e não de coração” (CHAMPLIN, 2002, p. 432).    
3.3 Aigreja tinha perdido sua visão. A medicina de Laodicéia estava tão avançada ao ponto de descobrirem o unguento oftálmico que trouxe muitos benefícios para alguns tipos de enfermidades nos olhos. No entanto, Jesus lhes confessa abertamente: “és pobre, e cego” (Ap 3.17-b). Os cristãos tinham olhos apenas para os bens materiais, perdendo assim a visão do Reino, que dá primazia aos bens espirituais “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mt 6.19,20)
3.4 Aigreja tinha perdido suas vestimentas. Laodicéia também era famosa por sua indústria de lã e sua produção de excelentes peças de vestuários. Apesar disso, Cristo diz:“és pobre, cego e nu” (Ap 3.17-b). Como podemos ver, as vestes luxuosas dos crentes de Laodicéia não podiam cobrir sua nudez espiritual, tal qual as folhas de figueira não foram suficientes para cobrir a nudez do primeiro casal no Éden (Gn 3.7).
IV – EXORTAÇÕES E PROMESSAS
            Diante do que foi exposto pelo Senhor Jesus aquela igreja na carta, percebemos que seu propósito era revelar a doença e mostrar a cura que consistia em: atender a sua repreensão (Hb 12.5); aceitar o seu castigo (Hb 12.6,7;                     I Co 11.32); ser zeloso (Tg 2.14) e se arrepender (Ap 3.19). Logo, podemos perceber que a situação não era irremediável e que cabia aqueles cristãos perceberem essa oportunidade de renovarem sua aliança com Cristo que os convida a comprar dele bens que o dinheiro não pode adquirir, mas que se pode obter por sua maravilhosa graça. Por isso, os aconselha, dizendo:
4.1“...compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças” (Ap 3.18-a).Isso aponta para uma fé verdadeira que é mais preciosa que o ouro perecível (I Pe 1.7);
4.2 “...vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez...” (Ap 3.18-b)Que diz respeito a  uma vida espiritual de pureza e santidade (Ap 3.4; 19.8);
4.3“...e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas...” (Ap 3.18-c).Que indica a  iluminação dos olhos do entendimento pela revelação da Palavra e do Espírito (Sl 19.8; Ef 1.18).
CONCLUSÃO
            Como pudemos perceber, mesmo em meio a uma tamanha mornidão, orgulho, presunção e cegueira da parte da igreja de Laodicéia, o Senhor Jesus gentilmente deseja restaurar-lhes a comunhão perdida, dizendo que estava à porta e batia, indicando uma iniciativa; que desejava estar e cear com eles. Porém, para isso, deveriam cumprir a sua parte ouvindo a sua voz e abrindo a porta (Ap 3.20). Por fim, ainda diz que os vencedores seriam galardoados, reinando com ele no Milênio (Ap 3.21).
REFERÊNCIAS
  • STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
  • ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
  • COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO