Doce paz para os crentes provados - Um sermão de Charles Spurgeon


Doce paz para os crentes provados - Um sermão de Charles Spurgeon
              Um sermão feito para o domingo, dia 4 de dezembro de 1887
             No Tabernáculo Metropolitano, em Newington.
            “Tenho-vos dito isto, para que, em Mim, tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”  (Jo.16:33).

                                               Esta passagem agradabilíssima ocorre no final do último dos sermões do Salvador antes de Ele ir para o Pai. Guardemo-lo assim como guardamos as últimas palavras de um homem. Maravilhosamente completo é este sermão – é um pedaço de Sua última oração – que se eleva acima de todas as outras súplicas dos homens! Este discurso de despedida pode ocupar apenas um curto espaço nas Escrituras, mas os pensamentos sugeridos por ele são tantos que supomos que o mundo mesmo dificilmente poderia conter os livros que possam sinceramente ser escritos sobre ele. O Senhor levou apenas alguns momentos para escrever algumas de suas sentenças – mas isto nos levará a vida inteira para entendê-las completamente! Talvez nós nunca entenderemos alguns destes ditos de graça até que nós deixemos as coisas de menino e venhamos à estatura completa de homens em Cristo Jesus. Nós nunca veremos as riquezas da graça deste sermão até que nos tenhamos nos levantado além da neblina e das nuvens para dentro da atmosfera mais clara dos céus sem nuvens. Nesta Pátria Feliz, sendo nós mesmos levados a uma condição mais nobre, será melhor para compreender as coisas profundas de Deus, a respeito do que nosso Salvador falou em Seu discurso supremo. Enquanto isso, apliquemos nossos corações e mentes para a consideração destas últimas palavras do maior de todos os pregadores, o mais querido de todos os mestres e possa o Espírito de nosso Deus abri-los para nós!
                                               Observe a respeito da pregação de nosso Senhor Jesus como ela é eminentemente prática. Vocês nunca encontrarão na fala do Mestre uma simples sentença falada por aquilo que os oradores costumam chamar de “efeito”. Ele nunca apresenta uma partícula bela aqui ou acolá para deixar os homens ver quão poética é Sua mente. Ele nunca apresenta algo que seja desnecessário para a exposição do assunto, mas muito necessário para a exibição do orador. Nada tão pequeno, tão mesquinho, jamais governou a mente de Jesus. Longe disso! Sua alma condiz com o assunto e Ele nunca tem um segundo objetivo – Ele conduz Seu sentido para os Seus ouvintes e a Sua mente está concentrada neste alvo. Ele continua firme nisto, dirigindo seguramente até Seu ponto e sempre fala com um único desejo, que a Verdade possa habitar no coração e abençoar o ouvinte. Por esta razão, Ele adotou o método neste exemplo de somar e fazer o que os  velhos sábios costumam chamar de “fazer o progresso” no fim, quando a Verdade de Deus que por eles foi tinha sido dita era voltada para a prática e os usos do tópico eram estendidos. Nós poderíamos ter descoberto, por estudo diligente, qual era a direção prática do discurso do Salvador, pois nunca é difícil para uma mente espiritual perceber Sua direção, mas Ele quis dizer não somente o que nós podemos possivelmente ver o que Ele estava almejando, mas nós devemos ter certeza de vê-lo – e assim Ele põe isto na mais simples linguagem: “Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz”.
                                               Este era o objetivo do Nosso Senhor. Não temos dúvida de que Ele o atingiu plenamente! Tudo o que Ele tinha dito tinha por intenção produzir paz nos corações de Seus discípulos, mas Ele sabia que as mentes deles estavam entenebrecidas – e eles não tinham ainda senão uma capacidade débil e, então, em Sua infinita ternura, Ele disse, então, como alguém que fala para uma criança, o que Ele pretendia que Seu discurso produzisse. Nós agradecemos a Ele por isto e nisto nós deveríamos nos esforçar para nos tentar igualar a Ele. Esperamos que nossos amigos sempre nos suporte quando tentemos ser muito simples e claros – e gastemos muito de nossa força em chamar a atenção qual é o ponto prático da verdade que estamos ensinando. Será melhor ser considerado desnecessariamente explícito do que perder o fim do que tivemos em vista.         
                                               Vamos apreciar esta conclusão do ministério do Salvador! É de todo agradável para alguns de nós o fato de que Nosso Senhor terminou como começou. Ele é nossa paz. Ele veio trazê-la e Ele a deixou detrás de Si quando partiu. Mesmo antes de Ele começar Seu ministério, foi anunciado a respeito d’Ele que Ele viria trazer “paz na terra e boa vontade para os homens”. E antes de Ele ser levado para os cúes, Suas últimas palavras necessariamente deveriam ser: “Deixou-vos a paz, a Minha paz vos dou”. Foi adequado que Ele terminasse o serviço de Sua vida tendo pregado a paz, pronunciando-a como Sua bênção: “ Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz”.
                                               Tentando lidar com este texto, esta noite, almejando aquele mesmo fim prático de Nosso Divino Senhor e Mestre, devemos tratar, primeiro de tudo, do crente em Cristo, e em Cristo ele está em paz. Por segundo, do crente no mundo, e no mundo, ele tem tribulação. E, por terceiro, do crente no mundo e em Cristo, e nesta condição, ele tem vitória! “Tenham bom ânimo, Eu venci o mundo”. Possa o Espírito Santo, o Senhor e Doador da paz, abençoar a palavra que falaremos agora para vocês!
                                               I. Primeiro, nós temos O CRENTE EM CRISTO mencionado na referência para sua paz. Jesus disse: “para que, em Mim, tenhais paz”. É digno de consideração cuidadosa de que em Jesus, n’Ele mesmo, sempre havia uma paz presente permanente. Ele tinha paz. Se Ele não tivesse possuído, Ele mesmo, paz, nós não poderíamos ter paz n’Ele. Mas que santa calma havia sobre o espírito de Nosso Divino Mestre! Leiam sobre toda Sua vida e discorram longamente sobre qualquer uma, qualquer característica agradável, e vocês O acharão perfeito. Mas se vocês estudarem isto cuidadosamente para reforçar Sua humanidade, Sua temperança, Sua condução calma e pacífica no meio do tumulto e da provocação, vocês o acharão como sendo o mestre da arte da paz. Ele possuía Sua alma verdadeiramente em paciência! Nunca um homem pôde perturbá-l’O, nunca um homem esteve tão sem perturbação como Ele! Ele não podia se desviar de coisa alguma que Ele resolvera fazer, pois Ele dirigia a Sua face como uma pedra e, em o fazendo, não podia ser excitado nem desencorajado, pois Seu espírito não era deste mundo mutante. Os homens podiam se opor a Ele, mas Ele resistiu a grande contradição dos pecadores contra Ele mesmo com uma longanimidade maravilhosa. Quando Seus ansiosos e toloso discípulos queriam empurrá-lo para frente, ou queriam trazê-lo para trás, Ele não era movido nem um nem em outra direção de qualquer deles. Ele seguia com firmeza no mesmo tom de Seu caminho, Sua alma descansando em Deus, dando glória a Deus e se mantendo no poder eterno e na Divindade que Ele sabia que estava sempre do Seu lado.  O fundo da vida de Cristo é a onipresença do Pai. Onde quer que vocês O vejam se vocês O veem solitário quando todos os discípulos o abandonaram – vocês veem este texto exposto: “Vocês nunca Me deixarão sozinho, pois Eu não estou sozinho, porque o Pai está coMigo”.
                                               Agora este fato que Ele sentia a presença do Pai e não falava ocasionalmente de Deus, mas habitava com Ele – que Ele não se valeu de Deus como um expediente no tempo da tribulação, mas  permaneceu com Deus todos os momentos e guardou Seu espírito acima de tudo que poderia lhe derrubar – isto era o que O completava com uma paz inquebrantável. Até mesmo o Getsêmane não Lhe quebrou a paz! Coberto por um suor de sangue, Ele ainda clamou: “Não o que quero, mas somente o que Tu queres”. Quando Sua alma estava excessivamente triste, até a morte, mesmo assim Ele sabia onde estava o Seu Pai e manteve Sua fortaleza n’Ele e manteve Sua intimidade com Ele. Ele sentia que uma palavra d’Ele Lhe traria mais do que doze legiões de anjos para Seu socorro. Esta é a posição de favor que Ele ainda ocupa com Deus, mesmo quando o pecado do homem é posto sobre Ele!
                                               Ó, amigos, Cristo tem paz suficiente e em reserva! Ele mesmo é, pessoalmente, a fonte profunda de uma paz sem fim e, consequentemente, nós podemos entender porque nós sempre encontramos paz n’Ele. Um homem calmo e quieto tem algumas vezes paz extensa através de algo que, ao revés, seria uma companhia terrível. Um Paulo em um navio que afundava salvou todos da ruína pela majestade de Sua coragem inamovível. E um Cristo – precisamente o nosso Cristo – no meio de uma Igreja torna uma horda de covardes em um exército de heróis! Sua paz infinita sopra paz em nossos espíritos vacilantes. Nós descansamos porque nós vemos como Ele descansa.
                                               Agora, como o Mestre tem paz n’Ele mesmo, Ele tinha um desejo forte que todos Seus discípulos deveriam ter paz. Eu estava para dizer que isto era para o Nosso Senhor “a paixão regra forte na morte”. Era forte n’Ele quando estava muito próximo de Sua paixão e estava para ir para o Getsêmane – e então para o Gólgota. Calmamente, Ele disse: “Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz”. Nosso Senhor Jesus Cristo deseja ver Seu povo firme, calma, feliz! Eu não penso que Ele seja tão feliz para vê-los excitados, embora nós tenhamos aqueles em torno de os que parecem pensar que aquela grande graça possa somente expor-se pela loucura e pela fúria. A religião do calmo Jesus nunca pretendeu nos dirigir para a margem da insanidade. “Ele não lutará, nem gritará nem qualquer homem ouvirá Sua voz nas ruas”. Seu Espírito Santo não é ave de rapina nem águia, mas uma pomba – Suas influências santas são poderosas e, consequentemente, calmas. A fraqueza urra, enfurece-se, grita – pois ela tem necessidade de fazer isto. A força move-se com sua própria e deliberada serenidade e atinge seu objetivo. Para estes que pensam que os santos deveriam ser maníacos, Jesus diz: “Paz! Paz!”.
                                               De outro lado, nós estamos bem certos que Nosso Senhor Jesus não deseja que Seus discípulos sejam deprimidos. Para alguns a cor adequada para a piedade parece ser cinza, parda ou completamente de luto. Mas não é assim – os santos estão adornados de branco, que este é o emblema de alegria tanto quanto de pureza. O Salvador não deseja que Seus discípulos andem pelo mundo como através de um crepúsculo de tristeza, sussurrando de medo por causa de juízos vindouros e suprimindo toda alegria por causa dos males com os quais eles estão envolvidos. Não, irmãos e irmãs, Jesus deseja que nós sejamos felizes n’Ele, com a paz plena que o próprio Senhor possui. Ele não é um criador de sorrisos de folia ruidosa, mas, sim, serenamente confiante e que nos teria dado a Sua própria paz. “Tenho-vos dito isto pra que, em Mim, tenhais paz”.
                                               Nós temos uma grande finalidade para servir. Nós temos uma grande vida para viver. Nós temos um grande ajudador pronto para nos ajudar se nós confiarmos n’Ele! Consequentemente, nós não precisamos soprar a trombeta antes de nós começarmos nem precisamos fazer um reboliço quando nós estamos no meio de nosso serviço, nem precisamos deitar no chão como se nós fôssemos os mais miseráveis dos homens por causa de nosso chamado celestial. Não, mas podemos sentir: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” e caminhar com Deus através da vida naquela paz santa que provém da força consciente. Desfrutemos da calma do coração que vem do conhecimento que as riquezas de Deus são infinitas e que a qualquer momento elas podem vir para o “front“ e nos livrar de uma emergência. Oh, que aprendamos a arte da paz que vem de Cristo! Ele deseja que nós a tenhamos. Por isso nós não deveríamos estar tão muitas vezes “por cima” e tão rapidamente “por baixo” – hoje tão cheios e amanhã tão vazios – num momento tão rápidos e noutro tão lentos – indevida e excessivamente alegre num momento e em seguida tão desnecessariamente deprimido. Nós não deveríamos ser tão móveis como as ondas, mas tão estáticos como as estrelas! Nós não deveríamos ser como uma lanugem, como um joguete de todo vento, mas como aquele pedaço de granito que desafia as tempestades de todos os tempos! “Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz” – “paz” – oh, para obtê-la e para guardá-la, através de Jesus Cristo, nosso Senhor!
                                               Consequentemente, tenho noticiado que Ele tem paz e deseja que nós a tenhamos.
                                               Mas noticio agora que para que tenhamos a paz Ele nos falou certas palavras – “Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz”. Far-lhes-á bem, quando estiverem em casa, ler o capítulo precedente e notem com diligência o que o Senhor Jesus disse para dar paz a Seus discípulos, pois aquela mesma coisa nos dará paz. Se vocês quiserem poderão voltar para o capítulo 15 e até para o 14, onde lerão: “Não se turbem os vossos corações”. Quando vocês o estiverem fazendo, vocês poderão, se quiserem, caminhar por todo o Livro, por trás e diante, pesquisando por paz como por uma pérola — e vocês não errarão, mesmo se — pois o grande objetivo de todas estas Escrituras que, no mais profundo sentido, foram todas faladas por Jesus Cristo, é que vocês podem ter paz! Mas especialmente discorramos sobre estas palavras particulares neste capítulo 16 de João, pois para elas Ele sobretudo alude.
                                               Agora, que Ele disse para eles para que tivessem paz? Uma coisa era que Ele prognosticava suas provações. Ele lhes disse: “Eles lhes conduzirão às sinagogas; sim, chegará o tempo em que qualquer que lhes matar pensarão estar fazendo um serviço a Deus”. Aprendam, então, que um meio para vocês ganharem paz é refletir sobre aquela provação que é prometida a vocês que estão no Caminho, aquela perseguição e o mau desejo de um mundo sem Deus que são males que temos de enfrentar! Elas estão garantidas para vocês pelo simples fato de vocês da semente da mulher cujo calcanhar deve ser pisado – e elas virão sobre vocês sob medida. Esperem provações como vocês procuram por nuvens e chuva no clima inglês. Se esta ilha é seu lugar de morada, vocês não podem buscar pelo clima da Índia! Nem deveriam vocês se queixar do inverno e do congelamento pois isto é parte da herança da Grã-Bretanha.  Vocês devem tomar a aspereza com suavidade.
                                               Quando excessivamente perseguições e aflições severas acontecerem a vocês, quando parecerem para o adversário ser sinais evidentes de perdição, mas para vocês serão sinais evidentes da Verdade da Palavra de Deus e de sua própria condição de serem linhagem descendente do Salvador perseguido que lhes disse: “Se eles Me perseguem, também perseguirão a vocês. O discípulo não é maior do que seu mestre, nem o servo mais do que seu senhor.” Façam-se familiares com a provação, então. Surpreendam-se com quando ela não vier! E quando ela vier, diga: “Ah, você é uma velha companheira minha”. Isto é algo a que estão tão acostumados como carregar a sua cruz que seria algo quase alarmante não o ter. Vocês devem carregar um fardo em suas costas durante todo o tempo pois se este fardo for deixado, você o perderá. O Senhor fez alguns de Seus filhos amigos da cruz deles. Assim foi com Rutherford. Ele disse por fim que eles estava meio temeroso de deixar a sua cruz, pois ela se tinha tornado tão doce para ele, que poderia rivalizar o próprio Cristo! Eu mesmo nunca sinto medo algum dela, pois a dor é muito mais temida pela minha carne covarde, mas eu suponho que há santos que vêm sentir que o azedo é tão benéfico que eles preferem seu fortificante do que a mais doce xícara que tenham jamais misturado. É um paladar adquirido, sem dúvida, mas que o manterá em paz apesar da tribulação. Ajudará muito a vocês terem paz se vocês esperarem um tratamento rude enquanto vocês estiverem peregrinando neste mundo presentemente mau.
                                               A coisa seguinte que Ele fez para confortá-los foi que Ele lhes disse aquilo porque Ele estava indo embora. É frequentemente uma bênção de escolha, quando vocês têm uma grande provação saber porque ela é mandada. Esta é uma petição sábia se não se tornar uma reclamação que vá longe demais — “Mostre-me porque Tu contendes comigo”. O Salvador esta indo porque era oportuno para eles que Ele fosse. Não se afaste do ferrão de uma provação quando vocês souberem pela fé que é oportuno que uma tal aflição aconteça a vocês? Se é oportuno que o querido filho seja tirado dos braços – útil que o negócio não prospere – útil que vocês mesmos sejam tomados por uma enfermidade que nenhuma fé removerá para que você reverencie a Divina Sabedoria. O Deus que é melhor para vocês do que todos seus temores, sim, melhor do que suas esperanças, intenções, talvez, a aflição que fica com vocês até que ela levante o ferrolho dos céus até vocês e lhes deixe em seu descanso eterno! Agora, quando o Salvador lhes disse porque Ele estava indo, a informação condescendente tinha o sentido para produzir paz em seus corações. Ele também lhes disse porque suas provações são mandadas para você — eles trabalham para seu bem duradouro! Consequentemente descanse com relação a elas.
                                               Mais, dar-lhes paz, o Salvador continuar a falar-lhes do Espírito Santo, o Consolador, e o que o Consolador deveria fazer. Ele se alongou a respeito deste tema já que ele era tão animador. Amados, se vocês querem paz, pensem muito a respeito do Divino Consolador. Vocês não foram deixados sozinhos. Vocês não foram deixados sem a grande simpatia terna d’Aquele que sabe como alegrar o mais pesado coração! Vocês não foram deixados sem um Amigo mais capaz do que todos os outros amigos para entrar em suas aflições secretas e administrá-las para vocês as mais potentes consolações. Pensem muito sobre o Espírito Santo em Seu ofício como Consolador e a meditação alimentará o seu espírito com paz. Quão mal nós tratamos o Espírito Santo por nossos pensamentos poucos e superficiais a respeito d’Ele! Adoremo-l’O daqui em diante com amor mais profundo e reverência.
                                                           Então Ele lhes disse a respeito do poder da oração. Ele disse: “Tudo quanto pedirdes ao Meu Pai em Meu nome, Ele vos dará”. E, de novo: “ Se estiverdes em Mim, e as Minhas palavras em vós, pedireis tudo que quiserdes, e isto vos será feito”. Que brisa de paz  refresca a fronte de um homem que se lembra de que é pode orar e que aquela oração é ouvida nos céus! Há um barulho nas ruas. Há perturbação dentro das portas — até mesmo seu próprio coração está perturbado – e então?  Oremos! O remédio conhecido para males desconhecidos é a oração. Oh, a paz vem do lugar da misericórdia! Vocês que são familiares a isto me são testemunhas que é maravilhoso que tormentas ela dominará, que ciclones ela aquietará! Somente orem e vocês serão senhores da situação! Como seu Mestre, vocês podem andar sobre as ondas do mar quando vocês tiverem apenas o poder em Seu nome para falar para aquelas ondas e continuarem de pé! E Ele lhes dá o poder quando vocês se aproximam d’Ele em uma oração de fé!
                                               Tudo isto deve ter grandemente contribuído para produzir paz, mas como se isto poderia não ser suficiente, nosso terno Senhor deixou escapar uma palavra preciosa que deveria dar paz a todas as nossas mentes — “O próprio Pai ama vocês”. O amor de Deus o Pai é uma casa do tesouro de paz! O próprio Pai – não movido pelas importunações de Seu Filho intercessor, mas Ele mesmo, de Sua própria vontade, ama vocês! Ó Deus Pai, como tens sido difamado algumas vezes, como se Tu fosses hesitante em nos amar e Teu filho necessitasse persuadir-Te! Não, não é assim! Deus amou Seu povo e, por conseguinte, Ele mandou Seu Filho para redimi-lo. “Ele amou o mundo de tal maneiro que deu Seu Filho Unigênito”. Cristo não é a causa do amor divino, mas o mais doce e melhor fruto dele. “O próprio Pai ama vocês”. Consequentemente, alegrem-se e deixe que sua paz sejam como um rio!
                                               E, então, queridos amigos, Ele confirmou a fé deles n’Ele mesmo. Ele, então, falou a eles que eles, ao final, diziam: “Agora nós temos certeza. Em razão disto, nós cremos” etc. Este é o caminho para obter a paz! A paz vem pelo caminho da . Aqueles de vocês que estão amigos das dúvidas, podem, talvez, dizer-me se vocês podem alguma vez derivar alguma paz delas. O tempo é mal utilizado quando cismamos com livros que são planejados para abalar nossa fé — tanto quanto comemos alimentos que nos farão mal! Há certos homens que estão sempre ocupados com as Escrituras para tentar e achar dificuldades nelas – e se não podem achá-las na versão inglesa, então, imediatamente, eles arranjarão uma nova tradução que lhes traga esta preciosa dificuldade! Isto é tão tolo como se nós recusássemos comer nosso pudim de Natal porque não pudemos encontrar pedras nas ameixas ou pelotas de açúcar que pudessem quebrar nossos dentes! O grande objetivo de alguns homens parece ser encontrar na Bíblia algo em que eles não podem crer. De nossa parte, estamos satisfeitos com o que cremos! Eles cultivam dúvidas enquanto um homem sábio os considera como ervas daninhas e os queima em um montão!
                                               O Senhor sabe que há tristeza suficiente neste mundo sem trabalhar para fazê-la ainda maior. E gostaríamos de perguntar a tais críticos e grandes descobridores se eles creem que suas descobertas tendem a criar-lhes paz em suas próprias mentes ou nas mentes dos outros? Cremos, e, por isso, temos paz. Cremos e temos certeza – por isso, nossa paz é como um rio e minha retidão como as ondas do mar! Lutero diz-nos como ele encontrou paz quando alguém lhe disse: “Creio no perdão dos pecados”. Oh, se alguém não somente crê mas professa que crê! Eu serei um crente completo! Neste caminho repousa a paz — em crer até o cabo da espada. O caminho como o do filho que se senta aos pés de Jesus e recebe Suas palavras – este é um caminho de paz. Todo o fruto do sofisma e da falácia pode ser somado como espinhos e cardos que ferem a carne e submetem o espírito. Estas coisas que Jesus falara, que eles deveriam crer n’Ele, pois Ele bem sabia que vitória que vence a provação é a  e não a dúvida. Crer — não questionar, é a Estrada do Rei!
                                               Devemos afirmar que o desejo de nosso Mestre era que tivéssemos paz foi qualificado por estas duas palavras: “em Mim” – “Para que em Mim tenhais paz”. Lembrem-se, então, que vocês não podem esperar derivar a paz de vocês mesmos. Vocês virarão aquela imundície muito tempo antes de achar a joia da paz nela! Nosso Senhor nem mesmo pretendeu que nós achássemos paz em ordenanças externas ou em exercícios religiosos. Não resta dúvida que produz muita calma ler um capítulo, ou assistir a um culto, ou vir à mesa do Senhor — mas não é a pretensão do Senhor que estas coisas lhes produza paz. Elas são meios para a paz, mas a paz deve sempre estar n’Ele mesmo, em Sua própria Pessoa bendita! Devemos ter a Ele, pois este é o Seu desejo, “para que, em Mim, tenhais paz” – paz somente n’Ele, paz sempre n’Ele. A mais profunda, a mais verdadeira, a mais constante, a mais enfática paz somente é encontrada em Jesus! Paz em todas as estações e em todas as dificuldades. Paz eterna – tudo isto está n’Ele – e tão somente n’Ele. Fora d’Ele é tudo agitação de lá para cá, questionamentos, neblina, confusão e medo. Mas n’Ele nós moramos como em um aprisco, onde as ovelhas deitam e descansam. N’Ele nós estamos em um lar onde tudo é amor e conforto. Irmãos e irmãs, não saiemos deste centro sagrado de repouso sereno, não nos afastemos da paz! É este homem que será a paz, este Filho de Deus que nos dará descanso! Venhamos, então, até Ele de imediato em todos os casos. Sim, permaneçamos n’Ele. Seu desejo é que Sua alegria esteja em nós e, por isso, Ele diz: “Tenho-vos dito isto para que, em Mim, tenhais paz”.
                                               Deste modo temos dito o suficiente para vocês sobre o primeiro ponto do Crente em Cristo e Sua paz.
                                               II. Falamos longamente sobre o primeiro ponto e, por isso, precisamos ser mais breves no segundo — O CRENTE NO MUNDO se acha como o trigo debaixo do malhar, pois assim o texto o põe: “No mundo tereis aflições”.
                                               Isto é, por primeiro, vocês protegidos de qualquer espécie de tribulação. Vocês estão em Cristo e o Salvador salva vocês de todos seus pecados, mas não prometeu que vocês não teriam tristeza alguma. Ele não prometeu protegê-los seja da pobreza, seja das armadilhas, seja da doença, seja da difamação, ou de qualquer dos males comuns da humanidade. Alguns dos melhores de Seus amados foram enriquecidos e favorecidos por ser permitido que andassem debaixo de uma disciplina muito secreta de dor, tristeza e necessidades. Seu Senhor, entre os tesouros que deu a vocês, concedeu-lhes a cruz. Você retrocede bruscamente e diz: “Isto não, Senhor!” mas Ele responde: “Sim, isto sim, Meu filho. Isto e nada mais”. A cruz é a melhor peça da mobília em sua casa, embora você algumas vezes não a tenha desejado que ela estivesse lá. Ela sempre trabalhará para o seu bem – trabalha para isto agora. Alguns dos confortos repartidos com vocês pela Providência serão questionáveis em seu efeito sobre vocês, pela razão de sua pecaminosidade e fraqueza. Mas a cruz que o Senhor põe sobre vocês não tem qualquer resultado senão o seu bem! É uma árvore amarga, aparentemente, mas é um remédio saudável. Tome-o, filho de Deus! Plante-a e deixe-a crescer — e seu fruto será doce. Nós não estamos protegidos da tribulação, mas ela foi prometida a nós – e somos beneficiados por ela.
                                               Nós não somos favorecidos por termos a admiração dos que não servem a Deus. “No mundo” — não apenas neste estado presente, mas neste mundo sem Deus — teremos tribulação. As pessoas mundanas não se juntarão em volta de vocês para admirar sua excelência e ajudar em sua piedade. Se eles o fizerem, devemos pensar ou se o mundo mudou ou ainda se foi cometido um erro a respeito de vocês. Qual dois é, não sabemos. Não achamos que seja possível que o mundo mude. As pessoas mundanas podem gostar de um cristão por certas circunstâncias externas. Eles podem admirá-lo em virtude de algumas vantagens que eles obtenham por ele. Mas como um cristão, eles não podem amá-lo. Isto é impossível! Há uma inimizade entre a semente da serpente e a semente da mulher — e seria melhor que vocês entendessem isto é assim porque a serpente não mudou a sua natureza — ela ainda é uma enganadora e destruidora! Ela ainda exibe suas escamas brilhantes e fala tão astuta e persuasivamente para nós como fez com nossa mãe Eva e, talvez, para vocês. Ela fala que ama vocês mais do que ela pode dizer, somente vocês é que não são tão amigáveis e suspeitos que ela nunca foi capaz de mostrar a sua afeição. Sim, ela vê em vocês muito para admitir que ela deseja que vocês não estejam em situações de aperto, pois então poderia apresentar-lhes para seus queridos amigos e filhos, para que vocês tenham como deles um final nada bom! Dê-lhe um golpe na cabeça quando vocês tiverem oportunidade, pois ele não significa bem algum para vocês.
                                               De todos os demônios no mundo, odiamos menos um demônio que ruge, mas, sim, um demônio que persuade, que é o pior demônio que um homem pode encontrar. Quando o mundo finge amar, entendam que ele agora lhe odeia mais cordialmente do que antes e está cuidadosamente lançando sua isca para capturá-los e arruiná-los! Toem cuidado com o beijo de Judas com qual Cristo foi traído e com o qual vocês serão traídos a menos que vocês estejam alertas. No mundo e do mundo vocês terão tribulação!
                                               O texto pôs isto em um modo tão amplo que dá uma sugestão de que no mundo nós teremos tribulação frequentemente. A aflição não está conosco sempre, mas é melhor que estejamos preparados para ela sempre. Há vezes em que nós desfrutamos prosperidade — alguns cristãos desfrutam muito dela — e não os deixemos muito alarmados porque eles estão assim, pois o que a Providência do Senhor nos manda não é prejudicial nele mesmo e é para ser aceito sem suspeita. Lembramos que uma pessoa veio até nós, uma vez, e nos disse que ela tinha orado por aflição. Replicamo-la: “minha querida alma, minha querida alma, não seja tão tola. Você terá problemas suficientes sem pedir por eles.” Se um filho pedir para seu pai para deixá-lo ser chicoteado, ele será um tipo estranho de filho! E pensamos que ele não gostaria de repetir a experiência se tivesse um homem prático como pai! Não, não e não! Este não é o nosso caminho do dever. Se Deus nos poupa da tribulação, sejamos gratos a Ele. Mas se Ele não nos poupa, sejamos igualmente gratos. Esta última é uma dura lição para aprender, mas nós temos de aprendê-la. Nós frequentemente enfrentamos tribulações, pois nós nascemos para ela desde nosso primeiro nascimento, como as centelhas para voar. Também é certo que nosso segundo nascimento nos apresenta a um segundo grupo de tribulações. Ele cantou uma canção verdadeira que nos deu este verso —
                                        “Pobre e aflito”, esta é a sua sorte.
                                        Eles sabem disto e não murmuram.
                                        Ficará mal para eles recusar
                                        O estado que seu Mestre houve por bem escolher.
                                               Novamente, no mundo vocês enfaticamente terão tribulações. Se alguém mais as têm, vocês as terão. Se ninguém as tiver, mesmo assim vocês as terão. Vocês as terão, talvez, onde vocês menos as desejarem ou pensarem nelas. “Os inimigos de um homem são os de sua própria casa”. “Pelo menos uma cruz eu tenho”, clamou alguém. Certamente não seria uma cruz se fosse tivesse a oportunidade de escolher, pois é da essência de uma cruz que ela deva ser contrária ao seu gosto! Deve ser algo que a carne evite, que, no presente, não seja agradável, mas doloroso. Por isso, Nosso Senhor a pôs: “No mundo tereis aflições”. Pensamos como muitos cristãos aqui poderiam dizer que eles não acham isto assim. Pensamos que muitos de nós — pelo menos, de todos que conhecemos — poderiam dizer que a profecia de Nosso Senhor tem se cumprido abundantemente. E não deve ser assim na natureza das coisas? Não tem sido este mundo um lugar de tristeza desde quando Adão quebrou o mandamento de seu Criador? Não adveio daí a ordenança: “Espinhos e cardos produzirá, porquanto és pó e ao pó tornarás?”
                                               Para um cristão o mundo não deve trazer tribulações e angústia porque é um mundo que está no maligno? O cristão não é do mundo, assim como Cristo não é do mundo.  Ele está fora de Seu ambiente. Ele é um alienígena. Ele é um peregrino. Pode ele esperar os confortos de casa enquanto permanece aqui? É um mundo inadequado para a sua natureza espiritual. Nada há nele que o ajude. Este mundo é um inimigo da graça – não um amigo – e, por conseguinte, o homem com graça deve ter tribulações. Se ele é semelhante a seu Senhor, certamente as terá. Se ele é semelhante ao povo do Senhor, ele as terá, pois eles são uma linhagem de carregadores de cruz. Não há exceção para esta regra se fosse toma o conjunto da vida de qualquer crente, embora, por um instante, certos homens favorecidos pareçam ser os prediletos da Providência. Jó multiplicou suas riquezas e viveu em tranquilidade com uma cerca em volta de si. Pensou, talvez, que não teria tribulação alguma para suportar, mas o malhar que parecia feito de ferro por fim caiu sobre ele! Assim pode o mais próspero ter todas as maiores tribulações quando o dia da adversidade chega.
                                               Irmãos, estávamos pensando, enquanto tratávamos deste assunto, que embora haja tribulações no mundo, nós ainda somos muito amigos do mundo. Sempre estamos tentando arrancar um punhado de suas flores – e se suas rosas não tivessem espinhos, nós nos sepultaríamos em montões delas! Nós nunca deixaríamos o ninho e aprenderíamos a voar se o Senhor não agitasse nosso ninho assim como faz a águia. Nós quereríamos permanecer ali para sempre e diríamos: “Senhor, este é o meu lar”, como se este não fosse um mundo cruel que nos desse um tratamento de alienígena e nos forçasse a sentir que estamos aqui no exílio. Alguém disse para um grande homem, enquanto ele examinava seu jardim: “Estas são as coisas que fazem com que seja difícil morrer”. Como não vivemos para ficar aqui, mas, sim, para brevemente subir e partir para uma terra melhor onde a nossa vida poderá se desenvolver muito mais, é oportuno que neste mundo tenhamos tribulações para que nós possamos tornar os nossos pensamentos e desejos em direção àquela cidade de nosso Deus, que é a nossa única morada! Graças a Deus pelas tribulações que desprende os nossos pensamentos da terra e os conquista para os céus! E possa todo o povo dizer: “Amém”.
                                               III. Mas, agora, por fim, vejamos O CRENTE NO MUNDO E EM CRISTO – e isto significa dizer vitória! Ocupemo-nos, ainda que por um momento ou dois, em dizer que se estamos em Cristo, embora também estejamos no mundo, nós devemos vencer o mundo.
                                               Chamamos a especial atenção de vocês para as palavras de Nosso Senhor Jesus neste texto — “Tende bom ânimo, Eu venci o mundo”. Nosso Senhor ainda estava, naquele momento, no mundo. Vocês sabem onde Cristo estava quando disse isso? Ora, Ele estava no jardim do Getsêmane! Ele estava no pé, por assim dizer, do Gólgota — Ele estava para morrer! Ele não tinha ainda suportado o açoite e a cruz. Mas não ousamos estender nossas mãos para nosso Mestre e Lhe dizer: “Bom Senhor, Tu cometeste um erro. Tu ainda não venceste, pois a pior parte da batalha ainda não veio a Ti”. Ele sabia o que dizia e não cometeu erro algum ao dizer isto.  Mas isto foi dito corajosamente! A fé que habitava n’Ele O fez dizer: “Eu venci”. À margem da luta, Ele disse: “Eu venci”. João tomou esta palavra quando, mais tarde, disse: “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, porque foi pela fé que nosso bendito Senhor disse naquele momento: “Eu venci o mundo”. Ele falou na presciência da fé. Ele tomou por cumprido que Ele haveria de vencer o mundo, pois o Pai estava com Ele!
                                               Mas naquele ponto era certamente verdadeiro, tanto quanto no fim, que Ele realmente vencera o mundo. Ele vencera suas lisonjas. Ele vencera suas tentações. Ele vencera seus terrores. Ele vencera seus erros. Todas as coisas que no mundo investiram violentamente contra Ele, Ele aniquilou totalmente. Oi tentado em todos os pontos como nós, mas permaneceu sem pecado. Venceu tudo que O veio atacar. Sua santidade, paciência, o sacrifício de Si próprio — Ele foi vencedor em todos os pontos! Agora, aqui está uma matéria de consideração agradável – nosso Senhor diz: “Tende bom ânimo, Eu venci o mundo”. Mas que ânimo há nisto? Bem, o ânimo está no fato de que Ele não declara aqui, mas que já declarou antes, a saber, que Ele é um conosco e nós somos um com Ele. Ele está a nos dizer: “Eu venci o mundo e vocês estão em Mim, sou a Sua cabeça. Minha vitória sobre o mundo pertence a vocês. Eu, seu líder, venci o mundo para vocês. Eu abri o caminho nesta luta terrível e conquistei os adversários com que vocês agora têm de lutar. E, deste modo, Eu virtualmente ganhei a batalha antes que vocês a tenham começado” —
                              “O inferno e seus pecados obstruem seu curso
                                Mas o inferno e seus pecados são inimigos vencidos.
                                Seu Jesus os pregou na Sua cruz,
                                E cantou o triunfo quando ressuscitou”
                                                “Eu mesmo” — disse Jesus — “venci para vocês, portanto vocês podem vencer em Mim. Agora, vão à luta, aniquilem o inimigo já derrotado e triunfem sobre a serpente cuja cabeça Eu já feri”. Derivamos, pois, do fato de que Cristo venceu, a certeza de que nós venceremos, desde que nós somos um com Ele, membros de Seu corpo e partes d’Ele mesmo! Ó irmãos e irmãs, vocês devem lugar durante a sua jornada. Vocês não podem deixar este conflito. Vocês devem passar sua jornada através de um muro sólido de dificuldades — não há outro curso! Mas vocês vão fazer isto. Vocês farão isto! Um grande comandante começa uma campanha. Deseja ele que não haja qualquer batalha? Se assim fosse, porque haveria uma guerra? Como seria ele um soldado? Certamente não mandará nenhum relatório de vitórias para casa se não houver luta. Ele jamais seria um grande comandante se ele não tivesse se distinguido no campo de batalha. Então consideremos que todo campo de batalha para o qual Deus nos chama é a única oportunidade que temos de vitória e, Cristo, estando conosco, nos garante a certeza da vitória! Avante, então, soldados cristãos!—                     
                                               “Alegre seus corações abatidos
                                                 Marche com sua armadura celestial”
                                               Não deixe que o brilho de sua armadura seja manchada pela ferrugem do medo! Vocês vencerão tão certamente quanto seu Senhor venceu. Se vocês se entregarem a Sua proteção e permanecerem n’Ele que é Tudo em Todos para vocês, não será possível que ocorra qualquer derrota a vocês.  Temos esta última palavra para acrescentar. Pode haver alguém aqui que diga: “Veja, veja. Este povo cristão está cheio de problemas”. Isto é verdade, mas eles não são os únicos de quem devemos ter compaixão — “Muitas tristezas sobrevêm aos ímpios”. Aqueles que não estão em Cristo Jesus também encontram tribulações neste mundo, pois espinhos e cardos nascem em maior número no campo do preguiçoso do que em qualquer outro lugar. O ímpio achará que há tristezas especiais para ele — ferrões de escorpião para ele, especialmente quando ele avança em sua vida — e seu fogo da juventude se torna uma negra cinza.Ai dos pecadores que têm de colher os frutos de suas sementes más! Ó, senhores, não atravessaríamos a vida sem um Salvador, como vocês fazem, nem se fôssemos um imperador! Ter de lutar esta batalha da vida sem Cristo é derrota certa! Que descoberta será quando, após ter lutado durante toda uma vida de tristeza, vocês se encontrarem começando uma outra vida de tristeza maior que nunca terá fim!
                                               É uma coisa horrível para o homem ir de inferno a inferno — fazer deste mundo um inferno e encontrar um outro inferno no mundo do além! Mas seria uma coisa bendita caminhar através de 50 infernos para o céu, se tal coisa fosse possível. É glorioso lutar em meio a pobreza, doença, perseguição e ouvir, ao final, a palavra: “Está feito!” Isto será glorioso! Quem aspira a isto? Deus ajude a cada um de nós a trabalhar por isto e nos dê força para suportar a guerra santa e lutar em meio a ela até o fim!
                                               Mas se vocês estão se encobrindo com estas pobres alegrias, estes vis trapos da terra — e estão vivendo para fazer dinheiro, ou para beber, ou para se satisfazer com a luxúria danosa da concupiscência — Deus tenha misericórdia de vocês e os salve! Ouçam o Evangelho, cada um de vocês! “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. O Senhor os leve a fazê-lo, em Seu nome! Amém.
Fonte: http://www.spurgeongems.org/vols31-33/chs1994.pdf  Acesso em 25 jun. 2012
Tradução de Caramuru Afonso Francisco (destaques originais).