Com a ajuda da interdisciplinaridade, o PEPE busca propiciar às crianças a construção de conhecimento voltado ao cuidado pela natureza, a partir do Evangelho de Jesus
Meio ambiente, autossustentabilidade, água, ar, despoluição, renovação, energia, solo, reflorestamento, desenvolvimento sustentável… É a Rio+20 nos fazendo pensar no presente e futuro do nosso planeta com o coração e ouvidos sensíveis às necessidades do ser humano, que usufrui da natureza – meio de vivência/convivência/sobrevivência deixado por Deus ao homem para refletir a glória do Seu nome (Salmos 24.1).
Nestes últimos dias, através de muitos meios de comunicação, esses temas parecem saltar aos nossos olhos com maior intensidade. E surgem perguntas como: O que significa educação para um desenvolvimento sustentável? E o que a educação difundida pelo Programa Socioeducativo (PEPE) tem a ver com essa sustentabilidade?
Essas indagações nos convidam a testemunhar como tentativa de contribuição, não apenas para estes tempos de Rio+20, e sim como legado para uma vida melhor no Brasil e em outros lugares onde o PEPE está e aonde ainda chegará.
Duas décadas atrás, na Rio 92, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento difundia um convite ao mundo para que fosse adotado um “modo de desenvolvimento suscetível de responder às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de resposta das gerações futuras diante de seus próprios problemas”. No mesmo ano, nascia na comunidade de Jardim Olinda, em São Paulo, o PEPE, promovido hoje por Missões Mundiais e Missões Nacionais, agências missionárias da Convenção Batista Brasileira (CBB), já pensando em como defender o direito das crianças – principalmente as menos favorecidas de recursos financeiros e de difícil acesso à educação escolar infantil – a uma educação de qualidade e integral.
O PEPE acredita e pratica uma educação capaz de enfrentar os principais desafios atuais: a proteção ao meio ambiente, o respeito e preservação de diferenças culturais e naturais, e a defesa dos direitos humanos, em especial das crianças.
De acordo com ex-diretor adjunto da Unesco para a Educação Nicholas Burnett, a educação para o desenvolvimento sustentável exige uma abordagem interdisciplinar, que agrega os campos social, ambiental, econômico e cultural do desenvolvimento, e propicia uma tomada de consciência de nossa relação interdependente com outras pessoas, com o mundo que nos cerca, e com a natureza.
Com a ajuda da interdisciplinaridade, o PEPE busca propiciar às crianças a construção de conhecimento voltado ao cuidado pela natureza, a partir do Evangelho de Jesus, fazendo-as imergir em um interesse pelo mundo onde vivem.
A coordenadora internacional do PEPE, missionária Terezinha Candieiro, avalia que, diante do cenário de crise mundial, surge também o interesse pela sensibilização, informação e conscientização das crianças, famílias e comunidades onde há presença do PEPE a respeito da preservação do meio ambiente, “a fim de que tomemos responsabilidade e cuidemos deste mundo criado por Deus, e que deve ser mantido por nós”
Por isso também, aproveitamos este espaço para compartilhar o testemunho de unidades do PEPE em Moçambique, segundo a experiência da missionária Odete Dossi. Esta parte da rede do PEPE no mundo, encorajada e motivada, abraçou a ideia de se autossustentar, levando em consideração o contexto local.
“Iniciando três unidades do PEPE em três vilarejos de Moçambique, como estes se autossustentariam caso eu tenha que voltar ao Brasil e os recursos financeiros deixassem de chegar?”, questionou-se a missionária em Nampula, Moçambique.
Como a criação de galinhas nesses vilarejos moçambicanos é muito comum, entre os educadores do PEPE local surgiu a ideia da construção de um galinheiro. Mobilizados, começaram, juntos a construção de uma espécie de casas com blocos de terra, bambus, capins e outros materiais oferecidos pela natureza.
“No início de dezembro de 2011, compramos nossa primeira safra de pintinhos. Começamos com 200. Tivemos muitos contratempos porque estávamos ousando e aprendendo a nos autossustentar, o que não é fácil! Contudo, o resultado foi uma boa venda da safra”, conta a missionária.
Dessa forma dizemos que a autossustentabilidade e a educação para o desenvolvimento sustentável que o PEPE também procura imprimir há 20 anos é fruto de reflexões, amor pelo que o Criador nos dá para vivermos/convivermos/sobrevivermos, ousadia e iniciativa para alcançar transformações benéficas para o contexto local. É fruto do desejo de deixar de ser apenas beneficiários e passar ser protagonistas das transformações. O PEPE acredita e apoia essas ideias.
Fonte: Junta de Missões Mundiais