Lição 7 - A divisão espiritual no lar I


3º Trim 2012 - Lição 7 - A divisão espiritual no lar I
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2012
VENCENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA – Muitas são as aflições do justo mas o Senhor o livra de todas
COMENTARISTA: ELIEZER DE LIRA E SILVA
COMENTÁRIOS – EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
(ASSEMBLEIA DE DEUS – MINISTÉRIO DO BELÉM – SEDE – SÃO PAULO/SP)

 PORTAL ESCOLA DOMINICAL 
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2012 
VENCENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA – Muitas são as aflições do justo mas o 
Senhor o livra de todas 
COMENTARISTA: ELIEZER DE LIRA E SILVA 
COMENTÁRIOS – EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO 
(ASSEMBLEIA DE DEUS – MINISTÉRIO DO BELÉM – SEDE – SÃO PAULO/SP) 
Na família, precisamos dar testemunho de Jesus Cristo. 
INTRODUÇÃO 
- Na sequência do estudo das aflições desta vida terrena, iniciaremos o bloco do que 
denominamos de “dramas familiares”. 
- Na família espiritualmente dividida, precisamos dar testemunho de Jesus Cristo. 
I – FAMÍLIA: AMBIENTE CRIADO PARA QUE SE MANIFESTASSE A COMUNHÃO 
ENTRE DEUS E O HOMEM 
- Damos início ao terceiro bloco deste trimestre, que abrangerá duas lições, quando 
estaremos a discorrer sobre o que denominamos  de “dramas familiares”, ou seja, as 
aflições decorrentes da vida em família. 
- O primeiro deste “dramas familiares” é o que nosso ilustre comentarista chamou de “ a 
divisão espiritual no lar”, ou seja, a problemática decorrente de, na mesma família, 
haver uma contenda, um embate entre os que servem a Deus e os que não O servem. 
- O primeiro grupo social a que uma pessoa pertence é a família, grupo criado pelo 
próprio Deus (Gn.2:23,24) e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e 
emocionais básicas do ser humano. A função da família é, precisamente, impedir que haja o 
sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20). 
- Os homens, mesmo, sem conhecer a Palavra de Deus, reconhecem o papel fundamental 
que a família exerce na vida de um homem. A Declaração Universal dos Direitos do 
Homem afirma que "…a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem 
direito à proteção da sociedade e do Estado." (artigo XVI, nº 3), preceito que é repetido 
pela Constituição brasileira, que afirma que "…a família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado…" (art.226). Entretanto, apesar  dos preceitos normativos solenes, o 
adversário tem realizado um trabalho terrível de destruição contra a família, até porque seu 
trabalho é o de matar, roubar e destruir (Jo.10:10). 
-  Deus não só criou a família como estabeleceu quais  as regras e as condutas que 
devem ser observadas pelos membros da família. As Escrituras trazem quais os 
parâmetros do relacionamento entre cônjuges, entre pais e filhos e entre irmãos. O segredo 2
da felicidade no relacionamento familiar está em ter uma conduta conforme a Bíblia 
Sagrada. 
- Como a família foi criada por Deus, é Ele quem deve estabelecer as regras, as normas ao 
homem, a quem cabe, simplesmente, obedecer. A família não é nossa criação, nem pode ser 
estruturada segundo os nossos conceitos ou a nossa vontade. Existem princípios que devem 
ser seguidos. Muito se fala, hoje, a respeito da diversidade de culturas, dos diferentes 
modos de vida das várias raças, tribos e nações em  volta do mundo, mas isto não é 
suficiente para que consideremos que os princípios estabelecidos por Deus não devam ser 
observados por todos os homens. Os homens, envolvidos em seus delitos e pecados, 
acabam distorcendo os princípios estabelecidos por Deus e cabe à igreja, como defensora 
destes princípios, imergir nas culturas dos povos de modo a que tais culturas sejam 
transformadas e voltem aos princípios estatuídos pelo Senhor. Observemos que, entre os 
próprios judeus, a dureza de coração foi responsável pela existência de normas jurídicas 
sobre a família que estavam em desacordo com os princípios estabelecidos por Deus, como 
denunciou o próprio Senhor Jesus ao ser indagado sobre a norma do repúdio que vigorava, 
na época, em Israel (Mt.19:3-8). 
- As Escrituras indicam que o homem não foi feito para viver solitariamente. Muito 
pelo contrário, a Bíblia é explícita ao dizer que, ao contemplar o homem, Deus afirmou que 
"não é bom que o homem esteja só" (Gn.1:18), tendo, então, estabelecido a necessidade de 
criar a mulher, que serviria como uma adjutora, ou seja, como uma ajudadora, que estivesse 
diante do homem. Esta explicitação do texto bíblico, em que se dá a narrativa da criação da 
mulher, especifica algo que o próprio Deus já havia delineado no instante em que decidiu 
criar o ser humano, porquanto, ao nos ser informada a intenção divina, é-nos dito que, no 
plano divino, estava o de dotar o homem não só de domínio sobre a criação na terra, mas 
também, de capacidade de reprodução (Gn.1:28), o que exigia a formação da família, único 
ambiente em que se poderia concretizar o desejo de Deus para o homem. 
- É, precisamente, dentro deste escopo que devemos  observar a  família. Ela é uma 
instituição que foi criada por Deus para que o homem pudesse cumprir tudo aquilo 
que Deus havia planejado para que o homem fizesse. Sem a família, seria impossível 
que o homem frutificasse e se multiplicasse sobre a face da Terra e, por conseguinte, que o 
homem pudesse dominar sobre a criação que estava na Terra. É interessante notar que, ao 
exercer a sua primeira função de dominador sobre o restante da natureza terrena, o homem 
percebeu que estava só, sentimento este que foi observado por Deus. Sem a providência 
divina de criação da mulher e, por conseguinte, da família, o homem não teria condições 
sequer de dominar o restante da natureza, pois, acometido que estava de um sentimento de 
solidão, de falta, não teria condições psicológicas para se impor frente aos demais seres. 
- Alguns estudiosos costumam dizer que a mulher é uma criatura mais excelente que o 
homem, porque é o resultado do suprimento de uma carência do homem, sendo, portanto, 
por assim dizer, um aperfeiçoamento da criação divina. No entanto, se bem observarmos a 
narrativa bíblica, chegaremos à conclusão de que não é a mulher a criação mais excelente 
na humanidade, mas, sim, a criação da família, pois foi a criação desta instituição que 
significou a supressão da carência tanto do homem (que havia motivado a criação da 
mulher), como da própria mulher. O texto bíblico é claro ao indicar que a tão-só criação da 3
mulher era uma condição necessária, porém não suficiente para que se tivesse a solução da 
questão da solidão. Esta solução, diz-nos o texto sagrado, somente se deu a partir do 
instante que Deus estabeleceu que homem e mulher, doravante, se uniriam, formando 
famílias, de modo a permitir que o propósito divino de domínio e frutificação fosse 
realizado e concretizado pela humanidade. Assim, é  a família a mais excelente criação 
divina para a humanidade, sendo a "obra-prima de Deus". 
- Sem a família, pois, não pode o homem atingir o propósito estabelecido por Deus quando 
de sua criação. Não há como o homem atender ao que lhe é exigido pelo seu Criador sem 
que exista a família. Sem a família, o homem não pode sequer ser considerado um homem 
no sentido estrito da Palavra e as consequências que têm vindo à sociedade moderna em 
virtude do intenso e progressivo processo de desintegração familiar que temos contemplado 
é uma prova do que estamos a dizer. Via de regra, os criminosos mais hediondos que têm 
surgido, que nem sequer se portam como seres humanos, tamanha a sua bestialidade, 
verdadeiras bestas-feras em corpo humano, são pessoas que foram vítimas da ausência da 
instituição familiar no histórico de suas vidas. A  destruição da instituição familiar 
representa, assim, a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus 
na vida dos seres humanos e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e 
nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição. Destrua-se a família e 
estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, toda a sociedade. 
OBS:  Uma das maiores demonstrações da dificuldade de nossos tempos está, precisamente, em observarmos que o
adversário de nossas almas, o deus deste século, tem conseguido obnubilar a própria concepção de família no meio da 
humanidade, algo que, para não se dizer que se trata de implicância ou desvario dos crentes, é observado por diversas 
pessoas, inclusive o ex-chefe da Igreja Romana, que, em 1981, assim afirmou: "…A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto 
e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da 
sociedade e da cultura. Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do 
instituto familiar. Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase 
esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas 
situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais.…" (JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Familiaris 
Consortio, n. 1. Disponível em:  http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jpii_exh_19811122_familiaris-consortio_po.html   Acesso em 19 jun.2012). 
- Neste ponto, é importante esclarecermos que o objetivo da família é o de permitir o 
cumprimento do propósito divino estabelecido para o homem, qual seja, o domínio sobre a 
criação na Terra, bem como a frutificação e multiplicação na face da Terra e o suprimento 
da necessidade de companheirismo. A família, portanto, tem como finalidade o suprimento 
de necessidades relativas à vida sobre a face da Terra, ou seja, a família não tem qualquer 
finalidade no tocante à vida eterna, como bem explicou Jesus quando questionado pelos 
saduceus, a indicar que, na eternidade, não haverá  a instituição familiar humana 
(Mc.12:25), pois a família humana terá sido substituída pela Igreja, que é a família de Deus 
(Ef.2:19), o povo de Deus que habitará para sempre com o Senhor (Ap.21:3). 
- O papel da família apresenta-se, portanto, como o ambiente escolhido por Deus para que 
nele não só o homem cumprisse o propósito estabelecido pelo Senhor à Sua mais excelente 
criação sobre a face da Terra, mas, também, para que pudesse o homem ter a comunhão 
como seu Criador. Não é à toa que a comunhão entre Deus e o homem é manifestada pelo 
fato de Deus comparecer ao jardim do Éden na viração do dia para dialogar com o primeiro 
casal, ou seja, é na família o lugar propício, adequado para que haja a manifestação da 
comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:8). 4
- Neste sentido, aliás, que advém o surgimento da palavra “lar”. É interessante notar que, 
no princípio da história da humanidade, a adoração a Deus é vinculada à vida em família. 
Diz-nos a Escritura que, quando nasceu Enos, o primeiro filho de Sete, começou-se a 
invocar o nome do Senhor (Gn.4:26), afirmação que nos leva a crer que a invocação a Deus 
foi resultado da formação de uma nova família nuclear, agora abençoada com um filho. É 
necessário que nossa família seja um verdadeiro “lar”.  
- "Lar" é uma palavra latina cujo significado primeiro é o de um local, nas antigas 
residências romanas, em que se procedia à adoração  dos antepassados familiares. 
Normalmente, como nos ensina o historiador francês Foustel de Coulanges em seu livro "A 
Cidade Antiga", havia um compartimento nas casas romanas onde somente poderiam entrar 
os membros da família, onde eram cultuados os antepassados familiares, os chamados 
"deuses lares". Normalmente, havia um altar em honra a estas divindades e um fogo que 
nunca se apagava, onde se realizava tal adoração. 
- Vê-se, portanto, que a ideia do "lar" está vinculada à ideia de uma ligação espiritual 
entre os membros de uma mesma família, ou seja, o lar é a própria unidade espiritual dos
integrantes de uma família. Para os romanos, a família possuía, sobretudo, um vínculo 
sobrenatural entre os seus membros, tendo sido os próprios juristas romanos que tornaram 
célebre a famosa definição de casamento, atribuída  a Modestino, segundo a qual o 
casamento estabelece a "união divina e humana que gera uma vida em comum entre um 
homem e uma mulher", definição que foi parcialmente acolhida pelo nosso atual Código 
Civil no seu artigo 1511. 
OBS: “Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges”. 
II – AS CONSEQUÊNCIAS DA ENTRADA DO PECADO NO MUNDO NA 
INSTITUIÇÃO FAMILIAR – O SURGIMENTO DA DIVISÃO ESPIRITUAL NO LAR 
- A entrada do pecado no mundo, evidentemente, perturbou, também, esta situação ótima 
concebida pelo Senhor para a humanidade. No dia mesmo da queda, como já tivemos 
ocasião de mencionar em lições anteriores, não só se rompeu a comunhão entre Deus e a 
humanidade, como também se rompeu a comunhão entre os próprios integrantes da família. 
- Tristemente, verificamos que, indagado sobre a sua desobediência, Adão não pensou duas 
vezes em culpar a mulher pelo fato de ter comido do fruto da árvore da ciência do bem e do 
mal (Gn.3:12), revelando, assim, de pronto, uma atitude de conflito, de falta de comunhão 
entre ambos os cônjuges. Tal situação, aliás, perduraria, pois, em Seu juízo, o Senhor 
demonstrou que, a partir daquele instante, haveria uma relação assimétrica entre marido e 
mulher, com prevalência do homem sobre a mulher (Gn.3:16), circunstância que nem o 
mais exacerbado feminismo tem conseguido erradicar.
OBS: Na verdade, o feminismo tem feito é piorar cada vez mais a situação da mulher sobre a face da Terra, como, numa 
análise muito percuciente, que vale a pena conhecer, faz o padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior na sua alocução 
“Feminismo, o maior inimigo das mulheres” -  http://www.youtube.com/watch?v=80JuBmps6Qk  Acesso em 19 jun. 
2012. 
- Nota-se, pois, que, com o pecado, não só a família deixou de ser o ambiente propício 5
para a comunhão com Deus como, ainda mais, passou a haver conflitos entre os 
próprios integrantes da família, fazendo com que esta instituição, feita para propiciar ao 
homem o cumprimento de seu propósito na criação terrena, passasse a ser um local de 
conflitos, tragédias e sofrimentos. 
- Poucas décadas após a expulsão do homem do Éden, a primeira família sofreria um duro 
golpe com o assassínio de Abel por Caim. Aqui, aliás, notamos, de pronto, que, no seio da 
família, surgiu a divisão espiritual. Abel, chamado de justo pelo próprio Jesus (Mt.23:35), 
ao apresentar sua oferta ao Senhor, teve a mesma recebida por Deus, enquanto que Caim, 
ao fazê-lo, não teve a mesma aceitação. Apesar de advertido antes pelo Senhor, Caim, em 
vez de obedecer à voz divina, preferiu matar seu irmão, pois não pôde tolerar que, sendo ele 
do maligno, seu irmão fosse justo (I Jo. 3:12). 
- Em que pese a perda da comunhão com Deus por causa do pecado, o gesto dos dois 
irmãos de apresentar sacrifícios a Deus demonstra que o primeiro casal os havia ensinado a 
buscar a presença de Deus, mas, apesar deste ensino, verificou-se ali uma divisão espiritual, 
pois um dos irmãos servia a Deus e o outro, não. Esta divisão acabou por levar à morte de 
Abel, o primeiro herói da fé (Hb.11:4). 
- Desde os primórdios da humanidade, portanto, notamos que o justo sofre aflições 
por causa da sua fé em Deus a partir do seu próprio lar, da sua própria família. Por isso, 
o Senhor Jesus, que também vivenciou esta triste realidade, foi categórico ao afirmar: “E, 
assim, os inimigos do homem serão os seus familiares” (Mt.10:36). 
-  Não há comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14) e, portanto, quando alguém 
entrega a sua vida para o Senhor Jesus, fatalmente  entrará em conflito com os seus 
familiares, caso eles não sejam servos do Senhor Jesus. O embate que há entre o mundo e a 
Igreja inicia-se em casa, no lar, no ambiente mais íntimo de cada ser humano. 
- Após a morte de Abel, a Bíblia nos afirma que o primeiro casal teve outro filho, a que deu 
o nome de Sete, cujo significado é “compensação” ou “renovo” ou, ainda, para outros, 
“designado” (Gn.4:25). Sete cresceu sabendo que havia sido dado em lugar de Abel, como 
uma compensação da parte do Senhor e, ao ter seu primeiro filho, deu-lhe o nome de 
“Enos”, cujo significado é “mortal”, passando, então, a invocar o nome do Senhor 
(Gn.4:26). 
- Neste gesto de Sete, que passou a invocar o nome  do Senhor, ou seja, pedir pela Sua 
presença, servi-l’O continuadamente, bem como ter chamado o seu filho de “Enos”, que 
quer dizer “mortal”, vemos a convicção que este homem de Deus, que deu origem à 
primeira linhagem piedosa da humanidade, tinha para que se evitasse a divisão espiritual no 
lar: a contínua invocação ao Senhor, desde o início da formação do núcleo familiar. 
- Só há uma forma de evitarmos a divisão espiritual no lar, qual seja, a de formarmos 
um lar na presença do Senhor, a de formarmos uma família na orientação divina, o 
que implica a circunstância de nos casarmos na direção de Deus, evitando o jugo desigual, 
como também o de criarmos a nossa prole, desde a sua concepção, no caminho do Senhor, 
como, aliás, daria conta o sábio Salomão: “Instrui  o menino no caminho em que deve 6
andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv.22:6). 
- Fora destas hipóteses, o que se verificará será a divisão espiritual no lar, visto que, 
em não havendo formação da família na direção divina nem tampouco a instrução da prole 
na são doutrina, haverá aqueles que servem a Deus e os que não O servem e a consequência 
disto é a divisão espiritual no lar, pois não há comunhão entre luz e trevas. 
- Neste sentido, aliás, é que o Senhor Jesus disse, certa vez, que viera trazer divisão nos 
lares e não paz. Numa afirmação que até hoje causa admiração, Cristo foi peremptório: 
“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; porque Eu vim 
pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha  contra sua mãe, e a nora contra sua 
sogra” (Mt.10:34,35). 
- Muitos, ao lerem esta afirmação do Senhor Jesus, ficam confusos, pois entendem que 
como Jesus é o Príncipe da Paz (Is.9:6) e pelo fato de o próprio Cristo ter dito que havia 
trazido paz para os Seus discípulos (Jo.14:27), como poderia, agora, estar a dizer o 
contrário, de que não traria a paz, mas a espada? 
- Não há qualquer contradição nos ensinos de Cristo Jesus. Na verdade, o Senhor está a 
revelar que o fato de as pessoas crerem em Seu nome e obterem não só a paz com Deus 
(Rm.5:1) mas a paz de Deus (Fp.4:7; Cl.3:15), também os levará a terem problemas e 
conflitos familiares, visto que, caso seus familiares não sejam alcançados pela salvação em 
Cristo Jesus, tornar-se-ão os seus primeiros inimigos. 
- Nas Suas últimas instruções, o Senhor Jesus revelou que todos os Seus discípulos serão 
odiados pelo mundo (Jo.15:18-23) e este ódio começa a ser demonstrado pelos que nos 
estão mais próximos, ou seja, os nossos familiares. Não é à toa, repetimos, que o primeiro 
justo, o primeiro herói da fé foi morto pelo seu próprio irmão! 
- Os laços familiares foram criados e estabelecidos por Deus para perdurar durante esta vida 
terrena e, por isso, por mais íntimos que sejam, por mais próximos que sejam, por mais 
fortes que sejam, não podem prevalecer diante dos vínculos espirituais existentes na vida 
das pessoas. Assim, infelizmente, os nossos familiares, por mais amigos que sejam de nós, 
por mais que nos amem, quando se está diante de uma realidade espiritual, nos odiarão por 
causa da nossa fé em Cristo Jesus, caso não compartilhem dela. Não nos esqueçamos que 
os incrédulos estão escravizados pelo pecado (Jo.8:34) e, portanto, nem sequer fazem o que 
querem, mas o que não querem é o que estão a fazer (Rm.7:14-20). 
-  O próprio Jesus não fugiu desta triste realidade. Durante o Seu ministério terreno, 
vemos a oposição que lhe fez os Seus próprios irmãos, que as Escrituras são incisivas em 
dizer que eram incrédulos (Jo.7:3-5) e que, numa determinada ocasião, juntamente com a 
Sua mãe, pretenderam prendê-l’O, considerando que havia enlouquecido. Tal situação fez o 
próprio Jesus a dizer que Sua mãe e irmãos eram aqueles que fizessem a vontade de Deus e 
não os que Lhe eram ligados por laços de sangue (Mc.3:21,31-35). 
- Esta mesma situação, que, aliás, prefigura a vivida por Cristo, vemos na vida de José que 
foi invejado pelos seus próprios irmãos precisamente porque era fiel a seu pai e servia ao 7
Senhor (Gn.37:3,4,11,18-23), o que, infelizmente, não era o que ocorria com relação aos 
demais filhos de Jacó. Esta oposição espiritual no lar de Jacó levou, inclusive, a dar ocasião 
para o sofrimento de José, sofrimento que durou longos treze anos. 
- Nota-se, pois, que  a divisão espiritual no lar é inevitável na vida daqueles que se 
convertem a Cristo Jesus e que não vivem numa família que serve ao Senhor. É um 
embate espiritual que se instaura, que se estabelece no mais íntimo de nossos ambientes, em 
nosso “ninho” neste planeta e que, certamente, causa um sem-número de tumultos, 
discórdias e conflitos que atacam diretamente naquilo que temos de mais caro, pois afeta a 
nossa sensibilidade, a nossa afetividade, o nosso coração. 
- Como se não bastasse isso, tem-se, ainda, a realidade daqueles lares que, embora 
formados segundo a direção divina e que tiveram sua estruturação na Palavra de Deus, são 
acometidos pelo desvio espiritual de um de seus integrantes, pois, como sabemos, Deus deu 
o livre-arbítrio a todos os homens e, portanto, embora seja fundamental a educação dos 
filhos na sã doutrina, isto não é uma garantia de salvação, visto que a salvação não é 
hereditária, mas individual. 
- Assim, por exemplo, como podemos explicar que um rei tão fiel como Jotão (II Cr.27) 
tenha tido um filho tão ímpio como Acaz (II Cr.28)? Pelo fato de que a fidelidade de Jotão 
não se transmite hereditariamente a Acaz, devendo cada um tomar a sua posição diante do 
Senhor.  
- Deste modo, pois, não bastassem os problemas decorrentes da divisão espiritual no 
lar onde alguém se converte ao Senhor, temos o problema que surge quando alguém 
de uma família estruturada conforme os princípios da sã doutrina apostata da fé, 
desvia-se dos caminhos do Senhor. Neste lar, também, surge a divisão espiritual, com as 
mesmas e, talvez, com piores circunstâncias que a do lar onde se deu a conversão de 
alguém. É o que se deu na família do rei Josafá que foi praticamente dizimada por causa do 
desvio espiritual de Jeorão, seu primogênito (II Cr.21:4-6). 
III – COMO AGIR DIANTE DA DIVISÃO ESPIRITUAL NO LAR
- Diante desta inevitabilidade, desta aflição que golpeia a muitos servos do Senhor no 
recôndito de seu lar, como devemos agir? Como enfrentar uma dificuldade tão grande como 
é a divisão espiritual no lar, que atinge os nossos mais sublimes sentimentos e que se 
apresenta como uma encarniçada luta espiritual? 
- Por primeiro, devemos lembrar que a divisão espiritual no lar é apenas uma faceta do 
grande conflito que temos de enfrentar diuturnamente desde o dia em que recebemos 
a Cristo Jesus como nosso único e suficiente Senhor e Salvador, o conflito contra o 
maligno, contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12). 
- A divisão espiritual no lar é uma demonstração clara e transparente para cada servo de 
Deus de que, realmente, ocorreu uma transformação na sua vida, de que agora ele é uma 
nova criatura (II Co.5:17), tanto que os seus relacionamentos com os seus familiares se 
alteraram radicalmente. 8
- Os conflitos e embates que surgem no recôndito do lar depois que recebemos a salvação 
em Cristo Jesus são como que uma prova que Deus nos dá de que aquilo em que 
acreditamos, a pregação que recebemos não é um “efeito psicológico”, não é uma 
“quimera”, uma “imaginação”, mas uma realidade bem  presente, tanto que, por termos 
deixado as trevas e passado a habitar a luz, houve  uma radical transformação em nosso 
relacionamento com nossos familiares que não tiveram esta mesma experiência. 
- A divisão espiritual no lar é, portanto, uma confirmação da veracidade da Palavra de 
Deus, da realidade da salvação em Cristo Jesus e, apesar dos sofrimentos decorrentes dos 
embates, é uma segurança que Deus nos dá de que estamos no caminho certo e que a 
salvação é uma realidade e que, portanto, vale a pena perseverarmos até o fim para 
alcançarmos as promessas que nos foram feitas pelo Nosso Senhor e Salvador. 
- Ao mesmo tempo que  a divisão espiritual no lar nos faz ver que a salvação é uma 
realidade, mostra a absoluta necessidade que têm os nossos familiares de ser também 
salvos por Cristo Jesus. Sua mudança de comportamento em relação a nossas pessoas, o 
ódio que passam a nutrir por nós por causa da nossa fé apenas confirmam que eles estão 
escravizados pelo pecado e que precisam da salvação. Assim, a divisão espiritual no lar 
propicia-nos experimentar a real necessidade que nossos familiares têm da salvação. 
- Diante desta constatação, não nos resta senão passarmos a interceder com intensidade para 
a salvação de nossos entes queridos. Mais do que ninguém, temos de clamar ao Senhor pela 
salvação de nossos familiares, orando e jejuando neste sentido, como também procurando, 
de todas as formas, evangelizá-los. 
- Exsurge, então, a absoluta necessidade que temos de agir com sabedoria e discernimento 
para que a divisão espiritual no lar não degenere em contendas, iras, pelejas e dissensões no 
seio do lar, pois tais atitudes são obras da carne e, como tal, não podem ser produzidas por 
quem se diz servo do Senhor (Gl.5:20). 
- A pior coisa que pode acontecer num lar espiritualmente dividido é o servo de Deus dar 
vazão a discussões, debates, que gerem contendas, dissensões, iras e pelejas no seio 
familiar. Quem traz a divisão espiritual para o lar é o Senhor Jesus, ou seja, o fato de 
termos caminhado para a luz ou de um ente querido ter caminhado para as trevas. Não 
podemos nos sermos o fator de instabilidade no lar, de iras e pelejas. 
- O saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012) costumava ensinar que não há 
nada mais inadequado num lar dito cristão que a gritaria, baseando seu ensino em Ef.4:31. 
Não podemos permitir que o ambiente familiar onde estamos seja lugar de amargura, ira, 
cólera, gritaria e blasfêmias, devendo tudo isto ser demovido de nosso lar. 
- Verdade é que os integrantes de nossa família que não tiverem comunhão com o Senhor 
procurarão levar-nos para este embate, para este conflito, mas, de forma alguma, 
poderemos permitir entrar neste “jogo do inimigo”,  evitando ao máximo a peleja e a 
celeuma.  9
- Nosso exemplo deve ser, como sempre, o Senhor Jesus. Desafiado pelos Seus irmãos, Ele 
simplesmente calou, inclusive Se recusando a ir com eles para a festa dos tabernáculos, não 
deixando, porém, de lhes falar a verdade, mas com candura e sabedoria (Jo.7:1-9). Muitos 
aqui procuram ver uma “mentira” de Jesus, pois Ele teria dito que não iria à festa e acabou 
indo. No entanto, não há aqui qualquer “mentira” da parte do Senhor Jesus, mas, sim, uma 
atitude de prudência. Além do mais, como o Senhor Jesus disse, Ele não foi à festa de 
forma manifesta como queriam Seus irmãos, o que ocorreria apenas na Páscoa em que Ele 
foi crucificado, mas foi até Jerusalém de modo oculto, sem qualquer alarde ou pompa. 
- Neste ponto, aliás, é interessante notar que, muitas vezes, os familiares incrédulos são 
usados pelo adversário não para nos “crucificar”, nos desprezar por causa da fé, mas, 
exatamente, no sentido contrário, ou seja, na “exaltação”, no “soerguimento do nosso ego”. 
Os irmãos de Cristo, embora fossem incrédulos, queriam que Jesus Se apresentasse como o 
maioral diante do povo em Jerusalém, com ar de superioridade, algo que, entretanto, era 
totalmente contrário aos propósitos divinos estabelecidos para o Senhor em Seu ministério 
terreno. Muitas vezes, os familiares incrédulos querem nos levar para um caminho de 
exaltação e de arrogância espiritual e precisamos ter o mesmo discernimento que teve 
Nosso Senhor ao lidar com este caso e a preferir não subir à festa com eles, mas de modo 
solitário e humilde. 
- Esta atitude de Cristo Jesus para com Seus familiares leva-nos a ter uma outra lição, qual 
seja, a de que não podemos nos envolver com as atitudes pecaminosas de nossos familiares, 
nem tampouco participarmos de atividades que não contribuem para a nossa vida espiritual 
mesmo em família. 
- Devemos, em termos familiares, assim como em todos os demais grupos sociais em que 
estamos inseridos, somente ir, como diz o pastor Severino Pedro da Silva (Assembleia de 
Deus – Ministério do Belém – São Paulo/SP), “até onde a mão de Deus alcança”. Desta 
maneira, em nossos relacionamentos familiares,  somente podemos participar de 
atividades e atitudes que não comprometam a nossa comunhão com o Senhor, pois 
devemos amar a Deus sobre todas as coisas e o amor a Deus é, sobretudo, a guarda da Sua 
Palavra (Jo.14:23,24). 
- Devemos ter consciência que a divisão espiritual no lar é consequência da presença de 
Deus na vida daqueles familiares que servem a Deus, é algo trazido pelo próprio Cristo e, 
portanto, não podemos achar que o fato de não compartilharmos de atitudes mundanas e 
antibíblicas de nossos familiares seja um comportamento de nossa parte que promova a 
dissensão ou a contenda, como, muitas vezes, o inimigo de nossas almas sopra em nossos 
ouvidos. 
- Não devemos ser antissociais nem arredios ao contato com nossos familiares não crentes. 
Devemos ser dóceis, amigáveis, seguindo o exemplo de Nosso Senhor que tinha uma vida 
social normal, mas que sabia se conduzir com sabedoria, sendo por ela justificado 
(Mt.11:19; Lc.7:33,34). Devemos participar do convívio familiar até o ponto em que isto 
não compromete a nossa vida espiritual. A partir deste ponto, temos de nos afastar, sem 
gritaria, sem espetáculo, sem “lições de moral”, sem contenda ou algo similar, mas 
afirmando, perante os nossos familiares, a nossa fé em Cristo Jesus. 10
- Alguém dirá que um comportamento desta natureza poderá causar, em nossos familiares, 
a incompreensão. Isto é inevitável, amados irmãos. Nossos familiares, se incrédulos forem, 
não compreenderão, mesmo, o nosso gesto de afastamento das condutas contrárias à 
Palavra de Deus, mas isto é resultado da divisão espiritual no lar causada pela vinda de 
Cristo Jesus à nossa vida. O Senhor disse que os familiares se voltariam contra nós. Além 
do mais é este o sentido da expressão tantas vezes mal interpretada de Mt.10:37, a saber: 
“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem ama o filho ou 
a filha mais do que a Mim não é digno de Mim”. Nosso amor deve ser a Deus em primeiro 
lugar, ainda que isto cause incompreensão e um sem-número de aflições em nossos 
relacionamentos familiares. 
- De forma sábia e sem contendas devemos nos afastar dos nossos familiares quando 
eles estão a cometer pecados ou a realizar atividades embaraçosas que podem nos 
levar a pecar. Não podemos deixar de reconhecer que, infelizmente, se incrédulos forem, 
nossos familiares estarão a serviço do adversário de nossas almas e, assim, não podemos 
permitir que, através deles, sejamos desviados da nossa fé. Sejamos prudentes, amados 
irmãos! 
- Jesus, ao Se afastar da companhia dos Seus irmãos para ir até a festa dos tabernáculos, dá-
nos um exemplo precioso de como devemos agir nestas situações delicadas, que envolvem 
os mais sublimes sentimentos nossos, que envolvem nossos laços familiares, mas que são 
laços terrenos e que não podem, de forma alguma, se sobrepor à nossa comunhão com o 
Senhor. 
- É com tristeza que vemos que muitos servos de Deus têm se deixado enredar por estas 
teias do adversário e que acabam por perder a fé por sobreporem os laços familiares à 
comunhão com Deus. A contemporização com o pecado leva-nos ao pecado e jamais 
poderá trazer os incrédulos à presença de Deus. Lembremos disto! 
- Outro ponto importantíssimo quando estivermos diante da divisão espiritual no lar é a 
referente ao nosso testemunho. A importância do testemunho é tanta que a Bíblia Sagrada 
diz que o testemunho do crente entre os seus familiares que não são crentes é fundamental 
para a salvação dos demais integrantes da família (I Co.7:16; I Pe.3:1). Eis o motivo pelo 
qual muitos familiares de crentes não se convertem: porque seus familiares ditos cristãos 
dão péssimo testemunho e se tornam em via de escândalo que impede a salvação dos entes 
queridos. 
- Não há maior obstáculo à salvação de alguém do que o péssimo testemunho de um 
familiar que se diga cristão. Quando, entre as quatro paredes de nosso lar espiritualmente 
dividido, não nos comportamos como servos do Senhor, estamos sendo agentes de Satanás, 
pois a nossa vida de hipocrisia será uma poderosíssima arma infernal para impedir a 
salvação de nossos familiares incrédulos, pois eles veem claramente a mentira que é a vida 
espiritual do que cristão se diz ser, que é um santo entre os irmãos da igreja local e um 
verdadeiro demônio dentro de casa. Fujamos disto o quanto antes, amados irmãos! 
- A necessidade de, dentro de nosso lar, apesar de todo o embate espiritual decorrente da 11
divisão existente entre os que servem a Deus e os que não O servem, termos um 
testemunho exemplar é fundamental para que possamos ganhar nossos familiares para 
Cristo e, assim, debelarmos o problema da divisão espiritual no lar. 
- Nas duas referências já mencionadas, tanto Pedro quanto Paulo são enfáticos ao mostrar 
que o testemunho de um cristão em seu lar é extremamente relevante para levar à 
santificação do lar e para a salvação dos familiares incrédulos. Quando estamos em 
comunhão com Cristo, santificamos o nosso lar, passamos a ser uma bênção para a nossa 
família, ainda que nem toda ela esteja a servir ao  Senhor. É esta, aliás, a promessa de 
Abraão que se transmitiu à Igreja (Gl.3:8,9) 
- Temos sido uma bênção em nossos lares? Temos levado a bênção de Deus para os nossos 
lares, apesar de incompreendidos pelos nossos familiares incrédulos? Ou temos tido um 
testemunho que nos faz ser maldição e malditos? Temos dado motivo para que os 
familiares se escandalizem do Evangelho? Se isto tem acontecido, cuidado, amado(a) 
irmão(ã), pois ai daquele por quem vem o escândalo (Mt.18:7)! 
- Mas o apóstolo Pedro ainda foi além. Disse que as mulheres, que eram aquinhoadas de 
uma posição muitíssimo inferior que a dos homens em sua época, poderiam ganhar seus 
maridos sem palavra, única e exclusivamente pelo seu porte, em virtude de sua vida casta 
em temor (I Pe.3:1,2). 
- Será que nosso porte em família, que nossa vida tem contribuído para a conversão de 
nossos entes queridos? Será que temos uma vida casta, ou seja, uma vida pura, uma vida 
santa, uma vida separada do pecado, que nos traga uma autoridade moral e espiritual capaz 
de abalar a incredulidade dos entes queridos? Ou temos vivido uma vida de hipocrisia que 
destrói qualquer possibilidade de, através de nós,  os nossos familiares chegarem a um 
encontro pessoal com Cristo Jesus? 
- Mahatma Gandhi (1869-1948), o grande líder pacifista indiano, afirmou certa vez: “Amo 
o cristianismo, mas odeio os cristãos, pois não vivem segundo os ensinamentos de Cristo”. 
Será que, da mesma forma que Gandhi, nossos familiares incrédulos também têm odiado a 
sã doutrina em virtude de nosso testemunho? Pensemos nisto! 
- Neste testemunho, aliás, está incluído o que estamos a fazer em nossos lares, como 
estamos a viver. Lamentavelmente, não são poucos os lares em que não se tem ali uma 
igreja, mas, sim, um pedaço do mundo. Quantos não têm, ultimamente, transformado seus 
lares em altares para o pecado e para o mundo em vez de altares para Deus. Nestes lares, 
não há mais culto doméstico, mas, por intermédio dos meios de comunicação de massa, ali 
se tem propagado a prostituição, a blasfêmia, a impureza, a malícia e tanta coisa imoral. 
- Como podemos, então, falar do amor de Cristo a nossos familiares, se comungamos com 
todo o pecado que tem grassado no mundo? Como podemos levar nossos familiares 
incrédulos a Cristo se, em nossos próprios lares, estamos a compartilhar dos valores e 
princípios mundanos e pecaminosos? Como podemos levar as almas para Cristo, se nós 
mesmos estamos sendo levados pela onda da apostasia que nos leva ao diabo? 12
-  Ante a divisão espiritual no lar, devemos dar bom testemunho e este testemunho 
inclui, também, a resignação e o perdão, duas atitudes que somente pelo Espírito Santo que 
está em nós pode nos ajudar a realizar. 
- No relato bíblico a respeito da malévola ação de seus irmãos contra si, não há qualquer 
atitude de José que revele revolta ou agressividade. Não há qualquer registro de que José 
tenha insultado seus irmãos, pedido clemência, lançado pragas contra eles ou que tenha 
agredido seus algozes até em legítima defesa de sua pessoa. José manteve-se resignado, 
sem qualquer reação. José é tipo de Jesus e a Bíblia nos diz que Jesus, quando era injuriado, 
não injuriava e quando padecia não ameaçava, mas Se entregava Àquele que julga 
justamente (I Pe.3:23). 
- Assim também se portou o rei Davi diante da rebelião promovida por seu filho Absalão. 
Resignadamente, tendo sabido da revolta e do apoio  popular, Davi resolve deixar 
Jerusalém, evitando uma batalha pelo domínio da capital, inclusive demonstrando que se 
punha nas mãos do Senhor, como revela no momento em que manda que a arca seja levada 
de volta para Jerusalém por parte dos sacerdotes Zadoque e Abiatar (II Sm.15:14,25,26). 
- Deve ser esta a nossa reação diante dos ataques que forem promovidos por nossos 
familiares incrédulos em virtude nossa fé em Cristo Jesus. Devemos manter uma atitude de 
resignação, não respondendo o mal com o mal, mas, antes, o mal com o bem (Rm.12:21). 
Devemos, diante destas perseguições, nos alegrar e  exultar porque é grande o nosso 
galardão nos céus (Mt.5:11,12). 
- Não devemos fazer eloquentes discursos e sermões que criem mais contenda ou discussão, 
mas tão somente nos voltarmos para o Senhor, pedirmos direção e orientação, deixando 
que, se necessário for, as palavras que saiam de nossas bocas não sejam nossas mas do 
Espírito Santo, até porque o Senhor assim nos prometeu, como se vê em Lc.21:12-19. 
- Nesta promessa do Senhor, ademais, está outra conduta que  devemos tomar ante as 
perseguições e aflições decorrentes da ação de nossos familiares incrédulos contra nós 
por causa do nome de Jesus. É a atitude da paciência. “Na vossa paciência, possuí as 
vossas almas” (Lc.21:19). Diante do ódio de nossos  familiares incrédulos por causa de 
nossa fé em Jesus, reajamos com a paciência.  
- A Bíblia de Jerusalém assim traduz Lc.21:19: “É pela perseverança que mantereis as 
vossas vidas!” Notamos, portanto, que, ante as aflições decorrentes da divisão espiritual no 
lar, devemos perseverar na fé, pois aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13). 
Ante o embate espiritual em nosso próprio “ninho”, temos de continuar firmes com Jesus. 
Como diz o poeta sacro traduzido/adaptado pelo pastor Paulo Leivas Macalão: “Eu quero 
estar com Cristo, onde a luta se travar” (primeiro verso da estrofe do hino 212 da Harpa 
Cristã). O segredo é se manter ao lado do Senhor Jesus. 
- A paciência, que é fruto precisamente da tribulação (Rm.5:3), levar-nos-á a ter 
experiência e esta experiência, por sua vez, produzirá a esperança (Rm.5:4,5), que é 
fundamental para que mantenhamos uma vida espiritual sadia e, no tocante a nossos 
familiares incrédulos, nos manterá na luta espiritual pela intercessão pela sua conversão, 13
como também nosso porte será um poderoso meio de evangelização. 
- Mas, além da paciência, devemos nos portar, ante a divisão espiritual no lar, com o 
perdão. José, já governador do Egito, não agiu com vingança para com seus irmãos, mas 
entendeu que tudo aquilo fora plano de Deus para a salvaguarda da nação israelita e, assim, 
o prosseguimento do propósito iniciado com Abraão (Gn.50:14-21).  
- Apesar de todo o mal que possam nossos familiares incrédulos nos realizar, temos de 
perdoá-los, pois, assim fazendo, estaremos dando testemunho de Cristo Jesus e 
contribuindo para a sua conversão. As feridas causadas por familiares são as mais difíceis 
de lidar, porquanto são nosso sangue, são pessoas muito próximas a nós, mas é aí que 
temos de agir como Jesus. 
- José não retribuiu o mal com o mal, mas venceu o mal com o bem. Assim devemos nós 
também agir. De igual maneira, procedeu Davi, que não queria, de modo algum, que 
Absalão fosse morto e, ao saber de sua morte, demonstrou toda a sua contrariedade com o 
gesto de Joabe (II Sm.18:5, 32, 33). 
- O perdão é uma atitude que demonstra toda a nossa liberdade em Cristo Jesus. Através do 
perdão, desfazemos todos os nós criados pelo inimigo de nossas almas e, destarte, 
mostramos que realmente temos o amor de Deus, que Cristo eficazmente liberta do pecado 
e do mal. Será que as mágoas e rancores que temos acumulado ao longo dos anos em 
nossos relacionamentos familiares não têm sido os principais impedimentos e obstáculos 
para que nossos familiares se convertam a Cristo? 
- Como podemos testificar que Cristo perdoa os pecadores se nós não perdoamos aos 
nossos entes queridos? Como podemos testificar que Deus é amor, se dizemos que Deus 
está em nós, mas somos incapazes de perdoar? Pensemos nisto! 
- Por fim, outra atitude que não pode faltar num lar espiritualmente dividido é a nossa 
determinação para que haja a salvação de nossos entes queridos. Não podemos desistir 
da intercessão pela conversão deles nem tampouco pela sua evangelização. 
- O Senhor Jesus é, uma vez mais, o exemplo a ser seguido. Seus irmãos não criam n’Ele, 
Seus familiares eram os Seus primeiros inimigos, mas, antes de subir aos céus, o Senhor 
todos ganhou para Si. Um dos objetivos para Sua permanência na Terra por quarenta dias 
após a Sua ressurreição foi a salvação de Sua família. 
- Sua mãe, que havia vacilado no episódio da tentativa de prisão de Jesus, já se encontrava 
aos pés da cruz nos derradeiros momentos de Cristo e o Senhor, mostrando todo o valor que 
se deve dar à família, abriu um hiato no Seu trabalho de salvação da humanidade para não 
deixar Sua mãe desamparada, pondo-a aos cuidados de João (Jo.19:27). 
- Ao deixar de realizar a obra para a qual tinha vindo a este mundo para amparar a Sua mãe, 
Cristo mostra a importância que a família tem para Deus e, por isso mesmo, não se pode 
querer resolver a questão da divisão espiritual no lar com a destruição da família. Quantos 
desmantelados, na atualidade, não têm defendido o divórcio ou a saída dos filhos de casa 14
como solução da aflição da divisão espiritual no lar? 
- Como o apóstolo Paulo deixou registrado no texto sagrado, não pode partir, em absoluto, 
do familiar cristão a iniciativa para a destruição do convívio familiar: “Se algum irmão tem 
mulher descrente e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E, se alguma mulher tem 
marido descrente e ele consente em habitar com ela, não o deixe” (I Co.7:13,14). 
- Deus criou a família e aborrece tudo quanto signifique a destruição da família, daí porque 
aborrece o divórcio (Ml.2:16). Como costuma dizer o pastor José Wellington Bezerra da 
Costa, presidente da CGADB, o divórcio nunca é uma solução, quando muito, será um 
remédio. 
- Não se resolve o problema da divisão espiritual no lar com o abandono do lar. Jesus, 
apesar de toda a perseguição sofrida em Seu lar, não O abandonou e, mesmo parou de dar 
continuidade à Sua obra salvadora, para resolver o problema do amparo de Sua mãe. 
- Mas não ficou nisso apenas! As Escrituras registram, ainda que de modo bem sucinto, 
que, já ressurreto, o Senhor apareceu a Seu irmão Tiago (I Co.15:7) e esta aparição foi o 
início do processo de conversão de todos os Seus irmãos, tanto que todos eles estavam com 
Sua mãe no cenáculo e, em virtude disto, foram batizados com o Espírito Santo (At.1:14). 
- Jesus não desistiu de Sua família e não subiu aos céus enquanto todos eles não se 
converteram. Que exemplo a ser seguido por nós! Nunca devemos desistir da conversão de 
nossos entes queridos, pois é esta perseverança que provará o nosso amor para com estes 
entes queridos. 
- A persistência de Nosso Senhor fez com que dois de Seus irmãos tivessem importante 
papel na Igreja. Tiago e Judas acabaram por escrever epístolas que hoje compõem a Bíblia 
Sagrada, tendo Tiago, ademais, sido pastor da Igreja em Jerusalém (At.15:13). 
- Jesus não mudou, amados irmãos. Ele é o mesmo (Hb.13:8) e, se estivermos ao Seu lado, 
tenha certeza de que Ele não desistirá da salvação de nossos entes queridos. Basta crermos 
e esperarmos, cooperando com o Senhor através de nosso testemunho, paciência e perdão.  
portal ebd