Que o Estado seja neutro. Não religioso. Não arreligioso. |
Por Gutierres Fernandes Siqueira
“Partido da liberdade ilimitada, chego ao despotismo ilimitado. Acrescento, não obstante, que não pode haver nenhuma solução da fórmula social a não ser a minha” [Shigaliov, em Os demônios (1), de Dostoiévski]
O Brasil é regido pelo laicismo. Graças a Deus! Não há uma religião ou igreja oficial. Isso é ótimo! A separação da Igreja e do Estado está clara nas palavras de Jesus: “Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" [Mateus 22.21]. Eu detesto a ideia de um Estado misturado com uma religião. Já escrevi sobre isso. Veja aqui e aqui.
Todos vocês sabem que um procurador do Ministério Público, certamente buscando publicidade, intimou o Banco Central do Brasil para retirar a frase “Deus seja louvado” das notas monetárias. Segundo o procurador, o objetivo é defender o Estado laico e liberdade religiosa (sic)!
Por que isso é um absurdo? Ora, esses promotores seguem a velha máxima do iluminismo francês que não sabe diferenciar Estado laico de Estado secular. O laicismo não significa a exclusão da religião do espaço público, mas a convivência de todos os credos religiosos e não-religiosos. O Banco Central respondeu sabiamente: “A República Federativa do Brasil não é antirreligiosa ou anticlerical, sendo-lhe vedada apenas a associação a uma específica doutrina religiosa ou a um certo e determinado credo”.
O que essa parte do Ministério Público quer? Ora, na verdade é a implantação do Estado secular. O secularismo radical sonha com o Estado em que o religioso se coloca em âmbito fechado. Não vai demorar para que surjam a proibição da Bíblia pela sua “defesa” homofóbica e/ou escravocata, segundo a leitura míope de alguns. Essa aberração é muito diferente do laicismo.
A questão aqui não é uma frase. Se a frase não existisse em nada mudaria nossas vidas, mas a questão é o espírito da crítica desses procuradores. É um pequeno sinal que muitos sonham com a exclusão total do religioso na esfera pública. Ou seja, há motivos para preocupação. O que está em perigo é, no fundo, a própria liberdade. Repito a essência da frase de Shigaliov: eles dizem que lutam pela liberdade enquanto implantam um despotismo.
Que Deus seja louvado!
fonte http://wilker-son.blogspot.com.br