O peso do voto evangélico na eleição nos EUA


Pesquisas mostram Mitt Romney com 73% de preferência entre os eleitores evangélicos



O peso do voto evangélico na eleição nos EUA
Hoje, os norte-americanos vão às urnas para eleger o seu presidente para os próximos quatro anos. A disputa está acirrada. As pesquisas mostram o candidato republicano Mitt Romney e o presidente Barack Hussein Obama tecnicamente empatados no voto nacional, e as previsões sobre a vitória nos colégios eleitorais são as mais variadas, indo desde uma vitória para Obama por 303 a 235 colégios eleitorais até a vitória para Romney por 315 a 223 colégios eleitorais. Há também analistas que acreditam que a eleição pode ser apertadíssima como a de Bush sobre Al Gore em 2000. Porém, se depender do voto evangélico e católico, há grandes chances do republicano Mitt Romney ganhar o pleito deste ano.

Uma das fortes razões para que se acredite na vitória de Romney no pleito apertadíssimo deste ano é justamente a mobilização do voto evangélico. Nas eleições de 2008, 30 milhões de evangélicos ficaram em casa no dia da votação e Obama venceu a eleição por 10 milhões de votos de diferença. Neste ano, porém, de seis semanas para cá, as bases evangélicas começaram a se mobilizar pró-Romney de uma forma só vista recentemente nas eleições de 2000 e 2004.

Apoio católico e evangélico

Pesquisas recentes mostram que Romney está 14 pontos à frente de Obama entre os católicos (veja AQUI), que representam 30% dos eleitores do país; e segundo levantamento do Centro de Pesquisas Pew, realizado de 4 a 7 de outubro, Romney conta com 73% do apoio dos evangélicos, que representam 48% da população e 47% dos eleitores.

Anteontem, domingo, 4 de novembro, vários padres no país leram uma carta anti-Obama no púlpito de suas igrejas (veja AQUI). Antes, no domingo 7 de outubro, 1,6 mil pastores em todo o país subiram ao púlpito de suas igrejas para pregarem sermões em que analisavam as políticas de Obama e as propostas de Romney à luz da Bíblia. Esses pastores se opõem à Emenda Johnson de 1954, do então senador democrata Lyndon Johnson, que multa as igrejas e pastores que fizerem campanha a favor de um candidato a cargo público no país.

Os Estados Unidos são a maior, a mais antiga e a mais plena democracia do mundo, onde, por exemplo, votar e alistar-se nas Forças Armadas não são obrigatórios, e onde a liberdade de expressão é mais respeitada em todo o mundo. Porém, desde 1954, no país da plena liberdade política e de expressão, o direito de manifestação política foi suprimido das igrejas e pastores. Desde a independência dos EUA em 1776 até o ano de 1954 – ou seja, durante os seus primeiros 178 anos de história –, todas as igrejas e pastores nos EUA eram livres para declarar apoio explícito a qualquer candidato a um cargo público no país. Porém, naquele fatídico ano de 1954, o então senador democrata Lyndon Johnson propôs um projeto de lei que foi aprovado, passando a ser conhecido como Emenda Johnson, proibindo as igrejas e pastores de declarar apoio a um candidato a cargo público, sob pena de perder sua isenção fiscal. Mas, tal medida pode ser derrubada.

“Pregar sobre princípios bíblicos e aplicá-los para as posições de candidatos a cargos públicos não é discurso político, é expressão religiosa de um líder espiritual para seus fiéis”, afirmou em outubro Erik Stanley, assessor legal sênior da Aliança em Defesa da Liberdade nos EUA (ADF, na sigla em inglês), que reuniu, em 7 de outubro, cerca de 1,6 mil pastores de igrejas de todo o país para participaram de uma iniciativa contra o impedimento aos pastores e igrejas de usarem o púlpito para pregar confrontando os candidatos a cargos públicos com os valores da Palavra de Deus.

Nesse 7 de outubro, um mês antes das eleições, esses 1,6 mil pastores deliberadamente subiram ao púlpito para aplicarem as perspectivas bíblicas para as posições de candidatos a cargos públicos na eleição deste ano nos EUA, desafiando a Emenda Johnson. O objetivo da ADF é provocar um desafio à Receita Federal dos EUA que lhe permitiria abrir um processo e derrotar o regulamento na Suprema Corte por razões constitucionais. A ADF afirma que “o governo simplesmente não pode ditar às igrejas e aos ministros os tópicos de seus sermões. Esses pastores estão simplesmente aplicando as Escrituras e a doutrina teológica para as posições detidas pelos candidatos que concorrem a um cargo. Os pastores têm aplicado o ensino bíblico a circunstâncias que suas congregações enfrentam há muito tempo. Isso não é discurso político. Pelo contrário, é a expressão religiosa de um líder espiritual para seus fieis. Esse tipo de expressão está bem no centro do discurso de liberdade e proteção à religião da Primeira Emenda da Constituição dos EUA”.

A ADF explica ainda que o então senador democrata Lyndon Johnson propôs a Emenda Johnson de 1954 “como meio de silenciar grupos conservadores sem fins lucrativos que se opunham à sua candidatura à reeleição”, e de última hora incluiu as igrejas também no projeto”. A ADF afirma que realizou um estudo extensivo sobre o  assunto e concluiu que “a Emenda Johnson não está enraizada em disposições constitucionais, como a separação entre a Igreja e o Estado. Johnson não estava tentando resolver qualquer questão constitucional relacionada à separação entre Igreja e Estado, e ele também não ofereceu a emenda por causa de algo que as igrejas tinham feito, mas para silenciar entidades sem fins lucrativos seculares que se levantaram contra ele por causa das acusações de fraude em sua eleição em 1948”.

A ADF lembra ainda que, “antes de 1954, não havia restrições sobre o que as igrejas poderiam ou não fazer em relação ao discurso sobre o governo e a votação, com exceção de apenas uma lei de 1934 impedindo organizações sem fins lucrativos de usar parte substancial dos seus recursos para financiar lobbys para a legislação”.

Os pastores que participaram do evento de domingo, 7 de outubro, enviaram as gravações de seus sermões para a Receita Federal, efetivamente lançando  o desafio de discutir a liberdade de expressão de ministros no tribunal.

O voto evangélico em Ohio

Uma matéria do Wall Street Journal de quarta-feira, 31 de outubro, falou sobre o peso do voto evangélico nestas eleições nos EUA, citando como exemplo o caso de Ohio, um dos Estados mais almejados pelos candidatos (simplesmente, nenhum candidato até hoje venceu as eleições para presidente dos EUA sem vencer em Ohio). A referida matéria pode sser lida, traduzida, no blog “O Cristão e o Mundo” (para lê-la, clique AQUI).


Por Silas Daniel