Lideranças católicas ficam contrariadas com decisões dos Estados Unidos e da Europa
O jornal L’Osservatore Romano, principal publicação do Vaticano, publicou como matéria de capa os esforços que serão adotados pela Santa Sé para lutar, mesmo que sozinha, contra as iniciativas de conceder o reconhecimento legal de casais do mesmo sexo.
O ensinamento católico é que os homossexuais devem ser respeitados e tratados com dignidade, mas que seus atos são “intrinsecamente desordenados”. “Pode-se dizer que a igreja, pelo menos nesta frente de batalha, foi derrotada”, diz o L’Osservatore.
Em um comunicado paralelo, feito pelo porta-voz do Papa, à Rádio Vaticano, Federico Lombardi perguntou sarcasticamente por que os defensores do casamento entre homossexuais não pedem também o reconhecimento legal de casais poligâmicos. “Fica claro que, nos países ocidentais, existe uma tendência disseminada de modificar a visão histórica do casamento entre um homem e uma mulher. Ou mesmo de renunciar a ela, eliminando seu reconhecimento legal específico e privilegiado na comparação com outras formas de união”, disse o padre Lombardi.
O editorial de Lombardi na Rádio oficial da ICAR, transmitida para o mundo todo em cerca de 30 línguas, classificou as decisões como “míopes”, afirmando que “essa lógica não pode ter uma percepção de longo prazo visando o bem comum”.
As palavras de Lombardi tem muita força, considerando que além de porta-voz do Vaticano, é diretor da Rádio Vaticano e da Televisão do Vaticano. Ele afirmou ainda ser de “conhecimento público” que o “casamento monogâmico entre homem e mulher é uma conquista da civilização”.
A forte reação dos católicos é resultado das “conquistas” do movimento em diferentes partes do mundo. Três estados dos EUA aprovaram o casamento homossexual em referendos realizados junto com a eleição presidencial. Reeleito, Barack Obama já se disse favorável a esse reconhecimento que em breve deve ser legalizado em outros Estados americanos. Embora tenha parabenizado Obama pela reeleição, o Papa Bento XVI disse estar rezando para que os ideais de liberdade e justiça continuem a ser acolhidos no mundo.
Na mesma semana, a Espanha manteve a lei do casamento gay, e a França avançou com a legislação que promete legalizar o casamento gay no início do próximo ano. Contudo, no ambiente europeu cada vez mais liberal, não houve manifestações contrárias de vulto.
A reação da mídia do Vaticano deve ter repercussões imediatas dentro da Igreja Católica Romana. Ao que parece, a fortes reações indicam que seus líderes, prometeram “nunca parar de lutar contra as tentativas de “eliminar” o casamento heterossexual.
A Mídia do Vaticano insiste ainda que os católicos devem se esforçar nessa “luta corajosa para defender a doutrina da Igreja em face de ideologias politicamente corretas que tentam invadir todas as culturas do mundo”. “A Igreja é chamada a apresentar-se como o crítico solitário da modernidade”, disse Lombardi, ao enfatizar que os governos deveriam respeitar os valores essenciais defendidos pelo Vaticano, isso inclui a liberdade religiosa e a oposição ao aborto, eutanásia e outras questões classificadas como “pró-vida”. Traduzido do jornal The Australian.
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