Título original -Dentro e fora das quatro paredes
Por Marcelo Dutra
Fatores internos e externos podem comprometer a estabilidade da vida a dois.
Como ter um casamento próximo da perfeição diante dos olhos de Deus? Como manter a união estável e saudável diante de todos os desafios que milhares de casais enfrentam todos os anos? As estatísticas não conspiram a favor. No Brasil, de acordo com o Censo 2000, somente 70% dos casais que juraram amor eterno diante do altar permanecem juntos após os dez primeiros anos de casados. Isto representa, segundo a revista Época, 150 mil pessoas divorciando-se todos os anos no país. A maioria delas alega “incompatibilidade de gênios”, mas é sabido que a expressão é freqüentemente usada apenas para cumprir formalidade. A origem de parte considerável destas separações diz respeito a problemas na intimidade do casal, seja por fatores internos, como dificuldades no relacionamento sexual, ou externos, especialmente a infidelidade. Nestes casos, o conceito bíblico de “leito sem mácula” fica comprometido, deixando marcas tão profundas que só Deus pode restaurar.
“Mesmo entre quatro paredes, Jesus continua a ser o Senhor; por isso, o casal precisa ter domínio próprio até no relacionamento sexual” — Josué Gonçalves
Alguns terapeutas familiares têm procurado pesquisar com profundidade as crises pelas quais passam os casais. O relacionamento sexual, por exemplo, é uma das áreas que mais geram dúvidas entre os cristãos. Como definir o que é saudável num campo em que a discussão é carregada de tabus? Na opinião do pastor Gilson Bifano, da Missão Oikos
— ministério cristão de apoio à família
—, a pureza do leito conjugal, como descrita em Hebreus 13.4, é uma referência à santidade e à sinceridade das relações sexuais no casamento. Ele lembra que, mais adiante, o autor menciona fornicadores e adúlteros, acusados de manter relações sexuais contrárias à vontade de Deus. “Isto significa sexo entre duas pessoas solteiras, o que é chamado fornicação, e entre duas pessoas, mesmo que uma delas ou ambas sejam casadas, mas que não sejam cônjuges, o que caracteriza o adultério. Nos dois casos, a advertência é clara: Deus julgará”, diz o terapeuta familiar.
Bifano questiona o ditado popular, segundo o qual, dentro de quatro paredes, pode tudo entre os casais. “Será verdade? Pode um casal assistir a filmes pornográficos para esquentar a relação, por exemplo? Creio que não. O que um casal faz entre quatro paredes deve ter aprovação de Deus”, afirma, no que é corroborado por outro terapeuta familiar de renome nacional, o pastor Josué Gonçalves. “O que as pessoas precisam entender é que, mesmo entre quatro paredes, Jesus continua a ser o Senhor das nossas vidas. Só por isso, o casal precisa ter domínio próprio até mesmo no relacionamento sexual”, diz.
Josué, que fundou, há 12 anos, o ministério Família Debaixo da Graça, orienta os casais no sentido de que conversem e concluam juntos sobre o que cada um gosta e não gosta na relação sexual. A transparência nas intenções e nas conversas deve ser uma necessidade constante, se o casal deseja manter um casamento sadio. “Casamento é compromisso, é cumplicidade entre os cônjuges.
Quando um deles permite que haja segredos que o outro não saiba, abre portas para a infidelidade e a desconfiança.”
Segredos
Em alguns casos, a traição não está diretamente relacionada ao adultério. Um segredo pode ser suficiente para abalar a união. Jorge e Mariane, que preferem não revelar seus nomes verdadeiros, são membros de uma igreja Assembléia de Deus, em Niterói (RJ). O casal, que mora em uma região de favelas, viveu, até poucos meses, uma situação que, por pouco, não destruiu a relação. Desempregado, ele começou a fazer pequenos serviços, levando e trazendo informações para os traficantes da região. Mariane desconfiava do dinheiro que aparecia eventualmente, mas nada sabia do envolvimento do marido com a contravenção. “Só fiquei sabendo quando ele foi detido pela polícia e indiciado por envolvimento com essa coisa horrível”, conta a esposa.
Jorge não ficou na cadeia, mas a confiança entre os cônjuges ficou seriamente abalada: “Sei que errei em guardar segredos, e muito mais em me meter naquilo. Se eu tivesse consultado minha esposa, ela iria me impedir, me lembrar de que era coisa do diabo, me amarrar em casa, sei lá! Ela é mais equilibrada, mesmo”, reconhece, arrependido. Os dois agora fazem terapia para casais e afirmam que a experiência serviu de lição.
Quando acontece a traição, somente a graça e o poder de Deus, agindo na vida dos envolvidos, pode interferir para que haja cura, perdão e desejo de reconstruir a relação. Foi exatamente esta fórmula a responsável pela restauração do casamento entre a dona de casa Marilda Teixeira Rebola, 58 anos, e o vendedor Aldenir Zamora Rebola, 59. Os dois são casados há 36 anos, mas há 18 o adultério quase destruiu a vida a dois. “Descobri que meu marido tinha uma amante e que os dois já tinham um filho pequeno”, conta ela, lembrando que, na época, nenhum dos dois era cristão.
Após a descoberta, o casal ficou separado por quase dois anos, até que, já convertidos ao cristianismo, os dois puderam buscar a cura e voltaram a morar juntos. “Apesar da traição de meu marido, eu fiz uma análise e vi que contribuí para o fracasso do nosso relacionamento, pois não o respeitava”, diz Marilda, valorizando o poder restaurador da humildade. Pais de dois rapazes e uma moça, eles afirmam que o retorno só foi possível graças a muita oração e ao desejo de perdoar e enterrar as mágoas. “Hoje nosso casamento é uma bênção para nós e para nossa igreja, e damos cursos bíblicos para casais”, diz ela, prova viva do poder de Deus para apagar as máculas do passado.
Por Marcelo Dutra
Fatores internos e externos podem comprometer a estabilidade da vida a dois.
Como ter um casamento próximo da perfeição diante dos olhos de Deus? Como manter a união estável e saudável diante de todos os desafios que milhares de casais enfrentam todos os anos? As estatísticas não conspiram a favor. No Brasil, de acordo com o Censo 2000, somente 70% dos casais que juraram amor eterno diante do altar permanecem juntos após os dez primeiros anos de casados. Isto representa, segundo a revista Época, 150 mil pessoas divorciando-se todos os anos no país. A maioria delas alega “incompatibilidade de gênios”, mas é sabido que a expressão é freqüentemente usada apenas para cumprir formalidade. A origem de parte considerável destas separações diz respeito a problemas na intimidade do casal, seja por fatores internos, como dificuldades no relacionamento sexual, ou externos, especialmente a infidelidade. Nestes casos, o conceito bíblico de “leito sem mácula” fica comprometido, deixando marcas tão profundas que só Deus pode restaurar.
“Mesmo entre quatro paredes, Jesus continua a ser o Senhor; por isso, o casal precisa ter domínio próprio até no relacionamento sexual” — Josué Gonçalves
Alguns terapeutas familiares têm procurado pesquisar com profundidade as crises pelas quais passam os casais. O relacionamento sexual, por exemplo, é uma das áreas que mais geram dúvidas entre os cristãos. Como definir o que é saudável num campo em que a discussão é carregada de tabus? Na opinião do pastor Gilson Bifano, da Missão Oikos
— ministério cristão de apoio à família
—, a pureza do leito conjugal, como descrita em Hebreus 13.4, é uma referência à santidade e à sinceridade das relações sexuais no casamento. Ele lembra que, mais adiante, o autor menciona fornicadores e adúlteros, acusados de manter relações sexuais contrárias à vontade de Deus. “Isto significa sexo entre duas pessoas solteiras, o que é chamado fornicação, e entre duas pessoas, mesmo que uma delas ou ambas sejam casadas, mas que não sejam cônjuges, o que caracteriza o adultério. Nos dois casos, a advertência é clara: Deus julgará”, diz o terapeuta familiar.
Bifano questiona o ditado popular, segundo o qual, dentro de quatro paredes, pode tudo entre os casais. “Será verdade? Pode um casal assistir a filmes pornográficos para esquentar a relação, por exemplo? Creio que não. O que um casal faz entre quatro paredes deve ter aprovação de Deus”, afirma, no que é corroborado por outro terapeuta familiar de renome nacional, o pastor Josué Gonçalves. “O que as pessoas precisam entender é que, mesmo entre quatro paredes, Jesus continua a ser o Senhor das nossas vidas. Só por isso, o casal precisa ter domínio próprio até mesmo no relacionamento sexual”, diz.
Josué, que fundou, há 12 anos, o ministério Família Debaixo da Graça, orienta os casais no sentido de que conversem e concluam juntos sobre o que cada um gosta e não gosta na relação sexual. A transparência nas intenções e nas conversas deve ser uma necessidade constante, se o casal deseja manter um casamento sadio. “Casamento é compromisso, é cumplicidade entre os cônjuges.
Quando um deles permite que haja segredos que o outro não saiba, abre portas para a infidelidade e a desconfiança.”
Segredos
Em alguns casos, a traição não está diretamente relacionada ao adultério. Um segredo pode ser suficiente para abalar a união. Jorge e Mariane, que preferem não revelar seus nomes verdadeiros, são membros de uma igreja Assembléia de Deus, em Niterói (RJ). O casal, que mora em uma região de favelas, viveu, até poucos meses, uma situação que, por pouco, não destruiu a relação. Desempregado, ele começou a fazer pequenos serviços, levando e trazendo informações para os traficantes da região. Mariane desconfiava do dinheiro que aparecia eventualmente, mas nada sabia do envolvimento do marido com a contravenção. “Só fiquei sabendo quando ele foi detido pela polícia e indiciado por envolvimento com essa coisa horrível”, conta a esposa.
Jorge não ficou na cadeia, mas a confiança entre os cônjuges ficou seriamente abalada: “Sei que errei em guardar segredos, e muito mais em me meter naquilo. Se eu tivesse consultado minha esposa, ela iria me impedir, me lembrar de que era coisa do diabo, me amarrar em casa, sei lá! Ela é mais equilibrada, mesmo”, reconhece, arrependido. Os dois agora fazem terapia para casais e afirmam que a experiência serviu de lição.
Quando acontece a traição, somente a graça e o poder de Deus, agindo na vida dos envolvidos, pode interferir para que haja cura, perdão e desejo de reconstruir a relação. Foi exatamente esta fórmula a responsável pela restauração do casamento entre a dona de casa Marilda Teixeira Rebola, 58 anos, e o vendedor Aldenir Zamora Rebola, 59. Os dois são casados há 36 anos, mas há 18 o adultério quase destruiu a vida a dois. “Descobri que meu marido tinha uma amante e que os dois já tinham um filho pequeno”, conta ela, lembrando que, na época, nenhum dos dois era cristão.
Após a descoberta, o casal ficou separado por quase dois anos, até que, já convertidos ao cristianismo, os dois puderam buscar a cura e voltaram a morar juntos. “Apesar da traição de meu marido, eu fiz uma análise e vi que contribuí para o fracasso do nosso relacionamento, pois não o respeitava”, diz Marilda, valorizando o poder restaurador da humildade. Pais de dois rapazes e uma moça, eles afirmam que o retorno só foi possível graças a muita oração e ao desejo de perdoar e enterrar as mágoas. “Hoje nosso casamento é uma bênção para nós e para nossa igreja, e damos cursos bíblicos para casais”, diz ela, prova viva do poder de Deus para apagar as máculas do passado.