Karina Bellotti, doutora da Unicamp que estuda mídia e religião acredita que “Nos últimos cinco anos, a Globo se aproximou desse público porque tem lhe conferido não somente peso de formação de opinião, mas também de mercado consumidor”. E acrescenta “é importante destacar que a bancada evangélica cresceu no Congresso, assim como o poder aquisitivo de muitos evangélicos que ocupavam a classe C”.
Por sua vez, o pastor Silas Malafaia reforça que “não há nenhum acordo para nos proteger” e ”Que cada pastor que pague a conta pela sua besteira.” Rodovalho comemora “A decisão [de abrir mais espaço para evangélicos] é deles.
Para os líderes está na hora de a Globo investir em personagens evangélicos na teledramaturgia. Recentemente, a Globo mostrou duas coadjuvantes evangélicas: Ivone (Kika Kalache), de “Cheias de Charme”, e Dolores (Paula Burlamaqui), de “Avenida Brasil”. Mas a recepção entre os evangélicos não foi boa, pois eram estereotipadas.
Segundo a assessoria da Globo, nesse último encontro os pastores “manifestaram o interesse em falar sobre o perfil atual do evangélico brasileiro para autores e roteiristas. A emissora considera a contribuição relevante, assim como as que recebe de vários segmentos da sociedade, inclusive de outras religiões”.
O fato é que os casamentos nas novelas geralmente são católicos. E o tema do espiritismo nas produções da Globo são constantes. Quando aparecem personagens evangélicos, “é crente, mas vagabundo. É pastor, mas safado”, provoca Malafaia.
No passado, Malafaia trocou abertamente farpas com a Globo por conta do que considerava um preconceito. “Em 25 anos, vin-te e cin-co [pontua cada sílaba], lembro de apenas uma reportagem boa na Globo sobre evangélicos. E tem semana em que, todo dia, o ‘Jornal Nacional’ fala bem da Igreja Católica”, explica.
Mas os tempos são outros. “No passado, éramos corpos estranhos, não tínhamos nenhum diálogo. Agora é diferente”, conclui Rodovalho.
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