O mundo todo se surpreendeu com o anúncio do Papa Bento XVI de que, no próximo dia 28 de fevereiro, às 20 horas, deixará a chefia da Igreja Católica Apostólica Romana, gesto que não se repetia desde 1415, quando Gregório XII também deixou o Papado, a fim de pôr fim ao Cisma do Ocidente, que fazia com que houvesse três Papas simultâneos na Igreja Romana naquela ocasião.
Bento XVI, em entrevista ao jornalista alemão Peter Seewald, entrevista que foi publicada como livro (“Luz do Mundo’), já adiantara que entendia ser até dever de um Papa renunciar quando verificasse “…não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado…”.
Ao anunciar a sua renúncia, o chefe da Igreja Romana afirmou que suas condições físicas não mais lhe permitiam exercer, a contento, o encargo que lhe fora confiado, a demonstrar, pois, que as razões de sua saída seriam as de ordem física, já que, mentalmente, segundo os dizeres do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone, após o anúncio da renúncia, o Papa estaria em perfeita lucidez, o que se verifica pela leitura de seus últimos escritos nos últimos dias (inclusive o terceiro e último volume de sua trilogia “Jesus de Nazaré”, publicado no final do ano passado).
No entanto, é sabido que não são apenas as condições físicas de saúde, que realmente se encontram debilitadas, que influíram na decisão do Papa.
Os últimos anos mostram, com clareza, que a empreitada do Romano Pontífice de impedir maltratos à ortodoxia doutrinária do Catolicismo Romano não tem sido fácil nem muito exitosa.
Seguindo os passos de seu antecessor, Bento XVI procurou, com todas as suas forças, impedir que os “ventos liberalizantes” que indevidamente se associaram ao Concílio Vaticano II pudessem deturpar a bimilenária doutrina católica romana, prosseguindo, assim, o seu próprio trabalho durante o pontificado de João Paulo II perante a Congregação para a Doutrina da Fé, quando foi um implacável opositor da teologia da libertação e de movimentos que propunham a adaptação do Romanismo aos ideais relativistas que construíram a chamada “pós-modernidade”.
No entanto, esta luta encontrou muitos obstáculos ao longo de seu pontificado. Os escândalos de pedofilia serviram de arma nas mãos dos seus adversários para lançar o descrédito junto à Igreja Católica Romana, em especial na Europa, que era o local onde o Papa esperava centrar a sua “nova evangelização”.
Como se não bastasse isso, movimentos de rebeldia se espalharam no clero europeu, como se verificou na Áustria (videhttp://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=33467) e na Bélgica (http://www.ihu.unisinos.br/noticias/503948-a-belgica-segue-a-austria-padres-e-leigos-pedem-reformas-a-igreja), com seguidos manifestos de afronta aos princípios defendidos pelo Papa.
Esta rede de intrigas, por fim, chegou até Roma, onde escândalos envolvendo as finanças da Igreja também serviram de pretextos para o afastamento de alguns aliados do Papa na estrutura da cúpula da Igreja, sem falar no chamado “Vatileaks”, que levou à própria condenação criminal do ex-mordomo do Pontífice.
Duas semanas antes do anúncio da renúncia, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, o arcebispo italiano Vincenzo Paglia, deu uma declaração ambígua a respeito da aceitação de normas protetivas de uniões homossexuais (videhttp://www.verdadegospel.com/decadencia-igreja-catolica-defende-privilegios-para-homossexuais/?area=3), uma posição que destoa de tudo que a Igreja Católica tem defendido a respeito de tal tema, desde os tempos de Bento XVI à frente da Congregação para a Doutrina da Fé (videhttp://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20030731_homosexual-unions_po.html).
Nota-se, portanto, que o Papa se encontrava cada vez mais isolado na cúpula da Igreja Romana, a despeito da força que estava a demonstrar com a recuperação de vocações sacerdotais e a resposta que a juventude estava a lhe dar diante de suas ideias, como se observou nas Jornadas Mundiais da Juventude de Sidney e de Madrid e já se verificava na preparação da próxima Jornada, a se realizar no Rio de Janeiro em julho próximo.
Inteligente, sabedor de suas limitações físicas e políticas, o Papa entendeu ser o momento de ser sucedido por alguém que, com mais saúde e condições, possa tentar reverter este quadro de pressão por perigosas liberalizações, que farão com que caia a última resistência ao “espírito pós-moderno” no cenário internacional.
Talvez não tenha sido por isso que Bento XVI, na sua primeira homilia após o anúncio da renúncia, na Quarta-Feira de Cinzas, tenha afirmado: “…Penso especialmente nas culpas contra a unidade da Igreja, nas divisões no corpo eclesial. Viver a Quaresma em uma mais intensa e evidente comunhão eclesial, superando individualismos e rivalidade, é um sinal humilde e precioso para aqueles que estão distantes da fé ou indiferentes.…”, como também: “…Mas Jesus destaca que seja a qualidade e a verdade da relação com Deus o que qualifica a autenticidade de cada gesto religioso. Por isso, Ele denuncia a hipocrisia religiosa, o comportamento que quer aparecer, as atitudes que buscam o aplauso e a aprovação. O verdadeiro discípulo não serve a si mesmo ou ao “público”, mas ao seu Senhor, na simplicidade e na generosidade…” (Homilia da Missa de Quarta-Feira de Cinzas. 13 fev. 2013. Disponível em: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=288716Acesso em 14 fev. 2013) (tradução da Comunidade Católica Canção Nova, sem os destaques da tradução).
O que se pergunta é se o sucessor será alguém alinhado com o pensamento dos dois últimos Papas ou alguém que, sem condições de reverter a tendência de liberalização, acabe sucumbindo a tais “ventos”, sendo o verdadeiro Anticristo aludido pelo cardeal Biffi.
A saída de Bento XVI é mais uma sinalização de que estamos realmente nos tempos finais da dispensação da graça, de que o projeto anticristão avança rapidamente para criar o cenário de subida do Anticristo ao poder, como profetizado nas Escrituras.
Nem se diga que isto é uma ilação de um protestante pentecostal.
O cardeal arcebispo emérito de Bologna, Giacomo Biffi, convidado pelo próprio Bento XVI para pregar para a Cúria Romana em 2007, afirmou que estava próximo o tempo para que o Anticristo dominasse a Igreja Romana e deturpasse por completo a doutrina cristã, impondo uma filosofia pacifista, ecologista, ecumênica e relativista, levando os verdadeiros cristãos a uma vida de resistência e perseguição (videhttp://www.bibliacatolica.com.br/blog/santa-se/cardeal-biffi-apresenta-anticristo-ao-papa-e-a-curia/).
A saída de George W. Bush do governo dos Estados Unidos e a ascensão de Barack Obama representou a retirada do governo norte-americano da defesa dos valores judaico-cristãos de moralidade e de vida, como deixou bem claro, aliás, o discurso de posse do segundo mandato do presidente estadunidense, onde se defendeu abertamente a “agenda gay”. Será que agora Roma também deixará de ser suporte de tal valoração?
Estejamos prontos, amados irmãos, pois tudo indica que a nossa redenção está muito próxima.
* Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical (www.portalebd.org.br).