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QUARTO TRIMESTRE DE 2013
SABEDORIA DE DEUS PARA UMA VIDA VITORIOSA: A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
COMENTARISTA: JOSÉ GONÇALVES
LIÇÃO 13 – TEMA A DEUS EM TODO TEMPO - 4º TRIMESTRE 2013
(Ec 12.1-8)
“De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.13,14). Foi com estas palavras que o sábio Salomão conclui o livro de Eclesiastes. Depois de buscar sentido para a vida no prazer, no vinho, em obras magníficas, em joias preciosas, e nos bens terrenos (Ec 2.1-10), ele conclui que o verdadeiro sentido da vida é temer a Deus e guardar os seus mandamentos. Nesta última lição do trimestre, estudaremos os sábios conselhos do rei Salomão acerca do preparo para a chegada da velhice e da morte, e também sobre o significado de temor do Senhor e sobre os mandamentos divinos.
I – DEVEMOS NOS PREPARAR PARA A VELHICE E PARA A MORTE
Em Ec 12.1-8 Salomão aconselha que o homem deve, desde a sua juventude, lembrar-se de Deus, o Criador, pois, a velhice e a morte são inevitáveis. Vejamos:
1.1 “Lembra-te do teu Criador...” (Ec 3.1a). O termo hebraico para a palavra lembra-te é zãkhar e significa: “lembrar”, “recordar”, “pensar a respeito” e “ser lembrado”. “Lembrar-se” na Bíblia subentende ação. Por exemplo: Quando Deus lembrou-se de Noé, Abraão e Ana, interviu em suas vidas para o seu bem (Gn 8.1-6; 19.29; I Sm 1.19). Por isso, lembrar-se do Criador implica em agir de acordo com os seus mandamentos (Ec 12.13; I Jo 2.4; 3.24), pois foi Ele que nos fez, e dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas (Gn 1.26; At 17.24-26; Hb 11.3).
1.2 “... nos dias da tua mocidade...” (Ec 3.1b). Embora todos os homens devam lembrar-se do Criador, e não apenas os jovens; o sábio Salomão exorta, principalmente a juventude, porque nesta fase da vida é comum surgirem tentações que giram em torno da busca pelo prazer e satisfação pessoal, que podem levar o jovem ao esquecimento de Deus (Ec 11.9,10; Mt 19.16-22; Lc 15.11-15,30; II Tm 2.22).
1.3 “... antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Ec 3.1c). Os maus dias, neste texto, referem-se ao cansaço e a fadiga da velhice, quando o homem perde o vigor físico, e os sentidos (audição, visão, paladar, tato e olfato) já não atuam como antes, como podemos ver nos versículos seguintes.
1.4 “Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas...” (Ec 12.2). Na Bíblia Viva, o texto diz: “Os seus olhos ficarão tão fracos que não poderão perceber a luz do sol, da lua e das estrelas...”. O que significa dizer que Salomão não estava se referindo a fenômenos que ocorrerão nos astros celestes, e sim, a uma característica da velhice, onde é comum ocorrer limitações e deficiência visual. Portanto, não é o sol, a lua e as estrelas que escurecerão, e sim, a visão, que ao chegar a velhice, já não é perfeita, como ocorreu com Isaque, Jacó, o sacerdote Eli e o profeta Aías, que já não podiam ver, por conta da idade avançada (Gn 27.1; 48.10; I Sm 3.2; 4.15; I Rs 14.4).
1.5 “No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas” (Ec 12.3). Metaforicamente, neste texto, a casa é o corpo; os guardas são os braços; os homens fortes são as pernas; os moedores são os dentes; e, as janelas são os olhos. Em outras palavras, Salomão estava dizendo: “No dia em que teus braços começarem a tremer, e as tuas pernas se tornarem fracas, e teus dentes já não puderem mastigar e os teus olhos estiverem cansados”. Na verdade, tudo isto acontece na velhice!
1.6 “E as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as vozes do canto se baixarem” (Ec 12.4). As duas portas da rua refere-se aos lábios (Ec 12.4 ARA) que, por falta dos dentes, o barulho da mastigação diminui e já não se pode falar em voz alta. Quanto ao “levantar-se à voz das aves” tem o sentido de acordar mais cedo, ter pouco sono. As vozes também diminuirão, pois, até as cordas vocais, com a idade, perdem a força, e a voz pode perder o timbre ou enfraquecer.
1.7 “Como também quando temerem o que está no alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça” (Ec 12.5). Neste texto, o sábio lembra diversas experiências da velhice: (1) É comum o medo de altura, pois, com os ossos fragilizados, os velhos são mais cautelosos e temem subir em lugares altos; (2) Também, nessa época, surgem os “espantos no caminho”, ou seja, os temores da vida; (3) Quanto ao “florescer da amendoeira” representa as cãs da pessoa idosa (Gn 42.38; 44.29; Pv 16.31; 20.29), pois, a amendoeira, no Oriente, floresce quando as outras árvores não tem flor. Depois, ela fica branca, pois suas flores são alvas, enquanto as outras árvores ficam escuras, com a folhagem verde; (4) O gafanhoto torna-se um peso quando não há mais disposição para um novo plantio, principalmente, para quem já não tem mais apetite; (5) Ir a casa eterna fala da morte física, que todos estão sujeitos (Gn 3.19; Dt 31.16; Sl 115.17; Jo 11.11; At 5.10; II Co 5.1; II Pe 1.14; Tg 2.26).
1.8 “Antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.6,7). Este texto faz menção a tricotomia do homem, ou seja, corpo, alma e espírito (I Ts 5.23). A cadeia de prata refere-se a alma, a sede das emoções (Gn 2.7; Sl 42.5; 86.4; Ct 1.7; Mc 14.34; Jo 12.27); o copo de ouro diz respeito ao espírito humano que, juntamente com a alma, forma o homem interior (Nm 16.22; Sl 51.10; Jo 4.22,23; Rm 1.9; I Co 14.14,15; II Co 7.1); e, o cântaro “de barro”, é uma alusão ao corpo, que é a parte material do homem (Sl 139.13-16; Rm 6.12-14; 7.24; I Co 6.19,20; II Co 4.14-16; 5.1). O sábio diz ainda que o pó volta à terra, ou seja, o corpo, depois da morte volta ao pó (Gn 3.19) e o espírito volta para o controle de Deus (Lc 16.22).
II - O TEMOR DO SENHOR
O termo hebraico para a palavra teme em (Ec 12.13) é “yare”, que significa: “temer”, “reverenciar” ou “respeitar”, e comumente se refere ao temor do Senhor, como em (Pv 1.7) onde o sábio diz que “O temor do Senhor é o princípio da ciência”. Logo, temer a Deus significa honrar e respeitar a Sua autoridade e senhorio. Vejamos alguns exemplos:
Este temor foi demonstrado quando Abraão se prontificou para oferecer seu filho Isaque em holocausto ao Senhor (Gn 22.12);
O temor a Deus é ordenado e inspirado pela santidade divina (Dt 13.4; Sl 22.23; Ap 15.4);
As parteiras de Faraó, temendo a Deus, não mataram os meninos recém-nascidos (Êx 1.17,21);
Aqueles que temem a Deus são fieis aos Seus mandamentos, pois este temor faz com que eles vivam de acordo com os princípios divinos (Êx 18.21; Dt 6.2);
O Senhor Deus deveria ser temido por Israel, seu povo (Lv 19.30; 26.2; Js 24.14; I Rs 18.3,12; Jr 26.19);
Um exemplo inverso: Israel foi destruído pela Assíria porque temia e adorava a outros deuses (Jz 6.10; II Rs 17.7,35).
III – OS MANDAMENTOS DIVINOS
Guardar os mandamentos divinos é a segunda recomendação de Salomão em (Ec 12.3). A palavra guardar, do hebraico “sãmar” tem o sentido de “cuidar”, “observar”, “preservar” e “zelar”. O termo é aplicado a Israel, que deveria observar as leis do Senhor para cumpri-las (Dt 4.6; 5.1) e guardar o caminho do Senhor para andar nele (Gn 17.9; 18.19). Já o termo hebraico para mandamentos é “miswãh” e significa “mandamento”, “ordem”, “lei”, “ordenança” ou “preceito”. A palavra pode ser aplicada aos decretos emitidos por um ser humano, como um rei (I Rs 2.43; Et 3.3; Pv 6.20; Is 36.21; Jr 15.18); e também pode estar relacionada com um conjunto geral de preceitos humanos (Is 29.13) ou um conjunto de ensinamentos (Pv 2.1; 3.1). Mas, é aplicada, principalmente, aos mandamentos divinos, como veremos a seguir:
No singular, pode referir-se a um determinado mandamento (I Rs 13.21); mas, aparece mais frequentemente no plural, para designar todo o conjunto da lei divina e sua instrução (Gn 26.5; Êx 16.28; Dt 6.2; I Rs 2.3);
O Senhor disse que se os hebreus inclinassem os seus ouvidos aos Seus mandamentos, e guardassem todos os seus estatutos, Ele não enviaria nenhuma das enfermidades que pôs sobre o Egito (Êx 15.26);
Israel seria abençoado se guardasse os mandamentos divinos (Lv 26.3-13; Dt 28.1-14); mas, seriam amaldiçoados, se não os observassem (Lv 26.14-46; Dt 28.15-68);
Guardar os mandamentos divinos resulta em longevidade (Dt 4.40; 5.16; Ef 6.1-3);
O Senhor é misericordioso com aqueles que O amam e guardam os Seus mandamentos (Dt 5.10; 7.9);
Os israelitas, muitas vezes, transgrediram os mandamentos do Senhor (Jz 2.17; I Rs 9.6; 18.18; Dn 9.5);
Bem-aventurado é aquele que tem prazer nos mandamentos do Senhor (Sl 112.1; 128.1);
Jesus repreendeu os escribas e fariseus, porque eles, por causa da tradição dos anciãos, invalidavam os mandamentos divinos (Mt 15.1-20; Mc 7.1-23).
CONCLUSÃO
O propósito de Salomão ao escrever o livro de Eclesiastes foi compartilhar com o próximo, especialmente os jovens, sua experiência pessoal, para que outros não cometam os mesmos erros que ele cometera, que foi buscar sentido para a vida nos prazeres e nas conquistas pessoais. Por isso, ele conclui o livro advertindo que todos devem se preparar para a velhice e para a morte, bem como, sobre o dever de lembrar-se do Criador nos dias da mocidade, temer a Deus e guardar os seus mandamentos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de Estudo Palavras Chave. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
MELO, Joel Leitão de. Eclesiastes versículo por versículo. CPAD.
CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento Versículo por Versículo. HAGNOS.
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/cod/301 Acesso em 18 dez. 2013. fonte portal EBD