Por que muitos crentes se deixam manipular por pregadores malabaristas?
Na pregação moderna, cada vez mais interativa e pouco expositiva, o
comportamento dos pregadores (pregadores?) e a reação do público se
parecem muito com o teatro de bonecos, formado por manipulador e
manipulados. O manipulador, na aludida modalidade teatral, é aquele que
dá vida e expressão aos bonecos nos seus mais variados formatos. Na
pregação hodierna, a diferença é que o manipulador é chamado de
pregador, e o objeto de sua manipulação não são os bonecos, e sim as
pessoas.
Conheçamos alguns tipos de crentes que se deixam manipular:
CRENTE MARIONETE
Marionetes são os mais elaborados bonecos entre os vários tipos usados
no teatro. Geralmente, são construídos com madeira, com articulações nos
pulsos, cotovelos, ombros, cintura, quadris, joelhos e, ocasionalmente,
pescoço e tornozelos. Uma marionete padrão é movimentada através de uma
série de nove fios que obedece à seguinte distribuição: um para cada
braço, um para cada perna, dois para a cabeça, um para cada ombro e um
para as costas.
Os fios de sustentação da marionete são ligados a um controle central
de madeira em forma de cruz que é movimentado por uma única mão do
manipulador. Os pregadores manipuladores também têm os seus “fios”, isto
é, os seus clichês, as suas frases de efeito, para mecanizar o culto e
manipular o povo, afastando-o da Palavra de Deus e do Deus da Palavra:
“Quem nasceu para vencer levante a mão”, “Se você é pentecostal, dê uma
rajada de línguas estranhas”, “Aperte a mão do seu irmão até que ele
diga ‘aleluia’”, “Tire o pé do chããão”, etc. Mas veja que curioso: na
manipulação de marionetes há uma cruz na mão do manipulador! E, na
pregação moderna, não existe mais cruz (cf. 1 Co 1.18)! Além disso, o
pregador não está mais na mão do Senhor, o Controlador de todas as
coisas!
CRENTE FANTOCHE
A montagem do fantoche é feita numa luva, calçada na mão do
manipulador, que dá movimento ao boneco. Ele tem tamanho e gestos
limitados às dimensões e possibilidades gestuais do operador. A sua
construção é relativamente simples: cabeça e mãos são feitas geralmente
de material resistente, como madeira, unidas entre si por uma roupa
folgada de tecido aberta atrás, por onde é introduzida a mão do
manipulador.
Pregadores manipuladores costumam ter facilidade para enganar crentes
fantoches, que costumam ser “cabeça dura”, por não frequentarem a Escola
Bíblica Dominical e os cultos ensino da Palavra, e fazer “corpo mole”
para a obra de Deus. Esses crentes não têm firmeza e vivem atrás de
movimentos. Quando ficam diante de um manipulador, comportam-se como se
estivessem hipnotizados e obedecem a todas as suas ordens...
Certos milagreiros, à semelhança dos manipuladores de fantoches, que
introduzem a mão no interior do boneco, têm conseguido tocar na alma de
crentes desavisados, fazendo-os ter sentimentos nunca antes
experimentados! Alguns, ao ouvirem esses “pregadores”, caem ao chão
anestesiados, riem sem parar, rugem, latem, unem as mãos e não conseguem
mais separá-las, etc. E assim caminha o teatro, ops!, o culto
“evangélico”, sem pregação expositiva da Palavra de Deus — que
verdadeiramente penetra na divisão da alma e do espírito (Hb 4.12) — e
muita hipnose, considerada hoje uma grande manifestação do Espírito!
CRENTE MAMULENGO
Mamulengo é uma corruptela de “mão molenga” e alude a um tipo de boneco
comum nos teatros do Nordeste do Brasil. O manipulador — ou
mamulengueiro — emprega um tom bastante crítico nos diálogos e improvisa
bastante, ao fazer piadas de humor pesado, que ridicularizam fatos ou
pessoas da comunidade.
Não é difícil de identificar os mamulengueiros e os mamulengos no meio
“evangélico”. Ambos, ignorando o evangelho cristocêntrico, valorizam as
pregações e as canções revanchistas, ridicularizadoras, zombeteiras,
pelas quais se tripudia dos inimigos, que não são as hostes do mal, o
mundo ou a carne. Os seus inimigos são os seus vizinhos, patrões,
colegas de trabalho e irmãos que os viram na prova e os não ajudaram, e
agora são hostilizados “entre a plateia” por aqueles que estão no
palco... Mas a Palavra do Senhor nos ensina a amar e a fazer bem às
pessoas que se portam como inimigas (Mt 5.44; Rm 12.20).
CRENTE JÔRURI
Comum nos teatros de bonecos do Japão, o jôruri adquiriu grande
requinte a partir do século XVIII, com movimento de olhos e articulação
dos dedos. Mas a sua movimentação não é fácil. São necessários três
manipuladores: o mestre, vestido com traje cerimonial, responsável pela
cabeça e o braço direito, e dois manipuladores assistentes, vestidos de
preto e com um capuz cobrindo o rosto. O crente jôruri geralmente é
classe média alta e catedrático. Não é fácil manipulá-lo. Clichês de
autoajuda como “Ouse sonhar” não funcionam com ele. Ele é muito racional
e submete tudo ao teste da lógica. Para convencê-lo, é preciso um
manipulador-mestre — capaz de mexer com a sua cabeça e com a sua mão
direita, induzindo-o a colocá-la no bolso!
Um dos mais famosos manipuladores de crente jôruri da atualidade tem
nome e sobrenome estrangeiros e é conhecido como o homem mais sábio do
mundo. Não há rico e intelectual que resista aos seus argumentos! Dizem
que ele, quando usa a “sua sabedoria” e conta com a ajuda de seus
assessores, consegue arrecadar dinheiro até para comprar jatinhos...
Fazer o quê? Na falta de exposição da Palavra de Deus, sobram as
representações teatrais. E aumenta cada vez mais o número de
manipuladores e manipulados nesse grande circo, ops!, grande teatro que
se tornou o culto “evangélico” nesses tempos pós-modernos. Lembremos,
pois, do que assevera a Palavra de Deus em 2 Timóteo 4.1-5.
Ciro Sanches Zibordi fonte CPAD NEWS