Apóstolo Paulo de Jan Lievens
Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. (At 13.1)
A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? (1 Co 12.28-29)
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, (Ef 4.11)
Para isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade, não minto),mestre dos gentios na fé e na verdade. (1 Tm 2.7)
para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre (2 Tm 1.11)
O termo grego διδασκάλους (didaskálous) pode ser traduzido por doutores ou mestres. Jesus é citado como mestre cerca de 40 vezes, designado “rabi” treze vezes, título comum para um mestre público.[1]
Observemos alguns conceitos e considerações sobre o dom ou ministério de doutor ou mestre da Palavra:
Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo.[...] A igreja que rejeita, ou se descuida do ensino dos mestres e teólogos consagrados e fiéis à revelação bíblica, não se preocupará pela autenticidade e qualidade da mensagem bíblica nem pela interpretação correta dos ensinos bíblicos. A igreja onde os mestres e teólogos estão calados não terá firmeza na verdade. Tal igreja aceitará inovações doutrinárias sem objeção; e nela, as práticas religiosas e ideias humanas serão de fato o guia que tange à doutrina, padrões e práticas dessa igreja, quando deveria ser a verdade bíblica.[2]
O texto acima faz a associação entre mestres e teólogos com bastante propriedade, pois um mestre é um profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, um contínuo estudante das verdades bíblicas.
Mestre é o ministro que recebe de Deus o dom de ensinar. [...] Para isto, aqueles que possuem este importante dom de ensinar devem dedicar-se em fazê-lo com diligência, não esquecendo que os dons espirituais, não obstante a sua procedência divina, dependem também do cuidado e do zelo de quem o recebe. Paulo ensina: “Portanto, se desejais dons espirituais, procurai progredir para edificação da Igreja (1 Co 14.12). “Não te faças negligente para com o dom de Deus que há em ti” (2 Tm 4.14). “Admoesto-te que reavives o dom de Deus que há em ti” (2 Tm 1.6).[3]
Eu acrescentaria ainda às citações bíblicas acima 1 Timóteo 4.15 e 2 Timóteo 2.15.
[...] refere-se ao dom concedido por iniciativa de Deus a alguns de seus servos tendo como objetivo, por meio deles, instruir os discípulos do seu rebanho e defender a fé cristã contra os inimigos da Igreja.[4]
Um mestre ou doutor da Palavra não é possuidor desse título por méritos acadêmicos, embora a academia possa contribuir muito para o desenvolvimento deste dom, através do ensino-aprendizagem das línguas originais, dos princípios que norteiam a interpretação e exposição bíblica, da teologia bíblica e sistemática, além de outras disciplinas e saberes.
Um mestre ou doutor da Palavra é alguém que necessita e ama a prática da leitura de bons livros (2 Tm 4.13).
Um mestre ou doutor da Palavra discorre sobre verdades profundas, mas com linguagem simples e acessível aos seus alunos e ouvintes (1 Co 2.1).
Um mestre ou doutor na Palavra deve ensinar na unção e poder do Espírito (1 Co 2.4-5)
Um mestre ou doutor na Palavra não se gloria nos conhecimentos adquiridos, nem em sua capacidade de comunicá-los (1 Co 10.31; Gl 6.14).
Um mestre ou doutor na Palavra é de fato um teólogo, na medida em que não apenas reproduz doutrina, mas questiona e suscita reflexões doutrinárias, produzindo conhecimento através de pesquisas e publicações bem fundamentadas (Lc 1.1-4; At 1.1-3). O mestre ou doutor na Palavra, dessa forma, cumpre o seu ministério enquanto ensina por meio da fala e da escrita (livros, artigos, etc.)
Um mestre ou doutor na Palavra deve em última instância, ter Jesus como o seu grande referencial, modelo, exemplo.
[1] WILLIAMS, J. Rodman. Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal. São Paulo: Editora Vida, 2011, p. 898.
[2] Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida-EUA: CPAD, 1999, p. 1816.
[3] SOUZA, Estêvam Ângelo de. Os dons ministeriais. Rio de Janeiro: CPAD, 1993, p. 67.
[4] ARAÚJO, Carlos Alberto R. de. A Igreja dos Apóstolos: conceitos e formas das lideranças na igreja primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 213.
fonte http://www.altairgermano.net/