A Igreja e a Perseguição Religiosa na China

Chinabandeira da China

A perseguição ao cristianismo abrange desde multas e confisco de Bíblias até destruição de templos. Evangelistas são detidos, interrogados, aprisionados e torturados

A Igreja e a Perseguição Religiosa
A Igreja
Pouco se sabe sobre a história do Cristianismo na China, o que se sabe é que nestorianos* , cristãos da Igreja do Oriente, vieram da Pérsia para a China, pela Rota da Seda. Eles foram os primeiros a apresentar o cristianismo à Dinastia Tang, em 635 d.C.
Um jovem escocês chamado Robert Morrison  foi o primeiro missionário a ir para a China para evangelizar o país. Morrison se empenhou durante toda a sua vida na tradução da bíblia do inglês para o mandarim e na criação de um dicionário inglês-mandarim, que facilitaria a aprendizagem do idioma chinês a outros missionários.
Outro missionário cristão muito importante para a história da igreja chinesa foi Hudson Taylor, inglês que viveu por 51 anos no país e, enquanto esteve lá, empenhou-se na assídua evangelização e ensino da palavra de Deus, principalmente nas áreas mais remotas do país (interior da China). A década de 1950 viu o advento do Movimento Patriótico das Três Autonomias (MPTA), a fim de controlar a Igreja. Os missionários estrangeiros continuaram a sofrer perseguição até saírem completamente da China, em 1952. Muitos líderes cristãos chineses foram enviados a prisão ou campos de trabalho, destinados a executar tarefas humilhantes e degradantes.
*O Nestorianismo é uma doutrina de estudos cristológicos que analisa, sobretudo, a natureza divina de Cristo, fazendo separação entre o Cristo homem e o Cristo Deus, sem, contudo, negar ambas. O criador dessa doutrina foi o monge Nestório de Alexandria (380-451 d.C.), que se tornara Patriarca de Constantinopla em 428 d.C. Nestório foi considerado herege pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.), por afirmar que Maria não era a mãe de Deus, mas apenas de Jesus.
A perseguição
Teoricamente, os cristãos chineses têm direito à liberdade religiosa, mas o espaço para evangelização é limitado. A Constituição afirma que os cidadãos chineses "gozam de liberdade de crença religiosa." Ao mesmo tempo, o Estado proíbe organizações públicas de qualquer religião. Os cristãos não podem se reunir em templos não-registrados e tampouco evangelizar publicamente, não sendo os únicos a ser perseguidos. Em alguns casos, muçulmanos e budistas têm recebido o mesmo tratamento rigoroso dado aos cristãos e é comum que muitas seitas ou grupos religiosos de menor expressão sejam extintos.
O objetivo principal do governo é manter a estabilidade e o poder. Esta é a principal motivação que está por trás do controle populacional, da reforma econômica e da política religiosa chinesa, que consiste em domínio e opressão. O Movimento Patriótico das Três Autonomias (MPTA), também conhecido como Igreja dos Três Poderes, é a Igreja oficial, controlada pelo Partido Comunista. As igrejas não-registradas recebem ataques esporádicos do governo. A perseguição depende principalmente do grau de perigo que o governo enxerga em cada grupo religioso.
A perseguição ao cristianismo abrange desde multas e confisco de Bíblias até destruição de templos. Evangelistas são detidos, interrogados, aprisionados e torturados. Além da perseguição governamental, as tentativas de evangelizar muçulmanos no extremo noroeste do território chinês têm enfrentado resistência e alguns ataques.
As leis religiosas que entraram em vigor em 1º de março de 2005 aumentaram a pressão sobre grupos não-registrados, exigindo que se legalizassem ou se preparassem para sofrer as consequências. Além disso, em vez de facilitar o registro, novas emendas dificultaram o processo.
As Olimpíadas de 2008 afetaram de certa forma o modo de o governo lidar com a Igreja. As medidas de segurança introduzidas nessa época foram tão bem-sucedidas, que o governo pode decidir continuar a utilizá-las por tempo indeterminado. Nesse período, a repressão a reuniões de igrejas não-oficiais e aos seus líderes aumentou em muitas províncias, bem como o número de relatos de estrangeiros sendo detidos ou deportados.
O ano de 2008 foi marcado por detenções em massa de membros de igreja e processos contra pastores.
História e Política
A China é o terceiro maior país do mundo e possui a maior população do planeta. Além disso, as maiores altitudes do globo encontram-se em seu território. A maior parte da população chinesa vive na região leste, concentrada principalmente em 42 grandes cidades, todas com mais de um milhão de habitantes. O nome do país se origina de Ch'in (ou Ts'in), nome da dinastia que unificou o país no século III a.C. No entanto, Frei Gaspar da Cruz informou, no século XVI, que China era o nome pelo qual  indianos e habitantes do sul denominavam o país, porém os nativos chamavam a terra de Tame e seus habitantes de Tamgin.
Embora seja uma antiga civilização, não há muitos registros das origens de sua História, como do mundo greco-romano, egípcio ou mesopotâmico. Só em tempos bem recentes, descobertas arqueológicas permitiram traçar um esboço das origens chinesas. Sabe-se que foi habitada por hominídeos, 200 ou 500 mil anos atrás. Foram descobertas cerâmicas pintadas, com data de 4.000 a.C., ou seja, do fim do período Neolítico. Foi no século III a.C. que a China construiu a famosa Grande Muralha, como forma de tentar conter as invasões dos povos do norte. Mesmo assim, os mongóis invadiram e dominaram o país. Genghis Khan e seu neto, Kublai Khan, governaram a China de 1276 até 1368, por intermédio da dinastia Yuan. Nesse período, a China era parte de um poderoso império que ia do Rio Danúbio, na Europa, até a Coreia.
Considerada uma das culturas mais antigas do mundo, durante séculos a China manteve-se como uma civilização de liderança, ultrapassando o resto do mundo nas artes e nas ciências. Atribui-se aos chineses a criação de artigos muito importantes para a civilização mundial, como: a tecelagem da seda, o chá, a pólvora, a bicicleta, os instrumentos de medição astronômica, a tinta, o papel, as Artes Marciais e esportes como o Polo, dentre outros. Mas no século XIX e início do XX, o país foi assolado por conflitos civis, fome, importantes derrotas militares e ocupação estrangeira.
Uma sucessão de dinastias governou o país até 1911, quando o médico Sun Yat-sen derrubou a dinastia que detinha o poder e foi proclamado presidente. Na década de 1920, Chiang Kai-shek, do Partido Nacionalista, chegou ao poder. No entanto, o Partido Comunista, fundado em 1921, entrou em luta contra o partido de Chiang pelo controle do país. Por um breve período, as duas facções promoveram uma aliança para combater a invasão japonesa, mas retomaram o conflito após a rendição do Japão na II Guerra Mundial. Mao Tsé-tung e os comunistas alcançaram a vitória em 1949, estabelecendo um sistema socialista autocrático, que, assegurando a soberania da China, impôs controles estritos sobre a vida cotidiana e custou a vida de dezenas de milhões de pessoas.
Depois de 1978, o sucessor de Mao, Deng Xiaoping, e outros líderes focados e orientados para o mercado de desenvolvimento econômico (Socialismo de Mercado), abriram as portas da China para o mundo ocidental. Para grande parte da população, os padrões de vida melhoraram significativamente, mas os controles políticos permaneceram apertados. A China, desde o início de 1990, aumentou seu alcance global e participação em organizações internacionais.
População
Centenas de grupos étnicos viveram na China ao longo de sua história. Atualmente o maior grupo étnico da China é o Han, que corresponde a cerca de 92% da população total do país e é considerado também a maior etnia do mundo. Essa etnia é dividida em diversos subgrupos, variando suas origens culturais, genéticas e linguísticas.
Os chineses se comunicam em mais de 600 dialetos e se dividem em quase 200 grupos étnicos, dos quais 55 são oficialmente reconhecidos. Mais de 90% da população é alfabetizada.
A população chinesa atual tem sido formada por uma geração mais jovem, que não conheceu a Revolução Cultural, e também por uma população rural cada vez mais descontente.
As vítimas de exploração e abuso do poder têm se tornado mais conscientes dos seus direitos, tanto humanos como legais. Além dessas coisas, o aumento de desastres naturais e ocupacionais também preocupa o governo. Mais da metade dos chineses dizem não ter religião. Da outra metade, 36,6% professam crenças locais e o budismo. Os cristãos são estimados em aproximadamente 11%.
Economia
O país começou a se preparar para a abertura econômica em 1978, quando Deng Xiaoping chegou ao poder. Em 1979, Xiaoping trocou os dogmas de Karl Marx (Socialismo) pelos de Adam Smith (Liberalismo), dando uma guinada nos interesses do país, que incluiu a abertura de zonas comerciais nas províncias costeiras, o aumento de investimentos estrangeiros e a liberalização do comércio e do mercado agrícola, tendo como ingredientes fartos subsídios, mão-de-obra barata e repressão brutal à oposição.
Foi quando sob o bordão “Enriquecer é glorioso” que o então país de Mao começou a experimentar os desafios e prazeres da livre iniciativa na economia. O princípio básico do comunismo, a propriedade estatal, começou a cair por terra em 1997, quando o Congresso chinês anunciou um gigantesco programa de privatização. Dois anos depois, os chineses comemoraram cinquenta anos de comunismo ao mesmo tempo em que realizavam uma manobra histórica: depois de treze anos de negociações, fecharam um acordo para a esperada abertura de sua economia à globalização.
Em menos de uma década o país se transformou numa das maiores economias do mundo. A China é hoje o país que mais cresce economicamente, com projeção de se tornar em alguns anos a maior e mais importante economia do mundo.
 
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