"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor" - Diz Dilma na Assembleia de Deus no Brás, em São Paulo
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Dilma é recebida por evangélicos em encontro de mulheres da Assembleia de Deus -Marcos Alves / Agência O Globo SÃO PAULO — Com um discurso marcado por referências bíblicas, a presidente Dilma Rousseff pediu nesta sexta-feira votos e orações às fiéis reunidas no congresso nacional de mulheres da Assembleia de Deus, em São Paulo. A presidente agradou a igreja ao dizer que reconhecia o trabalho das Assembleias de Deus pelo país. O gesto despertou declarações do presidente vitalício da Assembleia, Manuel Ferreira, e do presidente da igreja no Brás, Samuel Ferreira. — Eu acredito naqueles que creem, acredito no poder de oração. Na Bíblia está escrito que a oração de um justo pode muito em seus efeitos. Quando voltarem aos seus estados não esqueçam de orar por mim, estarei contando muito com isso. Todos os dirigentes deste país dependem do voto do povo e da graça de Deus, eu também — disse Dilma.
Com a declaração de Dilma, Manoel Ferreira disse estar com a “alma lavada”: — Eu nunca ouvi antes um presidente reconhecer o trabalho das Assembleias de Deus. Nem Lula, que é meu amigo. Ele reconhece, mas nunca falou — disse Manoel, que é líder máximo da Assembleia. Além do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, Dilma estava acompanhada do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do deputado Geraldo Magela (PT-DF), ambos próximos da comunidade evangélica. — O Estado brasileiro é laico, mas, citando o salmo de Davi, eu queria dizer que feliz é a nação cujo Deus é o senhor — disse Dilma, que completou: — Reconheço a autoridade e a qualidade do trabalho prestado ao longo de 103 anos da Igreja Assembleia de Deus em todos os estados, em todos os rincões. PETISTA FOGE DE TEMAS POLÊMICOS Falando dos programas sociais e com reiterados elogios à defesa da família feita pelos evangélicos, Dilma escapou de temas polêmicos como aborto e homossexualidade, que lhe custaram crise com religiosos nas eleições de 2010. Integrante da Assembleia de Deus, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tentou colocar a polêmica na pauta, discursando antes da presidente. Ele disse que, a pedido da bancada evangélica, a presidente cancelou a portaria 415, que regulamentava o atendimento pelo SUS aos casos de aborto legal, e defendeu que os pastores tenham o direito de pregar que a “homossexualismo é pecado”. Os líderes da Assembleia, no entanto, evitaram retomar o assunto. Segundo participantes do encontro, as evangélicas foram orientadas a receber bem a presidente, sob pena de manchar a imagem da igreja. — Se um dia senhora não for aplaudida, lembre que há um povo que lhe aplaude e faz isso direito — disse Samuel Ferreira, presidente da Assembleia no Brás, principal templo da igreja em São Paulo. O pastor pediu que o público homenageasse a presidente com uma canção. A escolhida foi “Mulheres Guerreiras”, cuja letra dizia: “Como pode estar quieta se o Senhor deu uma ordem contra os seus inimigos. Deus vai pelejar”. Enquanto cantavam, as mulheres agitavam lenços coloridos. Samuel pediu que as fieis rezassem por Dilma e, na oração, foi lembrado ainda o ex-presidente Lula. Um dos candidatos a presidente, o Pastor Everaldo (PSC), é da Assembleia de Deus.