"Ele morreu às 9h28 (4h28 de Brasília)", afirmou um porta-voz do hospital La Paz-Juan Carlos III.
Pajares, de 75 anos, contraiu a doença no hospital Saint Joseph de Monróvia, onde trabalhava na Libéria para uma organização governamental. Ele foi levado para a Espanha no dia 7 de agosto, se tornando a primeira pessoa a ser tratada da doença na Europa.
Esta é a quarta morte nos últimos 10 dias de um funcionário do hospital Saint Joseph da capital da Libéria, vinculado à ordem religiosa de São João de Deus e fechado pelas liberianas desde 1 de agosto.
Pajares chegou muito debilitado à Espanha na última quinta-feira, em um avião militar, com a freira Juliana Bonoha, também espanhola, que não tem o vírus.
O religioso, internado sob fortes medidas de segurança sanitária, havia pedido que a evolução de seu estado de saúde não fosse divulgada.
O Ministério da Saúde disse que ele estava sendo tratado com o medicamento experimental ZMapp, fabricado pela companhia norte-americana Mapp Biopharmaceutical. Dois trabalhadores humanitários norte-americanos infectados pela doença têm mostrado alguns sinais de melhora desde que receberam o medicamento.
O número de mortos infectados pelo vírus Ebola foi a 1.013, segundo último balanço divulgado nesta segunda-feira (11) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O número de casos registrados foi a 1.848, de acordo com o organismo.
Pouca segurançaNos últimos dez dias, a epidemia matou quatro funcionários do hospital São José de Monróvia, incluindo seu diretor, o camaronês Patrick Nshamdze.
O centro, dependente da ordem religiosa espanhola San Juan de Dios, foi fechado no dia 1 de agosto pelas autoridades liberianas.
A porta-voz da ordem reconheceu na segunda-feira à AFP falhas na tomada de precauções após um exame defeituoso realizado no falecido diretor que não mostrava nenhum sinal de ebola.
"Teme-se que, como o exame de Patrick primeiro deu negativo, muitos relaxaram. Certamente não seguiram tomando as mesmas medidas de segurança tão rígidas", afirmou Adriana Castro.
"É provável que assim Pajares tenha sido contagiado e possivelmente o vírus se espalhou de Pajares entre as pessoas que estão ali", afirma.
O ebola, que provoca febre e nos piores casos hemorragias constantes, é transmitido pelo contato com uma pessoa infectada através de fluidos corporais como suor, sangue ou secreções.
Em uma carta dirigida a sua família publicada pelo jornal espanhol El Mundo, Pajares lamentava a falta de precauções: "Hoje tivemos a primeira morte por Ebola no hospital. Muitos dos que trabalham aqui, incluindo eu, estiveram em contato com o falecido, e não tínhamos luvas para nos proteger", escreveu no dia 9 de julho.
Cinco dias mais tarde disse: "Parece mentira, mas nos faltam as coisas mais elementares para a prevenção: luvas, roupas isolantes, máscaras, desinfetantes, etc".
Em abril, a OMS recomendou que os trabalhadores do setor de saúde tomassem precauções devido ao risco de contágio mesmo quando o Ebola não estivesse confirmado nos pacientes.
O último surto deste vírus, que segundo esta organização é o pior desde a descoberta desta doença, há quatro décadas, matou mais de 1.000 pessoas, de 55% a 60% das pessoas infectadas.
Fonte: Um porta-voz do hospital La Paz-Juan Carlos III.