Entenda as razões que levaram a um novo conflito no Iraque

Grupo extremista quer criar Estado islâmico na fronteira do Iraque com a Síria.
Confronto está relacionado à antiga rivalidade de duas linhas do islamismo.

Iraquianos desabrigados da minoria Yazidi caminham para a fronteira com a Síria após abandonarem suas casas para fugir da violência na cidade de Sinjar. Militantes do Estado Islâmico mataram ao menos 500 membros da etnia em ofensiva no norte do Iraque (Foto: Rodi Said/Reuters)
O conflito mais recente no Iraque teve início com um grupo de insurgentes que começou a tomar cidades do norte do país e avançar em direção à capital Bagdá. Apesar de novo, esse conflito tem origem em uma rivalidade antiga entre sunitas e xiitas – dois ramos do islamismo que, pelas mãos de extremistas, já protagonizaram diversos conflitos e atentados na região do Iraque.

Os sunitas são a corrente majoritária do islamismo, considerados mais moderados na interpretação das escrituras sagradas, além de conciliadores e pragmáticos na política. Já os xiitas acreditam que adotar uma postura mais rígida na vida levaria ao retorno do último descendente de Maomé para governar a humanidade.
O Estado Islâmico (EI), nome do grupo que tem espalhado o terror na região, se diz sunita, porém seus membros têm adotado uma postura radical e violenta para alcançar seu objetivo: criar um estado sunita em um território na fronteira do Iraque com a Síria, governado com base na lei islâmica, a Sharia.
Os sunitas dominaram o Iraque até a invasão dos Estados Unidos e a queda de Saddam Hussein – que fez com que se instalasse um governo xiita. Insatisfeitos, eles começaram protestando pacificamente em 2012, mas com poucos resultados.
A marginalização dos cerca de 5 milhões de sunitas iraquianos fez com que eles passassem a ser mais simpáticos às ações armadas do EI – antes conhecido como Estado Islâmico do Iraque e Levanta (EIIL ou ISIS, na sigla em inglês).
Após a retirada das tropas americanas do Iraque em 2011, o grupo, que ganhou força na sua atuação no conflito da Síria e conquistou territórios por lá, passou a avançar sobre o norte iraquiano.
Em 29 de junho, o EI proclamou um califado nas áreas invadidas, e pediu a todos os muçulmanos que jurassem fidelidade ao seu líder, Abu Bakr al-Bagdadi, eleito califa – que significa, literalmente, o sucessor do profeta como chefe da nação e líder da comunidade muçulmana.
Uma imagem enviada em 14 junho de 2014 no site jihadista Welayat Salahuddin supostamente mostra militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) durante uma execução de dezenas de membros das forças de segurança iraquianas capturados (Foto: AFP Photo/HO/Welayat Salahuddin)Foto de jihadista em suposta execução no Iraque
(Foto: AFP Photo/HO/Welayat Salahuddin)
O grupo extremista considera os xiitas infiéis que merecem ser mortos. Aos não muçulmanos, oferecem a "conversão ou a morte".
Sua violenta ofensiva tem o apoio de sunitas descontentes com o governo de Bashar Al-Assad na Síria e também com o governo iraquiano xiita. Criado em 2004 como um braço da Al-Qaeda no Iraque, hoje o EI é considerado mais radical que a própria rede terrorista a qual era ligado.
Os membros do EI são chamados de jihadista, nome dado aqueles que promovem a jihad – expressão traduzida no Ocidente como “guerra santa”. A jihad tem, originalmente, um significado mais espiritual. Porém com o tempo, passou a designar também a luta armada para impor um estado islâmico ou para combater aqueles considerados inimigos do islã.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/08/entenda-razoes-que-levaram-um-novo-conflito-no-iraque.html