É a partir do entendimento da soberania de Deus que sua intervenção na história deve ser estudada.
A SOBERANIA DE DEUS
“Soberania não é uma propriedade da natureza divina, mas uma prerrogativa oriunda das perfeições do Ser Supremo. Se Deus é Espírito, e portanto uma pessoa infinita, eterna e imutável em suas perfeições, o Criador e preservador do universo, a soberania absoluta é um direito seu. A infinita sabedoria, bondade e poder, com o direito de posse que pertence a Deus no tocante às suas criaturas, são o fundamento imutável de seu domínio (cf. Sl 115.3; Dn 4.35; 1 Cr 29.11; Ez 18.4; Is 45.9; Mt 20.15; Ef 1.11; Rm 11.36) .” (HODGE, p. 331, 2001)
“O termo soberania, denota uma situação em que uma pessoa, com base em sua dignidade e autoridade, exerce o poder supremo, sobre qualquer área, em sua província, que esteja sob sua jurisdição. Um “soberano” pois, exerce plena autonomia e desconhece imunidades rivais. Quando aplicado a Deus, o termo indica o total domínio do Senhor sobre sua vasta criação. Como soberano que é, Deus exerce de modo absoluto a sua vontade, sem ter que prestar contas a qualquer vontade finita. Conforme se dá com outras idéias teológicas, o termo não figura nas páginas da Bíblia, embora o conceito seja reiterado por inúmeras vezes. Para tanto, as Escrituras apelam par a metáfora de “governante e súditos [...] (Dn 4.25; 1 Tm 1.25). (CHAMPLIN, p. 242, 2001)
“Autoridade inquestionável que Deus exerce sobre todas as coisas criadas, quer na terra, quer nos céus, dispondo de tudo de acordo com os seus conselhos e desígnios. A soberania divina está baseada em sua onipotência, onipresença e onisciência. Deus é absoluto e necessário – todos precisamos dele para existir; sem Ele, não há vida nem movimento.”(ANDRADE, 1998, p. 265)
“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” (Sl 115.3)
“Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35)
“Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” (1 Cr 29.11)
“Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35)
“Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” (1 Cr 29.11)
“Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barroentre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça.” (Is 45.9)
“Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?” (Mt 20.15)
“nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,” (Ef 1.11)
Dessa forma, fica evidente, conforme Hodge (2001, p. 332) que:
- A soberania de Deus é universal. Ela se estende sobre todas as suas criaturas, das mais elevadas às mais inferiores.
- Ela é absoluta. Não se podem pôr limites à sua autoridade. Ele faz seu beneplácito nos exércitos do céu e entre os habitantes da terra.
- Ela é imutável. Não pode ser ignorada ou rejeitada. Ela obriga todas as criaturas, tão inexoravelmente quanto as leis físicas obrigam o universo material.
O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA
Diferentemente daquilo que ensina o deísmo, o nosso Deus não é um mero expectador da história, sempre que se faz necessário, ele intervém de forma soberana e absoluta.
- Deus intervém na história geral
a) Intervenção na criação com propósitos: “Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro.” (Is 45.18)
b) Intervenção na queda:
Sua intervenção é percebida através do ouvir de sua voz, de sua presença real (andava) num local específico (no jardim), num tempo específico (viração do dia);
“Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. (Gn 3.8-10)
Sua intervenção foi seguida de uma promessa de redenção e restauração;
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3.15)
c) Intervenção divina diante da corrupção e arrogância humana:
“A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminhona terra. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. (Gn 6.11-13)
“Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar.
Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram com uma planície na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverárestrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, o SENHOR os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade. Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali confundiu o SENHOR a linguagem de toda a terra e dali o SENHOR os dispersou por toda a superfície dela. (Gn 11.1-9)
- Deus intervém na história do povo de Israel
a) Intervenção divina na chamada de Abraão:
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teupai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra. (Gn 12.1-3)
b) Intervenção divina em situações de calamidades econômicas:
“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita. Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento.” (Gn 45.5-7)
c) Intervenção divina em situações de opressão política:
“Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito,
e ouvi o seu clamor por causa de seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subirdaquela terra a uma terra boa e ampla, terra que manaleite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito. (Êx 3.7-10)
d) Intervenção divina em situações de ameaças das potencias militares:
“Então, o SENHOR enviou um anjo que destruiu todos os homens valentes, os chefes e os príncipes no arraial do rei da Assíria; e este, com o rosto coberto de vergonha, voltou para a sua terra. Tendo ele entrado na casa de seu deus, os seus próprios filhos ali o mataram à espada. Assim, livrou o SENHOR a Ezequias e os moradores de Jerusalém das mãos de Senaqueribe, rei da Assíria, e das mãos de todos os inimigos; e lhes deu paz por todos os lados.” (2 Cr 32.21-22)
e) Intervenção divina em tentativas de extermínio da nação:
“No dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar, quando chegou a palavra dorei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus contavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, pois os judeus é que se assenhorearam dos que os odiavam; porque os judeus, nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, se ajuntaram para dar cabo daqueles que lhes procuravam o mal; e ninguém podia resistir-lhes, porque o terror que inspiravam caiu sobre todos aqueles povos.” (Ester 9.1-2)
Podemos observar que a intervenção de Deus na história geral e na história de Israel, assim como na história da Igreja (Atos 5.1-11; 8.39-40; 9.1-9; 12.1-8; 20-23; 13.1-3 etc), é realizada de forma direta ou indireta. O próprio Deus intervém na história ou envia alguém para ser o agente interventor, devidamente delegado e capacitado.
Dessa forma, a intervenção de Deus na história do mundo é também intervenção divina “na e através” da história dos sujeitos e atores humanos, escrita por ele e para a glória dele;
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Sl 139.16)
Dessa forma, a intervenção de Deus na história do mundo é também intervenção divina “na e através” da história dos sujeitos e atores humanos, escrita por ele e para a glória dele;
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Sl 139.16)
Somos cooperadores de Deus na transformação da história, na execução de seus planos e propósitos.
REFERÊNCIAS
Bíblia Sagrada (ARA). SBB
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. R. N. Champlin. Hagnos
Dicionário Teológico. Claudionor Corrêa de Andrade. CPAD
Hermenêutica: fácil e descomplicada. Esdras Costa Bentho. CPAD
Interpretação Bíblica. Roy B. Zuck. Vida Nova
Teologia Sistemática. Charles Hodge. HAGNOS
* Vice-Presidente das Assembleias de Deus em Abreu e Lima/PE
Fonte: http://www.altairgermano.net/2008/10/o-deus-que-intervm-na-histriasubsdio.html Acesso em 12 out. 2014.http://www.portalebd.org.br/principal/estudos-biblicos/item/3545-o-deus-que-interv%C3%A9-na-hist%C3%B3ria-subs%C3%ADdio-para-li%C3%A7%C3%A3o-b%C3%ADblica.html