INTERPRETAÇÃO BÍBLIA - A Santa Ceia do Senhor



Considere essa conhecida passagem: 

“23. Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24. E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
26. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27. Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
29. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” 
1 Coríntios 11:23-29 

A interpretação desta passagem não é difícil, não é necessário nenhuma profundidade teológica. 

Objetivo 

 O objetivo dessa passagem era corrigir a forma errada com que os crentes de Corinto participavam da Ceia do Senhor. Por isso Paulo inicia dizendo “Porque eu recebi do Senhor,”, dessa forma ele declara que Jesus é quem ensinou a cerimônia para ele, dando um caráter divino à ordenança. 

 No verso 26 ele explica a ordem de Jesus “Fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”, quer dizer “se lembrando de mim e do que Eu fiz. Assim Paulo declara o objetivo de Cristo ao instituir a Santa Ceia, para que a morte do Senhor e tudo o que ocorreu naquele dia fosse lembrado em todas as épocas em que o evangelho fosse pregado. Exatamente porque a morte do Senhor Jesus é a quitação da dívida do homem com Deus a qual permite ao ser humano ser salvo. 

No verso 27 Paulo afirma o perigo de participar da ceia do Senhor indignamente. Aqui convém saber o que significa comer indignamente, e a explicação está no final doverso 29 onde ele afirma que a condenação advém de comer não “discernindo” o corpo do Senhor, ou seja, não entendendo o seu significado e a sua representação no pão e no cálice. Conclui-se que comer indignamente é comer sem dar o devido valor ao ritual sagrado, tratando-o como uma coisa qualquer. 

 Não se deve participar da Santa Ceia com pecado não confessado, todo pecado deve ser confessado a Deus para o perdão antes do partir do pão. Pois aquele que participa da ceia com um pecado oculto, na verdade em seu coração está debochando de Deus e assim estará também comendo indignamente. 

 No verso 27 há uma ordem para o auto exame, originalmente a ceia com o Senhor deveria ser um ritual diário como era na igreja primitiva em Jerusalém e dessa forma diariamente o ser humano estaria se lembrando examinar-se. Entende-se então que o auto exame deve ser diário, ainda que a ceia seja mensal ou semanal na comunidade dos santos onde o crente estiver inserido. 

“30. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.” 

 O verso 30 pode ser entendido literalmente e também espiritualmente, pois aqueles não valorizam o sacrifício de Cristo expressado no ritual da Santa Ceia, está desprezando também o seu livramento, a sua cura e a sua salvação e ainda que alguém permaneça indignamente de engano na igreja, não durará por muito tempo dessa forma. 

“31. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” 

 Esse verso explica melhor o verso 27 e expressa sabedoria, pois quando alguém julga a si mesmo consegue ver um erro e o corrige antes que ele cause um estrago na sua vida, dessa forma não será julgado pelo Senhor depois. 

“32. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” 

 Aqui ele afirma que se não somos tão sábios ao ponto de nos julgar diariamente, então devemos receber a repreensão do Senhor no Seu julgamento, pois Ele só corrige a quem ama e se alguém for corrigido por Deus deixa de permanecer no caminho tranquilo, prazeroso e divertido que leva para o inferno. 

Os versículos 33 e 34 são a conclusão da repreensão pela forma como eles faziam o ritual da Santa Ceia. Pois era organizada uma festa talvez mensalmente que tinha o nome de “Ágape” onde os membros traziam os alimentos e a bebida, dessa forma se fazia um banquete e nesse banquete se fazia alusão a Santa Ceia do Senhor, pois devido à quantidade de alimentos e a bebida (vinho) a grande maioria deixava de lado o significado do corpo e do sangue do Senhor, e corria para encher a própria barriga e se embebedar literalmente, por isso as igrejas retiraram o banquete e passaram a fazer um ritual apenas simbólico com um pequeno cálice de suco de uva ou outra bebida dependendo da disponibilidade do local. Que ninguém fique bitolado nos elementos do ritual, pois se não tiver pão numa localidade, pode se fazer com bolo ou até mandioca, desde que seja em memória do Senhor. Que ninguém deixe de tomar Santa Ceia se estivar numa tribo indígena que não tenha uvas paro suco, pois Jesus já não toma nada feito de uva a um tempão. 

O erro do “pedir perdão”
 Com o passar do tempo adotou-se como parte do ritual o “pedir perdão diante da igreja”, com a ideia de que a comunhão seja perfeita, mas esse ritual ficou muito banalizado, pois muitos irmãos passaram a fazê-lo apenas como ritual e não com sinceridade de coração. Algumas cenas desse perdão são desnecessárias, como alguns falam no microfone “Peço que os irmãos me perdoem caso eu tenha falado ou feito algo que magoou alguém” e outras cenas beiram o ridículo, ao afirmarem, “Eu não fiz nada, mas peço perdão para a irmã fulana, pois ela ficou chateada comigo.” 

Essa parte do ritual deveria ser abolida das igrejas, pois não precisa esperar chegar o dia da Santa Ceia para pedir perdão e expor os outros diante da congregação. 

O pedir perdão deve ser no nível da ofensa: 
Se a ofensa foi diante da igreja, peça diante da igreja, se foi diante da família peça diante da família, se foi no pensamento peça a Deus em oração. 

CONCLUSÃO
 Essa importante ordenança deve ser realizado como cerimonial para que não seja banalizado o seu significado e os pastores devem sempre ensinar a importância dela para a igreja, para que ninguém se condene pela ignorância.

Marcos André - Professorhttp://marcosandreclubdateologia.blogspot.com.br/2013/04/interpretacao-biblia-santa-ceia-do.html